CELSO MARTINS
limb@sercomtel.com.br
Do Rio de
Janeiro
Em dois Centros Espíritas, de mim conhecidos faz algum
tempo, os seus dirigentes materiais, não sei por qual carga d’água, entenderam de
não mais realizarem as chamadas sessões de desobsessão. Elas seriam feitas
apenas no mundo espiritual.
Cheguei até a comentar com a dona Neli, esta abnegada mulher
que me suporta, nesta vida, desde o dia 18 de julho de 1969, que entendia bem a
razão desta estranha decisão. É que os ditos obsessores dizem na chincha o
que há de nada cristão em nossos atos, em nossas palavras, até em nossos mais
secretos pensamentos. No livro Minhas memórias alheias, que o confrade
César Soares do Reis lançou em 2008 com o selo do Instituto de Cultura Espírita
do Brasil, dou dois exemplos ilustrativos, sem citar, é claro, os nomes.
Aliás, o assunto vem de longe.
Remonta quando nós mesmos, em outros corpos materiais,
reprimimos a mediunidade, praticada livremente antes de havermos posto de lado
o cajado suave do Cristo para desembainharmos a espada dos sanguinários soldados
de Roma da Idade Medieval, culminado com a transformação da mensagem de Jesus
ao catolicismo dos Bórgias.
Não vai aqui nenhum ataque gratuito à Igreja católica,
pois que dela todos conhecemos e enaltecemos publicamente um Francisco de
Assis, um Vicente de Paulo, uma Teresa de Calcutá, e no Brasil, o perseguido
Dom Helder Câmara (agora com livro mediúnico Novas Utopias, por mim lido
com sofreguidão e proveito), a brava irmã Dulce e tantos outros anônimos pelas
vastidões do mundo em fase de transição de milênios. Já naquela época, os
Espíritos, tanto os superiores como os sofredores, apontavam nossos erros, a
começar por mim que, como cardeal e médico na Rússia dos czares, arrumei sarna
para me coçar e me coço agora com síndrome do intestino irritável associada a
uma dezena de divertículos dentro do que ensinou Jesus: “A cada um segundo as
suas obras”. Celso, o leitor não é divã de psicanálise...
Por tudo isto, não repitamos o equívoco anterior. Não
entendo existir um Centro Espírita que não dê a estes irmãos em sofrimento um dia
por semana para aliviar-lhes a dor moral. Seria como que tirar à boca de uma
criança faminta do III Mundo um naco de pão. Desviar dos lábios de um velho
inválido uma colher de xarope contra sua pneumonia dupla. Muito temos que aprender
com essas entidades. Os livros de Ermance Dufaux, pelo menos os que Neli e eu
já lemos, bem claramente deixam a situação lamentável de espíritas atuantes como
nós outros do Outro Lado.
Conversando com os obsessores, aprendemos como poderá
ser a nossa vida no além se desde agora não cuidarmos de andar no caminho do bem.
No fim, um convite: leiamos o Céu e o inferno, de Kardec.
Cartas: Caixa Postal 61003,
Vila Militar, Rio de Janeiro,
RJ, CEP 21615-970.
O IMORTAL
JORNAL DE
DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor
Responsável: Hugo Gonçalves - Ano 57- Nº 674
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