domingo, 25 de setembro de 2016

Estudos destinados à família e à educação no lar #A ingratidão dos filhos e os laços de família

CVDEE - CENTRO VIRTUAL DE DIVULGAÇÃO E ESTUDO DO ESPIRITISMO

Estudos destinados à família e à educação no lar

Tudo em paz e harmonia com vocês???

*Bem, o tema dessa semana é: Filhos: Lei do Carma.*

Para nos embasarmos nesse tema, utilizaremos um texto bastante conhecido nosso, que inclusive, utilizamos algumas semanas atrás, mas, que serve perfeitamente aos nossos propósitos. Estamos falando da mensagem de Santo Agostinho em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 14, item 9:

*A ingratidão dos filhos e os laços de família*

9. A ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo. Revolta sempre os corações honestos. Mas, a dos filhos para com os pais apresenta caráter ainda mais odioso. E, em particular, desse ponto de vista que a vamos considerar, para lhe analisar as causas e os efeitos. Também nesse caso, como em todos os outros, o Espiritismo projeta luz sobre um dos grandes problemas do coração humano.

Quando deixa a Terra, o Espírito leva consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza e se aperfeiçoa no espaço, ou permanece estacionário, até que deseje receber a luz. Muitos, portanto, se vão cheios de ódios violentos e de insaciados desejos de vingança; a alguns dentre eles, porém, mais adiantados do que os outros, é dado entrevejam uma partícula da verdade; apreciam então as funestas consequências de suas paixões e são induzidos a tomar resoluções boas. Compreendem que, para chegarem a Deus, lima só é a senha: caridade. Ora, não há caridade sem esquecimento dos ultrajes e das injúrias; não há caridade sem perdão, nem com o coração tomado de ódio.

Então, mediante inaudito esforço, conseguem tais Espíritos observar os a quem eles odiaram na Terra. Ao vê-los, porém, a animosidade se lhes desperta no íntimo; revoltam-se à idéia de perdoar, e, ainda mais, à de abdicarem de si mesmos, sobretudo à de amarem os que lhes destruíram, quiçá, os haveres, a honra, a família. Entretanto, abalado fica o coração desses infelizes. Eles hesitam, vacilam, agitados por sentimentos contrários. Se predomina a boa resolução, oram a Deus, imploram aos bons

Espíritos que lhes deem forças, no momento mais decisivo da prova.

Por fim, após anos de meditações e preces, o Espírito se aproveita de um corpo em preparo na família daquele a quem detestou, e pede aos Espíritos incumbidos de transmitir as ordens superiores permissão para ir preencher na Terra os destinos daquele corpo que acaba de formar-se. Qual será o seu procedimento na família escolhida? Dependerá da sua maior ou menor persistência nas boas resoluções que tomou. O incessante contato com seres a quem odiou constitui prova terrível, sob a qual não raro sucumbe, se não tem ainda bastante forte a vontade. Assim, conforme prevaleça ou não a resolução boa, ele será o amigo ou inimigo daqueles entre os quais foi chamado a Viver. E como se explicam esses ódios, essas repulsões instintivas que se notam da parte de certas crianças e que parecem injustificáveis. Nada, com efeito, naquela existência há podido provocar semelhante antipatia; para se lhe apreender a causa, necessário se torna volver o olhar ao passado.

Ó espíritas! compreendei agora o grande papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a comprirdes. Os vossos cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem-estar futuro. Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda? Se por culpa Vossa ele se conservou atrasado, tereis como castigo vê-lo entre os Espíritos sofredores, quando de vós dependia que fosse ditoso. Então, vós mesmos, assediados de remorsos, pedireis vos seja concedido reparar a vossa falta; solicitareis, para vós e para ele, outra encarnação em que o cerqueis de melhores cuidados e em que ele, cheio de reconhecimento, vos retribuirá com o seu amor.

Não escorraceis, pois, a criancinha que repele sua mãe, nem a que vos paga com a ingratidão; não foi o acaso que a fez assim e que vo-la deu. Imperfeita intuição do passado se revela, do qual podeis deduzir que um ou outro já odiou muito, ou foi muito ofendido; que um ou outro veio para perdoar ou para expiar. Mães! abraçai o filho que vos dá desgostos e dizei convosco mesmas: Um de nós dois é culpado. Fazei-vos merecedoras dos gozos divinos que Deus conjugou à maternidade, ensinando aos vossos filhos que eles estão na Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer. Mas oh! muitas dentre vós, em vez de eliminar por meio da educação os maus princípios inatos de existências anteriores, entretêm e desenvolvem esses princípios, por uma culposa fraqueza, ou por descuido, e, mais tarde, o vosso coração, ulcerado pela ingratidão dos vossos filhos, será para vós, já nesta vida, um começo de expiação.

A tarefa não é tão difícil quanto vos possa parecer. Não exige o saber do mundo. Podem desempenhá-la assim o ignorante como o sábio, e o Espiritismo lhe facilita o desempenho, dando a conhecer a causa das imperfeições da alma humana. Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior. A estudá-los devem os pais aplicar-se. Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho. Espreitem, pois, os pais os menores indícios reveladores do gérmen de tais vícios e cuidem de combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas. Façam como o bom jardineiro, que corta os rebentos defeituosos à medida que os vê apontar na árvore. Se deixarem se desenvolvam o egoísmo e o orgulho, não se espantem de serem mais tarde pagos com a ingratidão. Quando os pais hão feito tudo o que devem pelo adiantamento moral de seus filhos, se não alcançam êxito, não têm de que se inculpar a si mesmos e podem conservar tranquila a consciência. A amargura muito natural que então lhes advém da improdutividade de seus esforços, Deus reserva grande e imensa consolação, na certeza de que se trata apenas de um retardamento, que concedido lhes será concluir noutra existência a obra agora começada e que um dia o filho ingrato os recompensará com seu amor. (Cap. XIII, nº 19.)

Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que podem ser cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte possibilidade: falta a vontade. Com efeito, quantos há que, em vez de resistirem aos maus pendores, se comprazem neles. A esses ficam reservados o pranto e os gemidos em existências posteriores. Admirai, no entanto, a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Vem um dia em que ao culpado, cansado de sofrer, com o orgulho afinal abatido, Deus abre os braços para receber o filho pródigo que se lhe lança aos pés. As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus. E um momento supremo, no qual, sobretudo, cumpre ao Espírito não falir murmurando, se não quiser perder o fruto de tais provas e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes, agradecei a Deus o ensejo que vos proporciona de vencerdes, a fim de vos deferir o prêmio da vitória. Então, saindo do turbilhão do mundo terrestre, quando entrardes no mundo dos Espíritos, sereis aí aclamados como o soldado que sai triunfante da refrega. De todas as provas, as mais duras são as que afetam o coração. Um, que suporta com coragem a miséria e as privações materiais, sucumbe ao peso das amarguras domésticas, pungido da ingratidão dos seus. Oh! que pungente angústia essa! Mas, em tais circunstâncias, que mais pode, eficazmente, restabelecer a coragem moral, do que o conhecimento das causas do mal e a certeza de que, se bem haja prolongados despedaçamentos d’alma, não há desesperos eternos, porque não é possível seja da vontade de Deus que a sua criatura sofra indefinidamente? Que de mais reconfortante, de mais animador do que a ideia que de cada um dos seus esforços é que depende abreviar o sofrimento, mediante a destruição, em si, das causas do mal? Para isso, porém, preciso se faz que o homem não retenha na Terra o olhar e só veja uma existência; que se eleve, a pairar no infinito do passado e do futuro. Então, a justiça infinita de Deus se vos patenteia, e esperais com paciência, porque explicável se vos torna o que na Terra vos parecia verdadeiras monstruosidades. As feridas que aí se vos abrem, passais a considerá-las simples arranhaduras. Nesse golpe de vista lançado sobre o conjunto, os laços de família se vos apresentam sob seu aspecto real. Já não vedes, a ligar-lhes os membros, apenas os frágeis laços da matéria; vedes, sim, os laços duradouros do Espírito, que se perpetuam e consolidam com o depurarem-se, em vez de se quebrarem por efeito da reencarnação.

Formam famílias os Espíritos que a analogia dos gostos, a identidade do progresso moral e a afeição induzem a reunir-se. Esses mesmos Espíritos, em suas migrações terrenas, se buscam, para se gruparem, como o fazem no espaço, originando-se daí as famílias unidas e homogêneas. Se, nas suas peregrinações, acontece ficarem temporariamente separados, mais tarde tornam a encontrar-se, venturosos pelos novos progressos que realizaram. Mas, como não lhes cumpre trabalhar apenas para si, permite Deus que Espíritos menos adiantados encarnem entre eles, a fim de receberem conselhos e bons exemplos, a bem de seu progresso.

Esses Espíritos se tornam, por vezes, causa de perturbação no meio daqueles outros, o que constitui para estes a prova e a tarefa a desempenhar. Acolhei-os, portanto, como irmãos; auxiliai-os, e depois, no mundo dos Espíritos, a família se felicitará por haver salvo alguns náufragos que, a seu turno, poderão salvar outros. - Santo Agostinho. (Paris, 1862.)

01) O que vem a ser carma? É algo necessariamente negativo, como muitas pessoas pensam?

02) Por que podemos dizer que os filhos fazem parte do nosso programa cármico?

03) Qual o aprendizado que devemos realizar na convivência com nossos filhos (tanto para nós, quanto para eles)?

Esse tema como tantos outros mechem lá no fundo pois cada um de nós é mãe, pai, filho ou todas as coisas juntas.

Em todo processo evolutivo a mola mestra é a vontade.

Se pedimos ou aceitamos os problemas em nossa nova existência é porque necessitamos dele para o nosso progresso.

Ele passa a ser negativo quando não conseguimos administra-lo com a tolerância e a calma.

Para conseguirmos estar próximos a perfeição devemos estar em harmonia com as leis de Deus. Se no passado desarmonizamos essas leis, no presente devemos tentar ajusta-las.

A criança que recebemos hoje é pois um espirito milenar. Quantas existências á teve? Que sentimentos já nutriu? Bons? Elevados? Depreciativos? Seja como for ele está aqui para evoluir. Nós também estamos aqui para evoluir.

Que as bênçãos de Jesus esteja conosco nesta semana.

Bernardete
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01- O que vem a ser carma? Ë algo necessariamente negativo, como muitas pessoas pensam?

R- O carma vem da lei de ação e reação, tudo que plantamos colhemos, é o resgate de nossas dividas contraídas nesta ou em vidas passadas.

Erramos, temos que corrigir nossos erros, negativo não, temos que agradecer a Deus a oportunidade de poder mais uma vez corrigir nossos equívocos. O carma pode ser muito atenuado com a caridade, com o amor ao próximo. Nós temos que transformar nosso carma em positivo, em crescimento, aprender com nossas dores e de coempções, evoluir no aprendizado.

2- Porque podemos dizer que os filhos fazem parte de nosso programa cärmico?

R- Porque a família não se forma por acaso, geralmente temos família de provas, são raros os casos de família formada só pelo amor e os filhos são espíritos que estamos endividados, temos alguma magoa a superar, temos que superar algumas barreira por nós erguidas, geralmente como o texto nos diz, aquele filho que dá mais problemas é aquele que precisamos mais amar, um de nós errou. Ë o carma se fazendo presente, nos dando mais uma oportunidade de resgate.
  
3- Qual o aprendizado que devemos realizar na convivência com nossos filhos (tanto para nós como para eles).?

R- O muito amar, o perdão que devemos conceder, superar o egoísmo, o orgulho.

(Maria Luiza)
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Esta mensagem de Santo Agostinho deveria ser lida e relida, sistematicamente, para compreendermos a amplitude da orientação clara e objetiva quanto ao posicionamento esperado dos Espíritas perante a convivência no Lar (e logicamente poderia ser estendida a qualquer relacionamento). E assim, aos poucos, irmos incorporando estes belíssimos ensinamentos para ser possível praticá-los de forma espontânea. Aplica-se tanto para nós, como pais como também para nossos filhos, pois somos todos Espíritos, vivenciando papéis temporários.

Quanto à questões, particularmente, prefiro adotar Lei de causa e efeito ou de ação e reação. Está muito claro na mensagem as razões das adversidades no Lar, o compromisso dos pais e dos filhos, como também o comportamento adequado. A dificuldade reside basicamente na postura a ser adotada, considerando nossas imperfeições. Podemos até ter as informações desta mensagem, como da Doutrina, do conhecimento humano, mas no dia a dia, a aplicação prática, via de regra, é balizada e condicionada pelo que somos na atualidade, nossa disputa interna entre defeitos e virtudes, acrescidos de nossos conhecimentos, sentimentos e emoções. Se estivéssemos na condição evolutiva de Jesus, haveriam problemas conosco em nosso Lar?? Com certeza não, pois compreenderíamos todas as atitudes, todas as reações, todo o contexto, em suas essências e com amor profundo sempre nos posicionaríamos de forma a realmente cumprirmos nosso papel como Espíritos Eternos, filhos de Deus, pois nossa visão iria muito além das condições terrenas.

Mas ainda não estamos nesta condição, entretanto, estamos à caminho e para tal temos que vivenciar para aprender...e melhor ainda se temos acesso às estas informações que são um roteiro seguro para alcançarmos o objetivo maior. É.... só vivenciando para nos auto educarmos. Se assim que tem que ser, temos que mudar, então, a nossa postura pessoal.

Uma sugestão para refletir:

1-) Não existem mais problemas em nosso Lar. O que existe são oportunidades para aprendizado e crescimento. Esta pré-disposição muda radicalmente o referencial dos problemas para aquilo que são em realidade.

2-) Se somos todos espíritos imperfeitos sujeitos a falhas, quedas e erros, convivendo para que possamos nos auxiliar mutuamente, tem que haver uma cumplicidade no sentido do interesse em progredir e através do diálogo (diálogo mesmo...onde todos falem e ouçam com respeito e que haja reflexão) sincero, claro e pautado pelo amor, ajustar todas as dificuldades no melhor que pudermos. Não vamos conseguir solucionar todas as dificuldades, pois a transformação é muito pessoal e cada um tem o seu ritmo...mas o que vale mesmo é a nossa intenção e o esforço no limite de nossas forças (atingimos isto quando nossa voz interna, o nosso eu maior, não nos aponta que ainda poderíamos ir adiante, mais um pouco em nossas ações...)

3-) Nem sempre teremos eco em todos os nossos familiares e muitos talvez não concordem com nossa postura, mas, se lembrarmos de Jesus, independente dos seus não simpatizantes, continuava firme, coerente, fiel aos seus objetivos, sempre fazendo a sua parte, com um amor sublime. Pois, então, auxiliemos sempre com o amor que já pudermos aplicar, mas com firmeza, coerência e fidelidade aos ensinamentos revivificados pela Doutrina e que a nossa posição dentro do Lar exige, pois mais tarde, no futuro, teremos nossa consciência tranquila, independentemente dos resultados individuais de cada familiar, mesmo que soframos pelos seus desatinos, estaremos fortalecidos pela fé em Deus, em Sua misericórdia e em Seu amor, por todos os Seus filhos...e continuaremos a ajudá-los até superarem suas dificuldades...

4-) Em qualquer circunstância buscar a condição da visão de Espírito Eterno, cujo ponto de vista está muito além da vida terrena. (No Cap. II do Evang. Segundo o Espiritismo, tem o item " Ponto de Vista" que vale a pena ser lido...) Com esta visão estudar as Leis Divinas e buscar atendê-las em nossa conduta, pois como os Espíritos trouxeram para Kardec, o homem não é senão infeliz quando se afasta das Leis Divinas...

E vamos adiante, fortalecendo a nossa fé, caminhando à frente, mesmo envolvido em adversidades, aprendendo a amar aos nossos semelhantes e, nos momentos em que estivermos a ponto de desistir, quando tudo parece ruir, lembrar que ainda existe Deus...

Mauricio 


*CONCLUSÃO*

01) O que vem a ser carma? É algo necessariamente negativo, como muitas pessoas pensam?

R - A palavra Carma provém do sânscrito, e sua significação, traduzindo para o português, traz em si o conceito de ação. Como sabemos que toda ação provoca uma reação, e esta por sua vez provocará outra reação, podemos afirmar que a palavra Carma simbolizaria a Lei de Ação e Reação, ou de Causa e Efeito. Como todo e qualquer tipo de ação, seja positiva ou negativa, gera uma reação, que será igualmente positiva ou negativa, de conformidade com o ato que a gerou, o carma não é algo negativo. O carma é simplesmente o cumprimento da lei que diz: "O plantio é livre, mas a colheita é obrigatória.". 

Assim, se plantamos morangos, colheremos morangos, e se plantamos espinhos, colheremos espinhos.

02) Por que podemos dizer que os filhos fazem parte do nosso programa cármico?

R - Porque os filhos fazem parte de nosso processo evolutivo, são espíritos com os quais tecemos ligações em encarnações passadas (a ação, boa ou má), e que agora nos compete aprimorarmos essas ligações ou efetuarmos os reajustes necessários. Assim, esses espíritos renascem como nossos filhos para que fortaleçamos os laços de amor, que nos reconciliemos, ou então para ajudarmos ou sermos ajudados por eles. Tudo isso, fruto da lei de Ação e reação, ou seja, nosso "carma".

03) Qual o aprendizado que devemos realizar na convivência com nossos filhos (tanto para nós, quanto para eles)?

R - O principal aprendizado que todos necessitamos: o da evolução. Todos nós reencarnamos para evoluir, isso está descrito em O Livro dos Espíritos. E é através do aprimoramento e aperfeiçoamento dos laços com os demais Espíritos, aprendendo a nos amarmos uns aos outros que conseguimos evoluir. Esse deve ser o principal aprendizado que devemos buscar com nossos filhos.

Muita paz à todos!


Equipe Educar - CVDEE

*Céu inferno_075_2a parte cap. VII - Espíritos Endurecidos – Lapommeray*

*Céu inferno_075_2a parte cap. VII - Espíritos Endurecidos – Lapommeray*

*ESTUDO*

(Bordeaux, 1862)

Este Espírito se apresenta espontaneamente ao médium, e reclama preces.

O que vos levou a pedir preces? – R. Estou cansado de perambular sem objetivo. – Há muito tempo estais nessa posição? – R. Cento e oitenta anos mais ou menos. – Que fizeste sobre a Terra? – R. Nada de bom.

Qual é a vossa posição entre os Espíritos? – R. Estou entre os entediados. – Isso não forma uma categoria. – R. Tudo forma categoria entre nós. Cada sensação encontra os seus semelhantes, ou seus simpáticos se reúnem.

Por que, se não estáveis condenado ao sofrimento, ficastes tão longo tempo sem avançar? – R. Estava condenado ao tédio, que é um sofrimento entre nós; tudo que não é alegria, é dor. – Fostes forçado, pois, a permanecer errante, apesar de vós? – R. Essas são causas muito sutis para a vossa inteligência material. – Tentai fazer-me compreendê-las; e isso será um começo de utilidade para vós. – R. Eu não poderia, não tendo termo de comparação. Uma vida extinta sobre a Terra deixa o Espírito que não a aproveitou, o que o fogo deixa ao papel que consumiu: faíscas, que lembram as cinzas ainda unidas entre elas, quais foram a causa de seu nascimento, ou se queres, da destruição do papel. Essas faíscas são a lembrança dos laços terrestres que sulcam o Espírito, até que haja dispersado as cinzas de seu corpo. Só então se reencontra, essência etérea, e deseja o progresso.

Que pôde vos ocasionar o tédio que lamentais? – R. Consequência da existência. O tédio é o filho da falta de obras; eu não soube empregar os longos anos que passei sobre a Terra, e a sua consequência se fez sentir no nosso mundo.

Os Espíritos que como vós erram em prova ao tédio, não podem fazer cessar esse estado quando querem? – R. Não, nem sempre o podem, porque o tédio paralisa a sua vontade, sofrem as consequências de sua existência; foram inúteis, não tiveram nenhuma iniciativa, não encontram nenhum concurso entre eles. São abandonados a si mesmos, até que a lassidão desse estado os fará desejar mudá-lo; então, à menor vontade que desperte neles, encontram o apoio e os bons conselhos para ajudar os seus esforços e perseverar.

Podeis dizer-me alguma coisa sobre a sua vida terrestre? – R. Ai de mim! Bem pouca coisa, deves compreendê-lo. O tédio, a inutilidade, a falta de obras provém da preguiça; a preguiça é mãe da ignorância.
As vossas existências anteriores não vos fizeram avançar? R. – Sim, todas, mas muito fracamente, porque todas foram o reflexo umas das outras. Há sempre progresso, mas tão pouco sensível, que nos é inapreciável.

Esperando que recomeceis uma outra existência, quereis vir mais frequentemente junto a mim? – R. Chamai-me para a isso constranger-me; prestar-me-eis serviço.

Podeis dizer-me por quê vossa escrita muda com frequência? – R. Porque perguntas muito; isto me fatiga, tenho necessidade de ajuda.

O guia do médium. É o trabalho da inteligência que o fatiga e que nos obriga a prestar-lhe o nosso concurso, para que possa responder às tuas perguntas. É um desocupado do mundo dos Espíritos, como o foi no mundo terrestre. Nós o conduzimos a ti para tentar tirá-lo da apatia e desse tédio que é um verdadeiro sofrimento, mais penoso, às vezes, que os sofrimentos agudos, porque pode se prolongar indefinidamente. Imagina a tortura da perspectiva de um tédio sem fim? São a maioria dos Espíritos dessa categoria que não procuram uma existência terrestre senão como distração, e para romper a insuportável monotonia de sua existência espiritual; também ao chegam com frequência, sem resoluções combinadas para o bem; é por isso que têm de recomeçar, até que, enfim, o progresso real se faça sentir neles.

*QUESTÒES PROPOSTAS PARA ESTUDO*

1. O que levou este Espírito a pedir as preces?

2. Aqueles Espíritos que também erram em prova ao tédio, podem fazê-lo cessar quando querem?

3. Por que a escrita dele muda com tanta frequência?

4. Qual o objetivo dos Espíritos superiores em levar este Espírito para entrar em contato com o médium?

5. Segundo o guia do médium, de quem é composta essa categoria de “Espíritos entediados”?

Conclusão:

1. O que, dentre essas razões para justificar a proibição de evocar os mortos, mais lhe chama a atenção? Por quê?
“As [almas] do céu, inteiramente entregues à sua beatitude, estão muito superiores aos mortais para deles se ocuparem, e são bastantemente felizes para não voltarem a esta terra de misérias, no interesse de parentes e amigos que aqui deixassem. Então essas almas podem ser comparadas aos nababos que dos pobres desviam a vista com receio de perturbar a digestão? Mas se assim fora essas almas se mostrariam pouco dignas da suprema bem-aventurança, transformando-se em padrão de egoísmo! “

É, como se pode ver, a negação da própria justificativa (ou das razões que faz de um espírito um ser superior) dessas almas estarem onde estão: entre os bons Espíritos, no céu...

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Espiritismo C M # Aula 22 # Estados Conscienciais

EVANGELHO ESSENCIAL 17 #SEDE PERFEITOS

EVANGELHO ESSENCIAL 17

Eulaide Lins

Luiz Scalzitti

17- SEDE PERFEITOS

Ama aos teus inimigos; faças o bem aos que te odeiam e ore pelos que te perseguem e caluniam. - Porque, se somente amares os que te amam que recompensa terás disso? Não fazem assim também os publicanos? - Se unicamente saudares os teus irmãos, que fazes com isso mais do que outros? Não fazem o mesmo os pagãos? - Sejam perfeitos, como perfeito é o Pai celestial. (S. MATEUS, cap. V, vv. 44, 46 a 48.)

Caracteres da perfeição

Deus possui a perfeição infinita em todas as coisas e esta proposição:

"Sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial" tomada ao pé da letra, pressupõe a possibilidade de atingir-se a perfeição absoluta. Se à criatura pudesse ser tão perfeita quanto o Criador, tornar-se-ia ela igual a este, o que é inadmissível. Mas, os homens a quem Jesus falava não compreenderiam essa delicada diferença, pelo que se limitou a apresentar um modelo e a dizer-lhes que se esforçassem por alcançar.
* * *

Aquelas palavras devem entender-se no sentido da perfeição relativa, a que a Humanidade é capaz de atingir e que mais a aproxima da Divindade.
* * *

Em que consiste essa perfeição? Jesus o diz: "Em amarmos os nossos inimigos, em fazermos o bem aos que nos odeiam, em orarmos pelos que nos perseguem". Mostra desse modo que a essência da perfeição é a caridade no seu mais amplo significado, porque implica a prática de todas as outras virtudes.
* * *

Não podendo o amor do próximo, levado até ao amor dos inimigos, aliar-se a nenhum defeito contrário à caridade, aquele amor é sempre sinal de maior ou menor superioridade moral, donde decorre que o grau da perfeição está na razão direta da sua extensão. Foi por isso que Jesus, depois de haver dado à seus discípulos as regras da caridade, no que tem de mais sublime, lhes disse: "Sejam perfeitos, como perfeito é o Pai celestial."
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O homem de bem

O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, perguntando se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez ao outro tudo o que desejaria lhe fizessem.
* * *

O homem de bem deposita fé em Deus, na Sua bondade, justiça e sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se submete à Sua vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens terrenos. Sabe que todas as vicissitudes da vida, as dores, e as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar pagamento algum; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça. Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer felizes os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que distribui aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros, antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os lucros e as perdas decorrentes de toda ação generosa. O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não reprova os que como ele não pensam. Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outro com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e desprezo a sensibilidade de alguém, que não recua à ideia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor. Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado será, conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta máxima do Cristo:

“Atire-lhe a primeira pedra aquele que se encontrar sem pecado”. Nunca se alegra em procurar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los.

Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, à custa de outro; aproveita todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões. Se a ordem social colocou sob sua responsabilidade outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus. Não ficam enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir estas, no caminho se encontra para as demais.
* * *

Os bons espíritas

O Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligência e a prática da moral do Cristo, dando fé inabalável e esclarecida aos que duvidam ou vacilam.
* * *

Os espíritas imperfeitos são aqueles que ficam a meio caminho ou se afastam de seus irmãos em crença, por que recuam ante a obrigação de se reformarem, ou então guardam as suas simpatias para os que lhes compartilham das fraquezas ou das desconfianças. Contudo, a aceitação do princípio da doutrina é um primeiro passo que lhes tornará mais fácil o segundo, noutra existência.
* * *

Aquele que pode ser qualificado de espírita verdadeiro e sincero, se encontra em grau superior de adiantamento moral. O Espírito, que nele domina de modo mais completo a matéria, dá-lhe uma percepção mais clara do futuro; os princípios da Doutrina lhe fazem vibrar o caráter que nos outros se conserva paralisado. Em suma: é tocado no coração, tornando inabalável a sua fé. Um é igual ao músico que alguns acordes bastam para comover, ao passo que outro apenas ouve sons.
* * *

Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para dominar suas inclinações más.

Parábola do semeador

Naquele mesmo dia, tendo saído de casa, Jesus sentou-se à borda do mar e falou para a multidão, por parábolas: Aquele que semeia saiu a semear; - e, semeando, uma parte da semente caiu ao longo do caminho e os pássaros do céu vieram e a comeram. - Outra parte caiu em lugares pedregosos onde não havia muita terra; as sementes logo brotaram, porque carecia de profundidade a terra onde haviam caído. - Mas, levantando-se, o sol as queimou e, como não tinham raízes, secaram. - Outra parte caiu entre espinheiros e estes, crescendo, as abafaram. Outra, finalmente, caiu em terra boa e produziu frutos, dando algumas sementes cem por um, outras sessenta e outras trinta. - Ouça quem tem ouvidos de ouvir. (S. MATEUS, cap. XIII, vv. 1 a 9.) Escute a parábola do semeador. –

Quem quer que escuta a palavra do reino e não lhe dá atenção, vem o espírito maligno e tira o que lhe fora semeado no coração. Esse é o que recebeu a semente ao longo do caminho. - Aquele que recebe a semente em meio das pedras é o que escuta a palavra e a recebe com alegria no primeiro momento. - Mas, não tendo nele raízes, dura apenas algum tempo. Em sobrevindo tribulações e perseguições por causa da palavra, tira ele daí motivo de escândalo e de queda. - Aquele que recebe a semente entre espinheiros é o que ouve a palavra; mas, em quem, logo, os cuidados deste século e a ilusão das riquezas abafam aquela palavra e a tornam infrutífera. - Aquele porém, que recebe a semente em boa terra é o que escuta a palavra, que lhe presta atenção e em quem ela produz frutos, dando cem ou sessenta, ou trinta por um. (S. MATEUS, cap. XIII. vv. 18 a 23.)

A parábola do semeador exprime os matizes existentes na maneira de serem utilizados os ensinos do Evangelho. Quantas pessoas existem para as quais não passa ele de letra morta e que, como a semente caída sobre pedregulhos, nenhum fruto dá!
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Não menos justa aplicação encontramos em diferentes categorias de espíritas. Não se acham simbolizados nela os que apenas atentam nos fenômenos materiais e nenhuma consequência tiram deles, porque neles mais não veem do que fatos curiosos?
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Os que apenas se preocupam com o lado brilhante das comunicações dos Espíritos, pelas quais só se interessam quando lhes satisfazem à imaginação, e que, depois de as terem ouvido, se conservam tão frios e indiferentes quanto eram? Os que reconhecem muito bons os conselhos e os admiram, mas para serem aplicados aos outros e não a si próprios?

Aqueles, finalmente, para os quais essas instruções são como a semente que cai em terra boa e dá frutos?
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INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

O Dever
Espírito Lázaro – Paris, 1863

O dever é a obrigação moral da criatura para consigo mesma, primeiro, e em seguida, para com os outros. O dever é a lei da vida. Com ele deparamos nas menores particularidades, como nos atos mais elevados.

Quero falar apenas do dever moral e não do dever que as profissões impõem.
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Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de cumprir-se, por se achar em antagonismo com as atrações do interesse e do coração. Não têm testemunhas as suas vitórias e não estão sujeitas à repressão suas derrotas. O dever íntimo do homem fica entregue ao seu livre-arbítrio. O peso da consciência, guardião da integridade interior, o adverte e sustenta; mas, muitas vezes, mostra-se impotente diante dos argumentos enganosos da paixão. Fielmente observado, o dever do coração eleva o homem; porém, como determiná-lo com exatidão? Onde começa? Onde termina?
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O dever principia, para cada um, exatamente no ponto em que ameaça a felicidade ou a tranquilidade do seu próximo; acaba no limite que não deseja ninguém transponha com relação a si.
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A igualdade em face da dor é uma sublime providência de Deus, que quer que todos os seus filhos, instruídos pela experiência comum, não pratiquem o mal, alegando ignorância de seus efeitos.
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O dever é o resumo prático de todas as considerações morais; é uma bravura da alma que enfrenta as angústias da luta; é austero e brando; pronto a dobrar-se às mais diversas complicações, conserva-se inflexível diante das suas tentações.
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O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais do que as criaturas e ama as criaturas mais do que a si mesmo.
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O homem tem de amar o dever, não porque o preserve de males a vida, males aos quais a Humanidade não pode subtrair-se, mas porque confere à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.
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O dever cresce e irradia sob mais elevada forma, em cada um dos estágios superiores da Humanidade. Jamais cessa a obrigação moral da criatura para com Deus. Tem esta de refletir as virtudes do Eterno, que não aceita rascunhos imperfeitos, porque quer que a beleza da sua obra resplandeça a seus próprios olhos.
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A virtude
Espíritos François-Nicolas-Madeleine -Paris, 1863.

A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio, modesto são qualidades do homem virtuoso.

Infelizmente, quase sempre, as acompanham pequenas enfermidades morais que as enfeiam e atenuam.
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Não é virtuoso aquele que faz ostentação da sua virtude, por que lhe falta a qualidade principal: a modéstia, e tem o vício que mais se opõe: o orgulho. A virtude, verdadeiramente digna desse nome, não gosta de ostentar-se. Adivinham-na; ela, porém, se oculta na obscuridade e foge à admiração das massas.
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Não imites o homem que se apresenta como modelo e alardeia, ele próprio, suas qualidades a todos os ouvidos tolerantes. A virtude que assim se ostenta esconde muitas vezes uma imensidade de pequenas desonestidades e de odiosas covardias. Em princípio, o homem que se exalta, que ergue uma estátua à sua própria virtude, anula, por esse simples fato, todo mérito real que possa ter.
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Que dizer daquele cujo único valor consiste em parecer o que não é?

Compreende-se que o homem que pratica o bem experimenta uma satisfação íntima em seu coração; mas, desde que tal satisfação se exteriorize, para colher elogios, degenera em amor-próprio.
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Mais vale pouca virtude com modéstia, do que muita com orgulho. Pelo orgulho é que as humanidades sucessivamente se perderam; pela humildade é que um dia elas se redimirão.
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Os superiores e os inferiores
Espíritos François-Nicolas-Madeleine, Cardeal Morlot. (Paris, 1863.)

A autoridade, tanto quanto a riqueza, é uma delegação de que se terá de prestar contas àquele que se encontre dela investido. Não julgues que seja ela conferida para te proporcionar o vão prazer de mandar; nem, conforme o supõe a maioria dos poderosos da Terra, como um direito, uma propriedade. Deus lhes prova constantemente que não é nem uma nem outra coisa, pois que deles a retira quando lhe agrade. Se fosse um privilégio inerente às suas personalidades, seria inalienável. A ninguém cabe dizer que uma coisa lhe pertence, quando esta pode ser tirada sem seu consentimento.
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Deus confere a autoridade a título de missão, ou de prova, quando o entende, e a retira quando considera conveniente.
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Quem quer que seja depositário de autoridade, seja qual for a sua extensão, desde a do senhor sobre o seu servo, até a do soberano sobre o seu povo, não deve esquecer que tem almas a seu cargo; que responderá pela boa ou má diretriz que dê aos seus subordinados e que sobre ele recairão as faltas que estes cometam, os vícios a que sejam arrastados em consequência dessa diretriz ou dos maus exemplos, do mesmo modo que colherá os frutos da solicitude que empregar para os conduzir ao bem.
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Todo homem tem na Terra uma missão, grande ou pequena; qualquer que ela seja, sempre lhe é dada para o bem; desviá-la em seu princípio é falir ao seu desempenho.
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Assim como pergunta ao rico, também Deus questionará daquele que disponha de alguma autoridade: "Que uso fizeste dessa autoridade?

Que males evitaste? Que progresso facultaste? Se te dei subordinados, não foi para que os fizesses escravos da tua vontade, nem instrumentos dóceis aos teus caprichos ou à tua cobiça; fiz-te forte e confiei-te os que eram fracos, para que os amparasses e ajudasses a subir ao meu seio."
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O superior, que se ache compenetrado das palavras do Cristo, a nenhum despreza dos que lhe estejam submetidos, porque sabe que as diferenças sociais não prevalecem às vistas de Deus.
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Ensina o Espiritismo que, se eles hoje lhe obedecem, talvez já lhe tenham dado ordens, ou poderão dá-las mais tarde, e que ele então será tratado conforme os haja tratado, quando sobre eles exercia autoridade.
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Mas, se o superior tem deveres a cumprir, o inferior, por sua vez, também os tem e não menos importantes. Se for espírita, sua consciência ainda mais lhe dirá que não pode considerar-se dispensado de cumpri-los, nem mesmo quando o seu chefe deixe de dar cumprimento aos dele, porque sabe muito bem não ser lícito retribuir o mal com o mal e que as faltas de uns não justificam as de outros. Se a sua posição acarreta sofrimentos, reconhecerá que os mereceu, porque, provavelmente, abusou outrora da autoridade que tinha, cabendo-lhe experimentar a seu turno o que fizera sofressem os outros. Se é obrigado a suportar essa posição, por não encontrar outra melhor, o Espiritismo ensina a resignar-se, constituindo isso uma prova para a sua humildade, necessária ao seu adiantamento. Sua crença lhe orienta a conduta e o induz a proceder como gostaria que seus subordinados procedessem para com ele, caso fosse o chefe. Por isso mesmo, mais escrupuloso se mostra no cumprimento de suas obrigações, pois compreende que toda negligência no trabalho redunda em prejuízo para aquele que o remunera e a quem deve ele o seu tempo e os seus esforços. Numa palavra: solicita-o o sentimento do dever, oriundo da sua fé, e a certeza de que todo afastamento do caminho reto implica uma dívida que, cedo ou tarde, terá de pagar.
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O homem no mundo
Um Espírito Protetor. (Bordéus, 1863.)

Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração dos que se reúnem sob as vistas do Senhor e imploram a assistência dos bons Espíritos. Purifiquem os corações; não consintam que neles demore qualquer pensamento mundano ou fútil. Elevem o seu espírito àqueles por quem chamam, a fim de que encontrando-lhes as necessárias disposições, possam lançar fartamente a semente que é preciso germinar em suas almas e dê frutos de caridade e justiça.
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Não julguem que, exortando-lhes incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivam uma vida mística, que lhes conserve fora das leis da sociedade onde vives. Não; vivam com os homens da sua época, como devem viver os homens. Sacrifiquem as necessidades, mesmo as frivolidades do dia, mas sacrifiquem com um sentimento de pureza que as possa santificar.
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És chamado a estar em contato com espíritos de naturezas diferentes, de caracteres opostos: não choques a nenhum daqueles com quem estiver. Sejam joviais, ditosos, mas seja a sua jovialidade a que provém de uma consciência limpa, seja a sua ventura a do herdeiro do Céu que conta os dias que faltam para entrar na posse da sua herança.
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Não consiste a virtude em assumirem severo e entristecido aspecto, em repelirem as alegrias que as suas condições humanas lhes permitem.
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Basta refiras todos os atos da sua vida ao Criador que lhe deu; basta que, quando começar ou acabar uma obra, eleves o pensamento ao Criador e lhe peça, numa elevação de alma, ou a sua proteção para que obtenha êxito, ou a sua bênção para ela, se a concluíste. Em tudo o que fizerem, remonta à Fonte de todas as coisas, para que nenhuma de suas ações deixe de ser purificada e santificada pela lembrança de Deus.
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A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta; mas, os deveres da caridade alcançam todas as posições sociais, desde o menor até o maior.
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Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse isolado.

Unicamente no contato com os seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele encontra ensejo de praticá-la. Aquele que se isola priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se; não tendo de pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta.
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Não imagines que, para viveres em comunicação constante conosco, para viveres sob as vistas do Senhor, seja preciso te tortures e cubras de cinzas.
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Sejas feliz, segundo as necessidades da Humanidade; mas, que jamais na tua felicidade entre um pensamento ou um ato que possa ofender a Deus, ou tornar triste o semblante dos que te amam e dirigem. Deus é amor, e aqueles que amam santamente Ele os abençoa.
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Cuidar do corpo e do espírito
Jorge, Espírito Protetor. (Paris, l863.)

Consistirá em maltratar o corpo a perfeição moral? começarei por demonstrar a necessidade de cuidar-se do corpo que, segundo as alternativas de saúde e de enfermidade, influi de modo muito importante sobre a alma, já que se encontra prisioneira da carne.
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Para que a alma viva, se expanda e chegue a conceber as ilusões da liberdade, tem o corpo de estar são, disposto, forte.
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A relação existente entre o corpo e a alma esta por se encontrarem em dependência mútua, importando cuidar de ambos. Ama, a tua alma, porém, cuide igualmente de seu corpo, instrumento daquela.
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Desatender as necessidades que a própria Natureza indica, é desatender a lei de Deus. Não castigue o corpo pelas faltas que o teu livre-arbítrio induziu a cometer e pelas quais é ele tão responsável quanto o cavalo mal dirigido pelos acidentes que causa.
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Será mais perfeito se, martirizando o corpo, não se tornar menos egoísta, nem menos orgulhoso e mais caritativo para com o teu próximo? Não, a perfeição não está nisso: está toda nas reformas porque fizeres passar o teu Espírito. Dobre-o, submete-o, humilha-o, mortifica-o: esse é o meio de o tornar dócil à vontade de Deus e o único de alcançares a perfeição.

COMENTÁRIO

SEDE PERFEITOS

Poderemos nos considerar perfeitos algum dia? Deus é perfeito, segundo o nosso entendimento de perfeição, e considerando isso estaríamos limitando a perfeição do criador ao nosso entendimento, e aí estaríamos cerceando toda a possibilidade de Ele ter maior perfeição do que a nossa, para que pudéssemos também sermos perfeitos. É certo que nunca atingiremos a perfeição absoluta, caso em que poderíamos ser elevados à categoria de Deus. E ai haveria tantos deuses quantos os que atingissem a perfeição. Bem, seria um caos, pois mesmo sendo perfeito cada um seria um deus e então estaríamos às voltas com tantos senhores e tantas ordens que os que se tardassem um pouco ao avanço não conseguiriam nunca atingir a perfeição absoluta. Mas isto está ficando muito complexo, e então cada um no seu íntimo deverá ter a sua resposta a essa questão, será que poderíamos estar no lugar de Deus ao menos por algum tempo. Vejamos o que fizemos que nos permite esta certeza de podermos nos ocupar das questões divinas.

Amar ao próximo como a nós mesmos é o paradigma. Precisaria que tivéssemos a coragem para assumir esta postura. E acima de tudo, nem é necessário sejamos perfeitos, mas que nos esforcemos por melhorar essa questão do próximo. Necessário seria que nos perguntássemos ao fim de cada dia: será que ofendi a alguém? Prejudiquei algum irmão em seu trabalho? Feri a alguém em seu respeito e dignidade? Tratei como quisera fosse tratado? O verdadeiro homem de bem é aquele que se esforça em melhorar, em praticar a lei de amor, de caridade, de justiça.

Não usa da autoridade que lhe conferem os títulos, nem a ascendência intelectual adquiridas a custo próprio na matéria, mas faz disso um meio de que todos possam ser tratados com igualdade. Aceita as vicissitudes da vida como provas de que irá se beneficiar tornando-se mais forte, mais sereno, mais indulgente, pois compreende que os outros ao seu turno também tem suas dificuldades próprias e muitas vezes não tem o conhecimento suficiente para suportar. Sendo Espírita então, razão maior para saber que tudo é passageiro, inclusive nossa estada aqui na Terra, e que nos devemos uns aos outros e é preciso sejamos indulgentes para com o nosso irmão de jornada. Por que a Doutrina nos ensina que a verdadeira pátria é a espiritual, onde nos encontramos livres de todas as nossas necessidades próprias da vida de encarnados. Que a vida material é uma passagem necessária ao nosso progresso espiritual, através de ações mais coerentes com os ensinamentos de Jesus. Para que possamos dominar a matéria e obtermos uma visão mais clara do futuro. Para que possam vibrar em nosso íntimo as fibras que em outros ainda permanecem dormentes.


Sermos efetivamente ativos na pratica do bem e no amor ao próximo.