Clássicos do Espiritismo
ANGÉLICA REIS
De Londrina
Concluímos neste
número a publicação do texto condensado da obra O Porquê da Vida, de
Léon Denis, publicada pela Editora da FEB. As páginas citadas referem-se à 14a edição,
de 1987.
*
23. Para
compreendermos o que se passa em torno de nós, é preciso, pois, que reunamos
numa mesma concepção a lei de evolução e a das responsabilidades - a lei de
causa e efeito - que faz com que a conseqüência dos atos recaia sobre aqueles
que os praticam. (P. 113)
24. A ignorância
dessas leis, dos deveres e das sanções que elas acarretam, entra por muito nas
desgraças e sofrimentos da hora presente.
Se a Igreja os
houvesse ensinado sempre, provavelmente não veríamos abrir-se-lhe sob os passos
tão profundo abismo. (P. 113)
25. Pois bem; o que
a Igreja não quer ou não pode fazer, o Espiritismo o fará. Ele abriu de par em
par as portas do mundo invisível que a Igreja fechara há séculos, e, por elas,
ondas de luz, tesouros de consolação e de esperança jorrarão cada vez mais
sobre as aflições humanas. (P. 113)
26. Passada a
tormenta, dissipar-se-ão as nuvens sombrias que nos escurecem o céu. Um límpido
raio de sol brilhará sobre as ruínas acumuladas e uma era nova começará para a
Humanidade. Grandes coisas então se realizarão. Almas poderosas reencarnarão
entre nós para dar vigoroso impulso à ascensão geral. A consciência humana se
desembaraçará das peias do materialismo.
A Filosofia se espiritualizará.
(PP. 113 e 114)
27. No seu artigo
de ataque ao Espiritismo, já referido antes, o padre Coubé faz a apologia do
inferno, afirmando: “O Inferno não é em si mesmo uma crueldade, pois que a
crueldade consiste em fazer sofrer um ente para gozar com o seu sofrimento,
portanto, além do que ele merece e do que a ordem reclama”. Responderemos a ele: “É sempre cruel infligir
a um ser sofrimentos que não tenham a leni-los nenhuma esperança e que não
comportam resultado algum”. (P. 116)
28. Em todo o
Universo, o sofrimento é sobretudo um meio educativo e purificador.
Considerando-o como uma expiação temporária, do ponto de vista da justiça
divina e segundo o Espiritismo, ele se nos mostra como um processo de evolução,
pois que, desenvolvendo em nós a sensibilidade, nos aumenta a vida, tornando-a
mais intensa, ao passo que, com as penas eternas, o sofrimento não é mais do
que uma baixa vingança, uma crueldade inútil. (P. 116)
29. Ora, Deus nada
faz sem objetivo, e o seu objetivo é sempre grandioso, generoso, benéfico para suas
criaturas. (P. 116)
30. Aliás, o padre
Coubé não deve ignorar que a maioria dos teólogos hão renunciado à teoria das penas
eternas e que já está reconhecido e firmado que a palavra hebréia que se
traduziu por eterno não significa sem-fim, mas apenas longa
duração. (P. 116)
31. A Terra, eis o
purgatório verdadeiro, o inferno temporário.
O sofrimento do
Espírito na vida do espaço não pode ser senão moral.
Resulta da ação da
consciência que desperta imperiosa, mesmo que se trate das almas mais
atrasadas. (P. 117)
32. Em meio de
tantas obscuridades acumuladas pela Igreja no decurso dos séculos, não admira que
a pobre Humanidade se tenha extraviado e erre, sem bússola, à mercê das
tempestades da paixão, da dúvida, do desespero. (P. 117)
33. Com o
Espiritismo, nada de afirmações sem provas, porque ele repousa sobre um
conjunto de fatos e de testemunhos que, crescendo continuamente, lhe assegura o
seu lugar na Ciência e lhe prepara esplêndido porvir. Todas as descobertas recentes
da Física e da Química vieram confirmar suas experiências. (PP. 117 e 118)
34. O Espiritismo
é, pois, ao mesmo tempo uma ciência e uma fé. Como fé, pertencemos ao
Cristianismo, não a esse cristianismo desfigurado, apoucado, rebaixado pelo
fanatismo, mas à Religião que une o homem a Deus em espírito e verdade. Não nos
passa pela mente fundar um novo evangelho. O de Jesus nos basta plenamente. (P.
118)
35. Se um dia o
grande ideal desejado pelos sábios e entrevisto por todos os inovadores vier a
realizar-se pelo acordo entre a Ciência e a Fé, a Humanidade deverá isso ao
Espiritismo, às suas investigações laboriosas, à sua filosofia consoladora e
elevada. Graças a ele é que se cumprirá a bela profecia de Claude Bernard: “Virá
o momento em que o sábio, o pensador, o poeta e o sacerdote falarão a mesma linguagem”.
(P. 119)
36. Lançando um
olhar de conjunto sobre a obra da Igreja Católica Romana, podemos dizer que, malgrado
as suas manchas e sombras, é bela e grande a sua história.
Nas épocas de
barbaria, foi ela o asilo do pensamento e das artes e, por séculos, a educadora
do mundo. Mas a obra da Igreja teria sido incomparavelmente mais bela, mais
eficaz, se houvesse ensinado sempre a verdade em toda a sua plenitude, se
houvesse feito luz completa sobre o destino humano. (P. 119)
37. Se isso tivesse
sido feito, não veríamos a indiferença, o ceticismo e o materialismo se
espalharem, nem tantas revoltas, tantos desesperos e suicídios. E a Terra não
assistiria a tantas paixões, tantas cobiças e tantos furores se desencadearem à
volta dos que aqui residem. (P. 120)
O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor
Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº 623 Janeiro de 2006
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