domingo, 25 de dezembro de 2011

Vivências de educação


JANE MARTINS VILELA
limb@sercomtel.com.br
De Cambé

“... Pensai que a cada pai e a
cada mãe Deus perguntará:
Que fizestes do filho confiado à
vossa guarda?...”(O Evangelho
Segundo o Espiritismo,
Cap. XIV, item 9)

Milhares de Espíritos chegam continuadamente à Terra, pela reencarnação, com esperanças de aprimoramento e progresso, com desejo de aprender a amar...
Ah! Pais, mães, avós, como dizia o poeta: “Ah! Que saudades que eu tenho da aurora de minha vida, de minha infância querida...”
Quando vemos as crianças de hoje, lembramos nossa própria infância...
Como era bom! Pais, tios, avós, família, cidades pequenas, liberdade de brincar nas ruas, afeto, respeito, educação, vizinhos com cadeiras nas calçadas reunidos a conversar, enquanto as crianças brincavam, no fim do dia...
Hoje, muitas crianças em creches, escolas, o dia todo, ou pouco espaço em casa, pouco afeto, pouca disciplina, energia sobrando. Os pais, cansados, trabalharam o dia todo, veem suas crianças pularem agitadas, e querem psicólogos e remédios para suas crianças normais.
Esqueceram que já foram crianças.
Onde, em suas almas, a frase do poeta? Não lembram mais.
Não se lembram da infância querida que os anos não trazem mais.
Temos muitas vezes que fazê-los lembrar quando vêm com a intenção de rotularem o filho de hiperativo.
Temos que lembrá-los: “Vocês se esqueceram que também foram assim?” Naquela época não havia tanta violência. Havia espaço, eram brincadeiras inumeráveis que gastavam energia, como pular corda, amarelinha, pega-pega, esconde-esconde, etc... Hoje, as crianças têm essa energia prisioneira, sentadas na frente da TV, do computador...
É preciso amá-las, ter paciência com elas, ensinar-lhes os preceitos do Cristo, para um amanhã melhor. É preciso experiências de amor, vivências de amor.
Vemos tantas histórias!
Lembremos uma delas. Um dia desses, uma senhora nos trouxe o seu neto de seis anos. O menino, comportadinho, na sala, tranquilo, e a avó: “Esse menino é terrível, desobediente, agitado, não para, agressivo, bate nas irmãs o tempo todo, na escolinha bate em todo mundo, não obedece...”
O menino, sentado, bonitinho, não demonstrava aquilo que ela falava.
Nós o chamamos para examiná-lo, na função que exercemos, e ele nos obedeceu em tudo fez tudo o que pedimos, sem dar o mínimo trabalho. Desceu da maca e sentou do lado da avó. Ela insistia que o menino tinha que ir para a psicóloga, que ele era terrível, tudo de novo o que já tinha falado...
Nós quisemos rebater: “Mas ele é tão bonzinho... não deu trabalho.
Comportado...”
“É porque está na sua frente”, disse ela, e começou tudo de novo.
Aí, sentimos necessidade de intervir e calmamente dissemos a ela que precisava mudar o modo de se referir a ele, que ele precisava acreditar que era bom.
Perguntamos como era o ambiente em casa, se havia muita briga para que ele ficasse do jeito que ela referia.
“A mãe dele”, disse ela, “tem problemas psiquiátricos, faz tratamento, tem mente infantil. É pior que as crianças. É agressiva, não tem limites.
Outro dia, para você ter ideia, pegou um gato, colocou na máquina de lavar e ligou a máquina...”
“A senhora precisa então tentar neutralizar essa violência com o amor. Ajude-o a entender que ele pode ser melhor. Não precisa ser assim.”
Voltamo-nos para o menino de 6 anos, e com muita seriedade conversamos com o Espírito por trás da criança – o Espírito imortal e milenar que ali estava.
“Você pediu esta experiência antes de nascer. Você achou que daria conta. É necessário que, nesse meio agressivo, você desenvolva a mansidão. Você precisa entender que o homem corajoso, o homem verdadeiro não agride ninguém, porque consegue vencer a si mesmo. Sua mãe é um Espírito doente e você precisa ter paciência. Você pode ser calmo se o desejar. A escolha é sua.”
O menino estava quieto, sentado, ouvindo. Pedimos à avó que o ajudasse, que parasse de rotulá-lo com adjetivos negativos, que o estimulasse ao bem.
Passados uns três meses, ela veio com duas netinhas. Enquanto conversávamos, ela perguntou: “Lembra do meu neto, que eu trouxe aqui?”
Aí lembramos.
“A senhora precisa ver como ele está. Ele te escutou. Nunca mais bateu em ninguém. Mudou de comportamento e está mais obediente comigo. E eu digo a ele: Você é o querido da vovó. Você é bom.”
Nós ficamos felizes por ouvir isso. Se as pessoas se amassem mais e se respeitassem mais, o mundo hoje já seria um mundo de regeneração. As pessoas seriam mais afetivas, mais carinhosas.
Por enquanto, ainda estamos aprendendo a amar, ainda estamos aprendendo a ser cristãos e a usar corretamente as palavras.
Que não firamos com as nossas palavras e nossas atitudes de ignorância os nossos adultos de amanhã, as crianças de hoje, Espíritos em novos corpos com tarefas e experiências a viver para crescerem no amor. Se, por ignorância nossa, nós assim já o fizemos, por ausência de amor, cresçamos no amor e vamos reparar nossas atitudes, amando muito e ajudando esses nossos jovens a amar, para um amanhã melhor, para instalação do amor na Terra.
Lembremos que os nossos filhos são Espíritos e ajudemo-los a crescer!
Um dia a humanidade se dará as mãos e teremos um mundo melhor, um Brasil melhor.

O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo Gonçalves
 Ano 57 - Nº 674 - Abril de 2010 - PÁGINA 10
correio eletrônico: limb@sercomtel.com.br

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