quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Desobsessão? Não!


CELSO MARTINS
limb@sercomtel.com.br
Do Rio de Janeiro


Em dois Centros Espíritas, de mim conhecidos faz algum tempo, os seus dirigentes materiais, não sei por qual carga d’água, entenderam de não mais realizarem as chamadas sessões de desobsessão. Elas seriam feitas apenas no mundo espiritual.
Cheguei até a comentar com a dona Neli, esta abnegada mulher que me suporta, nesta vida, desde o dia 18 de julho de 1969, que entendia bem a razão desta estranha decisão. É que os ditos obsessores dizem na chincha o que há de nada cristão em nossos atos, em nossas palavras, até em nossos mais secretos pensamentos. No livro Minhas memórias alheias, que o confrade César Soares do Reis lançou em 2008 com o selo do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, dou dois exemplos ilustrativos, sem citar, é claro, os nomes.
Aliás, o assunto vem de longe.
Remonta quando nós mesmos, em outros corpos materiais, reprimimos a mediunidade, praticada livremente antes de havermos posto de lado o cajado suave do Cristo para desembainharmos a espada dos sanguinários soldados de Roma da Idade Medieval, culminado com a transformação da mensagem de Jesus ao catolicismo dos Bórgias.
Não vai aqui nenhum ataque gratuito à Igreja católica, pois que dela todos conhecemos e enaltecemos publicamente um Francisco de Assis, um Vicente de Paulo, uma Teresa de Calcutá, e no Brasil, o perseguido Dom Helder Câmara (agora com livro mediúnico Novas Utopias, por mim lido com sofreguidão e proveito), a brava irmã Dulce e tantos outros anônimos pelas vastidões do mundo em fase de transição de milênios. Já naquela época, os Espíritos, tanto os superiores como os sofredores, apontavam nossos erros, a começar por mim que, como cardeal e médico na Rússia dos czares, arrumei sarna para me coçar e me coço agora com síndrome do intestino irritável associada a uma dezena de divertículos dentro do que ensinou Jesus: “A cada um segundo as suas obras”. Celso, o leitor não é divã de psicanálise...
Por tudo isto, não repitamos o equívoco anterior. Não entendo existir um Centro Espírita que não dê a estes irmãos em sofrimento um dia por semana para aliviar-lhes a dor moral. Seria como que tirar à boca de uma criança faminta do III Mundo um naco de pão. Desviar dos lábios de um velho inválido uma colher de xarope contra sua pneumonia dupla. Muito temos que aprender com essas entidades. Os livros de Ermance Dufaux, pelo menos os que Neli e eu já lemos, bem claramente deixam a situação lamentável de espíritas atuantes como nós outros do Outro Lado.
Conversando com os obsessores, aprendemos como poderá ser a nossa vida no além se desde agora não cuidarmos de andar no caminho do bem. No fim, um convite: leiamos o Céu e o inferno, de Kardec.

Cartas: Caixa Postal 61003,
Vila Militar, Rio de Janeiro,
RJ, CEP 21615-970.


O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo Gonçalves - Ano 57- Nº 674
Abril de 2010 - PÁGINA 13 - limb@sercomtel.com.br

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