sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Entrevista: Antonio Cesar Perri de Carvalho


“O esclarecimento e o conforto espíritas surgiram precocemente e de forma decisiva em minha vida”

KATIA FABIANA
FERNANDES
De Londres, Inglaterra


Antonio Cesar Perri de Carvalho (foto), natural da cidade de Araçatuba (SP), ora radicado em Brasília (DF), conhecido dirigente espírita, palestrante, escritor e atual diretor da Federação Espírita Brasileira (FEB), além de Secretário Geral do Conselho Federativo Nacional e membro da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional (CEI), é o nosso entrevistado deste mês.

Confrade bastante respeitado no meio espírita no Brasil e no exterior, Perri vem cumprindo uma trajetória de muitos anos no seio, inicialmente, do movimento espírita paulista e depois no cenário nacional e internacional, como o leitor tem visto pelo trabalho que realiza junto ao Conselho Espírita Internacional, um dos assuntos que compõem a presente entrevista.
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– Qual a sua formação?

Fui Professor Titular da Faculdade de Odontologia da UNESP de Araçatuba, Doutor em Ciências, Pró-Reitor de Graduação da UNESP, pesquisador da USP e consultor do INEP/MEC.

– Quando se deu seu primeiro contato com o Espiritismo?

Foi aos oito anos de idade, em Araçatuba.

– Como isso aconteceu?

Acompanhei minha genitora e depois meus tios. Uma das razões de minha genitora acelerar sua procura a médiuns amigos e depois reuniões espíritas foi o fato que eu entrava em transe, semelhante a casos descritos em “No Mundo Maior”. Os episódios foram passando, à medida
que eu frequentava as reuniões.

Comecei a ler precocemente O Livro dos Espíritos, O Evangelho segundo o Espiritismo e obras de Emmanuel – A Caminho da Luz e O Consolador.

Adolescente, participei da fundação de instituição beneficente, inicialmente mantida pela família, e, aos 16 anos, fundei uma Mocidade Espírita e comecei a falar em público. Sempre tive o apoio da família, inclusive da esposa que sempre atua conosco.

– Dos três aspectos do Espiritismo, qual o atrai mais?

Ao longo de minha trajetória de vida oscilei, com alguma ênfase, entre os três aspectos, conforme ficou registrado nos artigos e livros de minha autoria. Atualmente, procuro manter o equilíbrio entre eles. Aliás, uma das primeiras palestras que fiz em público fora do nosso ambiente da instituição de origem, e ainda bem jovem, foi respaldada no conceito de Emmanuel, expresso em “Definição”, no livro O Consolador.

– Existe alguma obra espírita em particular que pode ser considerada a sua preferida? Por quê?

Interessante que mantenho minhas predileções marcadas desde os tempos de adolescência: O Livro dos Espíritos, O Evangelho segundo o Espiritismo e obras de Emmanuel, como as citadas, bem como seus romances históricos.

– Ao longo dos anos o senhor exerceu muitos cargos e realizou muitos trabalhos no movimento espírita.

Pode nos falar um pouco sobre essa trajetória?

Em 1964, fui fundador de Mocidade Espírita da Instituição “Nosso Lar”, em Araçatuba (SP).

No ano seguinte participei entusiasmado da I Concentração de Mocidades e Juventudes Espíritas do Brasil (em Marília), e no mesmo ano (1965) passei a ser o representante da nossa instituição de origem no Conselho da então União Municipal Espírita de Araçatuba (Órgão da USE-SP). Participei da fundação e da direção do Centro Espírita “Luz e Fraternidade” (Araçatuba, 1972). Fui diretor da União Municipal Espírita de Araçatuba e seu presidente de 1971 a 1986. Neste ano passei a integrar a diretoria da USE (União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo), durante quatro anos, assumindo a presidência em 1990, por três mandatos, concluídos no ano 2000, fase na qual residia e atuava profissionalmente em São Paulo.

Com a aposentadoria, assumi compromisso profissional em Brasília e passei a colaborar diretamente na Federação Espírita Brasileira (FEB) e no Conselho Espírita Internacional (CEI), embora, como diretor e presidente da USE-SP, já frequentasse as reuniões do Conselho Federativo Nacional da FEB desde 1986.

– Atualmente o senhor é diretor da FEB. O que engloba esta função?

Sou diretor da FEB, com atribuições em algumas áreas de comunicação social e principalmente como Secretário Geral do Conselho Federativo Nacional da FEB. Também integro a Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional.~

– O senhor também é autor de alguns livros. Quais são eles?

São vários, editados principalmente por “O Clarim” e pela USE-SP, exceção feita ao “Dama da Caridade” (Ed. Radhu - SP), como “Os Sábios e a Sra. Piper”, “Entre a Matéria e o Espírito”, “Família e Espiritismo”, “Laços de Família”, “A Família, o Espírito e o Tempo”, “Chico Xavier – O Homem e a Obra”, “Além da Descoberta – Brasil, 500 Anos”, “Espiritismo e Modernidade”, “Em Louvor à Vida” (em parceria com Divaldo P. Franco). Há também capítulos em vários outros livros e fui organizador de “Repositório de Sabedoria” (2 volumes),
de Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco.

– Como surgiu a idéia de escrevê-los?

Como desde a infância e a adolescência lia muito, apresentava também facilidade para escrever o que foi potencializado pela minha vida acadêmica.

Mas a motivação para cada livro surgiu em função de contextos e ênfases de momentos de minha vida.
– Poderia falar um pouco sobre o que é o Conselho Espírita Internacional e o trabalho desenvolvido por ele?

O Conselho Espírita Internacional (CEI) é o organismo resultante da união, em âmbito mundial, das Associações Representativas dos Movimentos Espíritas Nacionais. Foi fundado em 28 de novembro de 1992, na sede da Federação Espírita Espanhola, em Madrid, em seguida à realização de Congresso Nacional de Espiritismo da Espanha, e com o apoio e participação da FEB. Tem por finalidades promover a união solidária e fraterna das Instituições Espíritas de todos os países e a unificação do Movimento Espírita mundial; promover o estudo e a difusão da Doutrina Espírita em seus três aspectos básicos: científico, filosófico e religioso; promover a prática da caridade espiritual, moral e material, à luz da Doutrina Espírita.

O CEI promove trienalmente Congressos Mundiais de Espiritismo, e o 6º ocorrerá neste ano em Valência (Espanha), de 10 a 12 de outubro. Há uma rotatividade para sedes do evento entre as Américas e a Europa. Divulga documentos aprovados em Reunião Geral, de recomendações para o funcionamento de grupos e sociedades espíritas e de campanhas.

Promove seminários e cursos para preparação de trabalhadores espíritas com base nos documentos aprovados em suas reuniões. Edita a Revista Espírita e livros traduzidos para idiomas estrangeiros.

– Atualmente quantos países fazem parte do CEI?

São trinta e três países membros, mas há umas 15 instituições de contato em outros países.

– Com a criação do CEI pode-se dizer que a divulgação do Espiritismo se expandiu pelo mundo?

Sem dúvida, de forma institucional, criando-se equipes de trabalho, e com ênfase para as obras de Allan Kardec e as psicografadas por Chico Xavier.

– De que forma a TV CEI vem contribuindo na divulgação do Espiritismo no mundo?

A TV CEI foi a primeira Web TV espírita do mundo, sempre com transmissão 24 horas por dia.

Desde o ano passado está no satélite e sendo transmitida por vários canais a cabo. A aceitação é grande, no Brasil e em vários países. Vários eventos com transmissão ao vivo são assistidos até por mais de 40 países, conforme os registros que temos. Há canais também em outros idiomas.

A TVCEI também produz DVDs que têm sido extremamente procurados.

– Como nasceu a EDICEI e como vem sendo feito o trabalho da Editora?

A EDICEI nasceu da necessidade de dar uma melhor organização às edições do CEI em outros idiomas.

É uma criação recente, mas de grande expansão e com muito trabalho, pois tem editado em quase dez idiomas.

– A mídia de uma forma geral tem contribuído muito para que os conceitos espíritas sejam difundidos.

Filmes espíritas sendo produzidos, novelas já trataram do assunto, o senhor mesmo foi entrevistado no programa da Ana Maria Braga.

Como avalia todo este processo?

Em função do interesse pelo pensamento espírita e espiritualista em geral, agora suscitado pelo Centenário de Chico Xavier, a difusão do Espiritismo está se intensificando. São novelas, vários filmes, programa “Sagrado”, entrevistas na TV, publicações em revistas e jornais de grande circulação.

Como resultante do “Projeto Centenário de Chico Xavier” (da FEB), vivemos um autêntico “Ano do Espiritismo”.

É hora de reflexões, de adequações e de dinamizações, para que as instituições espíritas estejam preparadas para receber cada vez mais simpatizantes e interessados pelo Espiritismo.

– Este ano comemora-se o Centenário de Chico Xavier. Como este evento será celebrado pela FEB?

Encontra-se em implementação o “Projeto Centenário de Chico Xavier”, discutido e aprovado pelo Conselho Federativo Nacional da FEB, que inclui uma maior divulgação junto à mídia; filmagens de “Nosso Lar” e “E a Vida Continua”, com apoio da FEB; edição de livros comemorativos, pela FEB e pelo CEI, da psicografia de Chico Xavier e sobre sua vida e obra; edição de Reformador especial; apoio e parceria para a montagem do “Espaço Cultural Chico Xavier – UFMG”, na Fazenda Modelo, em Pedro Leopoldo; apoio ao Memorial anexo ao Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo; abertura e encerramento do evento, respectivamente, em Pedro Leopoldo e em Uberaba; emissão de Selo Comemorativo e Cartão Postal pelos Correios; emissão de “Medalha Comemorativa” pela Casa da Moeda do Brasil; estímulo para eventos em todas as Entidades Federativas Estaduais e a realização do 3º Congresso Espírita Brasileiro, em Brasília, de 16 a 18 de abril, tendo como tema central:

“Chico Xavier: Mediunidade e Caridade com Jesus e Kardec”.

– Para finalizar, uma pergunta bem pessoal: O que o Espiritismo é para o senhor? Qual é a importância que ele tem em sua vida?

O esclarecimento e o conforto espíritas surgiram precocemente e de forma decisiva em minha vida. Posso dizer que ele é o farol de minha existência.

O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo Gonçalves - Ano 57 - Nº 674 - Abril de 2010 - PÁGINA 2

2 comentários:

  1. Que me desculpe o responsável por esta pagina, mas este Antonio Cesar é um espírita sem coração, apoiar o veto de um projeto que prevê apoio em unidades dos SUS a mulheres vitimas de estupro, da licença, mas nestes casos sou a favor. Antonio Cesar, vai a merd......

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  2. Acho um absurdo também forçar que a mulher engula goela abaixo um filho que foi gerado à força, com uso de violência e muitas vezes passando até doença pra ela. Pobres mulheres, vítimas de algozes que as violentam e depois vítimas de novo, do preconceito e ignorância de quem deveria defende-las e protege-las. Nenhum homem pode julgar o aborto pois jamais passarão por isso e saberão o que é, isso deveria ser um assunto tratado e decidido só por mulheres que é quem sofre na carne o problema (causado por homens!)e são também elas, que arcarão com as conseqüencias, em qualquer hipótese, tendo ou não o filho. Outra coisa: o autor do texto, sendo espírita, deveria pedir a Deus que nenhum ente de sua família passe por isso, mas quem sabe assim ele conseguisse avaliar melhor o que está defendendo. Ou então, que numa futura encarnação nasça mulher e seja violentamente estuprado pra saber o quanto será maravilhoso depois criar o filho do estuprador. Não acho que o aborto deve ser banalizado, mas acho que em caso de estupro ou quando a vida da mulher esteja em risco deve sim ser legalizado.

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