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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

“Por que é tão importante cuidar da evangelização de nossas crianças?”


De coração para coração

ASTOLFO OLEGÁRIO DE OLIVEIRA FILHO
De Londrina

Resposta a uma jovem mãe preocupada




O assunto aqui ventilado no mês passado suscitou da parte de uma jovem mãe a seguinte questão: “Por que é tão importante cuidar da evangelização de nossas crianças?”
É conhecida a posição de Kardec, o Codificador do Espiritismo, com relação ao ensino moral contido no Evangelho: “Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É o terreno em que todos os cultos podem encontrar-se, a bandeira sob a qual todos podem abrigar-se, por mais diferentes que sejam as suas crenças, porque nunca foi objeto de disputas religiosas, sempre e por toda parte provocadas pelos dogmas”. (Cf. O Evangelho segundo o Espiritismo, Introdução, item I.)
Depois destas sábias palavras, Kardec asseverou: “Para os homens, em particular, é uma regra de conduta, que abrange todas as circunstâncias da vida privada e pública, o princípio de todas as relações sociais fundadas na mais rigorosa justiça. É, por fim, e acima de tudo, o caminho infalível da felicidade a conquistar, uma ponta do véu erguida sobre a vida futura”. (Idem, ibidem.)
Aí está, pois, o ponto central da resposta à pergunta formulada.
Evangelizar uma pessoa é ensinar-lhe o caminho que leva à paz, à harmonia, à felicidade possível no mundo em que vivemos. E quando tal tarefa deve começar? A resposta a esta dúvida é também por demais conhecida: na infância, esse período da existência corpórea que Emmanuel assim conceituou:
“A juventude pode ser comparada a esperançosa saída de um barco para uma longa viagem. A velhice será a chegada ao porto. A infância é a preparação”.
Os Espíritos Superiores nos ensinam que, encarnando-se com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito durante a infância “é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo”.
As crianças são os seres “que Deus manda a novas existências”.
“Para que não lhes possam imputar excessiva seriedade, dá-lhes todos os aspectos da inocência.
Julgando os seus filhos bons e dóceis, os pais lhes dedicam toda a afeição e os cercam dos mais minuciosos cuidados. A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devem fazê-los progredir. É na fase infantil que se lhes pode reformar o caráter e reprimir as suas más tendências. Esse é o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada pela qual terão de responder.” (Cf. O Livro dos Espíritos, questões 383 e 385.)
Examinando o assunto, Emmanuel adverte: “O período infantil é o mais sério e o mais propício à assimilação dos princípios educativos.
Até os sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a nova existência. Ainda não existe uma integração perfeita entre ele e a matéria orgânica. Suas recordações do plano espiritual são, por isto, mais vivas, tornando-se mais suscetível de renovar o caráter e estabelecer novo caminho. Passada a época infantil, atingida a maioridade, só o processo violento das provas rudes, no mundo, pode renovar o pensamento e a concepção das criaturas, porquanto a alma encarnada terá retomado o seu patrimônio nocivo do pretérito e reincidirá nas mesmas quedas, se lhe faltou a luz interior dos sagrados princípios educativos”. (Cf. O Consolador, pergunta 109.)-




O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº 624 Fevereiro de 2006
RUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63
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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O dia da caridade


LUIZ AUGUSTO BREINACK

De Piraquara-PR

A caridade é nossa lâmpada acesa. Aos seus raios tudo esclarece e tudo brilha, diz Emmanuel.
A lei no 5063, de 4 de julho de 1966, instituiu o “Dia da Caridade”, a ser comemorado anualmente em 19 de julho, com o objetivo primordial de difundir e incentivar, a todos, a prática da solidariedade entre os brasileiros e os demais povos aqui domiciliados.
Estabelece textualmente, a lei:
“Art. 2o – A organização do plano para as comemorações ficará a cargo dos Ministérios da Saúde, Educação e Cultura, constando obrigatoriamente, sem prejuízo de outras iniciativas, de visitas a hospitais, casas de misericórdia, asilos, orfanatos, creches, presídios e a todos os demais lugares onde a pobreza e a dor mais se façam sentir”.
Segundo a boa doutrina, a função precípua do Estado é a prestação de serviços públicos. E num Estado em que o critério de ordem pública seja amplo e multiforme, em que se entenda que a paz, a ordem, a harmonia e o progresso, na ordem nacional, exigem que nenhum aspecto da vida econômica, social, cultural ou espiritual do povo escape à ação disciplinadora do Estado, o conceito de serviço público deverá ser igualmente compreensivo e desdobrado nas mais diversas e variadas aplicações.
Daí poderemos concluir que os poderes estatais não exorbitam de suas prerrogativas se, para a consecução de seus elevados fins, procuram empregar meios fortuitos, quando dignificantes, como, no caso em questão, o estímulo e a prática da caridade.
A caridade é a lei divina, natural.
Lógico, pois, que também constitua preceito na legislação humana.
Fundado na caridade, na benemerência, no altruísmo, o assistencialismo consiste nos cuidados, na proteção e no auxílio que indivíduos, famílias ou grupos prestam aos mais necessitados.
Entre alguns povos, igualmente, evidenciou-se certa preocupação com pessoas portadoras de deficiência física, idosos, miseráveis e outros carentes de amparo.
Consta que havia normas assistenciais, por exemplo, no Código de Manu (Índia), no Código de Hamurabi (Babilônia), e assim por diante. No mesmo sentido, e tão só para ilustração, aponta-se a famosa Lei dos Pobres (Poor Law), editada em 1601, na Inglaterra. Ela impunha às paróquias a obrigação de socorrer os infortunados de sua jurisdição, arrecadando, para tanto, taxas dos respectivos membros.
Das chamadas virtudes teologais tão bem detalhadas pela Igreja Católica Apostólica Romana, a fé tem o poder de “remover montanhas”.
A esperança é o bálsamo dos aflitos. Mas a Caridade a tudo sobrepuja, porque é ela o farol que indica o porto seguro da felicidade.
Por isso que, em boa hora, a casa mater do Espiritismo no Brasil, a Federação Espírita Brasileira, instituiu por lema: Deus, Cristo e Caridade.
Na primeira Epístola aos Coríntios, o grande apóstolo dos gentios, Paulo, dá-nos o precioso ensinamento: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos Anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como um címbalo que tine. E, ainda que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e tivesse toda a fé, até a ponto de transportar montes, se não tiver caridade, não sou nada. E, ainda que distribuísse todos os meus bens no sustento dos pobres, e entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, nada disto me aproveita”. Porque, no entendimento de Paulo, a Caridade é paciente e benigna, não é invejosa nem temerária, não se ensoberbece nem é ambiciosa, não se irrita nem folga com a injustiça, tudo desculpa, tudo espera e tudo sofre.
É bem verdade que a Caridade não se tornará, num passe de mágica, uma instituição nacional só porque o Governo Federal estabeleceu mais um “dia” no rol das datas comemorativas do país. Percebe-se como a humanidade não se tornou mais fraterna por ter sido designado o dia 1o de janeiro como consagrado à Confraternização Universal.
Mas o dia 19 de julho representa o reconhecimento oficial da sublimidade contida nos ensinamentos de Jesus e bem pode se constituir no marco de uma nova era de entendimento entre todas as pessoas de boa vontade.
Oxalá, acostumemo-nos todos os brasileiros e outros povos aqui domiciliados a dedicar integralmente os 365 dias do ano ao incentivo e à prática da Caridade e não só um simbólico 19 de julho esporádico.
Isso é perfeitamente possível, por certo. Todavia, pouco provável por enquanto... Que o novo Governo do Brasil, que instituiu o Fome Zero, reacenda e incentive a todos nós a pôr em prática o conteúdo da lei no 5063, de 05.07.66.
Como diz a letra de uma belíssima música: “A Caridade é a mais santa das virtudes, deve ser a atitude de todo o bom cristão”.
Sabemos todos que a Caridade apaga uma multidão de pecados e que, além disso, “Fora da Caridade não há salvação”. Fazemos nossas as palavras do beato Dom Orione: “A Caridade salvará o mundo”, e, concluindo, repetimos a frase célebre do beato Luís Guanella: “Caridade em tudo e com todos”.

Versos à mocidade
Sebastião Lasneau


Nós espíritas velhos e cansados,
Embora tendo nalma a fé cristã
Já não podemos ser os bons soldados
Que os moços podem ser
hoje e amanhã.

Em breve hão de parar nossos arados,
E é para vós, ó mocidade irmã,
Que os nossos olhos hoje
estão voltados,
Pretendendo tornar-vos nobre e sã.

Jovens irmãos, buscai o Cristianismo
Pela estrada real do Espiritismo
Em cujo fim esplende o Redentor!
Quando um dia chegardes a ser velhos
Tereis na mente a luz dos Evangelhos
E tereis nalma a paz do Seu amor!


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JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº 623 Janeiro de 2006

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O Porquê da Vida (Parte 10 e final)


Clássicos do Espiritismo

ANGÉLICA REIS
De Londrina

Concluímos neste número a publicação do texto condensado da obra O Porquê da Vida, de Léon Denis, publicada pela Editora da FEB. As páginas citadas referem-se à 14a edição, de 1987.
*
23. Para compreendermos o que se passa em torno de nós, é preciso, pois, que reunamos numa mesma concepção a lei de evolução e a das responsabilidades - a lei de causa e efeito - que faz com que a conseqüência dos atos recaia sobre aqueles que os praticam. (P. 113)
24. A ignorância dessas leis, dos deveres e das sanções que elas acarretam, entra por muito nas desgraças e sofrimentos da hora presente.
Se a Igreja os houvesse ensinado sempre, provavelmente não veríamos abrir-se-lhe sob os passos tão profundo abismo. (P. 113)
25. Pois bem; o que a Igreja não quer ou não pode fazer, o Espiritismo o fará. Ele abriu de par em par as portas do mundo invisível que a Igreja fechara há séculos, e, por elas, ondas de luz, tesouros de consolação e de esperança jorrarão cada vez mais sobre as aflições humanas. (P. 113)
26. Passada a tormenta, dissipar-se-ão as nuvens sombrias que nos escurecem o céu. Um límpido raio de sol brilhará sobre as ruínas acumuladas e uma era nova começará para a Humanidade. Grandes coisas então se realizarão. Almas poderosas reencarnarão entre nós para dar vigoroso impulso à ascensão geral. A consciência humana se desembaraçará das peias do materialismo.
A Filosofia se espiritualizará. (PP. 113 e 114)
27. No seu artigo de ataque ao Espiritismo, já referido antes, o padre Coubé faz a apologia do inferno, afirmando: “O Inferno não é em si mesmo uma crueldade, pois que a crueldade consiste em fazer sofrer um ente para gozar com o seu sofrimento, portanto, além do que ele merece e do que a ordem reclama”.  Responderemos a ele: “É sempre cruel infligir a um ser sofrimentos que não tenham a leni-los nenhuma esperança e que não comportam resultado algum”. (P. 116)
28. Em todo o Universo, o sofrimento é sobretudo um meio educativo e purificador. Considerando-o como uma expiação temporária, do ponto de vista da justiça divina e segundo o Espiritismo, ele se nos mostra como um processo de evolução, pois que, desenvolvendo em nós a sensibilidade, nos aumenta a vida, tornando-a mais intensa, ao passo que, com as penas eternas, o sofrimento não é mais do que uma baixa vingança, uma crueldade inútil. (P. 116)
29. Ora, Deus nada faz sem objetivo, e o seu objetivo é sempre grandioso, generoso, benéfico para suas criaturas. (P. 116)
30. Aliás, o padre Coubé não deve ignorar que a maioria dos teólogos hão renunciado à teoria das penas eternas e que já está reconhecido e firmado que a palavra hebréia que se traduziu por eterno não significa sem-fim, mas apenas longa duração. (P. 116)
31. A Terra, eis o purgatório verdadeiro, o inferno temporário.
O sofrimento do Espírito na vida do espaço não pode ser senão moral.
Resulta da ação da consciência que desperta imperiosa, mesmo que se trate das almas mais atrasadas. (P. 117)
32. Em meio de tantas obscuridades acumuladas pela Igreja no decurso dos séculos, não admira que a pobre Humanidade se tenha extraviado e erre, sem bússola, à mercê das tempestades da paixão, da dúvida, do desespero. (P. 117)
33. Com o Espiritismo, nada de afirmações sem provas, porque ele repousa sobre um conjunto de fatos e de testemunhos que, crescendo continuamente, lhe assegura o seu lugar na Ciência e lhe prepara esplêndido porvir. Todas as descobertas recentes da Física e da Química vieram confirmar suas experiências. (PP. 117 e 118)
34. O Espiritismo é, pois, ao mesmo tempo uma ciência e uma fé. Como fé, pertencemos ao Cristianismo, não a esse cristianismo desfigurado, apoucado, rebaixado pelo fanatismo, mas à Religião que une o homem a Deus em espírito e verdade. Não nos passa pela mente fundar um novo evangelho. O de Jesus nos basta plenamente. (P. 118)
35. Se um dia o grande ideal desejado pelos sábios e entrevisto por todos os inovadores vier a realizar-se pelo acordo entre a Ciência e a Fé, a Humanidade deverá isso ao Espiritismo, às suas investigações laboriosas, à sua filosofia consoladora e elevada. Graças a ele é que se cumprirá a bela profecia de Claude Bernard: “Virá o momento em que o sábio, o pensador, o poeta e o sacerdote falarão a mesma linguagem”. (P. 119)
36. Lançando um olhar de conjunto sobre a obra da Igreja Católica Romana, podemos dizer que, malgrado as suas manchas e sombras, é bela e grande a sua história.
Nas épocas de barbaria, foi ela o asilo do pensamento e das artes e, por séculos, a educadora do mundo. Mas a obra da Igreja teria sido incomparavelmente mais bela, mais eficaz, se houvesse ensinado sempre a verdade em toda a sua plenitude, se houvesse feito luz completa sobre o destino humano. (P. 119)
37. Se isso tivesse sido feito, não veríamos a indiferença, o ceticismo e o materialismo se espalharem, nem tantas revoltas, tantos desesperos e suicídios. E a Terra não assistiria a tantas paixões, tantas cobiças e tantos furores se desencadearem à volta dos que aqui residem. (P. 120)



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Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº 623 Janeiro de 2006

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O pensamento


MARCEL GONÇALVES
marcel@oconsolador.com.br
De Ibiporã, PR

A humanidade possui uma grande ferramenta que permite modelar o mundo, e com isso lidar com ele de uma forma efetiva, de acordo com seus princípios, de acordo com seu livre-arbítrio.
O pensamento é essencial no processo de aprendizagem, pois é uma peça fundamental na construção do conhecimento.
Segundo Emmanuel, devemos “estar atentos à fé para servir e compreender, reconhecendo que todas as provas de hoje são recursos e instrumentos de que se vale a Providência Divina a fim de conduzir-nos à vida melhor de amanhã”.
Portanto, devemos orar e vigiar nossos pensamentos para que não caiamos no lodaçal que nós mesmos cultivamos devido às nossas imperfeições, trazidas de reencarnações passadas e que a cada vida tentamos melhorar com o objetivo de chegar ao Pai, ou seja, à perfeição.
O principal veículo do processo de conscientização é o pensamento, pois a atividade de pensar confere ao homem “asas” para mover-se no mundo e “raízes” para aprofundar-se na realidade. O pensamento, segundo Kardec escreveu em “A Gênese”, atua sobre os fluidos como o som sobre o ar. Criando imagens fluídicas, reflete-se no perispírito como num espelho, encorpa-se e se fotografa.
Assim, os mais secretos movimentos da alma repercutem no perispírito através do pensamento.
São os pensamentos que definem nossa faixa vibratória, possibilitando ao homem permanecer num estágio equilibrado, cheio de amor, de fraternidade, compreensão e paciência.
Essa ferramenta é a porta de comunicação entre a vida terrena e a vida espiritual, é uma transmissão de paz e harmonia.
Assim, estimados espíritas, atentemos nas coisas boas da vida, nos bons pensamentos, nas boas ações, nos bons ambientes, nos bons fluidos; enfim, atentemos em Jesus, um homem que soube ser sábio por suas ações e também por seu pensamento.


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Diretor Responsável: Hugo Gonçalves - Ano 57- Nº 674
Abril de 2010 - PÁGINA 13 - limb@sercomtel.com.br

Progredir sempre, tal é a lei


ÉDO
MARIANI
edo@edomariani.com.br
De Matão, SP


Encontramos no Evangelho de Mateus, capítulo 25, versículo 15, o seguinte ensinamento de Jesus: “E a um deu cinco talentos e a outro dois e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade...”

De tudo o que temos aprendido através dos tempos, encarnando e reencarnando sem cessar, vimos que progredir é a lei da qual ninguém consegue fugir e para tanto é imprescindível melhorar sempre os nossos sentimentos.
O progresso espiritual, a que se refere Kardec nas obras da codificação, não se trata apenas do intelectual, o que é de capital importância que o façamos, pois sem conhecimento não entendemos e, não entendendo, não aprendemos.
É necessário e é muito mais importante do que o primeiro o progresso moral/espiritual.
Para que uma ave possa voar, necessita de duas asas. Se cortarmos uma delas, já não voa mais como antes. Assim também acontece com o homem. Com apenas a asa do saber ele não voa em busca da felicidade. Apenas intelectualmente desenvolvido ele poderá ter como conquistar tesouros materiais. E isso ele faz até com certa facilidade, mas para ser feliz e viver em paz é necessário o desenvolvimento da inteligência emocional, pois esta faz o homem de caráter, o homem bom, sereno e responsável em tudo o que empreender.
Esta é uma questão fácil de ser constatada. É só olhar para os homens que são os dirigentes dos povos. Na sua grande, quase total, maioria, são pessoas portadoras de grau superior, provindos das mais variadas Universidades de ensino superior.
Muitos, além das Faculdades, deram prosseguimento aos seus estudos, cursando pós-graduação e também se doutoraram, por certo. E o que estão produzindo, como agem em favor dos governados?
Todos os dias tomamos conhecimento e ficamos decepcionados com suas atitudes egoísticas.
Agem com desfaçatez. Só falcatrua.
Por que assim pensam e agem? Por lhes faltar o desenvolvimento moral, a inteligência emocional, sem nenhuma dúvida.
É preciso melhorar para progredir, esta a senha da evolução superior.
Ensina-nos Emmanuel, amigo e guia espiritual do saudoso Chico Xavier que “... o rio dos dons divinos passa em todos os continentes da vida, contudo, cada ser lhe recolhe as águas, segundo o recipiente de que se faz portador”.
Continua ele: “Não olvides que os talentos de Deus são iguais para todos, competindo a nós outros a solução do problema alusivo à capacidade de recebê-los”.
Pelo que vimos, Emmanuel está nos alertando justamente para cuidarmos do nosso progresso moral e, para tanto, necessário se faz nos afeiçoarmos, segundo suas palavras, “aos ideais de aprimoramento e progresso e não nos afastarmos do trabalho que renova, do estudo que aperfeiçoa, do perdão que ilumina, do sacrifício que enobrece e da bondade que santifica...”
Escreve ele ainda: “Lembra-te de que o Senhor nos concede tudo aquilo de que necessitamos para comungar-Lhe a glória divina, entretanto, não te esqueças de que as dádivas do Criador se fixam, nos seres da Criação, conforme a capacidade de cada um”.
Como a Lei divina é de evolução a qual abrangerá, mais cedo ou mais tarde, a todas as Criaturas, é bem de ver que no nosso próprio interesse nos convém tudo fazermos, o mais depressa, para sem tardança e sem esmorecimento nos engajarmos ao carro do progresso e dele não nos afastarmos até que conquistemos o desiderato de todos que é a plena felicidade.

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domingo, 25 de dezembro de 2011

Vivências de educação


JANE MARTINS VILELA
limb@sercomtel.com.br
De Cambé

“... Pensai que a cada pai e a
cada mãe Deus perguntará:
Que fizestes do filho confiado à
vossa guarda?...”(O Evangelho
Segundo o Espiritismo,
Cap. XIV, item 9)

Milhares de Espíritos chegam continuadamente à Terra, pela reencarnação, com esperanças de aprimoramento e progresso, com desejo de aprender a amar...
Ah! Pais, mães, avós, como dizia o poeta: “Ah! Que saudades que eu tenho da aurora de minha vida, de minha infância querida...”
Quando vemos as crianças de hoje, lembramos nossa própria infância...
Como era bom! Pais, tios, avós, família, cidades pequenas, liberdade de brincar nas ruas, afeto, respeito, educação, vizinhos com cadeiras nas calçadas reunidos a conversar, enquanto as crianças brincavam, no fim do dia...
Hoje, muitas crianças em creches, escolas, o dia todo, ou pouco espaço em casa, pouco afeto, pouca disciplina, energia sobrando. Os pais, cansados, trabalharam o dia todo, veem suas crianças pularem agitadas, e querem psicólogos e remédios para suas crianças normais.
Esqueceram que já foram crianças.
Onde, em suas almas, a frase do poeta? Não lembram mais.
Não se lembram da infância querida que os anos não trazem mais.
Temos muitas vezes que fazê-los lembrar quando vêm com a intenção de rotularem o filho de hiperativo.
Temos que lembrá-los: “Vocês se esqueceram que também foram assim?” Naquela época não havia tanta violência. Havia espaço, eram brincadeiras inumeráveis que gastavam energia, como pular corda, amarelinha, pega-pega, esconde-esconde, etc... Hoje, as crianças têm essa energia prisioneira, sentadas na frente da TV, do computador...
É preciso amá-las, ter paciência com elas, ensinar-lhes os preceitos do Cristo, para um amanhã melhor. É preciso experiências de amor, vivências de amor.
Vemos tantas histórias!
Lembremos uma delas. Um dia desses, uma senhora nos trouxe o seu neto de seis anos. O menino, comportadinho, na sala, tranquilo, e a avó: “Esse menino é terrível, desobediente, agitado, não para, agressivo, bate nas irmãs o tempo todo, na escolinha bate em todo mundo, não obedece...”
O menino, sentado, bonitinho, não demonstrava aquilo que ela falava.
Nós o chamamos para examiná-lo, na função que exercemos, e ele nos obedeceu em tudo fez tudo o que pedimos, sem dar o mínimo trabalho. Desceu da maca e sentou do lado da avó. Ela insistia que o menino tinha que ir para a psicóloga, que ele era terrível, tudo de novo o que já tinha falado...
Nós quisemos rebater: “Mas ele é tão bonzinho... não deu trabalho.
Comportado...”
“É porque está na sua frente”, disse ela, e começou tudo de novo.
Aí, sentimos necessidade de intervir e calmamente dissemos a ela que precisava mudar o modo de se referir a ele, que ele precisava acreditar que era bom.
Perguntamos como era o ambiente em casa, se havia muita briga para que ele ficasse do jeito que ela referia.
“A mãe dele”, disse ela, “tem problemas psiquiátricos, faz tratamento, tem mente infantil. É pior que as crianças. É agressiva, não tem limites.
Outro dia, para você ter ideia, pegou um gato, colocou na máquina de lavar e ligou a máquina...”
“A senhora precisa então tentar neutralizar essa violência com o amor. Ajude-o a entender que ele pode ser melhor. Não precisa ser assim.”
Voltamo-nos para o menino de 6 anos, e com muita seriedade conversamos com o Espírito por trás da criança – o Espírito imortal e milenar que ali estava.
“Você pediu esta experiência antes de nascer. Você achou que daria conta. É necessário que, nesse meio agressivo, você desenvolva a mansidão. Você precisa entender que o homem corajoso, o homem verdadeiro não agride ninguém, porque consegue vencer a si mesmo. Sua mãe é um Espírito doente e você precisa ter paciência. Você pode ser calmo se o desejar. A escolha é sua.”
O menino estava quieto, sentado, ouvindo. Pedimos à avó que o ajudasse, que parasse de rotulá-lo com adjetivos negativos, que o estimulasse ao bem.
Passados uns três meses, ela veio com duas netinhas. Enquanto conversávamos, ela perguntou: “Lembra do meu neto, que eu trouxe aqui?”
Aí lembramos.
“A senhora precisa ver como ele está. Ele te escutou. Nunca mais bateu em ninguém. Mudou de comportamento e está mais obediente comigo. E eu digo a ele: Você é o querido da vovó. Você é bom.”
Nós ficamos felizes por ouvir isso. Se as pessoas se amassem mais e se respeitassem mais, o mundo hoje já seria um mundo de regeneração. As pessoas seriam mais afetivas, mais carinhosas.
Por enquanto, ainda estamos aprendendo a amar, ainda estamos aprendendo a ser cristãos e a usar corretamente as palavras.
Que não firamos com as nossas palavras e nossas atitudes de ignorância os nossos adultos de amanhã, as crianças de hoje, Espíritos em novos corpos com tarefas e experiências a viver para crescerem no amor. Se, por ignorância nossa, nós assim já o fizemos, por ausência de amor, cresçamos no amor e vamos reparar nossas atitudes, amando muito e ajudando esses nossos jovens a amar, para um amanhã melhor, para instalação do amor na Terra.
Lembremos que os nossos filhos são Espíritos e ajudemo-los a crescer!
Um dia a humanidade se dará as mãos e teremos um mundo melhor, um Brasil melhor.

O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo Gonçalves
 Ano 57 - Nº 674 - Abril de 2010 - PÁGINA 10
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sábado, 24 de dezembro de 2011

Paidéia espírita: um roteiro à formação humana


 EUGÊNIA PICKINA
De Londrina

Sendo a vida uma sucessão de renascimentos em diferentes corpos, o Espírito transfere de uma para outra experiência física as conquistas e os prejuízos que somente uma educação bem trabalhada consegue aprimorar (Joanna de Ângelis).

A Doutrina Espírita reedita a mensagem de Jesus e orienta, com esperança, um ideal de formação humana e, por isso, a pessoa, apoiada na visão espírita, é um sujeito interrogante, flexível, disposto a partilhar o mundo sem preconceitos e julgamentos, porquanto se considera como membro da família humana universal e em contínuo processo evolutivo.
Estamos, aqui, em experiência corpórea, como passantes, para vivenciar o bom uso da razão e as práticas afetivas, pois ambos compõem o roteiro essencial para a conquista integral do ser. Não nascemos, então, apenas para sofrer e findar, como supõem os pessimistas, confinados às cercanias da matéria, porém experimentamos o retorno à carne para amar e florescer, com o abandono gradativo do instinto grosseiro para pôr em prática as manifestações do Bem e do Belo, irradiações das leis divinas.
Como o ser humano não nasce tabula rasa, mas apenas inconsciente, e cada criança traz consigo uma bagagem que lhe é própria, além de planos e potencialidades que devem ser administrados pela conduta dos pais, para a paideia espírita a tarefa educativa da criatura humana tem início no lar, na vivência de uma democracia socioemocional iluminada pelos ensinamentos do Cristo.
Com efeito, é na intimidade do lar, educandário do espírito, que são desenvolvidos os sentimentos, o hábito do dever, a transmissão, pelos exemplos, dos princípios morais e do trato afetivo e espiritual, que movimentarão, durante a existência, a superação das dificuldades e a construção da harmonia íntima. Viemos da erraticidade, carentes de valores que dizem respeito ao nosso roteiro evolutivo. E porque rumamos em direção à angelitude, torna-se necessário, especialmente no prelúdio da vida, ensinar à criança o caminho com o coração, fornecendo-lhe as sementes da iluminação interior para que ela possa, na fase adulta, aplicar as forças em favor do desenvolvimento intelecto-afetivo e espiritual, procurando amar e servir sem cessar.
No entender espírita, a educação dos hábitos e o interesse sincero pela conquista dos valores se configuram recurso indispensável para a aquisição do bem. Em consequência, os pais (ou responsáveis) podem estimular o cuidado com a vida interior, auxiliando, durante o processo educativo, o despertar das qualidades éticas adormecidas, pois a saúde do ser humano também depende do bom cumprimento das tarefas que lhe dizem respeito.
Nunca será demasiado insistir que as virtudes, à semelhança dos vícios, são aprendidas em decorrência da prática reiterada. Logo, é compromisso dos pais, conscientes do longo caminho a percorrer, pontuar ao filho, ou à filha, que a existência terrena é tecida de contínuos desafios e a felicidade, constituída de pequenas ocorrências, deflui do trabalho constante pelo progresso pessoal, no que resulta o bem comunitário, pois cada Espírito é a soma de suas realizações, através das quais adquire conhecimento e amor.

O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo Gonçalves
 Ano 57 - Nº 674 - Abril de 2010 -  PÁGINA 10