terça-feira, 19 de novembro de 2013

Kardec Afirma


Em “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”,
Questões 903.

Se é com o fito de criticar e divulgar, há muita culpa, porque isso é faltar com a caridade. Se é com intenção de proveito pessoal, evitando-se aqueles defeitos, pode ser útil. Mas não se deve esquecer que a indulgência para com os defeitos alheios é uma das virtudes compreendidas na caridade. Antes de censurar as imperfeições dos outros, vede se não podem fazer o mesmo a vosso respeito. Tratai, pois, de possuir as qualidades contrárias aos defeitos que criticais nos outros. Esse é um meio de vos tornardes superior. Se os censurais por serem avarentos, sede generosos; por serem orgulhosos, sede humildes e modestos; por serem duros, sede dóceis; por agirem com mesquinhez, sede grandes em todas as vossas ações.

Em uma palavra, fazei de maneira que não vos possam aplicar aquelas palavras de Jesus: “Vedes um argueiro no olho do vizinho e não vedes uma trave no vosso”.

sábado, 16 de novembro de 2013

OS TRÊS GRAUS DE ESPÍRITAS

PANORAMA


Em O Livro dos Espíritos, ao apresentar o Espiritismo em seus três aspectos, o Codificador classifica os espíritas em três graus: os que crêem nas manifestações e as comprovam, sendo, portanto, experimentadores; os que percebem as consequências morais dessa experimentação e os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, em O Livro dos Médiuns, ele propõe uma nomenclatura para cada tipo de adepto, a saber:
Os que crêem nas manifestações
espíritas experimentadores. Só se importam com os fenômenos e sua explicação científica.
Os que, além dos fatos, compreendem as consequências morais, mas não as colocam em prática – espíritas imperfeitos, que não abrem mão de ser como são.
Aqueles que praticam a moral espírita e aceitam todas as suas conseqüências os verdadeiros espíritas ou espíritas cristãos, apresentando duas características básicas: a caridade como regra de proceder e, pela compreensão dos objetivos da existência terrestre, o esforço “por fazer o bem e coibir seus maus pendores”.
Aqueles demasiadamente confiantes em tudo o que se refere ao mundo invisível, aceitando sem verificação ou reflexão todos os conteúdos que lhes chegam ás mãos: espíritas exaltados.
Este tipo de adeptos é mais nocivo que útil à causa espírita.
Vamos nos deter nos dois últimos tipos.
Em primeiro lugar, o verdadeiro espírita, reconhecível “pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”.
Chama-nos a atenção os termos usados por Kardec “coibir” e “domar”.
Ou seja, o esforço da transformação moral requer do interessado uma luta íntima fortíssima que, absolutamente, não é desamor a si mesmo, mas tenacidade na tarefa de substituir valores do mundo por valores espirituais.

Ouve-se muito, dentro das casas espíritas, que a reforma interior não deve ser um sofrimento, e o desculpismo toma conta das criaturas que se reconhecem imperfeitas, mas... Continuam sendo como são, ou melhor, espíritas imperfeitos. A luta pela mudança interna é reconhecida, por inúmeros autores espirituais confiáveis, como imprescindível ao nosso amadurecimento espiritual. É a “decisão de ser feliz” proposta por Joanna de Ângelis, que passa pela revisão de toda a nossa conduta diante de Deus e do próximo, pela coragem de enfrentar a si mesmo, reconhecendo os erros e iniciando o processo de correção de rumo.
Sobraram os espíritas exaltados, apaixonados por modismos, novidades, revelações (principalmente quem foi quem em existências passadas).

Frequentam, muitas vezes, reuniões de estudo doutrinário, mas não estudam; citam “best sellers” do momento, mas não sabem dar exemplos da literatura consagrada de autores encarnados ou desencarnados.
São ávidos por lançamentos editoriais sem conhecer as obras básicas ou o trabalho de Instrutores como Emmanuel, André Luiz e Joanna de Ângelis. Prejudicam a Doutrina porque divulgam conceitos equivocados, estimulando novos companheiros a seguir pelo mesmo caminho.
É André Luiz que alerta, quanto a alguns “modos como nós, espíritas, perturbamos a marcha do Espiritismo”:

– esquecer a reforma íntima, – afastar-se das obras de caridade, – negar-se ao estudo, – abdicar do raciocínio, deixando-se manobrar por movimentos ou criaturas que tentam sutilmente ensombrar a área do conhecimento espírita com preconceitos e ilusões.
O verdadeiro espírita ou o espírita cristão é aquele que adquiriu a “maturidade do senso moral” segundo o Codificador. Entendamos que essa maturação ainda não se completou (estamos na Terra!), mas representa o rompimento com o passado de erros e a obrigação de nos reformarmos, sem desculpas, contemporizações ou omissões.
Em um texto de Obras Póstumas encontramos o estímulo e o consolo para as dificuldades encontradas em nosso processo renovador: “Se passarmos à categoria dos espíritas propriamente ditos, ainda aí depararemos com certas fraquezas humanas, das quais a doutrina não triunfa imediatamente. As mais difíceis de vencer-se são o egoísmo e o orgulho, as duas paixões originárias do homem. (...) Pode dar-se que a coragem e a perseverança fraquejem diante de uma decepção, de uma ambição frustrada, de uma preeminência não alcançada, de uma ferida no amor próprio, de uma prova difícil. Há o recuo ante o sacrifício do bem-estar, ante o receio de comprometer os interesses materiais, ante o medo do “que dirão?”; há o ser-se abatido por uma mistificação, tendo como consequência, não o afastamento, mas o esfriamento; há o querer viver para si e não para os outros, o beneficiar-se da crença, mas sob a condição de que isso nada custe.(...) Sem dúvida, podem os que assim procedem ser crentes, mas, sem contestação, crentes egoístas, nos quais a fé não ateou o fogo sagrado do devotamento e da abnegação; às suas almas custa o desprenderem-se da matéria.

“Fazem nominalmente número, porém não há contar com eles.”
Temos, ainda, inúmeras fragilidades, mas já não queremos, por certo, “fazer número”, ser estatística. Desejamos que o Espiritismo possa contar conosco, e acima de tudo, precisamos e queremos SERVIR A JESUS, aliando conhecimento doutrinário e prática evangélica.



“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXXIV N° 401
FEVEREIRO 2010
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 2764-5700
Correspondência:
Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)


sábado, 9 de novembro de 2013

QUEVEDO E O INCONSCIENTE

Nas apresentações do "Fantástico", o padre Quevedo sempre atribuiu todos os fenômenos, que chamamos mediúnicos, ao poder do inconsciente. A pessoa humana seria capaz de produzir esses fenômenos sem saber que é ela mesma quem os está produzindo. Isso explicaria muitos fenômenos de comunicação espiritual e até mesmo os casos de efeitos físicos, estes pela força da mente, uma espécie de magnetismo, creio eu.
Como podemos melhor elucidar essa questão em nosso meio espírita?

Para que possamos compreender a questão, basta nos reportarmos ao Prof. Hippolyte Léon Denizard Rivail ( Allan Kardec) que, a partir de 1854, passou a se interessar e estudar os fenômenos das mesas girantes.
Estas informações podem ser obtidas nas biografias de Kardec ou em OBRAS PÓSTUMAS e REVISTA ESPÍRITA. Rivail, de formação científica, inicialmente, não acreditava na autenticidade dos fenômenos que lhe relatavam, mas quando os constatou, e viu que não se tratava de fraude, atribuiu os estranhos movimentos das mesas ao magnetismo das pessoas que ali se encontravam. Na época, ainda não havia uma concepção de inconsciente, como a temos hoje, mas o próprio Rivail já vislumbrava algum substrato psíquico dessa natureza, formulando assim os primeiros conceitos de inconsciente, mais tarde delineado por Sigmund Freud. Depois de pormenorizados estudos é que verificou algo mais além das "forças anímicas" das pessoas presentes, algo que direcionava os fenômenos para uma meta além da vontade humana e o principal: quando se tratava de fenômenos inteligentes, como responder perguntas de alto conteúdo filosófico e científico ou prestar informações que todos desconheciam, se não h
avia ali quem pudesse fornecê-las, a não ser supostas entidades desencarnadas? Kardec passa a reconhecer que existem duas "forças" concorrentes que determinam o fenômeno: a do médium (poder inconsciente) e a dos Espíritos. Isto quer dizer que o médium é dotado de uma capacidade "anímica" que oferece os meios ou os recursos "materiais" com os quais os desencarnados podem agir, produzindo o fenômeno. Assim, Kardec já reconhece a transmissão de pensamento e outras faculdades anímicas inconscientes, hoje chamadas paranormais, e conclui que somente pela existência dessas faculdades é que se pode chegar à conclusão da existência dos Espíritos. Todavia, a abordagem de Quevedo, em nome da Parapsicologia, sempre revestida de eloquente
 teatralidade, não constitui nenhuma novidade, pois os seus argumentos são tão antigos quanto o Espiritismo, o que demonstra que não se atualizou; basta considerar que Alexandre Aksakof, já em 1890, quando lançou
"ANIMISMO E ESPIRITISMO", refutava os mesmos argumentos contra o Espiritismo de uma obra bem mais consistente que as do padre jesuíta, a do alemão Eduard Von Hartmann, publicada em 1885. Na verdade, o que esse jesuíta tem feito, desde que chegou ao Brasil, na década de 60, é combater o Espiritismo por todos os meios possíveis, utilizando, no entanto, de idéias das escolas materialistas ou antiespiritualistas.
Com isso, tem-se esbarrado desastradamente nos interesses da sua própria religião, na medida em que põe em xeque os milagres da Igreja, ponto vital da fé católica. Mas, de certa forma, a sua atuação, ainda que pouco convincente, não deixa de ter um aspecto positivo, na medida em que desperta a atenção para a matéria, levantando uma série de questionamentos e dúvidas, tanto dos espíritas como de seus adversários, obrigando as pessoas a se interessarem e a estudarem mais a Doutrina Espírita.


PALAVRAS AOS JOVENS

“Compadece-te do jovem - ele é suscetível de mergulhar-se nos abismos da
ilusão”.
André Luiz


“A alma pode suportar todos os obstáculos e ultrapassá-los,
conservando-se, desde a Terra, na santa e eterna juventude do
Bem infinito”.
Emmanuel


“Sem um raciocínio amadurecido para
superar a desaprovação provisória da
ignorância e da incompreensão e sem as
fibras harmoniosas do carinho fraterno
para socorrê-las, com espírito de
solidariedade real, quase impraticável a
jornada para a frente”.

Adolfo Bezerra de Menezes


“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXX Nº351
Janeiro de 2003.
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
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Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 2764-5700
Correspondência:
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ARREPENDIMENTO E SALVAÇÃO

Uma coisa, que não me convence, é o tal do arrependimento, porque existem pessoas que vivem uma vida descompromissada, fazem e aprontam, prejudicam os outros, chegam até a cometer crimes bárbaros e, depois, se penitenciam diante de uma igreja, acreditando que obtiveram o perdão e alcançaram a salvação, só porque passam a dizer que aceitam Jesus. Eu me pergunto como pode ser isso? Onde está o princípio da justiça? Será que Deus vai proteger somente aqueles que se dizem arrepender de seus pecados, depois de terem feito tanto mal? Como ficam suas contas passadas? E o mal que fizeram? Será que a fé é suficiente para apagar tudo isso, deixando vítimas amarguradas e revoltadas e prejuízos sem acerto de contas? Neste caso, seria vantajoso ser mal até o último dia e depois se arrepender. Gostaria de ter uma explicação sobre isso.

Prezada leitora, o seu raciocínio está correto e bem colocado; na própria pergunta você já deu a resposta que procura. O Espiritismo traz no seu bojo o mais perfeito senso de justiça, que já se formulou em todas as épocas da Humanidade, tirado justamente da concepção ampla e profunda de Jesus sobre a vida moral. Não foi por outro motivo que o jurista cubano Fernando Ortiz, estudando pormenorizadamente Allan Kardec, lançou a obra "A FILOSOFIA PENAL DOS ESPÍRITAS" ( Editora LAKE, S. Paulo), que merece ser lida não apenas por conhecedores do Direito, mas por todas as pessoas que querem penetrar mais a fundo o aspecto moral da Doutrina. Na obra espírita, os conceitos de culpa e mérito são fundamentais. Se somos seres dotados de vontade própria, se podemos aprender a dominar as nossas emoções e sentimentos, se temos capacidade de decidir, é porque Deus nos permitiu, caminhando pelos próprios pés, construir a vida que pretendemos, pelos caminhos que mais nos aprouver e, assim, assumir as conseqüências de nossos atos ou omissões, sempre respondendo por eles.
O arrependimento (conforme podemos ler na questão 990 e seguintes de O LIVRO DOS ESPÍRITOS é o primeiro passo da consciência que amadureceu, mas não representa, por mais sincero que seja, a quitação definitiva das "dívidas" contraídas ao longo de nossa experiência e, muito menos, a conquista do céu: cada um deve
responder pelo que fez ou deixou de fazer. O perdão de Deus consiste nas oportunidades de REPARAÇÃO dos prejuízos causados, etapa que vem depois do ARREPENDIMENTO, para quitar definitivamente a "dívida", ou contra pessoas ou contra a coletividade. Para o Espírito em evolução, o maior sofrimento sempre virá a partir do momento em que ele se arrepender do mal que fez ou do Bem que deixou de fazer (amadurecimento espiritual), em forma de sentimento de culpa ou remorso, de modo que as contas a serem prestadas ou o tribunal que o julga não estão propriamente em
Deus ou na pessoa de algum Juiz Supremo, mas na sua própria consciência que, cedo ou tarde, vai exigir e conseguir dele o retorno à vida para quitar dívida por dívida, para reparar prejuízo por prejuízo, de alguma forma, em algum tempo ou lugar. Portanto, a doutrina do arrependimento, aliado à fé, como meta única de salvação, sem a necessidade da reparação, é profundamente falha, porque não conserta a situação, não recupera o delinquente e não o coloca, portanto, em condições de compartilhar dos ideais superiores da vida num reino de amor e justiça, como aquele a que Jesus tanto se referiu.


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ANO XXX Nº351
Janeiro de 2003.
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