terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Uma obra basilar de um vulto ímpar


O IMORTAL - PÁGINA 2

Editorial
Basilar significa: essencial, fundamental, básico, o que nasce ou está situado na base.
O edifício da Doutrina Espírita compõe-se de vários patamares. As fundações são o Novo Testamento.
A base é a Codificação Kardequiana, acrescida das chamadas obras basilares ou complementares.
As obras basilares são o resultado do esforço investigativo de autores encarnados, como Léon Denis, Gabriel Delanne e Ernesto Bozzano, chamados com justiça os clássicos do Espiritismo. Fundamentam e desenvolvem a obra de Kardec.
No Brasil podem-se incluir nesse rol pensadores e autores encarnados como Carlos Imbassahy, Yvonne A. Pereira, J. Herculano Pires e Cairbar Schutel, bem como autores desencarnados do nível de Bezerra de Menezes, Emmanuel, Joanna de Ângelis, André Luiz, Manoel Philomeno de Miranda, Meimei, Scheilla e tantos outros de competência indiscutível.
Divaldo P. Franco disse certa vez a um grupo de amigos que temos dado muita importância a determinadas obras de origem mediúnica que vêm surgindo em profusão, notadamente nos últimos anos, esquecendo-nos, porém, das obras basilares. Não que as obras espíritas sérias, em sua maioria da lavra mediúnica, não tenham importância.
Mas o que está em jogo são as novidades e, por que não dizer, a ânsia por novidades que acomete inúmeros leitores que se entregam a livros de conteúdo muitas vezes duvidoso.
As obras basilares são fundamentais na construção do pensamento espírita porque demonstram e reforçam, através de fatos positivos, os princípios doutrinários, desenvolvendo e até mesmo clareando as obras da Codificação Kardequiana, como se vê, em diversos momentos, na obra de Bozzano, Denis, Delanne e André Luiz.
*
Dentre os autores basilares radicados no Brasil, queremos destacar neste espaço um velho conhecido dos leitores deste jornal:
Cairbar Schutel, que na década de 30 do século passado já descrevia em minúcias o mundo espiritual, mais de 15 anos antes do surgimento de André Luiz e suas obras.
Em Médiuns e Mediunidade, livro de sua autoria que muitos desconhecem, Cairbar adianta ensinamentos que somente mais tarde viriam ao conhecimento do público por meio do livro Desobsessão, de André Luiz. Um exemplo é sua advertência quanto à iluminação do recinto onde se realizam as sessões mediúnicas e sua referência à lâmpada vermelha. Outro diz respeito à necessidade de estudo por parte de médiuns e experimentadores.
Nessa obra Cairbar nos ensina também algo que fora sugerido de leve em O Evangelho segundo o Espiritismo, ao mostrar que a mediunidade se desenvolve principalmente pela prática do bem, e não somente na mesa mediúnica, o que, diga-se de passagem, mais não é o que nos ensina a experiência espírita fundamentada na 1ª Carta de Paulo aos Coríntios.
Mas Cairbar Schutel não é basilar apenas por causa dos seus livros, dotados de uma singeleza digna de um Espírito superior. É basilar também no seu devotamento pela divulgação do Espiritismo por meio do rádio, em que foi pioneiro, do jornal e da revista, um zelo que seria diretamente responsável, por seu exemplo, pela própria criação e existência deste periódico. E é, ainda, basilar por seus inúmeros exemplos de homem de bem, íntegro e caridoso, que, além das palavras edificantes, demonstrava na prática o poder da fé espírita.
Cairbar Schutel, o homem que se dirigia ao público adulto e também falava às crianças, e não fugia às polêmicas necessárias, sem jamais, nessas disputas, desrespeitar a ninguém, é um exemplo a ser seguido, não causando surpresa alguma, para os que conhecem sua vida e sua obra, a feliz ideia de ter sido um dia cognominado de Espírita número 1 do Brasil, porque, de fato, ele assim o foi enquanto esteve entre nós.

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 57 Nº 674 Abril de 2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário