O homem é um ser que desce muito baixo algumas vezes e que pode também elevar-se muito alto. Pelo físico, é como os animais e menos bem dotado do que muitos destes. A natureza deu tudo aquilo que o homem é obrigado a inventar com a sua inteligência, para satisfação de suas necessidades e para sua conservação. Seu corpo se destrói, como o dos animais, é certo, mas ao seu Espírito está assinado um destino que só ele pode compreender, porque só ele é inteiramente livre. Reconhecemos o homem pela faculdade de pensar em Deus. É verdade que na maioria dos animais domina o instinto, mas, muitos deles, obram denotando acentuada vontade, o que demonstra terem inteligência, porém limitada.
Eles têm meios de se comunicarem entre si, porém essa linguagem é restrita às necessidades, como restritas também são as idéias que podem ter.
A liberdade de ação de que desfrutam os animais, é limitada pelas suas necessidades e não se pode comparar à do homem. A aptidão que certos animais denotam para imitar a linguagem do homem, origina-se de uma particular conformação dos órgãos vocais, reforçada pelo instinto de imitação. O macaco imita os gestos; algumas aves imitam a voz.
Possuindo os animais uma inteligência que lhes faculta certa liberdade de ação, há neles um princípio independente da matéria, que sobrevive ao corpo, semelhante à alma, porém inferior a do homem. Há entre a alma dos animais e a do homem distância equivalente à que medeia entre a alma do homem e Deus. Após a morte, a alma dos animais conserva sua individualidade; quanto à consciência do seu eu, não. A vida inteligente lhe permanece em estado latente, daí porque não lhe é dado escolher a espécie de animal em que encarne. Sobrevivendo ao corpo em que habitou, a alma do animal fica numa espécie de errraticidade, pois que não mais se acha unida ao corpo, mas não é Espírito errante. O Espírito errante é um ser que pensa e obra por sua livre vontade. A alma do animal, depois da morte, é classificada pelos Espíritos a quem incumbe essa tarefa e utilizada quase imediatamente.
Os animais, como o homem, estão sujeitos a uma lei progressiva, e daí vem que nos mundos superiores, onde os homens são mais adiantados, os animais também o são, dispondo de meios mais amplos de comunicação.
São sempre inferiores aos homens e se lhes acham submetidos, tendo neles o homem servidores inteligentes. Seu progresso se faz pela força das coisas, razão porque não estão sujeitos à expiação. Tudo na Natureza se encadeia por elos que ainda não podemos compreender. A alma do animal e a do homem distinguem-se pelo grau de evolução, razão porque a de um não pode animar o corpo criado para o outro.
Tanto os animais, quanto o homem, tiram o princípio inteligente do elemento inteligente universal, princípio esse que constitui a alma, porém, no homem passou por uma elaboração que a coloca acima da que existe no animal. O Espírito passa a primeira fase do seu desenvolvimento numa série de existências que precedem o período a que chamamos humanidade. O princípio inteligente vai se individualizando, pouco a pouco, para, depois, entrar no período de humanização, começando a ter consciência do seu futuro e da responsabilidade de seus atos. Esse período de humanização começa, geralmente, em mundos inferiores à Terra. Isto, entretanto, não constitui regra absoluta, pois pode suceder que um Espírito, desde seu início, esteja apto a viver na Terra. Não é freqüente o caso; constitui antes uma exceção.
O Espírito do homem não tem, após a morte, consciência de suas existências anteriores ao período de humanidade, pois não é desse período que começa sua vida de Espírito.
Difícil é mesmo que se lembre de suas primeiras existências humanas. Essa a razão porque os Espíritos dizem que não sabem como começaram.
CAPÍTULO XI DOS TRÊS REINOS
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