segunda-feira, 30 de setembro de 2013

ELIAS E JOÃO BATISTA

O JOVEM E SEUS PROBLEMAS

Interessar-se pelo conhecimento da Doutrina Espírita, acaba gerando no jovem perquiridor de nosso tempo, dúvidas e mais dúvidas sobre pontos que não se encontram ampla e explicitamente tratados nas obras disponíveis.


ELIAS E JOÃO BATISTA

Ouvi de um padre que a afirmação de que João Batista é Elias nada tem a ver com a reencarnação, pois, no caso, Elias estaria representando apenas o papel de profeta, que também coube a João Batista.
Jesus estaria usando uma linguagem figurada, referindo-se não à pessoa de Elias, mas ao papel que representou.
(MARINA ALVAREZ MARQUES – MARÍLIA – SP)

Compreendemos e respeitamos a opinião do sacerdote, e nem poderia ser diferente sua posição. Mas, se compulsarmos os evangelhos, vamos perceber que as figuras de João e de Jesus causaram no povo grandes especulações. Profetas, como Jeremias, haviam anunciado a vinda de um messias e o povo sofrido aguardava ansioso o surgimento desse libertador que viria extirpar seu sofrimento. Havia vagas noções a respeito da volta à vida, o que era entendido mais comumente como ressurreição –
uma crença que os hebreus herdaram dos persas, no período pós-exílio, de 539 a 300 a.C.. Por isso, sem maiores conhecimentos, apenas amparados pela fé, alguns diziam que João Batista era Elias ressuscitado. Depois que João morreu, chegaram a levantar a hipótese de que Jesus era o João ressuscitado, ou mesmo Elias, ou até Jeremias, ou outros profetas, conforme podemos ler nos escritos de Mateus, Marcos e Lucas. Conta Mateus (capítulo 11) que, quando João estava na prisão, enviou dois discípulos a Jesus para confirmar se ele, Jesus, era o messias anunciado, e Jesus afirmou, entre outras coisas, que João "é o Elias que há de vir", e ainda acrescentou:
"quem tiver ouvidos para ouvir, ouça". É evidente, portanto, que se falava de pessoas concretas e reais e que João, segundo a opinião de Jesus, era a mesma pessoa que Elias; só que entre essas duas personalidades havia um espaço de cerca de 900 anos, que o corpo de João não podia ser o de Elias, pois João era filho de Izabel e Zacharias, conhecido desde criança, conforme Lucas, capítulo 1. Um aspecto importante, que salta aos olhos dos que estudam detidamente os evangelhos, é o fato de que Jesus não questionava os dogmas religiosos e parece não gostava muito de entrar nesse tipo de discussão. Raras vezes o fez.
Estava preocupado, sim, com a sua doutrina moral, com a mudança interior do homem. Por isso, tratou de leve esse e outros assuntos e de acordo com a compreensão do povo, pois, do contrário, não teria tempo e nem tampouco seria ouvido. Veja "REENCARNAÇÃO NA BÍBLIA" de Herminio C. Miranda e "REENCARNAÇÃO, O ELO PERDIDO DO CRISTIANISMO" de Elizabeth Clare Prophet.

“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXX Nº351
Janeiro 2006
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 2764-5700
Correspondência:

Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)

DESTINO E FATALIDADE

O JOVEM E SEUS PROBLEMAS


Interessar-se pelo conhecimento da Doutrina Espírita, acaba gerando no jovem perquiridor de nosso tempo, dúvidas e mais dúvidas sobre pontos que não se encontram ampla e explicitamente tratados nas obras disponíveis.


DESTINO E FATALIDADE

Queria que vocês me falassem alguma coisa sobre o destino. É verdade que aquilo que está estabelecido para a vida não pode ser mudado? Por exemplo: não é possível evitar a morte. Se é assim, para que as precauções e as providências diante do perigo? Sem elas, tudo correria exatamente como está determinado. (FLÁVIA MARIA CARNEIRO – BAURU – SP)

A teoria da predestinação não é espírita e nem tampouco é aceita pelo Espiritismo. Segundo essa teoria, o homem já nasceria com o destino determinado, não havendo possibilidade de qualquer mudança. Algumas escolas reencarnacionistas são conformistas, pois chegam a anunciar a impossibilidade da pessoa mudar o seu "carma", de tal forma que ela teria que aceitar passivamente tudo o que lhe acontece. Por essa crença, o homem não tem escolha, deve submeter-se sempre ao que está traçado, pois não pode modificar nada. Não tendo escolha, não tem livre-arbítrio e, portanto, não reúne nem mérito nem culpa pelos atos que pratica.
O Espiritismo nos ensina que não há destino imutável; somente as leis naturais são imutáveis, mas são as nossas decisões e principalmente os nossos atos que vão construir o destino. Santo Agostinho, no Catolicismo, chegou a defender uma teoria da predestinação, segundo a qual o destino do homem - quanto a ir para o céu ou para o inferno - já estaria determinado, uma vez que Deus, ao criar o homem, já sabe de seu futuro; essa doutrina foi substituída posteriormente pela doutrina teológica do livre-arbítrio de Santo Tomás de Aquino.

Leia, em O LIVRO DOS ESPÍRITOS de Allan Kardec , o capítulo referente à fatalidade, questões 851 a 867.

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OS DINOSSAUROS E A BÍBLIA

O JOVEM E SEUS PROBLEMAS
 
Interessar-se pelo conhecimento da Doutrina Espírita, acaba gerando no jovem perquiridor de nosso tempo, dúvidas e mais dúvidas sobre pontos que não se encontram ampla e explicitamente tratados nas obras disponíveis.

OS DINOSSAUROS E A BÍBLIA

Vi na televisão uma reportagem sobre dinossauros, aqueles animais gigantescos que habitaram a Terra há milhões de anos e que existiram também no Brasil.
É no mínimo estranho que a Bíblia, que dizem ser a palavra de Deus e trata da criação do mundo, não fale em dinossauros... (MARLENE S. – BAURU – SP)



A Bíblia, embora se refira à criação do mundo e dos seres vivos, não poderia se referir aos dinossauros, porque quando foi escrita não se sabia e nem sequer se desconfiava da existência desses animais. A visão de mundo que se tinha, então, era muitíssimo acanhada. A Gênese da Bíblia fala de Adão e Eva como pessoas iguais a nós, mas não faz nenhuma referência aos ancestrais humanos que nos antecederam na longa experiência evolutiva de milhões de anos, descobertos pelos pesquisadores no século XIX, mais de 3.000 anos depois de Moisés. Logo, Moisés - ou quem escreveu o episódio da criação - estava muito distante desses conhecimentos e tinha outra visão de mundo e outra concepção de vida. Naquela época, não se tinha a mínima noção de evolução. Os conceitos vinham do mito, tanto entre os hebreus como em qualquer outro povo; aliás, os sumérios, antes de Moisés, já falavam do episódio da criação e do dilúvio, através da epopeia Gilgamesh.
O homem precisava encontrar uma explicação para o mundo em que vivia e do qual fazia parte: o mito, próprio da infância da humanidade, foi o seu primeiro recurso. Logo, a Bíblia, como nenhum livro antigo, não poderia antecipar os conhecimentos que, só recentemente, foram alcançados pelo progresso do pensamento humano e pela investigação e pela ciência.

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O LÍVRE ARBÍTRIO

PANORAMA

O livre arbítrio é definido como “a faculdade que tem o indivíduo de determinar a sua própria conduta”, ou, em outras palavras, a possibilidade que ele tem de, “entre duas ou mais razões suficientes de querer ou de agir, escolher uma delas e fazer que prevaleça sobre as outras”. Problema fundamental da Filosofia ética e psicológica, vem sendo estudado e discutido acaloradamente desde os primeiros séculos de nossa era, dando ensejo a que se formulassem, a respeito, várias doutrinas díspares e antagônicas. Até acham alguns que o livre arbítrio é absoluto, que os pensamentos, palavras e ações do homem são espontâneos e, pois, de sua inteira responsabilidade.
Evidentemente, laboram em erro, porquanto não há como deixar de reconhecer as inúmeras influências e constrangimentos a que, em maior ou menor escala, estamos sujeitos, capazes de condicionar e cercear a nossa liberdade.
No extremo oposto, três correntes filosóficas existem que negam peremptoriamente o livre arbítrio: o fatalismo, o predestinacionismo e o determinismo.
Os fatalistas acreditam que todos os acontecimentos estão previamente fixados por uma causa sobrenatural, cabendo ao homem apenas o regozijar-se, se favorecido com uma boa sorte, ou resignar-se, se o destino lhe for adverso.
Os predestinacionistas baseiam-se na soberania da graça divina, ensinando que desde toda a eternidade algumas almas foram predestinadas a uma vida de retidão e, depois da morte, à bem-aventurança celestial, enquanto outras foram de antemão marcadas para uma vida reprovável e, consequentemente, pré-condenadas às penas eternas do inferno. Se Deus regula, antecipadamente, todos os atos e todas as vontades de cada indivíduo argumentam —, como pode este indivíduo ter liberdade para fazer ou deixar de fazer o que Deus terá decidido que ele venha a fazer?
Estas duas doutrinas, como se vê, reduzem o homem a simples autômato, sem mérito nem responsabilidade, ao mesmo tempo em que rebaixam o conceito de Deus, apresentando-o à feição de um déspota injusto, a distribuir graças a uns e desgraças a outros, unicamente ao sabor de seu capricho. Ambas repugnam às consciências esclarecidas, tamanha a sua aberração. Os deterministas, a seu turno, sustentam que as ações e a conduta do indivíduo, longe de serem livres, dependem integralmente de uma série de contingências a que ele não pode furtar-se, como os costumes, o caráter e a índole da raça a que pertença; o clima, o solo e o meio social em que viva; a educação, os princípios religiosos e os exemplos que receba; além de outras circunstâncias não menos importantes, quais o regime alimentar, o sexo, as condições de saúde, etc.
Os fatores apontados acima são, de fato, incontestáveis e pesam bastante na maneira de pensar, de sentir e de proceder do homem.
Assim, por exemplo, diferenças climáticas, de alimentação e de filosofia, fazem de hindus e americanos do norte, tipos humanos que se distinguem profundamente, tanto na compleição física, no estilo de vida, como nos ideais; via de regra, a fortuna nos torna soberbos, enquanto a necessidade nos faz humildes; um dia claro e ensolarado nos estimula e alegra, contrariamente a uma tarde sombria e chuvosa, que nos deprime e entristece; uma sonata romântica nos predispõe à ternura, ao passo que os acordes marciais nos despertam ímpetos belicosos; quando jovens e saudáveis, estamos sempre dispostos a cantar e a dançar, já na idade provecta, preferimos a meditação e a tranquilidade, etc.
Daí, porém, a dogmatizar que somos completamente governados pelas células orgânicas, de parceria com as impressões, condicionamentos e sanções do ambiente que nos cerca, vai uma distância incomensurável.
Com efeito, há em nós uma força íntima e pessoal que sobre excede e transcende a tudo isso: nosso “eu” espiritual!
Esse “eu”, ser moral ou alma como quer que lhe chamemos, numa criatura de pequena evolução espiritual, realmente pouca liberdade tem de escolher entre o bem o mal, visto que se rege mais pelos instintos do que pela inteligência ou pelo coração. Mas, à medida que se esclarece, que domina suas paixões e desenvolve sua vontade nos embates da Vida, adquire energias poderosíssimas que o tornam cada vez mais apto a franquear obstáculos e limitações, sejam de que natureza forem. Não é só. Habilita-se também a pesar as razões e medir consequências, para decidir sempre pelo mais justo, embora desatendendo, muitas vezes, aos seus próprios desejos e interesses.
Um dia, como o Cristo, poderá afirmar que já venceu o mundo, pois, mesmo faminto, terá a capacidade de, voluntàriamente, abster-se de comer; conquanto rudemente ofendido, saberá refrear sua cólera e não revidar à ofensa; e, ainda que todos ao seu derredor estejam em pânico, manterá, imperturbável, sua paz interior.


FONTE
AS LEIS MORAIS, por Rodolfo Calligaris, ed.FEB


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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

ESTUDANDO AS OBRAS ESPIRITAS

SERVIÇO
Celso Martins


Um dos mais graves problemas com que se defronta o movimento espírita no Brasil (pesa-me muito dizê-lo) é justamente a falta de estudo criterioso, metódico, reflexivo das obras básicas de Allan Kardec. Nossos Centros ficam literalmente lotados nas sessões de caráter mediúnico porque, na verdade, os fenômenos, mais que isto, a possibilidade de obter alguma coisa do Plano Espiritual, tudo isso consegue atrair as massas populares como o mel atrai a mosca.
Geralmente, salvo honrosas exceções, todos querem ouvir um conselho sobre um assunto de ordem material, querem tomar um passe, beber água fluidificada, ver-se livre de uma perturbação e coisas assim... Mas... nas reuniões de estudos sérios, nos encontros para a leitura e a interpretação d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS ou do EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO ou ainda d’O LIVRO DOS MÉDIUNS, aí então podemos contar nos dedos, salvo - repito - honrosas exceções - o número dos assistentes, não raro o mesmo grupinho de sempre! Em decorrência disto, resultam desagradáveis conseqüências não só para o indivíduo mas também para o próprio Movimento Espírita. A Doutrina Consoladora não se restringe unicamente à produção de fatos mediúnicos, não! Para o espírita consciente, o mediunismo é um meio, é uma ferramenta de trabalho, porém não é o objetivo final do Espiritismo, não.

O mediunismo, nunca será demais repetir isto, é o meio mais eficiente para demonstrar a existência do Mundo Espiritual e as relações que se estabelecem entre os mortos (desencarnados) e os vivos (encarnados).
Todavia, a finalidade maior do Espiritismo, o fim supremo a que ele se destina é justamente a reforma moral das criaturas. Quer dizer, é o esclarecimento do Espírito, quer esteja encarnado ou não. É a sua purificação mediante a purificação de seus sentimentos como a que se consegue combatendo o orgulho, combatendo a vaidade, o egoísmo, como a que se obtém através da prática espontânea e constante das virtudes evangélicas, à frente das quais se destaca a Caridade.
Tudo isso se consegue estudando detidamente as obras básicas de Kardec e aquelas outras que lhe são imediatamente subsidiárias.
Há necessidade de debates e de encontros, de estudos e mesmo cursos regulares para a disseminação e melhor compreensão dos postulados espíritas em termos de esclarecimento nacional. E isto, notemos bem! — sem  nenhum laivos de salvacionismo ou de catequese! Por falta deste estudo, muita gente confunde o Espiritismo com o simples mediunismo! Vai daí a prática de atos ritualísticos (uso de velas, de defumadores, de cantos exóticos, de vestimentas especiais, de fórmulas secretas, de preces cabalísticas, de orientações astrológicas...) que em absoluto nada tem que ver com a pureza doutrinária do Espiritismo. Vai daí a crença em superstições que não encontram guarida no seio do corpo doutrinário do Espiritismo.

Vai daí enfim a permanência da criatura (tanto encarnada como desencarnada) nas teias da ignorância, nas malhas das crendices, nos atalhos da ilusão e o Espiritismo sendo considerado apriorísticamente uma terrível mixórdia de cultos primitivistas, de práticas fetichistas quando em verdade é uma doutrina altamente filosófica, espiritualista e espiritualizante, de monstrada cientificamente porque tem bases científicas e com implicações de ordem moral capaz de trazer nova luz para o nosso entendimento e muita paz para os nossos corações! A propósito, vale registrar aqui uma conversa que tive há tempos com um amigo. Foi mais ou menos assim o nosso diálogo: — Quer dizer que o senhor é Espírita Kardecista? — declarou certo amigo meu, a certa altura de uma longa palestra que travávamos animadamente. —
Não é bem assim. Eu só sou Espírita. Não sou Kardecista, não. — Ah!... Já sei O senhor então é umbandista? — concluiu logo o amigo sorridente. — Nada disso. Eu não sou umbandista, não. Já disse, sou Espírita. Espírita e nada mais. — Então agora eu é que não entendo mais nada. Os espíritas ou são Kardecistas ou são umbandistas. Ou será que existem outros grupos que eu ainda não conheço? — comentou ele desolado. Ao que eu então passei a explicar clara, objetiva e calmamente. — Olhe, não há nada na Doutrina Espírita que autorize a dividir os espíritas em dois, em três ou mais grupos distintos. A criatura ou é Espírita ou não é Espírita. Assim sendo, Umbandismo é uma coisa e Espiritismo é outra, muito diferente. A Umbanda por exemplo se formou por um processo que em Sociologia se chama de sincretismo religioso.
O dicionário nos ensina que, do ponto de vista filosófico, sincretismo é exatamente o sistema que combina princípios de diversos outros sistemas constituindo uma amálgama, isto é, uma mistura de concepções diversas. Um exemplo tirado à História das Religiões pode aclarar a questão. O Catolicismo durante a Idade Medieval recebeu a contribuição sincrética de crenças filosóficas de pensadores e de escolas gregas do Platonismo, do Néo-Platonismo, do Estoicismo, etc...; de certos princípios morais e de elementos históricos do povo judeu e dos cultos do Orfismo e do Oriente. Em virtude desta interação, ainda hoje o Catolicismo apresenta aspectos sincréticos como por exemplo as vestes paramentais de seus sacerdotes, a tonsura, o batismo pela água, que vem das práticas religiosas gregas em louvor à deusa Cotito, as imagens, as procissões, a vinda de um Messias a partir de uma virgem, etc... A própria festa de Natal tem raízes pagãs e foi incorporada ao Cristianismo pela Igreja por um processo sincrético.
Evidentemente não vai aqui nenhuma crítica maldosa aos nossos irmãos católicos com tais apreciações de caráter histórico. O próprio Jesus nos dizia que é preciso colocar o fermento em contato com a massa para levedá-la inteiramente. Historicamente a massa do paganismo só poderia ser levedada pelo fermento do Evangelho se este se misturasse com ela, graças, por exemplo, ao trabalho de um Paulo de Tarso levando a mensagem cristã aos chamados gentios. O fermento do Evangelho se misturou assim com a farinha da cultura da época. Há quem diga que o Espiritismo hoje em dia seja um outro exemplo de sincretismo religioso. Mas quem pensa assim, pensa errado. Não sei se você sabia, mas o sociólogo francês Halley Chatelain fêz pesquisas na África sobre as religiões primitivas que o tráfico negreiro trouxe para o Brasil; e apurou que tais religiões primitivas já vieram para cá misturadas com duas religiões superiores: o Islamismo e o Catolicismo.
A invasão islâmica na África e a catequese católica infiltraram nas religiões do chamado Continente Negro os seus elementos religiosos muito antes de que elas se transferissem para o Brasil. — Mas o Islamismo também? — estranhou o meu amigo. — Sim, o Maometanismo também.
Você quer um exemplo? Repare no uso dos turbantes. Sim, tal uso veio da Índia através dos maometanos que durante séculos dominaram a África, entendeu? Quero acrescentar que o fenômeno sincrético religioso afro-brasileiro entre os cultos africanos e o Catolicismo do Brasil colonial teve início no século 16, com a vinda dos primeiros negros para a Bahia. Desenvolveu-se lentamente nos séculos seguintes na total ausência do Espiritismo que aqui só chegou (a Codificação Kardeciana teve início com a publicação d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS em 1857) pelo fim do século 19 e mesmo assim ficou a princípio restrito às camadas mais cultas pois os livros do Codificador estavam escritos em francês, só mais tarde traduzidos para o nosso idioma.
Portanto, o Espiritismo nada tem a ver com o sincretismo afro-brasileiro nem com a Umbanda. Evidentemente com isso não quero dizer não tenha eu, particularmente todo respeito para com esta seita; e todo amor para com os seus adeptos que, afinal de contas, são nossos irmãos em nome de Deus e, diante da Lei de Deus e das leis de nosso país, têm a liberdade de seguir esta ou aquela religião.
Mas — Umbanda é uma coisa e Espiritismo é outra, bem diferente.
— Mas eles, os umbandistas, também praticam a mediunidade — objetou o meu amigo.
— E daí? O mediunismo não é exclusividade do Espiritismo, não! Nem do Umbandismo. O fato mediúnico aparece em todas as religiões e até mesmo em meios não religiosos. Logo, embora o mediunismo seja comum à Umbanda e ao Espiritismo, isso não quer dizer sejam a mesma coisa. O Espiritismo é uma doutrina filosófica, espiritualista, de bases científicas comprovadas e com conseqüências morais ou religiosas.
— E esta doutrina não foi fundada pelo senhor Allan Kardec? — interrompeu-me de novo o amigo; assim sendo, se foi ele que a fundou, e se segue você esta doutrina, então você é Kardecista... Você é Espírita Kardecista.
— Nada mais falso, meu irmão... Nada mais errado... Kardec em absoluto fundou religião ou doutrina alguma. O Espiritismo não foi de modo algum uma criação, urna invenção ou mesmo uma descoberta de Kardec. Ele apenas codificou, quero dizer, ele apenas organizou, deu organização lógica, estrutura didática, corporificou, deu corpo a urna doutrina que, a rigor, é dos Espíritos. Você poderá dizer se quiser, Codificação Kardeciana, Codificação de Allan Kardec, se referindo as sim ao trabalho que ele teve de organizá-la, de corporificá-la lançando as chamadas obras básicas, dirigindo as pesquisas da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, dirigindo a publicação mensal da Revista Espírita, enfim, estudando os fenômenos mediúnicos com critério de um cientista e deles tirando as conclusões de ordem sobretudo moral.
— Ah... Então Espiritismo não é o mesmo que Kardecismo, não? Exclamou ele.
— Não. Rigorosamente falando, não. Não sou, como vê você, Kardecista... Sou apenas Espírita. A palavra já diz tudo. É perfeitamente dispensável o adjetivo (Kardecista) que aí está empregado erradamente.
— Mas você sabe que por este imenso Brasil, muita gente pensa como eu pensava
antes de ouvir esta sua explicação?
— Sim, eu sei disso. Até mesmo nos meios oficiais há esta confusão dizendo-se Espiritismo Kardecista para diferençar de Espiritismo Umbandista, o que não corresponde à realidade doutrinária. E para dirimir tais dúvidas, creio que os escritores, os jornalistas, os oradores, os conferencistas, os presidentes de Centros Espíritas que militam ativamente em nosso meio deveriam frisar em seus escritos e em suas oratórias, o verdadeiro significado das palavras para evitar tanta deturpação em torno do assunto, às vezes sendo a confusão feita de boa-fé, por ignorância; outras vezes com visível má-fé, para desfigurar a imagem do que de fato é a Doutrina Espírita. Daí a necessidade imperiosa do seu estudo, estudando-se sempre e cada vez mais as obras de Allan Kardec.

Nota da Editora: Mais detalhes no livro O ESPIRITISMO E AS DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS do jornalista Deolindo Amorim. E também no livro UMBANDA EM JULGAMENTO, de Alfredo d’Alcântara.


Fonte
NA ROTA DO ANO 2000, por Celso Martins e Antonio F. Rodrigues, ed.ABC DO INTERIOR



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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

MEDIUNIDADE E OBSESSÃO NA INFÂNCIA

EDUCAÇÃO

17 A ocorrência de fatos relacionados à mediunidade na infância é um tema interessante.
Visões, obsessão, desenvolvimento da mediunidade serão abordados nesta seção.
O entrevistado é o Dr. Vitor Ronaldo Costa, nascido em Natal (RN),
Casado, pai de quatro filhos e avô de vários netos. Formou-se em Medicina e exerceu a clínica médica homeopática em Porto Alegre (RS) e em Brasília (DF), onde fixou residência e se aposentou da profissão.
Desenvolve múltiplas atividades no campo da divulgação espírita. É autor de várias obras doutrinárias, palestrante reconhecido e colaborador de inúmeros periódicos espíritas. Atua há cerca de trinta anos em reuniões mediúnicas desobsessivas praticadas em hospitais espíritas, participa de voluntário assistencial e desenvolve pesquisas nos vastos campos da mediunidade e da obsessão espiritual, procurando conciliar os propósitos da medicina clássica com os aspectos científicos do Espiritismo.

O que significa a fase infantil para o espírito reencarnante?


Vitor - Esta pergunta, pela sua complexidade e alcance, mereceria uma abordagem extensa sob vários ângulos, com a finalidade de melhor elaborarmos reflexões. No entanto, por exigüidade de espaço, tentaremos resumir o que pensamos a respeito. Inicialmente diríamos que a infância representa um processo lento e progressivo de adaptação da alma humana à cada realidade reencarnatória. Como se imagina, o mergulho na carne, de certa forma, tolhe temporariamente as amplas possibilidades do espírito imortal. O esquecimento das vidas pretéritas, aí incluídos os relacionamentos anteriores, o aprendizado intelectivo, as experiências na pobreza ou na riqueza, a prática deliberada do bem e do mal, tudo, permanece temporariamente encoberto pelo véu do esquecimento, não obstante as tendências instintivas se manifestarem desde cedo, como a denunciar a existência de todo um patrimônio mento-afetivo resguardado no psiquismo de profundidade, pronto a emergir e a se manifestar no decorrer da existência. O período de infância equivale a um tempo de repouso para o espírito. A própria imaturidade do sistema nervoso propicia um despertar gradativo das potencialidades anímicas. A inteligência e o senso de moralidade, como atributos do espírito, ganham amplitude à medida que o aparelho encefálico amadurece e se submete ao influxo dos fatores educativos e experiências emocionais.
Apesar da Humanidade atual ainda resguardar inúmeras imperfeições, temos na conta de medida providencial da Divindade, a existência do período de infância a impor ao espírito um certo obstáculo à plena manifestação de sua potencialidade negativa.
E seria um verdadeiro tormento se assim não acontecesse, pois o próprio esforço educacional proporcionado pelos pais, professores e religiosos, perderia a sua razão de Ser. Além disso, não se pode olvidar que na infância o Ser reencarnado mostra-se dependente de apoio, carinho, atenção e amor, o que o torna, sem dúvida, bem mais dócil e receptivo ao processo instrutivo. É um momento significativo e especial da existência, período a ser aproveitado da melhor maneira pelos adultos encarregados da transmissão dos valores morais a serem incutidos na mente infantil adequada e da educação formal dispensada pela escola e demais segmentos responsáveis da sociedade, resultará em graves prejuízos para a alma reencarnada, já que na fase infantil, as experiências existenciais exercerão forte influência, boa ou má, no comportamento futuro do indivíduo. No nosso modo de ver, a reencarnação é um desafio evolutivo, visto que, ninguém retorna ao Mundo para involuir ou permanecer estacionado na senda do progresso espiritual. A oportunidade reencarnatória sempre visa o avanço, a melhoria do Ser, a supressão paulatina das más tendências e o desenvolvimento pleno das virtudes intrínsecas.
O período infantil torna os espíritos maleáveis e acessíveis aos aconselhamentos, aos bons exemplos e às informações culturais saudáveis e enriquecidas de conteúdos instrutivos. A estruturação da personalidade depende essencialmente das experiências contabilizadas nessa fase da vida.
Desde que o relacionamento familiar se processe em clima de harmonia, civilidade e, que o processo educativo se estruture em bases edificantes é possível esperar que a criança reprima as más tendências e se desenvolva adequadamente, em especial, se a instrução pedagógica estiver coadjuvada por uma boa formação religiosa.

As crianças têm mais facilidade de ver e de se comunicar com os espíritos desencarnados?

Vitor - Sim. Eis uma questão de grande importância, pois a possibilidade de crianças contatarem o mundo invisível é muito mais provável do que se pode imaginar. Como se sabe, a mediunidade é um apanágio dos humanos, faz-se presente em todos, em graus variados. Os médiuns ostensivos são aqueles que contatam diretamente os espíritos por meio de faculdades conhecidas da maioria, entre elas, a vidência, a mediunidade auditiva, a psicografia e a psicofonia, para citar as mais comuns. No adulto, a mediunidade decorre de uma predisposição orgânica específica para determinada faculdade.
Todavia, a criança apresenta certa predisposição psicofisiológica muito especial, porquanto condizente com a fase inicial do processo encarnatório. Diríamos tratar-se da condição responsável pelo desencadeamento dos mecanismos mediúnicos sutis, nem sempre suspeitados pelos genitores. Tal fenômeno se deve ao fato de o processo reencarnatório só se achar concluído em torno dos sete anos de idade, momento em que as expansões perispirítuais aderem em definitivo a todo o cosmo celular orgânico, especialmente às células nervosas amadurecidas nesta faixa etária.
Assim, até que a reencarnação se consolide, ocorre uma espécie de semidesdobramento, o perispírito encontra-se levemente desacoplado do campo físico, condição capaz de ampliar a capacidade perceptiva e de criar verdadeiras brechas de conexão com a dimensão astral. Isto explica os casos de vidência mediúnica tão identificados no decorrer da etapa infantil.

Como os pais podem identificar sintomas de mediunidade em seus filhos ainda pequenos, diferenciando-os do comportamento normal infantil?

Vitor - Na prática, pais e educadores fazem referências aos diálogos “imaginários” que se desenrolam ao longo dessa faixa etária. Porém, o desconhecimento das filigramas mediúnicas comuns à infância colabora para que o critério da imaginação prevaleça sobre o mediúnico, falseando um pouco a realidade dos fatos. Algumas crianças são capazes de conversar horas com seus amiguinhos invisíveis, diálogos tão espontâneos quanto criativos, como se de fato estivessem interagindo com encarnados.
Geralmente tais fenômenos não trazem repercussões negativas, pois a mediunidade natural desabrochada espontaneamente, costuma se caracterizar pelo processo de vidência, tornando-se ocorrência comum, despida de prejuízos para o psiquismo infantil.

É prudente desenvolver a faculdade mediúnica em crianças?

Vitor - O bom senso recomenda não incentivar o desenvolvimento de mediunidade em crianças, a exemplo da psicofonia e psicografia, pois haveria a possibilidade de acontecer uma sobrecarga do sistema nervoso, situação capaz de levá-la a um processo de exaustão.
Além disso, poderiam acontecer repercussões negativas sobre o campo mental em decorrência de possíveis obsessões espirituais, tal qual acontece com alguns médiuns adultos.
Se na fase adulta, o médium ostensivo, às vezes, enfrenta dificuldades para manter o seu próprio equilíbrio, imaginem uma criança ainda desprovida de conhecimento doutrinário e maturidade suficiente para encarar com responsabilidade tão significativo mandato.
Todavia, a faculdade de vidência que naturalmente se observa nas crianças não requer maiores cuidados, pois costuma desaparecer após os sete anos de idade sem deixar seqüelas orgânicas ou psíquicas.

Então existe mesmo a possibilidade de ocorrência de processos obsessivos na infância? Como tratá-los?

Vitor - A obsessão é uma enfermidade espiritual que compromete as criaturas a despeito do sexo, idade, condição social etc. O espírito em sua trajetória evolutiva armazena em sua memória integral, tanto as realizações louváveis quanto os desatinos cometidos em outras reencarnações. O mal praticado contra os semelhantes contribui para enfraquecer a própria estrutura perispiritual, tornando-a mais vulnerável ao assédio obsessivo. Além disso, o prejuízo imposto aos outros costuma fomentar inimizades duradouras que se arrastam por séculos, desde que, os espíritos envolvidos em contendas lamentáveis não despertem para o perdão mútuo. É assim que florescem os ódios viscerais consumados em forma de perseguições espirituais mútuas e aparentemente intermináveis.
O ódio e o sentimento abastardado de vingança desconhecem limites éticos, daí o motivo das obsessões desferidas contra crianças incapazes de esboçarem um gesto de autodefesa.
Em nossas reuniões mediúnicas assistenciais já identificamos casos de assédios dirigidos contra embriões no útero materno, tornando inviável o processo gestatório em decorrência dos abortos obsessivos. São eventos não diagnosticados pela Medicina e que permanecem sem o tratamento adequado. Quantas crianças acometidas de síndromes convulsivas constituem-se em verdadeiros desafios para os neurologistas incapazes de identificarem a causa real do processo.
Pois bem, após serem investigadas à luz do Espiritismo prático, mostram-se vítimas de terríveis artimanhas obsessivas articuladas pelos vingativos algozes desencarnados. Em certa ocasião recebemos lá no hospital espírita onde prestávamos concurso, uma criança acometida de crises repetidas de agitação psicomotora. Atirava-se ao chão, esperneava e gritava sem que nenhuma medida terapêutica a acalmasse.
Sugerimos então, uma investigação espiritual do tipo desobsessiva, iniciativa que se mostrou acertada e posteriormente coroada de pleno sucesso.
Tratava-se de severo quadro obsessivo.
Após o terceiro atendimento, o espírito vingativo rendeu-se aos reclamos evangélicos e consentiu em afastar-se para receber orientação e tratamento em hospital do astral. Alguns dias depois a criança mostrava-se bem mais calma e cooperativa. Logo, fica demonstrada a importância dos trabalhos desobsessivos habitualmente praticados nas Casas Espíritas. Cremos que dentro em breve, os tarefeiros da saúde sentir-se-ão curiosos em conhecer os detalhes relacionados com os chamados tratamentos espirituais. Quando isso acontecer, novos horizontes científicos serão descortinados e todos reconhecerão a importância dos aspectos morais da vida na consagração da saúde integral.

A escola espírita pode contribuir para o aperfeiçoamento do ensino em busca da educação integral?

Victor - Não há dúvida. A escola espírita é aquela que além de patrocinar a formação curricular básica, acrescenta os preceitos fundamentados na realidade da vida imortal; é aquela que desperta nas consciências infantis a importância de se cultivar os bons hábitos, o respeito ao próximo e o sentimento de fraternidade, da mesma forma como se procede nas aulas de evangelização patrocinadas pelas instituições espíritas. É papel da escola espírita desmistificar os dogmas religiosos que encobrem até hoje as verdades espirituais, ensinando os fundamentos da reencarnação e da lei de causa e efeito. A criança ilustrada à luz dos conhecimentos consoladores torna-se fator multiplicador de uma cultura de paz e atua na sociedade como instrumento modelador de um mundo melhor. A pedagogia espírita colabora para afirmar nos corações infantis a certeza de que a evolução espiritual depende unicamente do respeito incondicional às leis de justiça, amor e caridade. De acordo com os postulados espíritas o mais poderoso é aquele que cultiva a mansuetude e rejeita a violência; o mais inteligente é aquele que reconhece a supremacia da bondade Divina e recusa o cultivo do ódio e da vingança, e, o mais feliz é aquele que sabe compartilhar com os semelhantes em detrimento do egoísmo que avilta e infelicita a alma. A escola espírita propõe, enfim, a máxima “fora da caridade não há salvação”, afirmando que o caminho para a união dos povos é aquele exemplificado de maneira simples pelo Mestre Nazareno, O meigo governador planetário.


Fonte: Resenha Espírita, nº1,2 e 3


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ANO XXX Nº351
Janeiro 2006
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