quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

O VERDADEIRO HOMEM DE BEM

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO CAPÍTULO XVII “SEDE PERFEITOS”


Nosso estudo tem como proposta o convite à reflexão sobre os caracteres do homem de bem, e despertar o verdadeiro homem de bem que existe adormecido em cada um de nós.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII “Sede Perfeitos”, Caracteres da Perfeição:
Amai os vossos inimigos; fazei o bem àqueles que vos odeiam e orai por aqueles que vos perseguem e que vos caluniam; porque se não amais senão aqueles que vos amam, que recompensa com isso tereis? Os Publicanos não o fazem também? E se vós não saudardes senão vossos irmãos, que fazeis nisso mais que os outros? Os Pagãos não o fazem também? Sede pois, vós outros perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito. (São Mateus, cap. V, v. 44, 46 a 48)
Uma vez que Deus possui a perfeição infinita em todas as coisas, esta máxima: “Sede perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito’, tomada ao pé da letra, pressuporia a possibilidade de se atingir a perfeição absoluta. Se fosse dado à criatura ser tão perfeita quanto o Criador, ela tornar-se-lhe-ia igual, o que é inadmissível. Mas os homens aos quais Jesus se dirigia não teriam compreendido essa nuança; ele se limitou a lhes apresentar um modelo e lhes disse para se esforçarem por alcançá-lo.
É preciso, pois, entender, por essas palavras, a perfeição relativa, aquela da qual a Humanidade é suscetível e que mais a aproxima da Divindade. Em que consiste essa perfeição? Jesus o disse: “amar os inimigos, fazer o bem àqueles que nos odeiam, orar por aqueles que nos perseguem”. Ele mostra, assim, que a essência da perfeição é a caridade em sua mais larga acepção, porque ela implica a prática de todas as outras virtudes.
Com efeito, observando-se os resultados de todos os vícios, e mesmo dos simples defeitos, se reconhecerá que não há nenhum que não altere, mais ou menos, o sentimento da caridade, pois todos têm seu princípio no egoísmo e no orgulho, que são a sua negação; porque tudo o que superexcita o sentimento da personalidade, destrói, ou pelo menos enfraquece, os elementos da verdadeira caridade, que são: a benevolência, a indulgência, a abnegação e o devotamento. O amor ao próximo, levado até ao amor dos inimigos, não podendo se aliar com nenhum defeito contrário à caridade é, por isso mesmo, sempre o indício de maior ou menor superioridade moral; de onde resulta que o grau de perfeição está na razão direta da extensão desse amor; por isso, Jesus, depois de ter dado aos seus discípulos as regras da caridade naquilo que o ela tem de mais sublime, lhes disse: “Sede, pois, perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito”.
Jesus quando queria ensinar alguma coisa para as pessoas do povo, de um modo geral, se utilizava de uma pequena história, que terminava sempre com um ensinamento moral, denominada parábola. As parábolas tinham ensinamentos importantes, cuja finalidade era mudar o comportamento das pessoas, tornando-as melhores.
Todo ensinamento deve ser proporcional à inteligência daquele a quem é dirigido, porque há pessoas a quem uma luz muito viva ofusca sem esclarecê-las.
Pergunta-se que proveito o povo poderia tirar dessa multidão de parábolas, cujo sentido ficou oculto para ele. Deve se observar que Jesus não se exprimiu por parábolas, senão sobre as partes de alguma sorte abstratas de sua doutrina; mas tendo feito da caridade para com o próximo, e da humildade, a condição expressa de salvação, tudo o que disse a esse respeito está perfeitamente claro, explícito e sem ambiguidade. Devia ser assim, porque era a regra de conduta, regra que todo mundo devia compreender para poder observá-la; era o essencial para a multidão ignorante à qual se limitava a dizer: Eis o que é preciso fazer para ganhar o reino dos céus. Sobre as outras partes, não desenvolvia seu pensamento senão aos seus discípulos; estando estes mais avançados, moral e intelectualmente, Jesus pudera iniciá-los nas verdades mais abstratas; por isso, Ele disse: Àqueles que já têm, será dado ainda mais. (Cap. XVIII, nº 15, Muitos os Chamados e Poucos os Escolhidos).
Entretanto, mesmo com seus apóstolos, permaneceu reticente sobre muitos pontos, cuja completa inteligência estava reservada para tempos ulteriores. Foram esses pontos que deram lugar a interpretações tão diversas, até que a Ciência de um lado, e o Espiritismo do outro, vieram revelar as novas leis naturais que fizeram compreender seu verdadeiro sentido.
O Espiritismo vem hoje lançar luz sobre uma multidão de pontos obscuros; entretanto, não a lança inconsideradamente. Os Espíritos procedem nas suas instruções com uma admirável prudência; não foi senão sucessiva e gradualmente que abordaram as diversas partes conhecidas da doutrina e é assim que as outras partes serão reveladas à medida que o momento tenha chegado para fazê-las sair da sombra. Se a tivessem apresentado completa desde o início, ela não teria sido acessível senão a um pequeno número; teria mesmo assustado os que para isso não estavam preparados, o que teria prejudicado a sua propagação. Se, pois, os Espíritos não dizem ainda tudo ostensivamente, não é porque haja na doutrina mistérios reservados a privilegiados, nem que coloquem a candeia sob o alqueire, mas porque cada coisa deve vir no seu tempo oportuno; eles deixam a uma ideia o tempo de amadurecer e se propagar antes de apresentarem uma outra, e aos acontecimentos o de lhe preparar a aceitação.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII “Sede Perfeitos”, O Homem de Bem:
O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade em sua maior pureza. Se interroga a consciência sobre seus próprios atos, pergunta a si mesmo se não violou essa lei; se não fez o mal e se fez todo o bem que podia; se negligenciou voluntariamente uma ocasião de ser útil; se ninguém tem o que reclamar dele; enfim, se fez a outrem tudo o que quereria que se fizesse para com ele.
Tem fé em Deus, em sua bondade, em sua justiça e em sua sabedoria; sabe que nada ocorre sem sua permissão e se submete, em todas as coisas, à sua vontade.
Tem fé no futuro; por isso, coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções, são provas ou expiações, e as aceita sem murmurar.
O homem, possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperança de recompensa, retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seu interesse à justiça.
E encontra satisfação nos benefícios que derrama, nos serviços que presta, nos felizes que faz, nas lágrimas que seca, nas consolações que dá aos aflitos. Seu primeiro movimento é de pensar nos outros antes de pensar em si, de procurar o interesse dos outros antes do seu próprio. O egoísta, ao contrário, calcula os lucros e as perdas de toda ação generosa.
Ele é bom, humano e benevolente para com todos, sem preferência de raças nem de crenças, porque vê irmãos em todos os homens.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras, e não lança o anátema àqueles que não pensam como ele.
Em todas as circunstâncias, a caridade é o seu guia; diz a si mesmo que aquele que leva prejuízo a outrem por palavras malévolas, que fere a suscetibilidade de alguém por seu orgulho e seu desdém, que não recua à ideia, de causar uma inquietação, uma contrariedade, ainda que leve, quando pode evitá-lo, falta ao dever de amor ao próximo, e não merece a clemência do Senhor.
Não tem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas, e não se lembra senão dos benefícios; porque sabe que lhes será perdoado como ele próprio houver perdoado.
É indulgente para com as fraquezas alheias, porque sabe que ele mesmo tem necessidade de indulgência, e se lembra destas palavras do Cristo: aquele que está sem pecado lhe atire a primeira pedra.
Não se compraz em procurar os defeitos alheios, nem em colocá-los em evidência. Se a necessidade a isso o obriga, procura sempre o bem que pode atenuar o mal.
Estuda as suas próprias imperfeições e trabalha, sem cessar, em combatê-las. Todos os seus esforços tendem a poder dizer a si mesmo no dia de amanhã, que há nele alguma coisa de melhor do que na véspera.
Não procura fazer valorizar nem seu espírito, nem seus talentos às expensas de outrem, aproveita, ao contrário, todas as ocasiões para ressaltar as vantagens dos outros.
Não se envaidece nem com a fortuna, nem com as vantagens pessoais, porque sabe que tudo o que lhe foi dado, pode lhe ser retirado.
Usa, mas não abusa, dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito do qual deverá prestar contas, e que o emprego, o mais prejudicial para si mesmo, é de fazê-los servir à satisfação de suas paixões.
Se a ordem social colocou homens sob a sua dependência, ele os trata com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa de sua autoridade para erguer-lhes o moral e não para os esmagar com o seu orgulho; evita tudo o que poderia tornar a sua posição subalterna mais penosa.
O subordinado, por sua vez, compreende os deveres da sua posição, e tem o escrúpulo em cumpri-los conscienciosamente. (Cap. XVII, nº9).
O homem de bem, enfim, respeita em seus semelhantes todos os direitos dados pelas leis da Natureza, como gostaria que os seus fossem respeitados.
Esta não é a enumeração de todas as qualidades que distinguem o homem de bem, mas todo aquele que se esforce em possuí-las, está no caminho que conduz a todas as outras.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XV “Fora da Caridade não há Salvação”, O que é preciso para ser salvo. Parábola do Bom Samaritano:
Ora, quando o Filho do homem vier em sua majestade, acompanhado de todos os anjos, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações estando reunidas diante dele, separará uns dos outros, como um pastor separa as ovelhas dos bodes, e colocará as ovelhas à sua direita, e os bodes à sua esquerda.
Então o rei dirá àqueles que estarão à sua direita: Vinde, vós que fostes benditos por meu Pai, possuí o reino que vos foi preparado desde o início do mundo; porque eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; tive necessidades de alojamento e me alojastes; estive nu e me vestistes; estive doente e me visitastes; estive na prisão e viestes me ver.
Então os justos lhe responderão: Senhor, quando foi que vos vimos com fome e vos demos de comer, ou com sede e vos demos de beber? Quando foi que nós vos vimos sem teto e vos alojamos, ou sem roupa e vos vestimos? E quando foi que vos vimos doente ou na prisão e viemos vos visitar? E o rei lhes responderá: Eu vos digo em verdade, quantas vezes o fizestes com relação a um destes mais pequenos de meus irmãos, foi a mim mesmo que o fizestes.
E dirá, em seguida, àqueles que estarão à sua esquerda: Retirai-vos de mim, malditos, ide para o fogo eterno, que foi preparado para o diabo e para seus anjos; porque eu tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; tive necessidade de teto e não me alojastes; estive nu e não me vestistes; estive doente e na prisão e não me visitastes.
Então eles lhe responderão também: Senhor, quando foi que vos vimos com fome, com sede, ou sem roupa, ou doente, ou na prisão, e deixamos de vos assistir? Mas ele lhes responderá: Eu vos digo em verdade, todas as vezes que deixastes de dar essas proteções a um desses mais pequenos, deixastes de dá-las a mim mesmo.
E então estes irão para o suplicio eterno, e os justos para a vida eterna. (São Mateus, cap. XXV, v. de 31 a 46).
Então um doutor da lei, tendo se levantado, disse-lhe para o tentar: Mestre, o que é preciso que eu faça para possuir a vida eterna? Jesus lhes respondeu: Que é o que esta escrito na lei? Que ledes nela? Ele lhe respondeu: Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda a vossa alma, de todas as vossas forças e de todo o vosso espírito, e vosso próximo como a vós mesmos. Jesus lhe disse: Respondestes muito bem; fazei isso e vivereis.
Mas esse homem, querendo parecer que era justo, disse a Jesus: E quem é meu próximo? E Jesus, tomando a palavra, lhe disse:
Parábola do Bom Samaritano:
Um homem, que descia de Jerusalém para Jericó, caiu nas mãos de ladrões que o despojaram, cobriram-no de feridas e se foram, deixando-o semimorto.
Aconteceu em seguida, que um sacerdote descia pelo mesmo caminho e tendo-o percebido, passou do outro lado.
Um Levita, que veio também para o mesmo lugar, tendo-o considerado, passou ainda do outro lado.
Mas um Samaritano que viajava, chegando ao lugar onde estava esse homem, e tendo-o visto, foi tocado de compaixão por ele. Aproximou-se, pois, dele, derramou óleo e vinho em suas feridas e as enfaixou; e tendo-o colocado sobre seu cavalo, conduziu-o a uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, tirou duas moedas e as deu ao hospedeiro, dizendo: Tende bastante cuidado com este homem, e tudo o que despenderdes a mais, eu vos restituirei no meu regresso.
Qual desses três vos parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? O doutor lhe respondeu: Aquele que exerceu a misericórdia para com ele. Ide pois, lhe disse Jesus, e fazei o mesmo. (São Lucas, cap. X; v. de 25 a 37).
Nós vamos encontrar o verdadeiro homem de bem naquelas pessoas que praticam a lei de justiça, de amor e de caridade em sua maior pureza. Procura sempre ajudar o próximo sem nunca esperar o reconhecimento, vê nas pessoas um irmão seu. Está sempre pronto a facilitar o cotidiano dos outros, no seu mais puro desinteresse.
Devemos espelhar nos diversos exemplos encontrados em nossa existência, pessoas tais como: Martin Luther King Jr. (líder do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1964), Nelson Mandela (principal representante do movimento antiapartheid, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1993), Zilda Arns Neumann (fundadora da pastoral da criança), Irmã Dulce (religiosa católica, notabilizou-se por suas obras de caridade e de assistência aos pobres e aos necessitados), Chico Xavier (era médium e um dos mais importantes divulgadores do Espiritismo no Brasil, pautou sua vida em ajudar ao próximo), Madre Teresa de Calcutá (fundou a Congregação Missionárias da Caridade, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1979), Mahatma Gandhi ( simplicidade de seus valores, tradicional da crença tradicional hindu: verdade e não-violência), Nicholas Winton, entre outros.
Líderes como Madre Teresa e Mahatma Gandhi, que ajudaram seu povo indiano, nos momentos mais críticos de sua história, na luta pela libertação do povo, nos momentos de dor e sofrimento.
Algumas frases que ficaram imortalizadas na história de vida desses líderes:
● A minha fé mais profunda é que podemos mudar o mundo pela verdade e pelo amor (Gandhi).
● Outro dia sonhei que estava nos portões do Paraíso. E São Pedro disse, volte para a Terra. Não existem favelas aqui! (Madre Teresa). Citação de sua conversa com o Príncipe Michael da Grécia em 1996.
● Às vezes, pensamos que a pobreza é apenas fome, nudez e desabrigo. A pobreza de não ser desejado, não ser amado e não ser cuidado é a maior pobreza. É preciso começar em nossos lares o remédio para esse tipo de pobreza. (Madre Teresa).
● O milagre não é realizarmos esse trabalho, mas que sejamos felizes fazendo-o. A mais terrível pobreza é a solidão e o sentimento de não ser amado. (Madre Teresa).
● Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ame por admiração, pois um dia você se decepciona... Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação. (Madre Teresa).
● Nós mesmos sentimos que o que fazemos é uma gota no oceano. Mas o oceano seria menor se essa gota faltasse. (Madre Teresa).
● É ocioso pensar sobre o justo e o injusto, o certo e o errado e os feitos passados. O útil é analisar, e se possível extrair uma lição para o futuro. (Gandhi).
● Nesta vida, não podemos realizar grandes coisas. Podemos apenas fazer pequenas coisas com um grande amor. (Madre Teresa).
● Não sei ao certo como é o Paraíso, mas sei quando morrermos e chegar o tempo de Deus nos julgar, Ele não perguntará quantas coisas boas você fez em sua vida, antes Ele perguntará quanto Amor você colocou naquilo que fez. (Madre Teresa).
● Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocamos nela corre por nossa conta. (Chico Xavier).
● O essencial em nossa vida é ter Deus no coração, porque Deus é como nossa respiração, não pode nos faltar, sem Ele não temos vida. (Irmã Dulce).
Outro verdadeiro homem de bem, exemplo a ser seguido é Nicholas Winton, nascido em 19 de maio de 1909, em Londres, cidadão britânico que organizou o resgate de cerca de 669 crianças judias na antiga Tchecoslováquia, salvando-as da morte certa nos campos de concentração nazistas antes do início da segunda guerra mundial.
Seus pais eram de origem judaico-alemã. Em 1907, eles se mudaram da Alemanha para a Hampstead, Londres, onde Nicholas nasceu como Nicholas George Wertheim dois anos depois. A família mais tarde mudou seu sobrenome para Winton. A família havia se convertido ao cristianismo e foi batizado de Nicholas.
Antes do natal de 1938, Winton estava prestes a viajar para a Suíça para esquiar, quando decidiu em vez de viajar a Praga, para ajudar um amigo que estava envolvido no trabalho de refugiados judeus.
A História de Nicholas Winton
A história de Nicholas Winton é feita de lances incríveis, discreto, ele jamais quis ser visto como herói. Preferiu guardar em segredo o bem que fez. Não disse nem a mulher que tinha salvado a vida de tantas crianças.
Ao arrumar o soton de casa, ela descobriu por acaso um velho álbum coberto de poeira. Lá estavam fotos de crianças, cartas, telegramas e uma lista com nomes e datas.
Quando procurou saber, a mulher de Winton descobriu que aquelas eram crianças que tinham sido salvas por ele.
O que teria acontecido com elas?
O que este herói silencioso terá feito?
Quando tinha apenas 29 anos, Winton viajou para Tchecoslováquia em companhia de um amigo nas férias de fim de ano. Lá ficou impressionado com o clima de medo, Tchecoslováquia já estava sob o domínio da Alemanha Nazista. Winton teve uma ideia, tentar mandar para fora da Tchecoslováquia crianças de famílias perseguida.
Começou a escrever por conta própria para vários países pedindo ajuda. Organizou uma primeira lista de nomes, somente a Inglaterra e a Suécia aceitaram receber aquelas crianças.
Winton organizou a viagem, era uma decisão difícil, para escapar do horror nazista, as crianças teriam de ser mandadas para longe de seus pais.
Nunca me esqueci da angustia que pude ver no rosto de meus pais, diz esta mulher.
As crianças que partiram para um lugar seguro na Inglaterra, não sabiam, mas jamais veriam os pais de novo. Os pais a maioria judeus, morreriam nos campos de concentração nazistas. Eu entendi que não veria meus pais de novo.
É difícil falar!
Desculpe!
Sempre acreditei que a família é o que existe de mais importante, confessa este homem. E um dia foi uma das crianças salvas por Winton. Guardo as cartas que meus pais me mandaram dias antes de serem enviados para o campo.
Se é verdade quem salva uma vida salva a Humanidade, o que dizer de quem salva 669 vidas.
Quando as crianças desembarcaram na Inglaterra, lá estava Nicholas Winton esperando por elas. Uma imagem rara registra Winton na plataforma de desembarque com uma das crianças.
Winton só lamenta que o último trem que traria 250 crianças não tenha conseguido sair da Tchecoslováquia. O início da guerra no dia 1º de setembro de 1939 tornou a viagem impossível.
Nenhuma das crianças que não conseguiram embarcar sobreviveram, também foram mandadas para o campo de extermínio.
Winton se alistou na força aérea, as crianças que tiveram tempo de embarcar para a Inglaterra na caravana organizada por Winton foram encaminhadas para casas de famílias e abrigos. Winton nunca falou o que tinha feito.
Espalhadas por vários países, as crianças cresceram sem ter notícias do benfeitor. O bem que Winton fez rendeu frutos; as crianças se tornaram escritores, engenheiros, biólogos, cineastas, construtores, guias turísticos, jornalistas.
As crianças salvas por Winton se tornaram adultos generosos.
Para expressar a gratidão pelo que aconteceu comigo tento ajudar os outros, adotei três crianças, hoje trabalho dois dias por semana como voluntário em um hospital infantil.
Uma das melhores características do ser humano é a decência, Nicholas é um dos seres humanos mais decentes que conheci.
Desde que a história de Winton se tornou pública, ele começou a receber todo o tipo de homenagens, a Rainha da Inglaterra chamou ao palácio para entregar uma condecoração, o Governo da República Tcheca fez uma grande homenagem, o Presidente dos Estados Unidos mandou uma carta de elogios e agradecimentos.
Mas o agradecimento mais comovente veio daqueles que Winton um dia salvou da morte certa.
Um programa de TV Inglesa encheu o auditório de sobreviventes que foram salvos por ele quando eram crianças, mas nunca o tinham encontrado.
Primeiro a apresentadora diz ao Winton que a mulher ao lado tinha sido uma das crianças que ele salvou. A apresentadora pede quem na platéia teve a vida salva por Nicholas Winton fique de pé, por favor.
Todos se levantaram!
Agradecimento vem em forma de aplausos demorados e lágrimas.
Tanto tempo depois só havia uma palavra a dizer a ele.
Obrigado!

Fonte de Consulta:
O Evangelho Segundo o Espiritismo

Reportagem Exibida no Globo Repórter 12/2008

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