sábado, 28 de fevereiro de 2015

  EXTERIOR E CONTEÚDO

Acautelai-vos, que ninguém vos engane.  Jesus.
(Mateus, 24:4)

Os fenômenos espíritas, longe de abonarem os falsos Cristos e os falsos profetas, como a algumas pessoas apraz dizer, golpe mortal desferem neles. Não peçais ao Espiritismo prodígios, nem milagres, porquanto ele formalmente declara que os não opera.
(ESE, Cap. 21.7)

Forçoso distinguir sempre o exterior do conteúdo.
Exterior atende à informação e ao revestimento.
Conteúdo, porém, é substância e vida.
Exterior, em muitas ocasiões, afeta unicamente aos olhos.
Conteúdo alcança a reflexão.
Simples lições de cousas aclaram-nos o propósito.
A casa impressiona pelo feitio.
O interior, contudo, é que lhe decide o aproveitamento.
A máquina atrai pelo tipo.
A engrenagem, todavia, é que lhe revela a função.
Exterior consegue enganar.
Um frasco indicando medicamento é capaz de trazer corrosivo. Uma bolsa aparentemente inofensiva pode encerrar uma bomba.
Conteúdo, entretanto, fala por si. A essência disso ou daquilo é ou não é.
Imperioso considerar ainda que todas as aquisições, conhecidas por fora, somente denotam valor real se filtradas por dentro.
Cultura é patrimônio incorrutível, no entanto apenas vale para a vida, no exemplo de trabalho daquele que a possui.
Título profissional tem o crédito apreciado pelo bem que realiza.
Teoria de elevação não vai sem a prática.
Música é avaliada na execução.
Atendamos, pois, às definições espíritas, que nos traçam deveres imprescritíveis, confessando nos espíritas e abraçando atitudes espíritas, mas sem esquecer que Espiritismo, na esfera de nossas vidas, em tudo e por tudo, é renovação moral.

Emmanuel (Espírito). Livro da Esperança. (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. Uberaba: Comunidade Espírita Cristã. Capítulo Setenta e Três.,
O AVISO OPORTUNO
   Não há maior alegria que a de doutrinar os Espíritos perturbados  dizia Noé Silva, austero orientador de antiga instituição destinada à caridade , e não existe para mim lição maior que a dos campeões da mentira e da treva, quando desferem gritos de dor, ante a realidade.  Com a volúpia do pescador que recolhe o peixe, depois de longa expectativa, exclamava, gritante:   Afinal de contas, outro destino não poderiam esperar os sacripantas do mundo, agarrados ao ouro e aos prazeres, senão os padecimentos atrozes da incompreensão, além da morte.  Sorrindo, triunfante, rematava:   E, acima de tudo, devem agradecer a Deus a possibilidade de encontrarem a minha palavra sincera e clara.  Tenho bastante paciência para aturá-los e conduzi-los para a luz.
Era assim o rígido mentor das sessões. Alma franca e rude, demasiadamente convencido quanto aos próprios méritos.  Mas, na vida comum, Noé Silva transformava a lealdade em vestimenta agressiva. Junto dele, respirava-se uma atmosfera pesada, como se estivesse repleta de espinhos invisíveis.  Analfabeto da gentileza, atirava os pensamentos que lhe vinham à cabeça qual se houvera recebido do Céu a triste missão de salientar os defeitos do próximo.  A palavra dele era uma chuva de seixos.  Se um companheiro demorava-se para a reunião, clamava, colérico:   Que estará fazendo esse hipócrita retardatário?  Se um médium não conseguia recursos para interpretar, com segurança, as tarefas que lhe cabiam nos trabalhos de assistência, indagava, irritadiço:   Que faltas terá cometido esse infeliz?  Se o condutor do ônibus parecia vacilar em certos momentos, bradava, impulsivo:   Desgraçado, cumpra o seu dever!  Se o rapaz de serviço, no café, cometia qualquer leve deslize, protestava, exigente:   Moço, veja lá onde tem a cabeça!... O senhor permanece aqui para servir...
Se alguém lhe trazia alguma confidência dolorosa, buscando entendimento e consolo, repetia, severo:   Meu irmão, quem planta, colhe. Você não estaria sofrendo se não houvesse praticado o mal.  Na via pública, não hesitava. Se algum transeunte lhe impedia o passo rápido, dava serviço aos cotovelos e em seus trabalhos profissional era sobejamente conhecido pelas frases fortes com que despejava a sua vocação de fazer inimigos.  Se um irmão de ideal lhe exprobrava o procedimento, respondia, célere:   Se essa gente não puder entender-me as boas intenções, esperá-la-ei nas minhas preces.  Depois da morte, todas as pessoas compreendem a verdade...   O tempo rolava, infatigável, quando, no vigésimo aniversário do agrupamento que dirigia, um dos orientadores desencarnados se manifesta, em sinal de regozijo, felicitando a todos.  Um carinho aqui, um abraço ali, o amigo espiritual confortava os presentes, mas, em se despedindo sem dizer palavra ao mentor da casa, Noé, desapontado, perguntou, ansiosamente:   E para mim, meu irmão, não há qualquer mensagem?  O visitante sorriu e falou, bem humorado:   Tenho sim, tenho um recado para o seu coração.  Não espere a morte para extinguir os desafetos. Cultive a plantação da simpatia, desde hoje. A nossa fé representa a Doutrina do Amor e a cordialidade é o princípio dela. Não se esqueça do verbo silencioso do bom exemplo, das lições de renúncia e dos ensinamentos vivos com adequadas demonstrações. Se você estima o Espiritismo prático, não olvide o Espiritismo praticado. Você está sempre disposto a doutrinar os ignorantes e os infelizes do Espaço, mas  está superlotando o seu espaço mental com adversários que esperam gostosamente o tempo de doutriná-lo.  Um carinho aqui, um abraço ali, o amigo espiritual confortava os presentes, mas, em se despedindo sem dizer palavra ao mentor da  E num gesto de carinhosa fraternidade, rematou em seguida a pequena pausa:   Noé, esvazie o cálice de fel, desde agora; diminua a reprovação e reduza a extensão do espinheiral...  O nosso problema, meu caro, é o de não encher...  A sessão foi encerrada.   E enquanto os companheiros permutavam expressões de Júbilo, o arrojado doutrinador, com a cabeça mergulhada nas mãos, permaneceu sozinho, sentado á mesa, pensando, pensando...

  Pelo Espírito Irmão X - Do livro: Contos e Apólogos, Médium: Francisco Cândido Xavier.
   

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

AULAS E DINÂMICAS
PARA A JUVENTUDE

         Terceiro momento: perguntas e comentários.
         - Quem tem animal de estimação?
         - Alguém não tem animal de estimação? Por que? Não gosta, falta de espaço, paciência. Se temos um animal temos que nos dedicar a ele, para isso temos que ter responsabilidade.
         - Como são tratados? Com carinho, respeito e amor?
         - Como devem ser tratados? Com carinho, respeito, amor, alimentação, água, vacinas, cuidados especiais.
         - Quais são os cuidados necessários? Água limpa, vacinas, comida, brincadeiras, lugar adequado e limpo.
         - Por que há animais abandonados nas ruas?
         - O que podemos fazer por eles?
         - Qual a diferença entre os animais de rua e os que têm um lar e uma família? A diferença é o lar, a família, o carinho e a alimentação. Todos os animais são iguais e estão sujeitos a evolução como nós.
         - Os animais de estimação também sentem dor, ficam alegres ou com medo, e sentem solidão? Sim.
         - Quando retornarmos para o Mundo Espiritual vamos responder pelas nossas atitudes perante os animais.
         Podemos abordar diversos aspectos sobre a vida animal, por exemplo, os animais que estão desaparecendo, os ameaçados de extinção. Esclarecer sobre os cuidados que devemos ter para que isso não aconteça. Lembrar que muitos animais que são retirados de seu habitat natural não sobrevivem em outro lugar. Devemos saber, ao adquirir um animal, qual a sua procedência, se não foram roubados ou caçados ilegalmente.
         Recebemos como sugestão se abordar detalhes que constam em artigos das revistas Época de 24/07/2006, com o título "Remédio em quatro patas" e da revista Veja de 20/11/2005, "O doutor é animal". Os dois artigos contam como são usados os animais em diversas terapias e o bem que eles fazem. Relata situações em que os cachorros são treinados para guiar cegos, crianças deficientes mentais, síndrome de Down, autismo e também que os animais auxiliam pessoas com dificuldade de relacionamento com outras pessoas.
         Os resultados nos mostram, também, a eficiência da equoterapia, ou seja, o emprego de cavalos na terapia de pacientes com síndrome de Down, paralisia cerebral e dislexia.
         Estudos comprovam que pessoas que possuem animais de estimação vão menos à consultas médicas do que aqueles que não possuem. Os animais auxiliam a proteger o coração, reforça o sistema imunológico, alivia o stress, auxiliam no combate a depressão, diminuem a ansiedade, melhoram a coordenação motora. Para pessoas idosas, cuidar de um animal de estimação, faz com que se sintam úteis e voltem suas atenções para o presente e o futuro, ligando-se menos no passado.
         A terapia realizada com a presença de animais se chama Zooterapia.
         Abaixo artigos da Revista Internacional de Espiritismo de março de 2006:
Companheiros de existência terrestre.
Sugestões de sites: www.saudeanimal.com.br/zoo   -   www.apasfa.org

Responsabilidade: Grupo Espírita Seara do Mestre
Organização/correção: Claudia Schmidt
Preserve os direitos autorais

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

AULAS E DINÂMICAS PARA A JUVENTUDE


Animais, nossos irmãos
Nesta aula você encontra subsídios para o tema ANIMAIS, esses seres espirituais em evolução. Assim como nós, eles são criados por Deus, são nossos companheiros de jornada, merecem ser respeitados e amados por todos.
         O material aqui disponível é a contribuição de vários evangelizadores, que visam, através de suas aulas, esclarecer e sensibilizar as crianças e jovens a respeito desse tema tão importante e necessário à evolução de nosso planeta, de um mundo de Provas e Expiação para um mundo de Regeneração. Você poderá usar ou adaptar as sugestões aqui expostas para todos os ciclos, inclusive para a juventude.
         Prece inicial
         Primeiro momento: iniciar a aula fazendo com que as crianças se sensibilizem com imagens de animais. Pode ser em fotos, recortes de revistas, ou um PowerPoint.
         Segundo momento: contar uma das muitas histórias que envolva o tema animais, abaixo algumas sugestões.
        A morte do cão Lorde
         José e Chico Xavier possuíam um lindo cão. Chamava-se Lorde.
         Era diferente de outros cães. Possuía até dons mediúnicos.
         Conhecia, nas pessoas que visitavam seus donos, quais os bem intencionados, quais os curiosos e aproveitadores.
         Dava logo sinal, latindo insistentemente ou mudamente balançando a cauda, à chegada de alguém, dizendo nesse sinal se a visita vinha para o bem ou para o mal... Chico conta-nos casos lindos sobre seu saudoso cão. Depois, tristemente, acrescenta:
         — Senti-lhe, sobremodo, a morte. Fêz-me grande falta. Era meu inseparável companheiro de oração. Toda manhã e à noite, em determinada hora, dirigia-me para o quarto para orar. Lorde chegava logo em seguida.
         Punha as mãos sobre a cama, abaixava a cabeça e ficava assim em atitude de recolhimento, orando comigo.
         Quando eu acabava, ele também acabava e ia deitar-se a um canto do quarto.
         Em minhas preces mais sentidas, Lorde levantava a cabeça e enviava-me seus olhares meigos, compreensivos, às vezes cheios de lágrimas, como a dizer que me conhecia o íntimo, ligando-se a meu coração.
         Desencarnou. Enterrei-o no quintal lá de casa.
         Lembramos ao Chico o Sultão, inteligente cão do Padre Germano. Igual ao Lorde.
         Falamos-lhe de um cão que possuímos e se chamava Sultão, em homenagem ao padre Germano.
         Contou-nos casos do Lorde; contamos-lhe outros do Sultão.
         E, em pouco, estávamos emocionados.
         Ah! sim, os animais também têm alma e valem pelos melhores amigos!
Lindos Casos de Chico Xavier – Ramiro Gama
Amor de Mãe!!
         Ela era apenas uma gata de pêlos curtos, sem eira nem beira e sem nome, com cinco filhotinhos, tentando sobreviver nas ruas pobres de um bairro de Nova York.
         Estabeleceu morada numa garagem abandonada e depredada, bastante sujeita a incêndios. Vasculhava a vizinhança procurando restos de comida para poder alimentar-se e cuidar dos filhotes. Tudo isso iria mudar às 6h06 da manhã de 29 de março de 1996, quando um incêndio rapidamente engolfou a garagem.
         A casa dos felinos ficou em chamas. A divisão 175 do corpo de bombeiros foi acionada, e logo o incêndio foi debelado. O bombeiro David Giannelli notou que as queimaduras eram progressivamente mais graves, de um gatinho para outro, alguns tendo esperado mais tempo para ser resgatados, visto que a mãe os carregou um por um para fora do local do incêndio.
         O Daily News de Nova York, na sua edição de 7 de abril de 1996, relatou o seguinte a respeito do paradeiro da gata e do seu desvelo:
         "Quando Giannelli encontrou a gata, ela estava prostrada de dor num terreno baldio ali perto, e aquilo lhe cortou o coração. As pálpebras da gata estavam fechadas de tanto que incharam por causa da fumaça. As almofadas das patas apresentavam queimaduras gravíssimas. A cara, as orelhas e as pernas estavam horrivelmente chamuscadas. Giannelli providenciou uma caixa de papelão onde cuidadosamente colocou a gata e os filhotes. Ela nem conseguia abrir os olhos, disse Giannelli. Mas tocou os gatinhos um por um com a pata, contando-os."
         Quando chegaram à Liga de Animais North Shore, ela estava morre-não-morre.
         O relato continuou:
         "Deram-lhe medicamentos para combater o choque. Colocaram um tubo intravenoso cheio de antibiótico na heróica felina, e, delicadamente, passaram pomadas antibióticas nas queimaduras. Daí, ela foi colocada numa gaiola com câmara de oxigênio para ajudar a respiração, e todo o pessoal da liga de animais ficou em suspense... Em 48 horas, a heroína já conseguia sentar-se. Seus olhos inchados se abriram e, segundo os veterinários, não tinham sofrido nenhuma lesão".
         Para uma gata que tem medo inato do fogo, entrar no local enfumaçado e em chamas para resgatar os filhotinhos que miavam desesperadamente... Entrar uma vez para levar os filhotinhos indefesos já seria incrível, mas fazer isso cinco vezes, cada vez com dores mais intensas devido a queimaduras adicionais na cara e nos pés, é inimaginável! A corajosa criatura foi chamada de Scarlett porque as queimaduras revelavam uma pele cor de escarlate, ou vermelha.
         Quando essa comovente história do grande amor de uma mãe por sua prole foi veiculada ao mundo pela Liga de Animais North Shore, o telefone não parava de tocar. Mais de 6.000 pessoas, de lugares tão distantes como o Japão, a Holanda e a África do Sul, telefonaram para perguntar sobre o estado de Scarlett. Umas 1.500 se ofereceram para adotar Scarlett e seus filhotes. Um dos gatinhos mais tarde morreu.
         Scarlett comoveu o coração de muita gente no mundo todo. Isso nos faz pensar se o coração de milhões de mães hoje, que eliminam o filho antes de nascer, ou por abusos, logo depois que nasce, não sente nenhum remorso diante do exemplo do amor de Scarlett pelos seus filhotes.
         As fotos abaixo mostra o estado em que o local ficou depois do incêndio e a gata Scarlett (ainda queimada) com seus filhotes.
As Formigas
         Waldo olhava torto para o sentimentalismo de Chico. E evitou fazer comentários quando soube como o parceiro tinha cuidado das formigas em seu quintal. À noite, o batalhão avançava sobre a horta e devorava verduras e legumes plantados para as sopas dos pobres. Os amigos já tinham providenciado o veneno quando Chico tentou um último recurso: dois dedos de prosa.
         Ele se debruçou sobre o formigueiro e começou a conversar: Vocês precisam ser mais piedosas, mais humanas. Estão faltando com a caridade ao seu semelhante. Estão tirando o alimento de quem precisa, e não há justificativa para tal procedimento. Usou todos os argumentos possíveis e até se deu ao trabalho de sugerir um caminho para as adversárias. Ao lado desta modesta horta (e apontou) tem um enorme terreno todo plantado das mais variadas gramíneas, uma grande mata que a natureza colocou à disposição de todos. Mudem-se e nos deixem em paz. Caso contrário, se isso não ocorrer dentro de três dias, tomarei enérgicas providências.
         No dia seguinte, sobrou apenas uma formiga, a "subversiva", segundo Chico.
Trecho extraído do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior
Dom Negrito
         Este é o nome de um cãozinho preto, luzidio, simpático, para não dizermos espiritualizado, que, recente e espontaneamente, aparece as sessões públicas do “LUIZ GONZAGA”: chega, vagarosa e respeitosamente, dirige-se para o canto em que está o Chico e ali fica, como em estado de concentração e prece, até ao fim dos trabalhos.
         A dona do D. Negrito encontrou-se com Chico e lhe disse:
         — Imagine, Chico, o Negrito às segundas e sextas-feiras desaparece das 20 às 2 horas da madrugada. E, agora, há pouco, é que soube para onde vai: às sessões do “LUIZ GONZAGA”.
         Isto tem graça. Ele, que é um cão, consegue vencer os obstáculos e procurar os bons ambientes e eu, que sou sua dona, por mais que me esforce, nada consigo...
         E o Chico, como sempre útil e bom, a consola:
         — Isto tem graça e é uma bela lição. Mas, não fique desanimada por isto; Dom Negrito vem buscar e leva um pouquinho para sua dona e um dia há de trazê-la aqui. Jesus há de ajudar.
         Os tempos estão chegados, é uma verdade. Até os cães estão dando lições e empurrões nos seus donos, encaminhando-os com seus testemunhos, à Vereda da Verdade, por meio do Espiritismo, que esclarece, medica, consola e salva.
Lindos Casos de Chico Xavier – Ramiro Gama
Francisco de Assis e o lobo de Gúbio
         Gubbio, uma cidade na Úmbria, Itália, estava tomada de grande medo. Na floresta da região vivia um grande lobo, terrível e feroz, o qual não somente devorava os animais como os homens, de modo que todos do povoado estavam apavorados! Por isso, cercaram a cidade com altas muralhas e reforçaram as portas. E todos andavam armados quando saíam da cidade, como se fossem para um combate.
         Certa vez, quando Francisco chegou naquela cidade, estranhou muito o medo do povo. Percebeu que a culpa não podia ser unicamente do lobo. Havia no fundo dos corações uma outra causa que era tão destrutiva, como parecia ser a causa do lobo.
         Logo, Francisco ofereceu-se para ajudar. Resolveu sair ao encontro do lobo, sozinho e desarmado, mas cheio de simpatia e benevolência pelo animal, e como dizia às pessoas, na força da “Cruz”. O perigoso lobo, de fato, foi ao encontro de Francisco, raivoso e de boca aberta pronto para devorá-lo! Mas quando o lobo percebeu as boas intenções de Francisco e ouviu como este se dirigia a ele como a um “irmão”, cessou de correr e ficou muito surpreendido. As boas vibrações de Francisco de Assis anularam a violência que havia no “irmãozinho” lobo.
         De olhos arregalados, viu que esse homem o olhava com bondade. Francisco então falou para o lobo:
         - Irmãozinho Lobo, quero somente conversar com você, “meu irmão”... E caso você esteja me entendendo, levante, por favor, a sua patinha para mim!
         O “irmãozinho lobo”, então, perante "tão forte vibração de amor e carinho", perdeu toda a sua maldade. Levantou, confiante, a pata da frente, e calmamente a pôs na mão aberta de Francisco...
         Então, Francisco disse-lhe amorosamente:
         - Querido Irmãozinho Lobo, vou fazer um trato com você! De hoje em diante, vou cuidar de você, meu irmão! Você vai morar em minha casa, vou lhe dar comida e você irá sempre me acompanhar e seremos sempre amigos! Você, por sua vez, também será amigo de todas as pessoas desta cidade, pois de agora em diante você terá uma casa, comida e carinho, sendo assim, não precisará mais matar nem agredir ninguém, para sobreviver..."
         Com a promessa de nunca mais lesar nem homem nem animal, foi o lobo com Francisco até a cidade. Também o povo da cidade abandonou sua raiva e começou a chamar o lobo de "irmão". Prometeram dar-lhe cada dia o alimento necessário. Finalmente, o “irmão lobo” morreu de velhice, pelo que, todos da cidade tiveram grande pesar.
         Ainda hoje se mostra em Gubbio, um sarcófago feito de pedra, no qual os ossos do lobo estão depositados e guardados com grande carinho e respeito durante séculos.
         Assim acontece em nossas vidas! Se oferecermos aos nossos semelhantes azedume, palavras de pessimismo, rancor, ódio e intolerância, receberemos indubitavelmente, na mesma dose, tudo aquilo que semearmos... Pois como dizia São Francisco, "é dando que recebemos..."
Autor desconhecido
Para o melhor amigo, o melhor pedaço
         Serapião era um velho mendigo que perambulava pelas ruas da cidade.
         Ao seu lado, o fiel escudeiro, um vira-lata branco e preto que atendia pelo nome de Malhado.
         Serapião não pedia dinheiro. Aceitava sempre um pão, uma banana, um pedaço de bolo ou outro alimento qualquer.
         Quando suas roupas estavam imprestáveis, logo era socorrido por alguma alma caridosa. Mudava a apresentação e era alvo de brincadeiras.
         O mendigo era conhecido como um homem bom que perdera a razão, a família, os amigos e até a identidade.
         Não tomava bebida alcoólica e estava sempre tranqüilo, mesmo quando não recebia comida alguma.
         Dizia sempre que Deus lhe daria um pouco na hora certa e, sempre na hora que precisava, alguém lhe estendia uma porção de alimentos.
         Serapião agradecia com reverência e rogava a Deus pela pessoa que o ajudava.
         Tudo que ganhava, dava primeiro para o Malhado, que, paciente, comia e ficava esperando por mais um pouco.
         Não tinham onde passar as noites. Onde anoiteciam, lá dormiam. Quando chovia, procuravam abrigo embaixo da ponte do ribeirão. Ali o mendigo ficava a meditar, com um olhar perdido no horizonte.
         Aquela figura era intrigante, pois levava uma vida vegetativa, sem progresso, sem esperança e sem um futuro promissor.
         Certo dia, um homem, com a desculpa de lhe oferecer umas bananas, foi bater um papo com o velho mendigo.
         Iniciou a conversa falando do Malhado, perguntou pela idade dele, mas Serapião não sabia.
         Dizia não ter idéia, pois se encontraram certo dia, quando ambos perambulavam pelas ruas.
         Nossa amizade começou com um pedaço de pão. - Disse o mendigo. Ele parecia estar faminto e eu lhe ofereci um pouco do meu almoço. Ele agradeceu, abanando o rabo, e daí, não me largou mais.
         Ele me ajuda muito e eu retribuo essa ajuda sempre que posso.
         Como vocês se ajudam? Perguntou.
         Ele me vigia quando estou dormindo. Ninguém pode chegar perto que ele late e ataca. Quando ele dorme, eu fico vigiando para que outro cachorro não o incomode.
         Continuando a conversa, o homem lhe fez uma nova pergunta: Serapião, você tem algum desejo de vida?
         Sim, respondeu ele. Tenho vontade de comer um cachorro-quente, daqueles que têm na lanchonete da esquina.
         Só isso? Indagou.
         É, no momento, é só isso que eu desejo.
         Pois bem, disse-lhe o homem, vou satisfazer agora esse grande desejo.
         Saiu, comprou um cachorro-quente e o entregou ao velho.
         Ele arregalou os olhos, deu um sorriso, agradeceu a dádiva e, em seguida, tirou a salsicha, deu para o Malhado, e comeu o pão com os temperos.
         O homem não entendeu aquele gesto, pois imaginava que a salsicha era o melhor pedaço.
         Por que você deu para o Malhado, logo a salsicha? Interrogou, intrigado.
         Ele, com a boca cheia, respondeu: Para o melhor amigo, o melhor pedaço.
         E continuou comendo, alegre e satisfeito.
         O homem se despediu de Serapião, passou a mão na cabeça do cão e saiu pensando com seus botões: Aprendi alguma coisa hoje. Como é bom ter amigos. Pessoas em que possamos confiar.
         Por outro lado, é bom ser amigo de alguém e ter a satisfação de ser reconhecido como tal. Jamais esquecerei a sabedoria deste mendigo.
         E você, que parte tem reservado para os seus amigos?
Redação do Momento Espírita, com base no texto Para o melhor amigo, o melhor pedaço! de autor desconhecido.
Disponível no CD Momento Espírita, Coletânea v. 8 e 9, ed. FEP.

Responsabilidade: Grupo Espírita Seara do Mestre
Organização/correção: Claudia Schmidt
Preserve os direitos autorais
AULAS E DINÂMICAS
PARA A JUVENTUDE
Allan Kardec e a Codificação II
         Prece inicial
         Primeiro momento: entregar a cada evangelizando um envelope que contém fragmentos de várias frases. Cada jovem deve tentar montar sua frase, trocando com os outros colegas os fragmentos que não faziam parte de sua frase.
         Sugestões de frases:
           8 - O livro da codificação A Gênese esclarece como foi criado o mundo, como apareceram as criaturas, e como é o universo.
           7 - No livro da codificação O Céu e o Inferno, Allan Kardec apresenta a verdadeira face do desejado “céu” e do temido “inferno”.
           6 - O Evangelho segundo o Espiritismo é a parte religiosa da Doutrina Espírita, pois ensina a moral cristã.
           5 - O Livro dos Médiuns busca orientar a conduta prática daqueles que servem de intermediários entre o mundo espiritual e o material.
           4 - O Livro dos Espíritos é uma obra de caráter filosófico que procura explicar de forma racional os porquês da vida.
           3 - Allan Kardec reuniu os ensinamentos da Espiritualidade Superior, analisando-os e codificando-os em cinco obras, que chamamos “Pentateuco Kardequiano”.
           2 - A missão de Allan Kardec, segundo o Espírito “Verdade”, era de dar vida a uma nova doutrina filosófica, científica e religiosa.
           1 - O verdadeiro nome do Codificador do Espiritismo é Hippolyte Léon Denizard Rivail.
         Obs.: Escrevemos as frases com letras diferentes (ou variadas cores) para não dificultar. Cada envelope tinha, na frente, um número correspondente à frase que deveria ser montada.
         Segundo momento: depois de montadas as frases, discutir cada uma em ordem, explicando um pouco da história de Allan Kardec, como começou seus estudos, e, ao falar das obras da codificação, apresentar os livros, esclarecendo do que trata cada um deles.
         Prece de encerramento

Responsabilidade: Grupo Espírita Seara do Mestre
Organização/correção: Claudia Schmidt
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AULAS E DINÂMICAS PARA A JUVENTUDE

(...) o projeto existencial do adolescente não pode prescindir da visão espiritual da vida; da realidade transpessoal dele mesmo; das aspirações do nobre, do bom e do belo, que serão as realizações permanentes no seu interior, direcionando-lhe os passos para a felicidade.
Livro Adolescência e vida
Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joanna de Angelis, pág. 27.
Responsabilidade: Grupo Espírita Seara do Mestre
Organização/correção: Claudia Schmidt
Preserve os direitos autorais
Allan Kardec e a Codificação Espírita - Parte I
         Prece inicial:
         Objetivo: conhecer Allan Kardec e sua importância para a codificação da Doutrina Espírita.
         Primeiro momento - sugestão de dinâmica:
         Material: folhas A4, tesouras, cola, grãos diversos, jornais, palitos de picolé, lápis de cor, tinta e demais utensílios que possam auxiliar na criação artística.
         Utilizando-se do artigo "Linha do Tempo - Allan Kardec" fazer uma releitura do seu conteúdo expressando-a de forma diversa – se necessário, adaptar ao número de participantes, excluindo algumas datas, se o número de evangelizandos não for suficiente.
         O trabalho consiste em separar a Linha do Tempo em diferentes anos, oportunizando aos jovens que façam um resumo da notícia e construam um cartaz utilizando-se dos materiais mencionados acima. Os evangelizandos, ao resumirem e elaborarem cada cartaz, deverão mencionar o ano do acontecimento para que o leitor possa situar-se no tempo. É importante que o evangelizando assine a sua obra (seu cartaz).
         Segundo momento: após todos os cartazes concluídos, montar a Linha do Tempo, pedindo aos jovens que escolham um nome para a mesma.
         Observação: o tempo para este trabalho é de aproximadamente uma hora com uma média de 14 evangelizandos. Se não for possível concluir, terminar no próximo encontro.
LINHA DO TEMPO – ALLAN KARDEC
1804 Em 3 de outubro, nasce Hipollyte Léon Denizard Rivail, em Lion, o Codificador do Espiritismo. Seus pais: Jean-Baptiste Antoine Rivail (juiz) e Jeanne Louise Duhamel.
1815 Passa a estudar no Instituto de Educação – escola modelo da Europa – em Yverdon,  Suíça, do famos pedagogo Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), cujas teorias criaram as bases do ensino primário moderno. Pestalozzi recebeu influência de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), um dos maiores pensadores europeus do séc. XVIII, cuja obra, entre as quais Contrato Social e Emílio ou da Educação, inspiraram reformas políticas e educacionais, esta enaltecendo a ‘educação natural’ – acordo livre entre o mestre e o aluno.
1817 Auxilia os mestres na docência em Yverdon. Características de Rivail: testa ampla, simpático, inteligente, agudo observador, tranqüilo e moderado, enérgico e persistente.
1822 O Prof. Rivail deixa Yverdon, transfere-se para Paris. Até 1850 dedica-se à educação de crianças e jovens parisienses. Começa a freqüentar a Sociedade de Magnetismo de Paris, dedicando-se ao magnetismo animal ou mesmerismo, por 35 anos (método de Franz Anton Mesmer (1733-1815), médico austríaco, segundo o qual todo ser vivo é dotado de fluido magnético capaz de ser transmitido para outros seres, inclusive com resultados terapêuticos).
1824 Primeiro livro didático, em dois volumes: “Curso Prático e Teórico de Aritmética”, com duas edições no mesmo ano, pelo sucesso alcançado. Apresenta a aritmética de forma prática, útil e acessível, sem perda de conteúdo. O livro continua a ser editado até 1876, sete anos após seu desencarne.
1825 Por seus títulos que o autorizavam, funda a Escola de Primeiro Grau, com métodos de Pestalozzi. Início formal de uma carreira caracterizada pela busca de técnicas que valorizassem a iniciativa e a participação dos alunos através da motivação.
1826 É fundado o Instituto Rivail, permanecendo até 1834, adquirindo certo renome, situado em um dos melhores endereços de Paris, à Rua de Sèvres, nº 35. Contou com apoio financeiro de um de seus tios maternos e, mais tarde, de sua esposa.
1828 Rivail publica o “Plano proposto para a melhoria da educação pública”, dirigido ao Parlamento Francês, onde defende que a Pedagogia deve ter tratamento de ciência e condena os castigos corporais.
1831 Neste ano, ganha concurso promovido pela Academia de Ciências de Arrás e escreve “Memória sobre a Instrução Pública” à comissão que na ocasião foi instituída para reformar a educação. Autor de cerca de 21 obras, entre livros didáticos e opúsculos. Traduziu diversos livros para o alemão. Autor da peça teatral “Uma Paixão de Salão”.
1832 O Prof. Rivail casa-se com Amélie Gabrielle Boudet (1795-1883), nove anos mais velha, poetisa, professora primária, de letras e belas artes. Foi cooperadora talentosa em todas as atividades de Denizard Rivail, na direção de escola, nas aulas, na investigação das “mesas girantes” e na Codificação da Doutrina Espírita. Culta e inteligente, editou três obras: “Contos Primaveris”, “Noções de Desenho” e o “Essencial em Belas Artes”. Não tiveram filhos.
1835 O tio materno de Rivail, que o ajudara financeiramente na criação do Instituto Técnico Rivail, vem à falência e pede a devolução do dinheiro. Rivail, não dispondo do dinheiro, vende o Instituto. Com a parte que lhe coube na venda, Rivail faz aplicações financeiras sem sucesso, ficando sem um níquel. Rivail e Amélie não desanimam. Rivail passa a fazer contabilidade para três empresas durante o dia, e a noite, escreve livros sobre ensino, inclusive para escolas famosas. Inaugura curso gratuito de diversas matérias, em sua própria casa, com ênfase nas ciências exatas. Passaram pelo curso mais de 500 alunos sem recursos financeiros.
1851 Período, na França, de Luiz Napoleão Bonaparte, que se torna ditador sob o título de Napoleão III. A ditadura impõe grande policiamento e restrição de liberdade junto às atividades de ensino. Rivail cessa todas as atividades pedagógicas, dedicando-se a ser contador.
1852 Rivail apresenta perda de visão, com diagnóstico de que ficará cego. Uma sonâmbula, em sono magnético, afirma ser um mal passageiro. Em meses, recupera a saúde.
1854 Rivail é informado por Fortier, magnetizador seu conhecido, sobre os fenômenos das “meses girantes”. Rivail associa à causa física. Fortier lhe diz que as mesas “falam”. Cético, responde: “Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula” (Obras Póstumas, p. 265).
1855 No início do ano, um amigo, Sr. Carlotti, lhe faz longo relato sobre as “mesas girantes”. Rivail mostra reservas, apesar de conhecê-lo há 25 anos. Em maio assiste, pela primeira vez, uma sessão das “mesas girantes”, em casa da Sra. Plainemaison. Apesar do ceticismo, surpreende-se com as respostas da “mesa”. “Eu entrevia naquelas aparentes futilidades (...) qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei” (Obras Póstumas, p. 267). Um grupo de intelectuais lhe entrega 50 cadernos com comunicações diversas.
1856 Passa a freqüentar as reuniões espíritas. Suas anotações tomam as proporções de um livro, mas não estava claro para ele que deveria ser um dia publicado (Obras Póstumas, p. 276). Os Espíritos auxiliam Rivail a fazer uma revisão completa do texto já elaborado. Era o Livro dos Espíritos. A 30 de abril, pela mediunidade da Srta. Japhet, Rivail tem a primeira notícia de sua missão (Obras Póstumas, p. 277/287).
1857 A 18 de abril é publicado o “Livro dos Espíritos”. Adota o pseudônimo de Allan Kardec, nome que usou em uma outra encarnação. As despesas correm inteiramente por conta de Rivail. A primeira edição contém 501 questões, distribuídas em três partes. O “Livro dos Espíritos” trata da imortalidade da alma, da natureza dos Espíritos e de suas relações com os homens, das leis morais, da vida presente, da vida futura e do porvir da humanidade.
1858 Em 1º de janeiro sai o primeiro número da Revista Espírita. Kardec mantém a publicação da revista sozinho, durante 11 anos, tanto financeiramente quanto na redação, com a ajuda de sua esposa. Fundada a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Adota o sistema de submeter mensagens a exame crítico. Atendendo a inúmeras correspondências, prepara o livro “O Que é o Espiritismo?”, lançado no ano seguinte.
1860 Em março, sai a segunda edição do “Livro dos Espíritos”. A obra é ampliada, como hoje se apresenta (1019 perguntas), dividida em quatro partes, que são aprofundadas nas obras a seguir editadas. Kardec adota o método intuitivo-racional na codificação do Espiritismo, considerando o valor da análise experimental, através da observação, e o uso do raciocínio na descoberta da verdade. Sustenta a necessidade de proceder do simples para o complexo, do particular para o geral.
1861 Em janeiro é publicado o “Livro dos Médiuns” (“Contém ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os tropeços que se podem encontrar na prática do Espiritismo”). É o aprofundamento da segunda parte do “Livro dos Espíritos”. “Mais vale rejeitar 10 verdades do que admitir uma única mentira, uma única teoria falsa” (Livro dos Médiuns, item 230, Espírito Erasto).
1864 Lançado o “Evangelho Segundo o Espiritismo” (“Explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida”). É o aprofundamento da terceira parte do “Livro dos Espíritos”. O título da obra era “Imitação do Evangelho”, o que foi desaconselhado pelo editor e outras pessoas. O combate aos espíritas se intensifica através de cursos específicos ministrados por religiosos. Kardec desaconselha o confronto, em nome da liberdade de opinião. Maiores dificuldades começam a surgir (Obras Póstumas, p. 307).
1865 Em 1º de agosto, é publicado o “Céu e o Inferno” (“Exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, sobre as penalidades e recompensas futuras, sobre os anjos e demônios, sobre as penas, etc., seguido de numerosos exemplos acerca da situação real da alma durante e depois da morte”). É o aprofundamento da quarta parte do “Livro dos Espíritos”. Lança coleção de Preces Espíritas. Começa a pesar o excesso de trabalho, crises de saúde.
1868 Em janeiro, é editado o livro “A Gênese”. Consta na primeira página: “A Doutrina Espírita é resultado do ensino coletivo e concordante dos Espíritos. A Ciência é chamada a constituir a Gênese de acordo com as leis da Natureza. Deus prova a sua grandeza e seu poder pela mutabilidade das suas leis e não pela ab-rogação delas. Para Deus, o passado e o futuro são o presente”. É o aprofundamento da primeira parte do “Livro dos Espíritos”.
1869 Em 31 de março, Kardec, sozinho em casa, preparava a mudança que se daria no dia seguinte. Arrumava papéis e livros. Batem à porta. Era um caixeiro de livraria para compra de um exemplar da Revista Espírita. Kardec entrega a revista e se curva, vítima de aneurisma. Desencarna, de pé, trabalhando. Estava preparada uma nova mudança para a Sociedade. A viúva do Prof. Rivail, Sra. Amélie Gabrielle Boudet, doa, todos os anos, certa quantia para o movimento espírita, além de se manter presente e dedicada. Quando desencarna (1883), por testamento, seus bens são destinados à “Sociedade, para a continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”.
1890 Editado o livro “Obras Póstumas”. Ensaios e estudos publicados sobre o Espiritismo e não constantes nas obras anteriores de Allan Kardec. Este livro é uma verdadeira relíquia, incluindo os diálogos com os Espíritos para orientação e apoio à missão que Kardec foi encarregado. Destaques sobre seu livre-arbítrio e o planejamento espiritual para a continuidade da obra. Os seguidores foram muitos, como Gabriel Dellane, Camille Flamarion, William Crookes, Leon Denis. Suas obras enriquecem a divulgação do Espiritismo – o Consolador Prometido por Jesus (Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. I).
Allan Kardec e a Codificação Espírita - Parte II
         Conclusão: retomando o encontro anterior, realizar um diálogo aberto onde cada jovem comenta seu trabalho (parte da Linha do Tempo), expondo os fatos mais importantes do período, deixando margem sempre para comentários e perguntas que poderão ser feitas tanto pelos colegas, quanto pelos evangelizadores. Assim, com uma conversa amena e cheia de curiosidades os jovens aperceber-se-ão do universo de Kardec e da Codificação Espírita.
         Prece de encerramento
         Bibliografia:
         Diálogo Espírita ano 2002 nº 33 (Linha do Tempo - Allan Kardec / Sônia Alcalde e Heloína Lopes)
         Apostila da Fergs - 1º ciclo e juventude I
         Obras Póstumas, Allan Kardec.
OS ANIMAIS E NÓS
Falar sobre animais pode ser um tema irrelevante para alguns; mas que tal se olharmos pelo ponto de vista de nossos deveres morais? Comecemos pelo capítulo XI do Livro dos Espíritos, na parte Os Animais e o Homem onde Kardec questiona se neles há uma inteligência que sobrevive à matéria, e se estão sujeitos a uma lei progressiva, tal qual os homens. Ambas as respostas afirmam que sim!
Partindo desse ponto, não é difícil concluir que os animais não estão aqui só para nos ajudar, mas também para evoluir. O nosso dever mínimo em relação a eles é o respeito e ajuda, que merecem tanto quanto qualquer outro ser, pois assim como nós, eles fazem parte da criação Divina.
É injustificável o maltrato e crueldade com qualquer tipo de ser vivo, principalmente se o argumento for a inferioridade deles; de que adianta tudo o que aprendemos se não respeitamos os que estão inferiores a nós? Alexandre, um dos guias de André Luiz, esclarece ainda mais, na obra Missionários da Luz:
André, meu caro... Em todos os setores da criação, Deus, nosso Pai, colocou os superiores e os inferiores para o trabalho de evolução, através da colaboração e do amor, da administração e da obediência... no capítulo da indiferença para com a sorte dos animais, da qual participamos no quadro das atividades humanas, nenhum de nós poderia, em sã consciência, atirar a primeira pedra. Os seres inferiores e necessitados do Planeta não nos encaram como superiores generosos e inteligentes, mas como verdugos cruéis.
Se não protegemos e nem educamos aqueles que o Pai nos confiou, como germes frágeis de racionalidade nos pesados vasos do instinto; se abusamos largamente de sua incapacidade de defesa e conservação, como exigir o amparo de superiores benevolentes e sábios, cujas instruções mais simples são para nós difíceis de suportar, pela nossa lastimável condição de infratores da lei de auxílios mútuos?
Sabemos que por não possuírem completo livre-arbítrio nem completa consciência de seus atos, os animais não passam pelas chamadas expiações. Sendo assim, por que sofrem em nosso mundo? Emmanuel  através da psicografia de Chico Xavier  nos traz o reconfortante esclarecimento, lembrando a Sabedoria de Deus, sempre presente em tudo: Ninguém sofre, de um modo ou de outro, tão somente para resgatar o preço de alguma coisa. Sofre-se também angariando os recursos preciosos para obtê-la. (...) Que mal terá praticado o aprendiz a fim de submeter-se aos constrangimentos da escola? E acaso conseguirá ele diplomar-se em conhecimento superior se foge às penas edificantes da disciplina? (...) O animal, igualmente, para atingir a auréola da razão, deve conhecer benemérita e comprida fieira de experiências que terminarão por integrá-lo na posse definitiva do raciocínio. (...) Dor física, no animal, é passaporte para mais amplos recursos no domínio da evolução.
Entretanto, não devemos nos manter indiferentes quanto aos maus tratos em relação a eles somente porque isso faz parte de seu processo evolutivo; assim como ajudamos e respeitamos as pessoas que se encontram em maiores dificuldades.
Até quando o homem vai insistir no erro de maltratar aqueles que veneram e amam sem se importar com credo, cor, condição social? Há realmente necessidade de comercializá-los sem escrúpulos, como se fossem objetos? Diz-se que os animais apenas se apegam aos homens porque são alimentados por esses, mas se isso é uma verdade completa, então como explicar a relação de companheirismo entre o cão e o morador de rua, que nem sempre tem comida para oferecer? A relação de amor e respeito que o animal possui pelo homem vai muito além da comida e até mesmo muito além da nossa visão terrena, pois sabemos através de André Luiz que esses sinceros amigos ajudam em resgates em zonas inferiores, dentre muitas outras atividades. Cabe a nós, encarnados, igualmente fazermos bom proveito da boa vontade desses amigos que procuram nos servir; no entanto, sem abusos e maus tratos, afinal tratam-se de companheiros e não escravos. Façamos o que está ao nosso alcance para todos aqueles que estão ao nosso redor, reconhecendo e respeitando toda a Criação, a qual sabemos não existir sem motivo. (Marcel Vitor Muller,20 anos, Bibliotecário do C. E.Sementes de Luz)

Biografia: Livro dos Espíritos  Capítulo XI. KARDEC, Allan; A Questão Espiritual dos Animais. PRADA, Irvênia; Missionários da Luz. XAVIER, Francisco C.

O ARAUTO
Publicação Bimestral Órgão Oficial da USE Intermunicipal de Piracicaba
Rua 15 de Novembro, 944 14º andar  sala 143
13400-370  Piracicaba-SP
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Ano VII  N° 61  JULHO/AGOSTO  2007

V - A NECESSIDADE DA EXPERIÊNCIA

Em vossos dias, a luta a cada momento recrudesce sobre a face do mundo; inúmeras causas a determinam e Deus permite que ela seja intensificada, em benefício de todos os seus filhos. Todas as classes são obrigadas a grandes trabalhos, mormente aos trabalhos intelectuais, porquanto procuram, com afinco, a solução da crise generalizada em todos os países.
Ponderando a grande soma dos males atuais, buscam elas remédios para as suas preocupações, espantadas com a situação econômica dos povos, cuja precariedade recai sobre a vida das individualidades, multiplicando as suas angústias na luta pelo pão cotidiano.
O quadro material que existe na Terra não foi formado pela vontade do Altíssimo; ele é o reflexo da mente humana, desvairada pela ambição e pelo egoísmo.
O Céu admite apenas que o mundo sofra as conseqüências de tão perniciosos elementos, porque a experiência é necessária como chave bendita que descerra as portas da compreensão.
Cada um, pois, medite no quinhão de responsabilidades que lhe toca e não evite o trabalho que eleva para as Alturas.
O MOMENTO DAS GRANDES LUTAS
Há quem despreze a luta, mergulhando em nociva impassibilidade, ante os combates que se travam no seio de todas as coletividades humanas; a indiferença anula na alma as suas possibilidades de progresso e oblitera os seus germens de perfeição, constituindo um dos piores estados psíquicos, porque, roubando à individualidade o entusiasmo do ideal pela vida, a obriga ao estacionamento e à esterilidade, prejudiciais em todos os aspectos à sua carreira evolutiva.
Semelhante situação não se pode, todavia, eternizar, pois para todos os espíritos, talhados todos para o supremo aperfeiçoamento, raia, cedo ou tarde, o instante da compreensão que nos impele a contemplar os altos cimos... A alma estacionária, até então refratária às pugnas do progresso, sente em si a necessidade de experiências que lhe facultarão o meio de alcançar as culminâncias vislumbradas... Atira-se ai à luta com devoção e coragem. Vezes inúmeras fracassa em seus bons propósitos, porém, é nesse turbilhão de incessantes combates que ela evoluciona para a perfeição infinita, desenvolvendo as suas possibilidades, aprimorando os seus poderes, enobrecendo-se, enfim.
OS PLANOS DO UNIVERSO SÃO INFINITOS
Para os desencarnados da minha esfera, o primeiro dia do Espírito é tão obscuro como o primeiro dia do homem o é para a Humanidade. Somente sabemos que todos nós, indistintamente, possuímos germens de santidade e de virtude, que podemos desenvolver ao infinito.
Podendo conhecer a causa de alguns dos fenômenos do vosso mundo de formas, não conhecemos o mundo causal dos efeitos que nos cercam, os quais constituem para vós outros, encarnados, matéria imponderável em sua substância.
Se para o vosso olhar existem seres invisíveis, também para o nosso eles existem, em modalidade de vida que ainda estudamos nos seus primórdios, porquanto os planos da evolução se caracterizam pela sua multiplicidade dentro do Infinito.
Aqui reconhecemos quão sublime é a lei de liberdade das consciências e dessa
emancipação provém a necessidade da luta e do aprendizado.
O PROGRESSO ISOLADO DOS SERES
A Ciência, a Arte, a Cultura, a Virtude, a Inteligência não constituem patrimônios eventuais do homem, conforme podeis observar; semelhantes atributos só se revelam, na Terra, nos organismos dos gênios, os quais representam a súmula de extraordinários esforços individuais, em existências numerosas de sacrifício, abnegação e trabalho constantes. Todos os seres, portanto, laboram insuladamente, na aquisição dessas prerrogativas, de acordo com as suas vocações naturais, dentro das lutas planetárias.
Paulatinamente, vencem imperfeições, aparam arestas, aniquilam defeitos em suas almas, norteando-as para o progresso, último objetivo de todas as nossas cogitações comuns.
O FUTURO É A PERFEIÇÃO
Integrada no conhecimento de suas próprias necessidades de aprimoramento, a alma jamais abandona a luta. Volta às existências preparatórias do seu futuro glorioso. Reúne-se aos seres que lhe são afins, desenvolvendo a sua atividade perseverante e incansável nos carreiros da evolução.
Em existências obscuras, ao sopro das adversidades, amontoa os seus tesouros imortais, simbolizados nas lições que aprende, devotadamente, nos sofrimentos que lhe apuram a sensibilidade, Cada etapa alcançada é um ciclo de dores vencidas e de perfeições conquistadas.
O QUE SIGNIFICAM AS REENCARNAÇÕES
Cada encarnação é como se fora um atalho nas estradas da ascensão. Por esse motivo, o ser humano deve amar a sua existência de lutas e de amarguras temporárias, porquanto ela significa uma benção divina, quase um perdão de Deus.
A golpes de vontade persistente e firme, o Espírito alcança elevados pontos na sua escalada, nos quais não mais estacionará no caminho escabroso, mas sentirá cada vez mais a necessidade de evolução e de experiência, que o ajudarão a realizar em si as perfeições divinas.

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Dissertações Mediúnicas sobre importante questões
que preocupam a humanidade
Pelo espírito de Emmanuel
XXXII - DOS DESTINOS
Não poucas vezes vos preocupais, nas lides planetárias, com as provações necessárias, que julgais excessivas para as vossas forças.
Crede! O fardo que faz vergar os vossos ombros não é demasiado para as vossas possibilidades.
Deus tudo prevê e, sobretudo, a escolha de semelhantes provações é uma questão de preferência individual; é freqüente a vossa incompreensão a respeito desse ensinamento espiritualista.
Estais, porém, entre as masmorras da carne, a vossa consciência limitada freqüentemente se nega a encarar a luz em todos os seus divinos resplendores.
A VIDA VERDADEIRA
Somente fora da existência material podeis refletir acertadamente sobre a verdade.
Apenas a vida espiritual é verdadeira e eterna.
E estais certos de que, com a satisfação dos menores caprichos sobre a face do mundo, poderíeis adquirir elementos meritórios para a existência real? O gozo reiterado não vos enlaçaria, mais ainda, na trama da carne passageira? Sabeis se poderíeis suportar a riqueza sem os desregramentos, a mesa lauta sem os desvios da gula, a posse sem o egoísmo, o bem-estar próprio com o interesse caridoso pela sorte dos outros seres?
Ponderai tudo isso e descobrireis o motivo pelo qual a quase totalidade dos seres humanos escolheu o cenário obscuro e triste das dores para argamassar o tesouro de suas felicidades imorredouras e o patrimônio de suas aquisições espirituais.
A ESCOLHA DAS PROVAÇÕES
Várias vezes já têm sido repetidos os ensinamentos que estou transmitindo sobre as provações terrenas de cada indivíduo.
Muito antes da encarnação, o Espírito faz o cômputo de suas possibilidades, estuda o caminho que melhor se lhe afigura na luta da perfectibilidade e, de acordo com as suas vocações e segundo o grau de evolução já alcançado, escolhe, em plena posse de sua consciência, a estrada que se lhe desenha no porvir, fecunda de progressos espirituais.
Dentro do infinito do Universo e com as faculdades integrais do seu próprio eu, reconhece a alma que somente a luta lhe oferta inúmeras possibilidades de evolução, em todos os setores da atividade humana; e, dai, a preferência pelos ambientes de dor e privação, abençoados corretivos que a Providência lhe oferece para a redenção do passado ou para o desenvolvimento das suas forças latentes e imprecisas; cada Espírito, voluntariamente, escolhe as suas sendas futuras, conforme o seu progresso e de acordo com os desígnios superiores.
O ESQUECIMENTO DO PASSADO
Na existência corporal, todavia, a alma sente a memória obscurecida, num olvido quase total do passado, a fim de que os seus esforços se valorizem; a consciência então é fragmentária, parcial, porquanto as suas faculdades estão eclipsadas pelos pesados véus da matéria, os quais atenuam ao mínimo as suas vibrações, constituindo, porém, esses poderes prodigiosos, mas ocultos, as extraordinárias possibilidades da vasta subconsciência, que os cientistas do século estudam acuradamente.
Tais forças e progressos adquiridos, o Espírito jamais os perde; são parte' integrante do seu patrimônio e, na vida material, podem emergir no exercício da mediunidade, nas hipnoses profundas, ou em outras circunstâncias que facilitam o desprendimento temporário dos elementos psíquicos.
O HOMEM E SEU DESTINO
Isoladamente, cada um tem no planeta o mapa das suas lutas e dos seus serviços. O berço de todo homem é o princípio de um labirinto de tentações e de dores, inerentes à própria vida na esfera terrestre, labirinto por ele mesmo traçado e que necessita palmilhar com intrepidez moral.
Portanto, qualquer alma tem o seu destino traçado sob o ponto de vista do trabalho e do sofrimento, e, sem paradoxos, tem de combater com o seu próprio destino, porque o homem não nasceu para ser vencido; todo espírito labora para dominar a matéria e triunfar dos seus impulsos inferiores.
A VIDA É SEMPRE AMOR
É dessa verdade que necessitais convencer-vos. Existe a provação e faz-se mister não se entregar inteiramente a ela. O espírito ordena e o corpo obedece. A luta é o meio para o êxito na conquista da vida. E a vida integral não é a existência terrena, repleta de vicissitudes sem conta; é a glorificação do amor, da atividade, da luz, de tudo quanto é nobre e belo no Universo; e a consciência é o laço que liga cada espírito a esse nec plus ultra que denominamos  a Eternidade.

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Dissertações Mediúnicas sobre importante questões
que preocupam a humanidade
Pelo espírito de Emmanuel

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A Genese - (Allan Kardec)
CAPÍTULO III
O bem e o mal
 Origem do bem e do mal
 O instinto e a inteligência
 Destruição dos seres vivos uns pelos outros
ORIGEM DO BEM E DO MAL
1. Sendo Deus o princípio de todas as coisas e sendo todo sabedoria, todo bondade, todo justiça, tudo o que dele procede há de participar dos seus atributos, porquanto o que é infinitamente sábio, justo e bom nada pode produzir que seja ininteligente, mau e injusto. O mal que observamos não pode ter nele a sua origem.
2. Se o mal estivesse nas atribuições de um ser especial, quer se lhe chame Arimane, quer Satanás, ou ele seria igual a Deus, e, por conseguinte, tão poderoso quanto este, e de toda a eternidade como ele, ou lhe seria inferior.
No primeiro caso, haveria duas potências rivais, incessantemente em luta, procurando cada uma desfazer o que fizesse a outra, contrariando-se mutuamente, hipótese esta inconciliável com a unidade de vistas que se revela na estrutura do Universo.
No segundo caso, sendo inferior a Deus, aquele ser lhe estaria subordinado. Não podendo existir de toda a eternidade como Deus, sem ser igual a este, teria tido um começo.
Se fora criado, só o poderia ter sido por Deus, que, então, houvera criado o Espírito do mal, o que implicaria negação da bondade infinita. (Veja-se: O Céu e o Inferno, cap. IX: Os demônios.)
3. Entretanto, o mal existe e tem uma causa.
Os males de toda espécie, físicos ou morais, que afligem a Humanidade, formam duas categorias que importa distinguir: a dos males que o homem pode evitar e a dos que lhe  independem da vontade. Entre os últimos, cumpre se incluam os flagelos naturais.
O homem, cujas faculdades são restritas, não pode penetrar, nem abarcar o conjunto dos desígnios do Criador; aprecia as coisas do ponto de vista da sua personalidade, dos interesses factícios e convencionais que criou para si mesmo e que não se compreendem na ordem da Natureza.
Por isso é que, muitas vezes, se lhe afigura mau e injusto aquilo que consideraria justo e admirável, se lhe conhecesse a causa, o objetivo, o resultado definitivo. Pesquisando a razão de ser e a utilidade de cada coisa, verificará que tudo traz o sinete da sabedoria infinita e se dobrará a essa sabedoria, mesmo com relação ao que lhe não seja compreensível.
4. O homem recebeu em partilha uma inteligência com cujo auxílio lhe é possível conjurar, ou, pelo menos, atenuar os efeitos de todos os flagelos naturais. Quanto mais saber ele adquire e mais se adianta em civilização, tanto menos desastrosos se tornam os flagelos. Com uma organização sábia e previdente, chegará mesmo a lhes neutralizar as conseqüências, quando não possam ser inteiramente evitados.
Assim, com referência, até, aos flagelos que têm certa utilidade para a ordem geral da Natureza e para o futuro, mas que, no presente, causam danos, facultou Deus ao homem os meios de lhes paralisar os efeitos.
Assim é que ele saneia as regiões insalubres, imuniza contra os miasmas pestíferos, fertiliza terras áridas e se industria em preservá-las das inundações; constrói habitações mais salubres, mais sólidas para resistirem aos ventos tão necessários à purificação da atmosfera e se coloca ao abrigo das intempéries. É assim, finalmente, que, pouco a pouco, a necessidade lhe fez criar as ciências, por meio das quais melhora as condições de habitabilidade do globo e aumenta o seu próprio bem-estar.
5. Tendo o homem que progredir, os males a que se acha exposto são um estimulante para o exercício da sua inteligência, de todas as suas faculdades físicas e morais, incitando-o a procurar os meios de evitá-los. Se ele nada houvesse de temer, nenhuma necessidade o induziria a procurar o melhor; o espírito se lhe entorpeceria na inatividade; nada inventaria, nem descobriria. A dor é o aguilhão que o impede para a frente, na senda do progresso.
6. Porém, os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. Aí a causa das guerras e das calamidades que estas acarretam, das dissenções, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal, das enfermidades.
Deus promulgou leis plenas de sabedoria, tendo por único objetivo o bem. Em si mesmo encontra o homem tudo o que lhe é necessário para cumpri-las. A consciência lhe traça a rota, a lei divina lhe está gravada no coração e, ao demais, Deus lha lembra constantemente por intermédio de seus messias e profetas, de todos os Espíritos encarnados que trazem a missão de o esclarecer, moralizar e melhorar e, nestes últimos tempos, pela multidão dos Espíritos desencarnados que se manifestam em toda parte. Se o homem se conformasse rigorosamente com as leis divinas, não há duvidar de que se pouparia aos mais agudos males e viveria ditoso na Terra. Se assim procede, é por virtude do seu livre-arbítrio: sofre então as conseqüências do seu proceder. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, nos 4, 5, 6 e seguintes.)
7. Entretanto, Deus, todo bondade, pôs o remédio ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia o remédio. Um momento chega em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao homem a necessidade de mudar de vida. Instruído pela experiência, ele se sente compelido a procurar no bem o remédio, sempre por efeito do seu livre-arbítrio. Quando toma melhor caminho, é por sua vontade e porque reconheceu os inconvenientes do outro. A necessidade, pois, o constrange a melhorar-se moralmente, para ser mais feliz, do mesmo modo que o constrangeu a melhorar as condições materiais da sua existência (nº 5).
8. Pode dizer-se que o mal é a ausência do bem, como o frio é a ausência do calor. Assim como o frio não é um fluido especial, também o mal não é atributo distinto; um é o negativo do outro. Onde não existe o bem, forçosamente existe o mal. Não praticar o mal, já é um princípio do bem. Deus somente quer o bem; só do homem procede o mal. Se na criação houvesse um ser preposto ao mal, ninguém o poderia evitar; mas, tendo o homem a causa do mal em SI MESMO, tendo simultaneamente o livre-arbítrio e por guia as leis divinas, evitá-lo-á sempre que o queira.
Tomemos para termo de comparação um fato vulgar.
Sabe um proprietário que nos confins de suas terras há um lugar perigoso, onde poderia perecer ou ferir-se quem por lá se aventurasse. Que faz, a fim de prevenir os acidentes?
Manda colocar perto um aviso, tornando defeso ao transeunte ir mais longe, por motivo do perigo. Aí está a lei, que é sábia e previdente. Se, apesar de tudo, um imprudente desatende o aviso, vai além do ponto onde este se encontra e sai-se mal, de quem se pode ele queixar, senão de si próprio?
Outro tanto se dá com o mal: evitá-lo-ia o homem, se cumprisse as leis divinas. Por exemplo: Deus pôs limite à satisfação das necessidades: desse limite a saciedade adverte o homem; se este o ultrapassa, fá-lo voluntariamente. As doenças, as enfermidades, a morte, que daí podem resultar, provêm da sua imprevidência, não de Deus.
9. Decorrendo, o mal, das imperfeições do homem e tendo sido este criado por Deus, dir-se-á, Deus não deixa de ter criado, se não o mal, pelo menos, a causa do mal; se houvesse criado perfeito o homem, o mal não existiria.
Se fora criado perfeito, o homem fatalmente penderia para o bem. Ora, em virtude do seu livre-arbítrio, ele não pende fatalmente nem para o bem, nem para o mal. Quis Deus que ele ficasse sujeito à lei do progresso e que o progresso resulte do seu trabalho, a fim de que lhe pertença o fruto deste, da mesma maneira que lhe cabe a responsabilidade do mal que por sua vontade pratique. A questão, pois, consiste em saber-se qual é, no homem, a origem da sua propensão para o mal.1
1 O erro está em pretender-se que a alma haja saído perfeita das mãos do Criador, quando este, ao contrário, quis que a perfeição resulte da depuração gradual do Espírito e seja obra sua. Houve Deus por bem que a alma, dotada de livre-arbítrio, pudesse optar entre o bem e o mal e chegasse a suas finalidades últimas de forma militante e resistindo ao mal. Se houvera criado a alma tão perfeita quanto ele e, ao sair-lhe ela das mãos, a houvesse associado à sua beatitude eterna, Deus tê-la-ia feito, não à sua imagem, mas semelhante a si próprio. (Bonnamy, A Razão do Espiritismo, cap. VI.)
10. Estudando-se todas as paixões e, mesmo, todos os vícios, vê-se que as raízes de umas e outros se acham no instinto de conservação, instinto que se encontra em toda a pujança nos animais e nos seres primitivos mais próximos da animalidade, nos quais ele exclusivamente domina, sem o contrapeso do senso moral, por não ter ainda o ser nascido para a vida intelectual. O instinto se enfraquece, à medida que a inteligência se desenvolve, porque esta domina a matéria.
O Espírito tem por destino a vida espiritual, porém, nas primeiras fases da sua existência corpórea, somente às exigências materiais lhe cumpre satisfazer e, para tal, o exercício das paixões constitui uma necessidade para o efeito da conservação da espécie e dos indivíduos, materialmente falando. Mas, uma vez saído desse período, outras necessidades se lhe apresentam, a princípio semimorais e semimateriais, depois exclusivamente morais. É então que o Espírito exerce domínio sobre a matéria, sacode-lhe o jugo, avança pela senda providencial que se lhe acha traçada e se aproxima do seu destino final. Se, ao contrário, ele se deixa dominar pela matéria, atrasa-se e se identifica com o bruto. Nessa situação, o que era outrora um bem, porque era uma necessidade da sua natureza, transforma-se num mal, não só porque já não constitui uma necessidade, como porque se torna prejudicial à espiritualização do ser. Muita coisa, que é qualidade na criança, torna-se defeito no adulto.
O mal é, pois, relativo e a responsabilidade é proporcionada ao grau de adiantamento.
Todas as paixões têm, portanto, uma utilidade providencial, visto que, a não ser assim, Deus teria feito coisas inúteis e, até, nocivas. No abuso é que reside o mal e o homem abusa em virtude do seu livre-arbítrio. Mais tarde, esclarecido pelo seu próprio interesse, livremente escolhe entre o bem e o mal.

A Genese - (Allan Kardec)
CAPÍTULO III
O bem e o mal
 Origem do bem e do mal
 O instinto e a inteligência
 Destruição dos seres vivos uns pelos outros

O INSTINTO E A INTELIGÊNCIA
11. Qual a diferença entre o instinto e a inteligência? Onde acaba um e o outro começa? Será o instinto uma inteligência rudimentar, ou será uma faculdade distinta, um atributo exclusivo da matéria?
O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, tendo em vista a conservação deles. Nos atos instintivos não há reflexão, nem combinação, nem premeditação. É assim que a planta procura o ar, se volta para a luz, dirige suas raízes para a água e para a terra nutriente; que a flor se abre e fecha alternativamente, conforme se lhe faz necessário; que as plantas trepadeiras se enroscam em torno daquilo que lhes serve de apoio, ou se lhe agarram com as gavinhas. É pelo instinto que os animais são avisados do que lhes convém ou prejudica; que buscam, conforme a estação, os climas propícios; que constroem, sem ensino prévio, com mais ou menos arte, segundo as espécies, leitos macios e abrigos para as suas progênies, armadilhas para apanhar a presa de que se nutrem; que manejam destramente as armas ofensivas e defensivas de que são providos; que os sexos se aproximam; que a mãe choca os filhos e que estes procuram o seio materno.
No homem, só em começo da vida o instinto domina com exclusividade; é por instinto que a criança faz os primeiros movimentos, que toma o alimento, que grita para exprimir as suas necessidades, que imita o som da voz, que tenta falar e andar. No próprio adulto, certos atos são instintivos, tais como os movimentos espontâneos para evitar um risco, para fugir a um perigo, para manter o equilíbrio do corpo; tais ainda o piscar das pálpebras para moderar o brilho da luz, o abrir maquinal da boca para respirar, etc.
12. A inteligência se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, de acordo com a oportunidade das circunstâncias. É incontestavelmente um atributo exclusivo da alma.
Todo ato maquinal é instintivo; o ato que denota reflexão, combinação, deliberação é inteligente. Um é livre, o outro não o é.
O instinto é guia seguro, que nunca se engana; a inteligência, pelo simples fato de ser livre, está, por vezes, sujeita a errar.
Ao ato instintivo falta o caráter do ato inteligente; revela, entretanto, uma causa inteligente, essencialmente apta a prever.
Se se admitir que o instinto procede da matéria, ter-se-á de admitir que a matéria é inteligente, até mesmo bem mais inteligente e previdente do que a alma, pois que o instinto não se engana, ao passo que a inteligência se equivoca.
Se se considerar o instinto uma inteligência rudimentar, como se há de explicar que, em certos casos, seja superior à inteligência que raciocina? Como explicar que torne possível se executem atos que esta não pode realizar?
Se ele é atributo de um princípio espiritual de especial natureza, qual vem a ser esse princípio? Pois que o instinto se apaga, dar-se-á que esse princípio se destrua? Se os animais são dotados apenas de instinto, não tem solução o destino deles e nenhuma compensação os seus sofrimentos, o que não estaria de acordo nem com a justiça, nem com a bondade de Deus. (Cap. II, 19.)
13. Segundo outros sistemas, o instinto e a inteligência procederiam de um único princípio. Chegado a certo grau de desenvolvimento, esse princípio, que primeiramente apenas tivera as qualidades do instinto, passaria por uma transformação que lhe daria as da inteligência livre.
Se fosse assim, no homem inteligente que perde a razão e entra a ser guiado exclusivamente pelo instinto, a inteligência voltaria ao seu estado primitivo e, quando o homem recobrasse a razão, o instinto se tornaria inteligência e assim alternativamente, a cada acesso, o que não é admissível.
Aliás, é freqüente o instinto e a inteligência se revelarem simultaneamente no mesmo ato. No caminhar, por exemplo, o movimento das pernas é instintivo; o homem põe maquinalmente um pé à frente do outro, sem nisso pensar; quando, porém, ele quer acelerar ou demorar o passo, levantar o pé ou desviar-se de um tropeço, há cálculo, combinação; ele age com deliberado propósito. A impulsão involuntária do movimento é o ato instintivo; a calculada direção do movimento é o ato inteligente. O animal carnívoro é impelido pelo instinto a se alimentar de carne, mas as precauções que toma e que variam conforme as circunstâncias, para segurar a presa, a sua previdência das eventualidades são atos da inteligência.
14. Outra hipótese que, em suma, se conjuga perfeitamente à idéia da unidade de princípio, ressalta do caráter essencialmente previdente do instinto e concorda com o que o Espiritismo ensina, no tocante às relações do mundo espiritual com o mundo corpóreo.
Sabe-se agora que muitos Espíritos desencarnados têm por missão velar pelos encarnados, dos quais se constituem protetores e guias; que os envolvem nos seus eflúvios fluídicos; que o homem age muitas vezes de modo inconsciente, sob a ação desses eflúvios.
Sabe-se, ao demais, que o instinto, que por si mesmo produz atos inconscientes, predomina nas crianças e, em geral, nos seres cuja razão é fraca. Ora, segundo esta hipótese, o instinto não seria atributo nem da alma, nem da matéria; não pertenceria propriamente ao ser vivo, seria efeito da ação direta dos protetores invisíveis que supririam a imperfeição da inteligência, provocando os atos inconscientes necessários à conservação do ser. Seria qual a andadeira com que se amparam as crianças que ainda não sabem andar. Então, do mesmo modo que se deixa gradualmente de usar a andadeira, à medida que a criança se equilibra sozinha, os Espíritos protetores deixam entregues a si mesmos os seus protegidos, à medida que estes se tornam aptos a guiar-se pela própria inteligência.
Assim, o instinto, longe de ser produto de uma inteligência rudimentar e incompleta, sê-lo-ia de uma inteligência estranha, na plenitude da sua força, inteligência protetora, supletiva da insuficiência, quer de uma inteligência mais jovem, que aquela compeliria a fazer, inconscientemente, para seu bem, o que ainda fosse incapaz de fazer por si mesma, quer de uma inteligência madura, porém, momentaneamente tolhida no uso de suas faculdades, como se dá com o homem na infância e nos casos de idiotia e de afecções mentais.
Diz-se proverbialmente que há um deus para as crianças, para os loucos e para os ébrios. É mais veraz do que se supõe esse ditado. Aquele deus, outro não é senão o Espírito protetor, que vela pelo ser incapaz de se proteger, utilizando-se da sua própria razão.
15. Nesta ordem de idéias, ainda mais longe se pode ir. Por muito racional que seja, essa teoria não resolve todas as dificuldades da questão.
Se observarmos os efeitos do instinto, notaremos, em primeiro lugar, uma unidade de vistas e de conjunto, uma segurança de resultados, que cessam logo que a inteligência o substitui. Demais, reconheceremos profunda sabedoria na apropriação tão perfeita e tão constante das faculdades instintivas às necessidades de cada espécie. Semelhante unidade de vistas não poderia existir sem a unidade de pensamento e esta é incompatível com a diversidade das aptidões individuais; só ela poderia produzir esse conjunto tão harmonioso que se realiza desde a origem dos tempos e em todos os climas, com uma regularidade, uma precisão matemáticas, cuja ausência jamais se nota. A uniformidade no que resulta das faculdades instintivas é um fato característico, que forçosamente implica a unidade da causa. Se a causa fosse inerente a cada individualidade, haveria tantas variedades de instintos quantos fossem os indivíduos, desde a planta até o homem. Um efeito geral, uniforme e constante, há de ter uma causa geral, uniforme e constante; um efeito que atesta sabedoria e previdência há de ter uma causa sábia e previdente. Ora, uma causa dessa natureza, sendo por força inteligente, não pode ser exclusivamente material.
Não se nos deparando nas criaturas, encarnadas ou desencarnadas, as qualidades necessárias à produção de tal resultado, temos que subir mais alto, isto é, ao próprio Criador. Se nos reportamos à explicação dada sobre a maneira por que se pode conceber a ação providencial (cap. II, nº 24); se figurarmos todos os seres penetrados do fluido divino, soberanamente inteligente, compreenderemos a sabedoria previdente e a unidade de vistas que presidem a todos os movimentos instintivos que se efetuam para o bem de cada indivíduo. Tanto mais ativa é essa solicitude, quanto menos recursos tem o indivíduo em si mesmo e na sua inteligência.
Por isso é que ela se mostra maior e mais absoluta nos animais e nos seres inferiores, do que no homem.
Segundo essa teoria, compreende-se que o instinto seja um guia seguro. O instinto materno, o mais nobre de todos, que o materialismo rebaixa ao nível das forças atrativas da matéria, fica realçado e enobrecido. Em razão das suas conseqüências, não devia ele ser entregue às eventualidades caprichosas da inteligência e do livre-arbítrio.
Por intermédio da mãe, o próprio Deus vela pelas suas criaturas que nascem.
16. Esta teoria de nenhum modo anula o papel dos Espíritos protetores, cujo concurso é fato observado e comprovado pela experiência; mas, deve-se notar que a ação desses Espíritos é essencialmente individual; que se modifica segundo as qualidades próprias do protetor e do protegido e que em parte nenhuma apresenta a uniformidade e a generalidade do instinto. Deus, em sua sabedoria, conduz ele próprio os cegos, porém confia a inteligências livres o cuidado de guiar os clarividentes, para deixar a cada um a responsabilidade de seus atos. A missão dos Espíritos protetores constitui um dever que eles aceitam voluntariamente e lhes é um meio de se adiantarem, dependendo o adiantamento da forma por que o desempenhem.
17. Todas essas maneiras de considerar o instinto são forçosamente hipotéticas e nenhuma apresenta caráter seguro de autenticidade, para ser tida como solução definitiva.
A questão, sem dúvida, será resolvida um dia, quando se houverem reunido os elementos de observação que ainda faltam. Até lá, temos que limitar-nos a submeter as diversas opiniões ao cadinho da razão e da lógica e esperar que a luz se faça. A solução que mais se aproxima da verdade será decerto a que melhor condiga com os atributos de Deus, isto é, com a bondade suprema e a suprema justiça. (Cap. II, nº 19.)
18. Sendo o instinto o guia e as paixões as molas da alma no período inicial do seu desenvolvimento, por vezes aquele e estas se confundem nos efeitos. Há, contudo, entre esses dois princípios, diferenças que muito importa se considerem.
O instinto é guia seguro, sempre bom. Pode, ao cabo de certo tempo, tornar-se inútil, porém nunca prejudicial.
Enfraquece-se pela predominância da inteligência.
As paixões, nas primeiras idades da alma, têm de comum com o instinto o serem as criaturas solicitadas por uma força igualmente inconsciente. As paixões nascem principalmente das necessidades do corpo e dependem, mais do que o instinto, do organismo. O que, acima de tudo, as distingue do instinto é que são individuais e não produzem, como este último, efeitos gerais e uniformes; variam, ao contrário, de intensidade e de natureza, conforme os indivíduos. São úteis, como estimulante, até à eclosão do senso moral, que faz nasça de um ser passivo, um ser racional.
Nesse momento, tornam-se não só inúteis, como nocivas ao progresso do Espírito, cuja desmaterialização retardam. Abrandam-se com o desenvolvimento da razão.
19. O homem que só pelo instinto agisse constantemente poderia ser muito bom, mas conservaria adormecida a sua inteligência. Seria qual criança que não deixasse as andadeiras e não soubesse utilizar-se de seus membros.
Aquele que não domina as suas paixões pode ser muito inteligente, porém, ao mesmo tempo, muito mau. O instinto se aniquila por si mesmo; as paixões somente pelo esforço da vontade podem domar-se.

25 - NOS DONS DO CRISTO

Mas a graça foi dada a cada um de nós, segundo a medida do dom do Cristo..-Paulo. (EFÉSIOS, 4:7.)
A alma humana, nestes vinte séculos de Cristianismo, é uma consciência esclarecida pela razão, em plena batalha pela conquista dos valores iluminativos.
O campo de luta permanece situado em nossa vida íntima.
Animalidade versus espiritual idade.
Milênios de sombras cristalizadas contra a luz nascente.
E o homem, pouco a pouco, entre as alternativas de vida e morte, renascimento no corpo e retorno à atividade espiritual, vai plasmando em si mesmo as qualidades sublimes, indispensáveis à ascensão, e que, no fundo, constituem as virtudes do Cristo, progressivas em cada um de nós.
Daí a razão de a graça divina ocupar a existência humana ou crescer dentro dela, à medida que os dons de Jesus, incipientes, reduzidos, regulares ou enormes nela se possam expressar.
Onde estiveres, seja o que fores, procura aclimatar as qualidades cristãs em ti mesmo, com a vigilante atenção dispensada à cultura das plantas preciosas, ao pé do lar.
Quanto à Terra, todos somos suscetíveis de produzir para o bem ou para o mal.
Ofereçamos ao Divino Cultivador o vaso do coração, recordando que se o "solo consciente" do nosso espírito aceitar as sementes do Celeste Pomicultor, cada migalha de nossa boa-vontade será convertida em canal milagroso para a exteriorização do bem, com a multiplicação permanente das graças do Senhor, ao redor de nós.
Observa a tua "boa parte" e lembra que podes dilatá-la ao Infinito.
Não intentes destruir milênios de treva de um momento para outro.
Vale-te do esforço de auto-aperfeiçoamento cada dia.
Persiste em aprender com o Mestre do Amor e da Renúncia.
Não nos esqueçamos de que a Graça Divina ocupará o nosso espaço.

FONTE VIVA
FRANCISCO CANDIDO XAVIER
DITADO PELO ESPÍRITO EMMANUEL
12a Edição Federação Espírita Brasileira
ESPECIAL
A ALMA DOS ANIMAIS
OS ANIMAIS TAMBÉM TÊM ALMA E SE MANIFESTAM NO PLANO ESPIRITUAL, MAS
POR ESTAREM EM UM NÍVEL INFERIOR, REQUEREM CUIDADOS DO SER HUMANO
Maria Madalena Naufa

Muitos duvidam da existência da alma nos animais, achando que apenas o homem a possui. Outros, entretanto, afirmam que eles não só têm alma, como esta é igual à do homem. Entendendo-se como alma a parte imaterial do ser, o espírito, os animais a possuem sim e esse princípio independente da matéria sobrevive ao corpo físico.
Nesse propósito, temos em O Livro dos Espíritos a seguinte explicação: É, porém, inferior à do homem. Há entre a alma dos animais e a do homem distância equivalente à que medeia entre a alma do homem e de Deus. Na mesma obra, encontramos também um esclarecimento muito importante para o assunto em pauta: Após a morte, conserva a alma dos animais a sua individualidade e a consciência de si mesma? Conserva a sua individualidade; quanto à consciência do seu eu, não. A vida inteligente lhe permanece latente.
No livro Os Animais têm Alma?, Ernesto Bozzano, conhecido filósofo e metapsiquista  italiano, apresenta 130 casos de materializações de animais, visão e identificação de espíritos de animais mortos, alucinações telepáticas percebidas ao mesmo tempo pelo animal e pelo  homem, bem como várias aparições de animais sob forma simbólico-premonitória.
Cada caso é devidamente documentado e os comentários, apresentados com suas respectivas conclusões, são de difícil contestação.
A PSIQUE ANIMAL
A respeito de sua obra, Bozzano afirma: Ela consiste em um primeiro ensaio para demonstrar, por um método científico, a sobrevivência da psique animal. É preciso voltarmos ao nosso assunto e concluirmos salientando que a existência de faculdades supranormais na subconsciência animal, existência suficientemente comprovada pelos casos que expusemos, constitui uma boa prova em favor da psique animal.
Para o homem, deve-se inferir que as faculdades em questão representam, em sua subconsciência, os sentidos espirituais pré-formados esperando se exercerem em um meio espiritual (como as faculdades dos sentidos estavam pré-formadas no embrião esperando se exercerem no meio terrestre).
Se assim é, como as mesmas faculdades se encontram na subconsciência animal, deve-se inferir daí, logicamente, que os animais possuem, por sua vez, um espírito que sobrevive à morte do corpo.
Em Nosso Lar, de André Luiz, encontramos um trecho que dá conta da existência de animais no plano astral: Seis grandes carros formato diligência, precedidos de matilhas de cães alegres e barulhentos, eram tirados por animais que, mesmo de longe, me pareceram iguais aos muares terrestres. Mas a nota mais interessante era os grandes bandos de aves, de corpo volumoso, que voavam a curta distância, acima dos carros, produzindo ruídos singulares.
O que estariam fazendo esses animais que acompanhavam a caravana dos samaritanos, constituída por espíritos abnegados que iam até o umbral buscar enfermos para serem tratados nas câmaras de retificação? Colaborando. Os cães facilitavam a penetração nas regiões obscuras e afastavam seres monstruosos, os muares puxavam cargas e forneciam calor onde necessário e as aves devoravam as formas mentais odientas e perversas.
O pai da médium Yvonne A. Pereira, por meio de mensagem psicografada por ela, enviou um importante contributo para o nosso assunto. Ao desencarnar, ele foi levado para uma cidade pequena, sossegada, apropriada para convalescentes. Ao despertar, após três dias de seu decesso, encontrava-se só em uma varanda orlada de trepadeiras floridas. O único rumor partia do orquestrar longínquo de uns pássaros, verdadeira melodia que ressoava aos meus ouvidos com delicadeza e ternura, disse.
CUIDAR DOS ANIMAIS
No livro O Consolador, Emmanuel esclarece quanto à missão que os humanos têm com relação aos nossos irmãos menores, que são os animais: Sem dúvida, também a zoologia merece o zelo da esfera invisível, mas é indispensável considerarmos a utilidade de uma advertência aos homens, convidando-os a examinar detidamente seus laços de parentesco com os animais dentro das linhas evolutivas, sendo justo que procurem colocar os seres inferiores da vida planetária sob seu cuidado amigo. Os reinos da natureza, aliás, são o campo de operação e trabalho dos homens, sendo razoável considerá-los mais sob a sua responsabilidade direta que propriamente dos espíritos, razão porque responderão perante as leis divinas pelo que fizerem em consciência com os patrimônios da natureza terrestre.
Sábia advertência, felizes os que a escutarem. Nosso carinho e solidariedade devem se estender aos seres que, mesmo estando abaixo de nós na escala evolutiva, são capazes de nos servir e amar. Necessitamos deles como eles necessitam de nós. E nessa troca de trabalhos e afetividade, todos ganham

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Meio Ambiente e Espiritismo
Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Aspectos Gerais: 3.1 O Sistema Planetário; 3.2. A Terra como um Sistema Único e Finito; 3.3. O Aparecimento do Homem e seu Impacto sobre o Meio Ambiente; 3.4. As Conferências Mundiais sobre a Conservação do Planeta. 4. Meio Ambiente: 4.1. A Caracterização do Meio Ambiente; 4.2. A Cadeia Alimentar; 4.3. Nosso Planeta Transformar-se-á num Depósito de Lixo; 4.4. Tudo Depende de Tudo. 5. Desperdício: 5.1. Definição; 5.2. Tipos; 5.3.Desperdício de Tempo. 6. Visão Espírita: 6.1. Transformação Conservativa; 6.2. Lei de Conservação e Lei de Destruição; 6.3. Equilíbrio entre Matéria e Espírito. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é refletir sobre a preservação da vida em nosso Planeta. Para tanto, analisaremos o Meio Ambiente, o desperdício e os subsídios que o Espiritismo pode nos fornecer para um comportamento ambiental mais consciente.
2. CONCEITO
Ambiente  É o conjunto de todos os elementos, vivos ou não vivos, atuais ou passados, que, não fazendo parte intrínseca do organismo ou grupo de organismos, considerado, tem com ele ou eles relações diretas ou indiretas interagindo no tempo e no espaço. (Polis)
3. ASPECTOS GERAIS
3.1 O SISTEMA PLANETÁRIO
O nosso sistema planetário surgiu na Via-Láctea, há uns 5 bilhões de anos pela condensação de uma nuvem de gás e pó cósmicos. Via-Láctea, uma das 10 bilhões de galáxias existente no Universo, possui mais de cem bilhões de estrelas. O Sol, que é uma delas, suficientemente grande para produzir luz própria, situa-se em sua zona periférica. (Enciclopédia Combi Visual)
3.2. A TERRA COMO UM SISTEMA ÚNICO E FINITO
O Planeta Terra, com 510.934.000 km2 de área total, dos quais 148.148 km2 (um quinto) são ocupados por terra e 149.500.000 km distante do Sol, está localizado na órbita ideal  entre a de Vênus e a de Marte  para sustentar a vida. Se mais próximo do Sol, estaria muito quente; se mais distante, muito frio. Forma um ecossistema único e finito, imerso no vento solar, bombardeado por partículas do espaço e radiado pela luz solar. Possui, ainda, um campo magnético que o defende de partículas de alta velocidade, vindas do Sol e do Cosmo. (Gates, 1974, p. 40)
3.3. O APARECIMENTO DO HOMEM E SEU IMPACTO SOBRE O MEIO AMBIENTE
Desde que o homem surgiu no cenário planetário os impactos sobre o meio ambiente se lhe acompanharam. O fogo talvez tenha sido o primeiro elemento a empregar em tal empreitada. É claro que os primitivos, sem o conhecimento da tecnologia, tiveram um impacto menor do que aquele que se assiste na atualidade.
3.4. AS CONFERÊNCIAS MUNDIAIS SOBRE A CONSERVAÇÃO DO PLANETA
A Conferência de Estocolmo, em 1972, deu o primeiro grito de guerra contra a poluição causada pela proliferação da indústria no mundo todo. Dela extraiu-se o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e fez surgir a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1983. O desenrolar das idéias propiciou o aparecimento do Relatório Brundtland, em 1987, em que se estabeleceu o conceito de desenvolvimento sustentável.
A Conferência do Rio de Janeiro em 1992 gerou a Agenda 21, com programa mundial abrangente, que em seus 40 capítulos definiu as metas para as principais questões ambientais: poluição, recursos hídricos, lixo etc.
A Conferência de Johannesburgo, em 2002, teve por objetivo fazer uma avaliação das propostas de 1992 e inserir novas formas de salvar o ecossistema.
Paralelamente a essas conferências de âmbito governamental, há diversos ecologistas que se reúnem em grupos menores e, nem por isso, menos importante do que esses eventos mundiais.
4. MEIO AMBIENTE
4.1. A CARACTERIZAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Por Meio Ambiente entende-se tudo o que nos rodeia, ou seja, o ar, as plantas, os animais, as indústrias, os aeroportos, os aviões etc.
Num sentido mais amplo, o Meio Ambiente tem relação com o Universo, pois qualquer depredação ambiental terá repercussão no cosmo. Observe a guerra entre os Estados Unidos e o Iraque: a repercussão atmosférica durará diversos anos, vença quem vencer, pois os poços de petróleo continuarão queimando e os mísseis jogados contra Bagdá deixarão elementos químicos no ar, o que comprometerá a camada de gás ozônio, que protege a superfície terrestre da perigosa radiação ultravioleta que compõe, junto com outras, a luz solar.
4.2. A CADEIA ALIMENTAR
Trata-se do sistema no qual se processa a transferência de energia, de organismos vegetais para uma série de organismos animais, por intermédio da alimentação e por meio de reações bioquímicas. Cada elo da cadeia alimentar alimenta-se do organismo precedente e, por sua vez, alimenta o seguinte.
Somos, assim, parte de uma vasta gama de inter-relações, onde uma espécie alimenta-se da outra para sobreviver. O homem encontra-se no final dessa cadeia transformadora. Cabe-lhe a responsabilidade da defesa e preservação ambiental, a fim de manter o equilíbrio do Planeta.
4.3. NOSSO PLANETA TRANSFORMAR-SE-Á NUM DEPÓSITO DE LIXO
Há estimativas de que cada ser humano produz 0,6 quilos de lixo por dia. Baseando-se numa família média brasileira, composta por quatro pessoas, obtém-se o total de 876 quilos por ano. Se projetarmos esses números para o mundo todo  uma população de mais de 6 bilhões de pessoas  ,  teremos lixo que não acaba mais. O aumento populacional e o conseqüente acréscimo de lixo criam-nos um problema: onde jogá-lo? Como fazer para que não contamine o ambiente? Isso sem considerar que a maior parte corresponde a materiais recicláveis, que no Brasil chega a 85% do total.
4.4. TUDO DEPENDE DE TUDO
Os animais, utilizando o instinto, só consomem aquilo que satisfaz as suas necessidades. Vivendo naturalmente, eles não causam desastres ecológicos, porque a própria natureza incumbe-se de manter o equilíbrio. Um exemplo: o excesso de formiga é eliminado pelo aparecimento do tatu.
O homem, sendo o elemento racional, nem sempre age racionalmente. Acaba interferindo na natureza e desequilibrando o meio ambiente. Observe o que aconteceu na Austrália, quando se introduziu o coelho para comer outras espécies. Como o coelho se reproduz muito mais rapidamente do que as espécies que ele deveria comer, acabou tendo um excesso de coelho, o que obrigou o governo a dar vacina para diminuir a sua reprodução.
Atualmente vemos as invasões do MST (Movimento dos Sem-terra), a plantação de eucaliptos, a derrubada de árvores para a cultura da soja etc. invadirem as terras aráveis. Os eucaliptos, por exemplo, fornecem renda aos produtores de papel, mas acaba danificando a agricultura, pois suga muitos nutrientes do solo, principalmente a água, deixando-o empobrecido para outras culturas: foi justamente o que aconteceu na Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.
O MST invade áreas  preservadas pelos órgãos públicos  sob o pretexto de que são improdutivas.
5. DESPERDÍCIO
5.1. DEFINIÇÃO
Desperdício, no sentido absoluto, é o gasto sem proveito e a utilização incorreta ou incompleta de bens econômicos, o que faz com que necessidades que poderiam ser supridas não sejam. Existe desperdício causado pelo planejamento deficiente e o desperdício provocado pela massificação do consumo. (Enciclopédia Mirador)
Por mais cuidadosa que seja a definição, nunca será suficientemente abrangente: na Suíça as ruas são limpíssimas; simplesmente ninguém as suja. Aqui tudo no chão, inclusive com lixeiras ao lado.
5.2. TIPOS
Há os evitáveis e os inevitáveis. Uma tempestade não se tem como evitar.
Dentre os evitáveis, podemos relatar:
- falta de infra-estrutura que nos faz perder entre 20 a 30 por cento da produção agrícola;
- o húmus da casca de laranja é perdido por jogá-la no lixo;
- água que se desperdiça por deixar a torneira aberta ao lavar o automóvel ou escovar os dentes.
- luzes acesas sem necessidade.
5.3.DESPERDÍCIO DE TEMPO
- Conversas prolongadas ao telefone;
- falta de ordem: procurando papéis que não foram arquivados corretamente;
- segurar um vendedor, por bagatelas;
- falta de organização: permitir interrupções que se perca o fio do que se pensa, diz ou faz;
- discurso oco, que faz perder tempo do expositor e dos ouvintes;
- maledicência: horas que poderiam ser aplicadas ao estudo;
- atender a reuniões que não dizem respeito ao nosso objetivo.
6. VISÃO ESPÍRITA
6.1. TRANSFORMAÇÃO CONSERVATIVA
Para o provimento de suas necessidades, os homens são obrigados a transformar os recursos naturais. Política é a alteração do meio ambiente para a obtenção do bem comum. O nó da questão está em usar os bens naturais de forma conservativa, isto é, sem perder o equilíbrio cósmico.
6.2. LEI DE CONSERVAÇÃO E LEI DE DESTRUIÇÃO
Allan Kardec, ao tratar em O Livro dos Espíritos, da Lei de Conservação e da lei de Destruição oferece-nos subsídios para avaliarmos a questão.
Diz-nos, em resposta à pergunta 705 - Por que a Terra nem sempre produz bastante para fornecer o necessário ao homem?, que ... a Terra produziria sempre o necessário se o homem soubesse contentar-se. Se ela não cumpre a todas as necessidades é porque o homem emprega no supérfluo o que se destina ao necessário. Vede como o árabe no deserto encontra sempre do que viver, porque não cria necessidades fictícias. Mas quando metade dos produtos é desperdiçada na satisfação de fantasias, deve o homem se admirar de nada encontrar no dia seguinte e tem razão de se lastimar por se achar desprevenido quando chega o tempo de escassez? Na verdade eu vos digo que não é a Natureza a imprevidente, é o homem que não sabe regular-se.
Mais adiante, em resposta à pergunta 735 - Que pensar da destruição que ultrapassa os limites das necessidades e da segurança?, diz-nos que é A predominância da bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda destruição que ultrapassa os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus. Os animais não destroem mais do que necessitam, mas o homem, que tem livre-arbítrio, destrói sem necessidade. Prestará contas do abuso da liberdade que lhe foi concedida, pois nesses casos ele cede aos maus instintos.
Resumindo: egoísmo cria as necessidades artificiais e a fome é fruto da imprevidência. Propõem-nos, assim, o desapego aos bens materiais como condição fundamental par um  equilíbrio ecológico consistente.
6.3. EQUILÍBRIO ENTRE MATÉRIA E ESPÍRITO
O fator moral elevado pode auxiliar sobremaneira a circulação de bens dentro da economia.
- O desperdício (destruição do excesso de safra) para obter preço. Por que não doar para pessoas carentes?
- Lixo seletivo  reciclagem. Mostra a responsabilidade para com o nosso Planeta no cosmo.
- Criar oportunidades para os outros. Quanta perda de talento por não lhe oferecer a ocasião?
- Desenvolvimento econômico deve estar a par do desenvolvimento espiritual.
7. CONCLUSÃO
O Planeta Terra oferecer-nos-á sempre o suficiente desde que saibamos utilizar os seus recursos naturais com parcimônia. Quer queiramos ou não, há uma lei natural que rege todas as nossas ações: boas ou más. Assim, se comermos em demasia, poderemos contrair uma doença; do mesmo modo, se poluirmos o espaço mais do que ele pode suportar, poderemos presenciar alguma calamidade. Em sendo assim, uma reflexão sobre as Leis Morais capacita-nos a melhor utilizar os recursos que a divindade empresta-nos para auxiliar a nossa evolução espiritual.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ENCICLOPÉDIA COMBI VISUAL. Espanha, Edições DANAE, 1974.
ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. São Paulo, Encyclopaedia Britannica, 1987.
GATES, D. Modificações do Clima a Serviço da Humanidade: Promessa ou Perigo? In
HELFRICH Jr, H. W. A Crise Ambiental: A Luta do Homem para Viver Consigo Mesmo. São Paulo, Melhoramentos, Ed. da USP, 1974.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.
São Paulo, junho de 1996