*O LIVRO DOS MÉDIUNS *Estudo 95 –
INFLUÊNCIA DO EXERCÍCIO DA MEDIUNIDADE SOBRE A SAÚDE, SOBRE O CÉREBRO E SOBRE
AS CRIANÇAS*
(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
Por
ALLAN
KARDEC
Contém
o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de
manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento
da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática
do Espiritismo.
*SEGUNDA
PARTE*
*DAS
MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS*
*CAPITULO
XVIII*
*INCONVENIENTES E PERIGOS DA MEDIUNIDADE*
*INFLUÊNCIA DO EXERCÍCIO DA MEDIUNIDADE SOBRE A
SAÚDE, SOBRE O CÉREBRO E SOBRE AS CRIANÇAS*
*A Mediunidade na Criança e no Jovem*
Mediunidade é
faculdade humana natural pela qual se estabelecem as relações entre os homens e
os Espíritos; pertence ao campo da comunicação. Natural constatá-la na criança
e no jovem, pois são Espíritos em experiências no mundo material, em processo
de desenvolvimento físico, intelectual e moral, através dos quais serão
ampliadas as suas potencialidades.
Analisando o
aflorar da mediunidade em diferentes ciclos do desenvolvimento humano, o Prof.
Herculano Pires no livro Mediunidade, esclarece que as crianças possuem a
mediunidade, por assim dizer, à flor da pele, porém são resguardadas pela
influência benéfica dos espíritos protetores, que as religiões chamam de anjo
da guarda. Nessa fase infantil, as manifestações, em sua maioria são mais de
caráter anímico; a criança projeta a sua alma nas coisas e nos seres que a
rodeiam, recebem inspirações de amigos espirituais, às vezes veem e denunciam a
presença de espíritos. Quando passam dos sete ou oito anos, integram-se melhor
no condicionamento da vida terrena, desligando-se progressivamente das relações
espirituais e dando mais importância às relações com os encarnados. Encerra-se
o primeiro ciclo mediúnico para abrir o segundo. Considera-se então que a
criança não tem mediunidade, a fase anterior é levada à conta da imaginação e
da fabulação infantil.
Allan Kardec,
pergunta aos Espíritos na questão 221. De O Livro dos Médiuns, nos seguintes
itens:
*Item 6: “Será inconveniente desenvolver a mediunidade das crianças?”.*
— _Certamente.
E sustento que é muito perigoso. Porque estes organismos frágeis e delicados
seriam muito abalados e sua imaginação infantil muito superexcitada. Assim, os
pais prudentes as afastarão dessas ideias, ou pelo menos só lhes falarão a
respeito no tocante às consequências morais.__
*Item 7: “Mas há crianças que são médiuns
naturais, seja de efeitos físicos, de escrita ou de visões. Haveria nesses
casos o mesmo inconveniente?”*
— _Não.
Quando a faculdade se manifesta espontânea numa criança, é que pertence à sua
própria natureza e que sua constituição é adequada. Não se dá o mesmo quando a
mediunidade é provocada e excitada. Observe-se que a criança que tem visões,
geralmente pouco se impressiona com isso. As visões lhe parecem muito naturais,
de maneira que ela lhe dá pouca atenção e quase sempre as esquece. Mais tarde a
lembrança lhe volta à memória e é facilmente explicada, se ela conhecer o
Espiritismo._
*Item 8: “Qual a idade em que se pode, sem inconveniente,
praticar a mediunidade?”*
_— Não há
limite preciso na idade. Depende inteiramente do desenvolvimento físico e mais
particularmente do desenvolvimento psíquico. Há crianças de doze anos que
seriam menos impressionadas que algumas pessoas já formadas. Refiro-me à
mediunidade em geral, pois a de efeitos físicos é mais fatigante para o corpo.
Quanto à escrita há outro inconveniente, que é a falta de experiência da
criança, no caso de querer praticá-la sozinha ou fazer dela um brinquedo._
Analisando
essas explicações, entendemos que a questão da idade está subordinada tanto às
condições do desenvolvimento físico, quanto às do caráter ou amadurecimento
moral. No entanto, o que ressalta claramente das respostas acima é que não se
deve forçar o aflorar mediúnico das crianças, e que, caso haja o aflorar
espontâneo, deve-se empregá-la com grande seriedade, sendo necessário dar às
crianças em geral, o ensino moral do Espiritismo, preparando-as para uma vida
bem orientada pelo conhecimento doutrinário, sem qualquer excitação prematura
das faculdades psíquicas que se desenvolverão no tempo devido.
É geralmente
na adolescência, a partir dos doze ou treze anos que se inicia o segundo ciclo.
No primeiro ciclo só se deve intervir no processo mediúnico com preces e
passes, para abrandar as excitações naturais da criança, quase sempre
carregadas de reminiscências estranhas do passado carnal ou espiritual. Na
adolescência o seu corpo já amadureceu o suficiente para que as manifestações
mediúnicas se tornem mais intensas e positivas, necessitando de esclarecimentos
e condução adequados sobre a mediunidade.
As reuniões de
estudo, especificamente as de Mocidade, voltadas para a integração do
adolescente e jovem à Vida, quando conduzidas por evangelizadores preparados,
representam importante fator de esclarecimento e desmistificação das nossas
relações com os Espíritos. Há adolescentes que se integram rápida e
naturalmente à nova situação e se preparam seriamente para a atividade
mediúnica. Outros rejeitam a mediunidade, por associá-la a inúmeras renúncias.
Muitos rejeitam as diretrizes espirituais instaladas em suas consciências,
criando desvios e perturbações que trarão consequências mais tarde.
Nesse período,
o adolescente se abre para contatos mais profundos com a vida e o mundo, sendo
necessário ampliar sua visão da Vida, à luz da Doutrina Espírita. Estimulá-lo a
fazer escolhas adequadas, mostrando-lhe que há renúncias necessárias,
principalmente as relacionadas a si mesmo. Os exemplos dos familiares influem
mais em suas opções do que ensinos e exortações. Começa a tomar conta de si
mesmo e a firmar sua personalidade, necessitando ser respeitado, amado e
compreendido, a fim de estruturar mais facilmente, o caminho que percorrerá com
destino à Perfeição.
O adolescente
e o jovem, este se enquadrando no terceiro ciclo, podem e devem ser estimulados
a se descobrirem como Espíritos, plenos de potencialidades a serem
desenvolvidas, vivenciando diversas experiências que lhes possibilitem
crescimento espiritual. Merecem orientação adequada que os preparem para
trabalhar com Jesus, onde quer que estejam, aprendendo a servir, participando
como agentes modificadores do meio, independente da idade cronológica, mas
cientes da responsabilidade espiritual de fazer o melhor e ser feliz.
Muitos jovens creem existir incompatibilidade entre o descobrir e experimentar as belezas e alegrias naturais da vida e a vivência mediúnica; falta-lhes, por ausência de conhecimento, o entendimento de que por serem Espíritos, vivem em constante relação com outros Espíritos, encarnados e desencarnados, sendo imprescindível disciplinar essa convivência, colocando o Evangelho em seu sentir, pensar e agir.
Quanto antes a criança e o jovem receberem esclarecimentos sobre a realidade espiritual da qual fazem parte, mais prontamente se tornarão aptos a trabalhar com Jesus, o que não implica exclusão de vivências no mundo; significa estar no mundo sem ser do mundo, daí a mediunidade fundamentar-se na vida de relação, estabelecendo convivências, exigindo definição de propósitos, atitudes diferentes, possibilitando crescimento moral e espiritual, que tornarão esses Espíritos, hoje crianças ou jovens, em homens de bem, construtores do Mundo Melhor, ao qual todos aspiramos.
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. XVIII, q. 221, itens 6, 7 e 8
PIRES, J.
Herculano - Mediunidade: 2. ed. São Paulo: PAIDÉIA, 1992 - Cap I
*Tereza Cristina D'Alessandro*
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