quinta-feira, 31 de maio de 2012

Um Novo Tempo



Evanise M Zwirtes






Cremos que o momento de dificuldades, pelo qual passa o mundo, está se modificando, com isso, trazendo novos conceitos para as relações inter-pessoais, que nos levarão à criação de um novo modelo de sociedade.

Sintamos a necessidade cada vez maior de crermos numa sociedade mais digna, onde a injustiça vigente, nas mais variadas formas de exclusão, dê vez à oportunidade para todos viverem sob o mesmo sol.

Cremos na união dos seres humanos como única forma para estabelecermos um fim na onda de pessimismo que se abateu sobre a humanidade. O momento presente nos instiga a emprestarmos ao mundo o encantamento pela vida que vem de nossas almas. Cremos nessa luz interi-or, que nos ilumina a cada amanhecer. Cremos no bem que reside em nossas almas e que está a aflorar. Cremos no espírito forte que sobrevive em todos nós até hoje, sentimentos determinantes que nos conduzirão ao local que almejamos.

Portanto, será através da tomada de consciência que já podemos antever o clarão de um novo tempo: um mundo sem fronteiras, sem exclusões. Sejamos todos os construtores dessa realidade, abraçados que estamos aos mais nobres ideais.


Jornal de Estudos Psicológicos
Ano I N°1 Novembro - Dezembro 2008
The Spiritist Psychological Society 


UM FATO INSÓLITO (*)


Cezar Carneiro de Souza
Certo domingo, 1.º de abril de 1973, nos encontrávamos junto a Chico Xavier, numa fazenda próxima à cidade de Araguari.
A sede da fazenda, uma casa das mais antigas, construção rústica, sem forro, ficando à mostra um telhado muito velho, o assoalho de madeira e, embaixo, o porão. Tudo muito antigo. Naquela casa penetrava ar em abundância trazendo o perfume das flores do campo. Pelas janelas e portas, entravam os raios de sol, dando ao local luz agradável, simples e muito aconchegante.
O motivo daquele encontro é que ali seria oferecido pelos queridos confrades um almoço fraterno em comemoração à solenidade, que acontecera na noite anterior, de entrega do título de Cidadão Honorário de Araguari a Chico Xavier, outorgado pela Câmara dos Vereadores daquela promissora cidade triangulina.
No entanto o que queremos registrar é o fato que ouvíramos, perplexos, de Chico Xavier em conversa com José Martins Peralva, conhecido escritor espírita, há pouco desencarnado.
— Chico, li o livro do autor oriental que você me recomendou.
Um fato me intrigou bastante, pois um personagem da história morre e outro espírito é ligado ao seu corpo e passa a viver aqui na Terra, enquanto que o espírito do que morreu se desliga e vai para a Espiritualidade.
Isso é uma troca de espíritos que contradiz a Doutrina Espírita. Em “O Livro dos Espíritos” não encontramos tal afirmação. E aí, Chico, como ficamos?
O lúcido médium, calmo e com a segurança de quem sabe o que fala, disse:
— Não, Peralva. O fato não contradiz os ensinamentos da nossa Doutrina. Não há contradição naquele relato contido no livro do autor do Oriente.
— Acho impossível que uma pessoa venha a desencarnar e um outro espírito seja ligado ao corpo morto, a este reanime e passe a viver entre nós. Como pode ser isso? – argumentou o autor do livro “Estudando a Mediunidade” (FEB).
Chico, após ouvi-lo com atenção, enfatizou:
— Olhe, gente, vou dizer a vocês:
existem revelações da Espiritualidade Superior que surgiram no Oriente  e que, por enquanto, não podem ser transmitidas para o Ocidente, nem mesmo por Kardec. Não se assustem, mas é isso mesmo. As coisas, às vezes, parecem ser impossíveis. Por exemplo: eu chego aqui, a esta fazenda, que é bem rústica e antiga, para ver se se pode instalar energia elétrica. Com meus poucos conhecimentos, eu observo e digo que é impossível pôr eletricidade.
Porém vem um engenheiro, faz um estudo e diz: — É possível, sim. Nesta casa pode, pôr eletricidade. E põe!!!
Todos nós ficamos impressionados com o que ouvimos de Chico.
Após aquele diálogo, alguém comentou:
— Chico, se isso é possível, para que haja troca de espíritos e não haja rejeição, é necessário que sejam almas irmãs e se afinem em sintonia quase perfeita, não é?
Chico, num aceno com a cabeça, pareceu concordar e encerrou o assunto.
De retorno a Uberaba, encontrei-me com um amigo e culto escritor espírita. Narrei-lhe o fato e ouvi dele que há muito, Chico lhe falara dessa história, dizendo-lhe, ainda, conhecer uma pessoa numa cidade do interior de Minas Gerais, que era alguém protagonista de tal acontecimento tão insólito.
Encerrando mais um caso com nosso sábio e querido Chico Xavier, lembramo-nos da fala de Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, questão n.º 19, que diz: “Quanto mais é dado ao homem penetrar nesses mistérios, mais cresce sua admiração pelo poder e sabedoria do Criador...”
*Caso inédito do autor do livro “Chico Xavier, Lembranças de grandes lições”. (IDE – Instituto de Difusão Espírita – Araras, SP), Cezar Carneiro de Souza
(Extraído de “A Flama Espírita”, Novembro-Dezembro/2008)

JORNAL DA MEDIUNIDADE
LIVRARIA ESPÍRITA EDIÇÕES “PEDRO E PAULO”
UBERABA-MG – INFORMATIVO MAIO/JUNHO – ANO 2009 – N.º 17
Jornalista Responsável: Juvan de Souza Neto
Endereço p/ correspondência:
Av. Elias Cruvinel, 1200 - B. Boa Vista -
38070-100 - Uberaba-MG
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

sábado, 26 de maio de 2012

UM FATO INSÓLITO (*)


Cezar Carneiro de Souza
Certo domingo, 1.º de abril de 1973, nos encontrávamos junto a Chico Xavier, numa fazenda próxima à cidade de Araguari.
A sede da fazenda, uma casa das mais antigas, construção rústica, sem forro, ficando à mostra um telhado muito velho, o assoalho de madeira e, embaixo, o porão. Tudo muito antigo. Naquela casa penetrava ar em abundância trazendo o perfume das flores do campo. Pelas janelas e portas, entravam os raios de sol, dando ao local luz agradável, simples e muito aconchegante.
O motivo daquele encontro é que ali seria oferecido pelos queridos confrades um almoço fraterno em comemoração à solenidade, que acontecera na noite anterior, de entrega do título de Cidadão Honorário de Araguari a Chico Xavier, outorgado pela Câmara dos Vereadores daquela promissora cidade triangulina.
No entanto o que queremos registrar é o fato que ouvíramos, perplexos, de Chico Xavier em conversa com José Martins Peralva, conhecido escritor espírita, há pouco desencarnado.
— Chico, li o livro do autor oriental que você me recomendou.
Um fato me intrigou bastante, pois um personagem da história morre e outro espírito é ligado ao seu corpo e passa a viver aqui na Terra, enquanto que o espírito do que morreu se desliga e vai para a Espiritualidade.
Isso é uma troca de espíritos que contradiz a Doutrina Espírita. Em “O Livro dos Espíritos” não encontramos tal afirmação. E aí, Chico, como ficamos?
O lúcido médium, calmo e com a segurança de quem sabe o que fala, disse:
— Não, Peralva. O fato não contradiz os ensinamentos da nossa Doutrina. Não há contradição naquele relato contido no livro do autor do Oriente.
— Acho impossível que uma pessoa venha a desencarnar e um outro espírito seja ligado ao corpo morto, a este reanime e passe a viver entre nós. Como pode ser isso? – argumentou o autor do livro “Estudando a Mediunidade” (FEB).
Chico, após ouvi-lo com atenção, enfatizou:
— Olhe, gente, vou dizer a vocês:
existem revelações da Espiritualidade Superior que surgiram no Oriente  e que, por enquanto, não podem ser transmitidas para o Ocidente, nem mesmo por Kardec. Não se assustem, mas é isso mesmo. As coisas, às vezes, parecem ser impossíveis. Por exemplo: eu chego aqui, a esta fazenda, que é bem rústica e antiga, para ver se se pode instalar energia elétrica. Com meus poucos conhecimentos, eu observo e digo que é impossível pôr eletricidade.
Porém vem um engenheiro, faz um estudo e diz: — É possível, sim. Nesta casa pode, pôr eletricidade. E põe!!!
Todos nós ficamos impressionados com o que ouvimos de Chico.
Após aquele diálogo, alguém comentou:
— Chico, se isso é possível, para que haja troca de espíritos e não haja rejeição, é necessário que sejam almas irmãs e se afinem em sintonia quase perfeita, não é?
Chico, num aceno com a cabeça, pareceu concordar e encerrou o assunto.
De retorno a Uberaba, encontrei-me com um amigo e culto escritor espírita. Narrei-lhe o fato e ouvi dele que há muito, Chico lhe falara dessa história, dizendo-lhe, ainda, conhecer uma pessoa numa cidade do interior de Minas Gerais, que era alguém protagonista de tal acontecimento tão insólito.
Encerrando mais um caso com nosso sábio e querido Chico Xavier, lembramo-nos da fala de Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, questão n.º 19, que diz: “Quanto mais é dado ao homem penetrar nesses mistérios, mais cresce sua admiração pelo poder e sabedoria do Criador...”
*Caso inédito do autor do livro “Chico Xavier, Lembranças de grandes lições”. (IDE – Instituto de Difusão Espírita – Araras, SP), Cezar Carneiro de Souza
(Extraído de “A Flama Espírita”, Novembro-Dezembro/2008)

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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Em silêncio, carreguemos nossa cruz


Geraldo Ribeiro da Silva (Grupo Espírita “Batuíra” - SP)
Em geral , queremos desempenhar nossas tarefas de maneira suave, sem dor nem sacrifícios. Entretanto, observando a vida dos grandes missionários, percebemos que eles enfrentaram muitos desafios e dificuldades, para alcançarem os objetivos de servir ao próximo.
Todo aquele que recebe do Plano Maior, a missão de trabalhar pelo bem comum, em geral o faz com espírito de renúncia e dedicação.
Jesus, em seu Evangelho, nos oferece o seguinte ensinamento, que reforça esta nossa tese: “... Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
– Porquanto, aquele que quiser salvar a si mesmo, perder-se-á; e aquele que se perder por amor de mim e do Evangelho, se salvará – (Marcos, cap. 8, vv. 34 e 35.)
O que significa tomar sua cruz?
Sinaliza-nos que devemos ter a consciência de que, durante o desempenho de uma tarefa, que vise a amenizar ou suprimir a dor dos que sofrem, muitos desafios teremos de superar.
Jesus, que nada tinha a ser testado, deu-nos o exemplo de que desempenhar uma missão equivale a carregar um grande fardo. Em sua missão gloriosa na Terra, suportou agressões, assimilou as provocações dos fariseus, escribas e outros, sem lhes guardar mágoa, ódio ou ressentimento.
Agiu com elevação espiritual, quando no Calvário, rogou a Deus: “Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem!”
Bezerra de Menezes, espírito bom e sábio, passou por grandes provações. Durante anos, conviveu com um problema gástrico que o incomodou bastante, sem encontrar a cura na Medicina convencional. Só mais tarde, se libertou desse mal, com a ajuda do médium de curas João Gonçalves do Nascimento. No final de sua existência, Bezerra, que foi chamado o ‘Médico dos Pobres’, paradoxalmente experimentou a grande prova da pobreza. Soube, entretanto, superá-la com resignação e humildade.
Chico Xavier, médium de dons espirituais notáveis, que psicografou centenas de obras espíritas, também não ficou imune à dor. Desde jovem, conviveu com limitações visuais, ficando praticamente cego, na velhice.
Passou por grandes privações, porém nunca reclamou da Justiça Divina. Ao contrário, agradecia sempre a Deus as provações a que era submetido.
Spartaco Ghilardi, homem de várias faculdades mediúnicas, que orientou milhares de pessoas em condições aflitivas, apontando-lhes o caminho do bem, também teve uma vida marcada por dificuldades.
Sofreu várias doenças, ao longo de sua existência, sem se queixar.
Quando era indagado sobre seu estado de saúde, respondia resignado: “Levo a vida que pedi a Deus.”
Exemplos como estes são comuns na vida dos missionários, espíritos que, a rigor, nada teriam de provar ou expiar. Diante disso, o que dizer de nós?!
Ao aportar neste planeta, com a tarefa de amparar e iluminar almas menos esclarecidas que nós, sabemos dos desafios que nos esperam. O Divino Pastor de nossas almas não nos prometeu uma vida tranquila, calma e sem atribulações.
Ao contrário, disse: “Aquele que deseja me seguir carregue sua cruz”.
Na prática da mediunidade, com Jesus, as dificuldades não são poucas, como pudemos perceber nos exemplos citados. O médium passa por inúmeras provações: provações na família, decepções no trabalho, dores do abandono, da perda de entes queridos, acidentes por vezes inevitáveis e tantos outros flagelos individuais ou coletivos, aos quais todos nós que habitamos este mundo estamos sujeitos.
Portanto o médium não deve imaginar que terá pela frente um caminho fácil, sem obstáculos. Não, isso parece não se confirmar na vida dos obreiros do bem! Sua mensagem em geral, inovadora, traz um conteúdo moral muito forte: de desprendimento dos bens terrenos, de combate ao egoísmo, ao orgulho e de tantos outros vícios morais. Por conta disso, sofrem injúrias, difamações, calúnias, etc., porém jamais devem recuar, ante a tarefa que lhes foi confiada.
Assim, o trabalhador da seara do Bem deve carregar sua cruz com sabedoria, prudência, resignado e confiante na Divina Providência, que nunca abandona o bom samaritano.

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OS “PRIVILÉGIOS” DE CHICO XAVIER (*)


“Meu amigo, eu não sei quais são os meus privilégios perante os Céus, porque fiquei órfão de mãe aos cinco anos de idade, fui entregue à proteção de uma senhora que, durante dois anos, graças a Deus, me favorecia com três surras de vara de marmelo por dia, empreguei-me numa fábrica de tecidos, aos oito anos de idade. E nela trabalhei durante quatro anos seguidos, à noite, estudando na escola primária durante o dia.
Não podendo continuar na fábrica, empreguei-me como auxiliar de cozinha, balcão e horta, num pequeno empório, durante mais quatro anos.
Em seguida , empregue -me numa repartição do Ministério de Agricultura, na qual trabalhei trinta e dois anos, começando na limpeza da repartição até chegar a escriturário, quando me aposentei; em criança, sofri moléstia de pele, fui operado no calcanhar, onde me cresceu um grande tumor; sofri dos doze aos quinze anos de coréia ou ‘mal de São Guido’; fui operado em 1951 de uma hérnia estrangulada; acompanhei a desencarnação de irmãos que me eram particularmente queridos em família; sofri um processo público em 1944, de muitos lances difíceis e amargos, por causa das mensagens do grande escritor Humberto de Campos; em 1958, passei por escandalosa perseguição com muitos noticiários infelizes da imprensa, perseguição de tal modo intensa, que me obrigaram a sair do campo reconfortante da vida familiar em Pedro Leopoldo, onde nasci, transferindo-me para Uberaba, em 1959, para que houvesse tranquilidade para os meus familiares, que não tinham culpa de eu haver nascido médium; em 1968, fui internado na Hospital “Santa Helena”, aqui, em São Paulo, para ser operado numa cirurgia de muita gravidade, e, agora, no princípio deste ano do cinquentenário de minhas pobres faculdades mediúnicas, agravou-se em mim um processo de angina que começou em novembro do ano passado... Angina essa com a qual estou lutando muito. Se tenho privilégios, como o senhor imagina, devo ter esses privilégios sem saber!”
(*) Resposta de Chico Xavier a um senhor que lhe perguntara, em 1977, durante uma reunião na cidade de São Paulo, se o médium, ao estar completando 50 anos de mediunidade, se considerava uma pessoa privilegiada. O texto está inserido no livro “Encontros no Tempo”, organizado por Hércio Marcos C. Arantes, editora IDE, de Araras - SP.

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O BATRÁQUIO AFUGENTADO


Márcia Queiroz Silva Baccelli
Quando Chico Xavier veio para Uberaba, deixando a cidade de Pedro Leopoldo, para fixar residência nesta cidade, ele costumava ir à Telefônica, todos os domingos, conversar com a família.
Logo após, dirigia-se para a nossa casa, onde meus pais, José Thomaz e Terezinha, o recebiam com muita alegria.
Chico vinha sempre acompanhado de Waldo Vieira e muitos outros amigos.
Isto acontecia todas as semanas. Certa vez, o médium estava na sala, conversando, e Terezinha e Aparecida, auxiliar de minha mãe, preparavam o café com alguns quitutes.
Terezinha foi atender os visitantes na sala-de-estar, quando, de repente, surgiu uma perereca na cozinha, pulando de um lado para outro.
Aparecida pegou a vassoura e correu atrás do batráquio. Ela batia com a vassoura, tentando acertar a coitada!
Chico, percebendo que ocorria algo na cozinha, levantou-se e dirigiu-se para lá. Ele observou-a com a vassoura na mão, tentando matar a perereca, que pulava, tentando fugir.
Então, Chico perguntou a humilde serviçal:
- O que você está fazendo com essa vassoura, minha filha?
Ela respondeu:
- Ah!, Chico, estou tentando matar esta perereca...
O médium aproximou-se e disse:
— Aparecida, minha filha, não mate o bichinho, não!... Olhe para esta perereca: ela parece uma menina! Veja como ela é linda, como salta bem... Não mate, não, minha filha! Ela é apenas uma menina...
O médium aproximou-se do batráquio e disse:
— Fuja daqui! Vá com Deus, minha filha!...
Aparecida largou imediatamente a vassoura e ficou pensativa, observando a perereca, que agora saltava para fora da cozinha!

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O médium Carlos A. Baccelli ao lado da esposa, a professora Márcia Queiroz Silva Baccelli.

FALAR SOBRE CHICO XAVIER


Thiago Silva Baccelli
De “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo XVII – “Sede perfeitos”, item 3: “O homem de bem”:
“... O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade...”.
Falar sobre Chico Xavier é comentar sobre um legítimo apóstolo de Jesus Cristo...
Um autêntico missionário que renunciou aos caprichos de ordem pessoal, para tornar-se humilde servo do Senhor, dentro da seara espírita.
No entanto Chico jamais deixou de respeitar as pessoas dos mais diferentes credos, tratando a todos como irmãos.
Um ser humano que fez da mediunidade uma lição de vida, distribuindo amor ao próximo com extraordinária abnegação.
Um amigo incondicional de todo àquele que necessitasse de amparo, material e/ou moral.
Um espírito alegre, de hábitos simples porém muitíssimo disciplinado e determinado ao trabalho.
Grande irmão, que debalde se tenha defrontado com inúmeras adversidades no caminho, desde os primeiros anos de sua infância, jamais se permitiu escorar na revolta ou na indiferença!
Extremamente fiel a Jesus, não titubeou em grafar a palavra AMOR em seu próprio coração, exercendo o sublime sentimento com ternura e devotamento.
Mesmo que cultivasse o hábito de se apequenar, comparando-se a pequeninas ramas de vegetais e a microscópicos animais, para nós, Chico é referência de caráter nobre, de homem de bem!
Na prática da Caridade, labutou com esmero, sendo o conjunto total de seus biógrafos capazes apenas de expor um pálido reflexo de sua Obra.
Afinal, o que mais não deve ter feito este exemplo de virtude, quando encarnado na Terra?
Quantos, por exemplo, pratos de sopa, fatias de pão, quantias amoedadas, cobertas, cestas-básicas e enxovais não foram por ele endereçados aos filhos do Calvário?...
Quantas mães e pais aflitos não encontraram lenitivo ante a sua presença, recebendo palavra esclarecedora e fraterna?
Quantos desencarnados não receberam a oportunidade de se mostrarem novamente vivos aos seus familiares e amigos, através de inúmeras cartas consoladoras, repletas de esperança quanto ao reencontro no porvir?
Como também, quantos ensinamentos a Espiritualidade Amiga não legou à Humanidade, através do seu lápis iluminado?
Livros a mancheias ele recebeu, em parceria mediúnica com elevadas entidades espirituais, retirando mais uma ponta do véu de ignorância e preconceito que obstrui a visão espiritual do homem.
Quantas instituições de caridade não foram erguidas, especialmente no Brasil, e quantas outras ainda não se erguerão em toda a Terra, inspiradas no seu exemplo de homem de bem?
Falar, pois, sobre Chico Xavier é, sobretudo, versar sobre a Fé e o Amor Divino, que envolvem a tudo e a todos, nos caminhos da evolução!

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terça-feira, 22 de maio de 2012

Lições para educação do afeto


No tocante à educação do afeto, Alexandra Torres propôs em suas palestras as posturas que se seguem:
• ter para si mesmo a condição de dar mais afeto do que receber
• vigor solidário
• irradiar alegria
• amar mesmo que não seja amado
• conter o egoísmo
• saber conviver harmoniosamente
• exercitar a sensibilidade.
São, portanto, formas equivocadas do perdão, na visão da referida jornalista:
• Rancor: “Perdôo, mas não esqueço o que você me fez!”
• Condenação: “Perdôo, mas não quero vê-lo nunca mais.”
• Menosprezo: “Perdôo, mas lamento ter me envolvido com esse infeliz sem eira nem beira!”
• Maldição: “Perdôo, mas Deus há de castiga-lo.”
• Pretensão: “Perdôo, mas antes lhe direi umas verdades.”

(Fernanda Borges)



O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº 624 Fevereiro de 2006
RUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63
CEP 86.180-970
TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ – PR

Amor e perdão: a importância do saber compreender


Temas foram abordados durante palestras proferidas por Alexandra
Torres, jornalista e líder no movimento espírita de Pernambuco

FERNANDA BORGES
De Londrina

A convivência com os amigos, o bom relacionamento familiar e tudo o que pode ser feito para a compreensão dos desafios que as pessoas enfrentam ao longo da existência na Terra. Receitas como essas, de saúde e de equilíbrio, foram proferidas durante as palestras “Amor e Tolerância” e “Perdão”, realizadas nos dias 14 e 15 de janeiro, pela jornalista Alexandra Torres (foto), no Centro Espírita Nosso Lar e no Centro Espírita Meimei, em Londrina.
As incompreensões, segundo Alexandra, que também atua na Associação dos Divulgadores do Espiritismo de Pernambuco (ADE-PE), surgem quando as pessoas passam a questionar os problemas vivenciados em seus grupos familiares ou sociais.
“Existe uma necessidade de reencarnarmos naquela família ou naquele grupo de amigos. Nossa dificuldade em compreender a atitude de um ou de outro é nosso primeiro grande desafio. Por isso a importância desse núcleo familiar. Por isso recebemos essa família corporal”, disse.
A programação reencarnatória prepara o indivíduo para receber a família e o grupo social ao qual ele estará submetido a conviver durante sua existência.
Por isso mesmo, segundo a jornalista, o plano espiritual disponibiliza boas condições para que a criatura possa conviver naquele núcleo.
“Durante toda a nossa vida na Terra, vamos nos deparar com um amigo que parece um irmão, uma mãe de que a gente tanto necessita ou um pai de que a gente tanto precisa. As diferenças de cada um deles servirão para lapidar as nossas imperfeições e identificar o nosso próprio egoísmo”, ressaltou Alexandra.
As divergências e a troca de experiências que cada indivíduo consegue por meio dos mais variados tipos de relacionamentos servem como uma descoberta do próprio “eu”. Segundo Alexandra, quando se tenta fugir dos problemas, evitando a convivência com as pessoas ou deixando de se relacionar, perde-se uma grande oportunidade de aprendizado.
A jornalista disse que é de extrema importância o momento em que cada indivíduo se questiona quanto ao seu verdadeiro papel no contexto de todos os relacionamentos, sejam eles amorosos, familiares ou sociais. “Não estamos aqui simplesmente para passar férias, mas sim porque cada um de nós tem uma realidade de vida diferente. Normalmente temos necessidades afetivas a serem sanadas, mas não temos o costume de olhar para dentro de nós e enxergar que o que pode estar me impedindo de conseguir esse afeto pode ser eu mesmo”, salientou.
Nos relacionamentos pautados no “juntar de idéias”, não há separação ou divergências causadas pelo tempo. Segundo Alexandra, quando as pessoas tomam consciência da importância de não se deixarem levar pelas “camuflagens”, como a dependência, a carência, o ciúme, a possessividade e o medo, tudo ocorre de maneira natural e pacífica.
“Existem casais que não se conhecem. Pessoas que não conseguem abrir-se para os filhos, ou maridos e esposas. É maravilhoso quando você pode falar do que o incomoda para alguém que você sabe que vai compreendê-lo.
Tudo isso sem sentir medo porque você sabe que aquela pessoa o ama de verdade”.
Ainda segundo a jornalista, na palestra sobre “Perdão”, os dias atuais tendem a fazer com que as pessoas, por meio de brigas ou desentendimentos, acabem rompendo laços com amigos ou familiares.
O perdão, na opinião dela, ou melhor, a falta de perdão faz com que as pessoas acreditem estarem construindo uma personalidade forte, sendo que na verdade elas tendem a ficar cada vez mais violentas. “Essa falta de perdão tem-nos trazido inúmeros problemas durante nossas reencarnações.
Tornamo-nos desgostosos com a vida e passamos a não compreender os ensinamentos de Jesus”, salientou a palestrante.
O orgulho supervalorizado, a felicidade do outro deixando o indivíduo mal, ou a falta de reconhecimento da sua própria fragilidade – esses são para Alexandra alguns dos problemas sérios que devem ser evitados para que o orgulho não tome conta da vida da pessoa. “Quando entramos nesse vício de achar que somos o melhor que o outro, não conseguimos entender quanto somos frágeis, não aceitamos as críticas e não sabemos perdoar”, ressaltou.
Uma pessoa que passa a se questionar quanto às suas reais atitudes, passa a se compreender, e isso é um passo importante, que a jornalista destacou, para que essa pessoa possa descobrir suas limitações. “A compreensão dispensa o perdão.
Quem compreende não se ofende. Por isso, o melhor mesmo é não ter que perdoar, mas sim compreender. Essa é a fórmula”, finalizou a palestrante.



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Revista Espírita de 1866 (Parte 2)



MARCELO BORELA
DE OLIVEIRA
De Londrina


Damos continuidade à publicação
do texto condensado da Revista Espírita
de 1866. As páginas citadas referem-
se à versão publicada pela Edicel.

26. Na seqüência, o editor do semanário La Discussion, afirmou: “É assim que procederemos em relação ao Espiritismo. Seja qual for a maneira de ver a seu respeito, ninguém pode dissimular a extensão que tomou em poucos anos. Pelo número e pela qualidade de seus partidários, conquistou uma posição entre as opiniões aceitas”.
Concluindo, depois de explicar que as questões sobre Espiritismo seriam ali tratadas por espíritas, o editor aduziu: “Em suma, La Discussion não se apresenta como órgão nem apóstolo do Espiritismo; abre-lhe as suas colunas, como a todas as idéias novas, sem pretender impor essa opinião aos seus leitores, sempre livres de a controlar, de a aceitar ou de a rejeitar”. (Págs. 37 e 38.)
27. A Revista relata novo caso de obsessão levado a bom termo em julho de 1865, na localidade de Cazères.
A obsedada tinha 22 anos e, embora gozasse de saúde perfeita, fora de repente acometida de um acesso de loucura.
Como os médicos não haviam conseguido curá-la, mesmo após sua internação num hospício de alienados mentais, os pais recorreram ao Espiritismo.
Evocando o Espírito obsessor durante oito dias seguidos, o grupo espírita conseguiu mudar suas más disposições e, feito isto, a doente ficou curada. (Págs. 38 e 39.)
28. Analisando o fato, Kardec diz que o episódio constituía uma nova prova da existência da loucura obsessional, cuja causa difere da loucura patológica e ante a qual a ciência falhará sempre enquanto se obstinar em negar o elemento espiritual e sua influência sobre o homem. (Pág. 39.)
29. Em seguida, Kardec refere um fato semelhante relatado pelo grupo espírita de Marmande, que também obteve êxito ao tratar um camponês que, atingido por uma loucura furiosa, perseguia as pessoas a golpes de forcado, para as matar. Ele era, no entanto, apenas uma vítima de uma obsessão grave e em oito dias, sem nenhum tratamento físico, voltou ao estado normal, graças à terapia espírita (Págs. 39 e 40.)
30. Os casos de obsessão eram tão freqüentes que não seria exagero dizer que nos hospitais de alienados mais da metade têm apenas a aparência da loucura, mas não são loucos.
Essa observação é de Kardec, que adverte obsessores desencarnados. “O único meio de os dominar é o ascendente moral”, com cuja ajuda, pelo raciocínio e com sábios conselhos, é possível torná-los melhores. Esse é o segredo da cura: conversa-se com o Espírito, buscando moralizá-lo e educá-lo, como faríamos se ele estivesse encarnado, e dirigindo com tato as instruções que lhe são dadas. (Págs. 40 a 42.)
Kardec explica por que
existem antropófagos no mundo
31. Não nos devemos admirar mais das obsessões do que das enfermidades e outros males que afligem a humanidade, porque elas fazem parte das provas e das misérias devidas à inferioridade do meio em que vivemos.
Os homens sofrem então neste mundo as conseqüências de suas imperfeições, porque, se fossem mais perfeitos, aqui não estariam. (Pág. 42.)
32. O depoimento de um passageiro que escapou com vida ao naufrágio do Borysthène, ocorrido nas costas da Argélia a 15 de dezembro de 1865, é transcrito pela Revista e comentado por Kardec, que explica por que, em casos assim, há pessoas que se desesperam e se matam, sem esperar o desfecho do desastre. (Págs. 42 a 44.)
33. Duas comunicações sobre o assunto foram, então, recebidas na Sociedade Espírita de Paris no dia 12 de janeiro. Eis, de forma resumida, o que elas revelaram: I – A prece é o veículo dos fluidos espirituais mais poderosos e são como um bálsamo salutar para as feridas da alma e do corpo. Atrai todos os seres para Deus e faz a alma sair da espécie de letargia em que se acha mergulhada, quando esquece seus deveres para com o Criador. II – Dita com fé, provoca nos que a ouvem o desejo de imitar os que oram, porque o exemplo e a palavra também levam fluidos magnéticos de grande força. III – Quanto ao homem que quis suicidar-se em face da morte certa, a idéia lhe veio de uma instintiva repulsa pela água, visto que era a terceira vez que morreria dessa maneira. IV – Devemos orar pelos infelizes, porque a prece de várias pessoas forma um feixe que sustenta e fortifica a alma pela qual é feita, dando-lhe força e resignação. V – Aos que julgam não ter necessidade de Deus, o Pai permite sejam expostos a um fim terrível, sem esperança de qualquer ajuda. Então eles se lembram de que outrora rezaram e que a prece dissipa as tristezas, faz suportar os sofrimentos com coragem e suaviza os últimos momentos do agonizante. VI – É que a prece é uma necessidade da alma e tem para todos uma imensa utilidade. (Págs. 44 a 46.)
34. Segundo o Siècle de dezembro de 1865, o almirantado inglês advertiu os capitães de navios mercantes que se dirigiam à Oceania para tomarem todas as precauções com vistas a evitar que sua tripulação fosse vítima dos antropófagos das Novas-Hébridas, da baía de Jervis ou da Nova-Caledônia, onde recrudescera a prática da antropofagia. (Págs. 46 a 49.)
35. Comentando a notícia, Kardec explica por que existem no mundo antropófagos, que são pessoas como nós mesmos. As almas dos que mantêm esse hábito – diz Kardec – estão ainda próximas de sua origem e suas faculdades intelectuais e morais são pouco desenvolvidas; mas elas progredirão também, graças às vidas sucessivas. (Págs. 48 e 49.)
Duas causas explicam a
impotência dos exorcismos
36. O fato de haver aumentado naquela região do planeta a prática da antropofagia explica-se pela circunstância de ter, provavelmente, ocorrido ali uma chegada em massa de almas bastante atrasadas, com vistas ao seu adiantamento, porque só reencarnando é que elas poderão libertar-se desses e de outros hábitos cuja erradicação é sinal inconteste de progresso. (Pág. 49.)
37. A Revista informa que, desde a interessante história que envolveu o sr. Bach e a espineta de Henrique III, o citado músico tornou-se médium escrevente.
Outro curioso episódio relacionado com aquele instrumento musical é relatado, então, por Kardec, no número de fevereiro de 1866. (Págs. 49 a 55.)
38. O próprio Henrique III, presente à sessão realizada em janeiro na Sociedade Espírita de Paris, de que participava também o sr. Bach, confirmou ser o autor do pergaminho que o músico encontrara na espineta, à esquerda do teclado, entre duas tabuinhas. A caligrafia, comparada com a utilizada em outros manuscritos encontrados na Biblioteca Imperial, correspondia realmente à do monarca. (Págs. 51 a 55.)
39. Novos episódios de pancadas e outras manifestações físicas espontâneas agitaram a casa de um fazendeiro muito rico, em Équihen, perto de Boulogne. Chamados a intervir, quatro curas, seguidos depois de cinco redentoristas e três ou quatro religiosas foram até a casa e praticaram o exorcismo, sem nenhum resultado.
Como a família desconfiasse de que os fenômenos poderiam estar sendo causados por um irmão do fazendeiro, morto dois anos antes na Argélia, os clérigos aconselharam-no a partir para a Argélia à busca do corpo do irmão, cumprindo o que lhe havia sido prometido. (Págs. 56 e 57.)
40. Kardec aproveita a oportunidade para mostrar a incoerência dos exorcistas no caso. Ora, se eles entendiam que na alma do falecido poderia estar a causa dos fenômenos, por que o exorcismo? É preciso ser coerente.
Duas causas – lembra Kardec – explicam a impotência dos exorcismos:
1ª – Eles são dirigidos aos demônios; contudo os obsessores e perturbadores não são demônios, mas seres humanos.
2a – O exorcismo não é uma prece, mas um anátema, uma ameaça, que irrita o agente invisível e não concorre para o conduzir ao bem. (Pág. 57.)
41. Os adversários do Espiritismo não perderam tempo e exploraram ao máximo as peloticas dos irmãos Davenport, os dois jovens americanos que foram pegos fraudando em Paris.
Os críticos imaginavam, talvez, que Kardec fosse defender os irmãos, mas se enganaram inteiramente porque o Codificador deixou claro que as exibições teatrais  e a exploração da mediunidade nada têm a ver com o verdadeiro espírito da doutrina. “Que a crítica bata quanto queira nestes abusos; desmascare os truques e os cordões dos charlatães, e o Espiritismo, que não usa qualquer processo secreto e cuja doutrina é toda moral, não poderá senão ganhar em ser desembaraçado dos parasitas que dele fazem um degrau e dos que lhe desnaturam o caráter.” (Págs. 59 a 61.)
Os fluidos espirituais
segundo a Doutrina Espírita
42. Notícia publicada na França diz que os irmãos Davenport, de volta a Nova York, foram publicamente desmentidos por um antigo comparsa, o sr. Fay, na presença de numerosa assistência. O sr. Fay teria desvendado tudo, todas as charlatanices, o segredo das cordas e o dos nós, que haviam tornado famosos os irmãos.
Kardec, embora reiterando sua condenação às exibições dos Davenport, contestou a notícia, informando que ambos ainda se encontravam na Inglaterra.
William Fay, o cunhado dos Davenport, que os acompanhava, era outra pessoa. O autor dos fatos divulgados pelos jornais era um tal H.
Melleville Fay, seu concorrente e não amigo. (Págs. 61 a 63.)
43. A crítica – observa Kardec – desceu o braço sobre os Davenport, julgando que assim estaria matando o Espiritismo. Ora, o que ela matou foi precisamente o que o Espiritismo condena e desaprova: a exploração, as exibições públicas, o charlatanismo, as manobras fraudulentas, as imitações grosseiras de fenômenos naturais, o abuso de um nome que representa uma doutrina toda moral, de amor e de caridade. (Pág. 64.)
44. Um longo estudo sobre os fluidos espirituais abre a Revista de março de 1866. Eis, de forma resumida, os ensinamentos que nele se contêm:
 I – Os fluidos espirituais representam um importante papel em todos os fenômenos espíritas, ou melhor, são o princípio mesmo desses fenômenos.
II – Não existe uma única ciência que seja, em todas as suas peças, obra de um só homem.
Assim se dá com a ciência espírita, que requer para se constituir o esforço dos Espíritos e dos encarnados.
III – Os corpos formam na obra da criação uma cadeia ininterrupta, de tal sorte que os três reinos não subsistem, na realidade, senão por seus caracteres gerais mais marcantes, visto que nos seus limites eles se confundem.
 IV – O homem pode operar artificialmente as composições e decomposições que se operam espontaneamente na natureza, mas é impotente para reconstituir o menor corpo organizado, ainda que seja uma folha morta.
V – Ele não pode reconstituí-la, nem lhe dar vida, o que mostra que seu poder pára na matéria inerte e que o princípio da vida está na mão de Deus.
VI – A ciência caminha para a admissão de que os corpos chamados simples não passam de modificações de um elemento único, princípio universal, designado sob os nomes de éter, fluido cósmico ou fluido universal.
VII – A química faz-nos penetrar na constituição íntima dos corpos, mas, experimentalmente, não vai além dos corpos considerados simples. Ora, entre esse elemento em sua pureza absoluta e o ponto onde param as investigações da ciência, o intervalo é imenso.
VIII – Raciocinando-se por analogia, chega-se à conclusão de que, entre esses dois pontos extremos, esse elemento primordial deve sofrer modificações que escapam aos instrumentos e sentidos materiais.
IX – A natureza íntima da alma escapa completamente às investigações humanas, mas sabemos que ela é revestida de um envoltório ou corpo fluídico, constituindo, assim, com esse envoltório o ser que chamamos Espírito.
X – Esse envoltório, que chamamos de perispírito, posto que de uma natureza etérea e sutil, não é menos matéria, e reveste a alma, não só durante a encarnação, mas também na erraticidade.
XI – Sendo o laço que une a alma ao corpo material, o perispírito não é uma criação imaginária, e sua existência é um fato comprovado pela observação.
XII – Todas as teogonias atribuem aos seres invisíveis um corpo fluídico e São Paulo o define claramente em sua 1a Epístola aos Coríntios (XV:35-50). (Págs. 67 a 74.)

(Continua no próximo número.)



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Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº 624 Fevereiro de 2006
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