quinta-feira, 8 de março de 2012

Estudando as obras de André Luiz





JOSÉ ANTÔNIO V. DE PAULA
De Cambé


Nunca se valorizaram tanto as doenças psicossomáticas quanto nos dias atuais. Mas sempre fica a dúvida: Como uma emoção pode causar doença física? A Doutrina Espírita nos esclarece quando nos apresenta o perispírito, como instrumento intermediário entre o corpo e o espírito, de forma que o que o corpo registre, o espírito também registrará, o mesmo se dando na ordem inversa, o que o espírito sinta, o corpo também sentirá.
André Luiz, no seu livro “Missionários da Luz”, apresenta-nos um belo exemplo daquilo que hoje chamamos doença psicossomática. No seu capítulo dezenove, quando narra sua visita a uma Instituição Espírita onde eram proferidas sessões de cura, Anacleto, seu orientador e amigo, pede que observe uma senhora respeitável, localizada na mesa de serviços, e que olhe mais atentamente para o seu coração, particularmente para válvula mitral.
André deteve-se em acurado exame da região mencionada e percebeu algo, que assim descreveu em sua obra: “Descobri a existência de tenuíssima nuvem negra que cobria grande extensão da zona indicada, interessando ainda a válvula aórtica e lançando filamentos quase imperceptíveis sobre o nódulo sino-auricular.”
Anacleto, que ali estava para orientar, logo acrescentou: “André, assim como o corpo físico pode ingerir alimentos venenosos que lhe intoxicam os tecidos, também o organismo perispiritual pode absorver elementos de degradação que lhe corroem os centros de força, com reflexos sobre as células materiais. Se a mente da criatura encarnada ainda não atingiu a disciplina das emoções, se alimenta paixões que a desarmonizam com a realidade, pode, a qualquer momento intoxicar-se com as emissões mentais daqueles com quem convive e que se encontrem no mesmo estado de desequilíbrio.”
“Às vezes, semelhantes absorções constituem simples fenômenos sem maior importância; todavia, em muitos casos são suscetíveis de ocasionar perigosos desastres orgânicos. Isto acontece, mormente quando os interessados não têm vida de oração, cuja influência benéfica pode anular inúmeros males.”
Nessa explanação, o amigo espiritual não está apenas falando do adoecer, mas oferecendo o antídoto para esses tipos de tormentas: a prece.
Na seqüência, ele conclui o estudo: “Esta amiga, na manhã de hoje, teve sérios atritos com o esposo, entrando em grave posição de desarmonia íntima. A pequena nuvem que lhe cerca o órgão vital representa matéria mental fulminatória. A permanência de semelhantes resíduos no coração pode ocasionar-lhe perigosa enfermidade.”
E assim, nesse capítulo, o escritor nos apresenta um exemplo do adoecimento físico por causas emocionais.
O caso se encerra com Anacleto colocando sua mão sobre a região do estômago daquela senhora e aplicando um jato de energias que dispersaram por completo aquelas densas vibrações, libertando temporariamente aquela senhora de um mal maior.

O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº 624 Fevereiro de 2006
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Crônicas de Além-Mar


ELSA ROSSI
De Londres

Estudando sempre a Doutrina Espírita, não seremos pegos de surpresa, quando nos defrontarmos com convites para fazermos um pronunciamento espírita onde quer que estejamos.

Visitamos esporadicamente um ou outro país do continente europeu, onde abrange a nossa área de atuação dentro do Departamento de Unificação da Coordenadoria Europa do Conselho Espírita Internacional, tarefa essa que assumimos já há alguns anos.
No período de Natal de 2005, estivemos por uma semana com nossa amiga Nelly Berchtold, desta feita em descanso de pequenas férias.
Nelly é vice-presidente da União dos Centros Espíritas da Suíça - UCESS e também presidente do Grupo Espírita Estesia, na cidade de Berna, capital da Suíça.
Estando lá para o descanso de final de ano, e na impossibilidade da palestrante convidada comparecer para a palestra da terça-feira após o Natal, Nelly nos pediu se poderíamos desenvolver a palestra, pois o grupo espírita, apesar do período natalino, estaria com suas tarefas normais, sem fechar as portas. Não hesitamos um segundo e dissemos sim. Passamos um dia agradável, orei várias vezes durante o dia pedindo a inspiração do tema a ser exposto na noite seguinte.
À noite, ao retornarmos pra casa, sob um frio de 9 graus, após orarmos, nos veio o tema que deveríamos falar – sobre os Milagres.
Abrimos os olhos e nos deparamos com o livro “A Gênese”, que estava a nossa frente, no alto da estante do quarto em que estávamos hospedados em casa de Nelly.
Que alegria senti!
Tomei do livro, folheei-o mecanicamente, enquanto me inspirava a buscar no índice o tema. E o segundo item do livro, capítulos XIII, XIV e XV. Li o assunto com muita atenção, fiz minhas pequenas anotações e com isso o tema foi inserido na minha memória. Daí pra frente, era só reler para que a base do assunto ficasse bem alicerçada.
Na noite aprazada, ficamos surpresa com a quantidade de pessoas presentes, num dia de muita neve e 9 graus negativos. Os corações aquecidos pela fraternidade, unidos, faziam brilhar o ambiente.
Sentimos a presença amorosa de nossos Benfeitores que muito nos ajudaram na explanação, e foi ótimo, pois mais aprende aquele que estuda, que lê para repassar a outrem.
Entendemos então, pelas perguntas que eram formuladas pelos presentes, que o que ali levamos naquela noite veio ao encontro dos esclarecimentos de muitos corações, do que sejam os Milagres, sob a ótica espírita.
Com isso, nós mesmos recebemos as informações através do estudo proposto pelo convite de nossa querida Nelly, e quão bem nos fez podermos contribuir da forma que mais nos engrandece a alma, que é o estudo espírita.
Vamos entendendo que nós espíritas temos de estar sempre vigilantes, estudando, nos informando cada vez mais nas bases kardequianas da Doutrina Espírita, nas obras complementares que são um compêndio do bem viver para adquirirmos mais conhecimentos.
Lá fora a neve continuava a cair. O contentamento daqueles que enfrentaram o frio e a neve da noite pós-natalina, onde a luminescência das pequeninas lâmpadas em cores festivas refletidas no brilho da neve sob a luz dos postes altos agigantava a nossa alma em alegrias somando-se à alegria do Natal suíço.
Não esquecerei aquela noite!
ELSA ROSSI, escritora e palestrante espírita brasileira radicada em Londres, é diretora do Departamento de Unificação para os Países da Europa, organismo do Conselho Espírita Internacional, vicepresidente do Spiritist Group of Brighton, diretora do Departamento de Eventos da British Union of Spiritist Societies (BUSS) e editor do Boletim SGB.



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Inteligência espiritual - Barbet

Sobre a evolução das religiões, ou como Kardec chegou ao Espiritismo


(1ª Parte)

AIGLON FASOLO
aiglon@nemora.com.br
 Londrina, Paraná (Brasil)

Os persas - Na Pérsia aparecem claramente, pela primeira vez na história, alguns fatos característicos. Primeiro, funda-se uma religião. Segundo, é fundada por um homem. E, por último, é fundada sobre uma idéia.
Já se haviam produzido no mundo fatos semelhantes, claro.
A tentativa de Aknaton, no Egito, na 18ª dinastia, é um exemplo.
Porém, Aknaton fracassou; e realmente sua idéia parecia mais política que religiosa, como era comum no Egito. Na Pérsia, no entanto, é onde encontramos pela primeira vez, com toda a precisão, uma nova religião trazida por um homem, Zoroastro, e uma idéia, a idéia do bem e do mal como princípio essencial desta religião.
As religiões do Egito e da Mesopotâmia não haviam sido realmente fundadas; haviam crescido gradualmente: os deuses estavam ali, ao redor dos homens, não se sabia desde quando, e não se tinha mais que aceitá-los. Como fundar uma religião? Todos os homens em todos os países conhecidos tinham seus deuses. Os deuses de outros países também podiam ser acessados, era normal. Era comum dizer-se quando em país estranho ao se cumprimentar uma pessoa: “e teu deus será meu deus”.
Porém, chega Zoroastro e diz: “Não, não existe a não ser um Deus, e seu adversário. Outros deuses não são mais que espíritos subordinados, não deuses. Este Deus, Ormuz (Ahura Mazda, em persa), se revelou a mim, Zoroastro. Este Deus dá ao homem livrearbítrio e o coloca perante uma escolha: o mundo está cheio de mentiras, de espíritos maus que o tentam; o homem deve seguir a Ormuz e à verdade”.
Qual a base dessa escolha? O princípio do bem. Os deuses egípcios e mesopotâmios, em constante luta entre si, praticavam uma justiça muito peculiar, de favorecimento a uns em detrimento de outros. A justiça não fazia parte importante de suas doutrinas.
O pensamento de Zoroastro
- Com Zoroastro as coisas serão diferentes. Ele proclama que Ormuz é o bem, só deseja o bem do homem, e luta contra o mal. Esta idéia é o coração da nova religião, e o mundo inteiro será reorganizado ao redor dessa idéia.
E o homem não se deterá só aí. Aparecerão novos fundadores de religiões, que porão em vigência novas idéias. Jesus fundará uma religião baseada na idéia do amor, Buda, na idéia do sofrimento, Maomé, em um plano menos evoluído, na idéia da unidade de Deus.
Dali em diante, a luta entre as idéias claras e razoáveis: o amor, o bem, a piedade, a caridade, contra as mitologias do mundo primitivo, é o que encherá toda a história da humanidade.
Zoroastro, de acordo com Clemen, um dos maiores estudiosos da matéria, teria vivido aproximadamente 1.000 anos antes de Cristo. Seus ensinamentos foram perpetuados nos primeiros capítulos do Zendavesta, a bíblia do Zoroastrismo. Esses capítulos, chamados Gatha, são o equivalente ao Pentateuco judeu. Outros capítulos foram sendo acrescidos posteriormente.
O que diz Zoroastro? Dois princípios são a origem das coisas: O Bem e o Mal. O bem é Deus, Ormuz, o mal é o que os Gatha chamam de “O mentiroso”, Arimã, a mentira. Ormuz fez o mundo bom, Arimã porém introduziu o mal no mundo.
Vejam alguns excertos do Gatha:
“Agora quero proclamar, ante aqueles que queiram ouvir, estas coisas que todo homem sábio deve recordar, ao cantar hinos de louvor a Ormuz, e fazer orações ao bom pensamento e à felicidade que vem com as luzes celestes e só pode ser vista por aquele que pensa com sabedoria.”
A eterna luta entre o bem e o mal – Eis outros excertos:
“Escutai com vossos ouvidos tudo o que é o bem; cada homem deve decidir por si mesmo, antes da consumação final, qual será sua escolha. Porque os dois espíritos primordiais, que estarão à sua frente, serão o Bem e o Mal. Os justos terão escolhido entre os dois, e terão escolhido bem. Porém, os insensatos não terão sabido escolher. E quando esses dois espíritos voltarem a se encontrar, na origem, estabelecerão a vida e a não-vida. E ao fim de todas as coisas, a má existência será para o que seguiu a mentira. O melhor pensamento será para aqueles que seguiram o caminho do bem”.
“O espírito santíssimo escolhe o bem, e o imitam aqueles que querem agradar a Ormuz, por meio de boas ações. Os demônios escolheram mal entre eles, pois a loucura os dominou enquanto deliberavam, e se decidiram pelo mau pensamento. Então se utilizaram da violência para debilitar o mundo dos homens.
“Oh! mortais, se obedecerdes aos mandamentos de Ormuz, que ordena a felicidade e o sofrimento, o castigo longo dos mentirosos e maus, a bênção dos bons, tereis a felicidade eterna!”
Ormuz tem seis ministros, que são realmente suas seis funções: o bom pensamento, a melhor virtude, o reino desejado, o abandono generoso (a caridade), a saúde e a imortalidade.
Ormuz é o verdadeiro Deus porque antes de tudo tem a superioridade moral e metafísica de ser o bem, e também porque no fim dos tempos o mal será definitivamente vencido.
O Mal somente se impõe pela mentira; os espíritos que escolheram o mal, o fizeram por terem perdido a cabeça, e ao final, quando o mal for definitivamente vencido todos terão a divina recompensa.
O maniqueísmo, fundado por Manés, foi uma das religiões que se basearam no princípio da luta do bem contra o mal, que foi criada pelo zoroastrismo mas repudiada pelos seguidores de Zoroastro, por igualar a força dos dois, anátema para os seguidores de Zoroastro. Um conhecido seguidor de Manés foi Agostinho de Hipona, Santo Agostinho, em sua juventude.
(No próximo artigo falaremos sobre a Cabala judaico-cristã.)

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Madre Teresa de Calcutá - Barbet

Uma vida devotada aos pobres, aos doentes e aos esquecidos Conhecida como "a santa dos pobres mais pobres", Inês Gonxha Bojaxhiu nasceu em Skopja, capital da atual república da Macedônia. Aos 21 anos, mudando seu nome para Teresa, ingressou em um Convento de Calcutá. Onze anos mais tarde deixaria o mesmo e começaria a trabalhar nos bairros mais pobres da cidade, vindo a fundar em 1946, a Congregação das Missionárias da Caridade. Seu papel em favor dos mais necessitados rendeu a Madre Tereza o Prêmio Nobel da Paz e o reconhecimento de seu trabalho no mundo.

08 de março - Dia Internacinal da Mulher - Barbet

quarta-feira, 7 de março de 2012

Justiça divina


JANE MARTINS VILELA




De Cambé

A reencarnação e a compreensão da justiça divina, que facultam ao Espírito vencer arestas aparando defeitos, adquirindo virtudes nas experiências que vivencia e crescendo em amor e sabedoria, dão àquele que tem esse conhecimento uma sensação de paz frente aos embates da vida e a certeza do jugo suave e do fardo leve, se embasado na vivência cristã genuína.
Referente a esse fato, pudemos observar isso numa senhora muito simples, assistida por nossa Casa espírita. Há alguns dias ela nos pediu para conversar em particular e contou-nos um problema familiar, que ela compreende com serenidade por receber a orientação espírita.
Uma netinha sua de um ano e meio não anda, não sustenta o corpo e não tem o desenvolvimento normal para a idade. Faz fisioterapia e já passou por vários médicos, sem resultados. O pai da menina, revoltado, se entrega à violência, blasfemando, reclamando, gritando. A pequena criança tem se assustado muitas vezes e entrado no choro sem motivo aparente. A avó compreende que ela está sendo assediada por cobradores do passado ou por Espíritos que estão acompanhando o pai na sua rebeldia, dado o seu inconformismo.
Situações de sofrimento, dores acerbas ainda grassam intensamente na Terra. Não haveria justiça se houvesse apenas uma única existência. A reencarnação adquire uma lógica irretorquível quando se analisa a desigualdade que há em toda a parte, tanto moral quanto econômica, quanto na saúde dos indivíduos. Somente crescendo no conhecimento e no amor e chegando à plenitude do amor é que, de fato, haveremos de ver a felicidade imperar na Terra, mas é possível não ser infeliz quando se compreende o porquê da dor.
Essa senhora que nos contou seu caso é uma entre milhares de outros que passam por sofrimentos inenarráveis, mas ela sorri, tem esperança, tem a noção da Justiça Divina, encara a dor de sua neta como uma bendita oportunidade de crescimento, e se prontifica a ajudá-la no que for possível, a amar sempre.
Bendito o momento em que a luz do Espiritismo se derramou sobre a Terra, a partir do sublime comando do Cristo, que designou o insigne professor Allan Kardec para codificá-lo e dar-lhe direção!
O Espiritismo é luz bendita!
Que o espírita aproveite muito a presença dessa luz em sua vida e deixe-a brilhar em sua conduta e em seus olhos, vivenciando o que aprende, pois oportunidade como essa que desfruta agora não sabemos quando voltará!
Aproveitemos o máximo para que essa justiça venha sempre a nos encontrar pacificados pela conduta reta e o caráter nobre.

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Clássicos do Espiritismo


A Alma é Imortal (Parte 1)

ANGÉLICA REIS
De Londrina

Iniciamos neste número a publicação do texto condensado da obra A Alma é Imortal, de Gabriel Delanne, traduzida por Guillon Ribeiro e publicada pela Editora da FEB. As páginas citadas referem-se à 6a edição.
*
1. A ciência espírita prova que a alma não é uma entidade ideal, uma substância imaterial sem extensão, mas sim que é provida de um corpo sutil, onde se registram os fenômenos da vida mental e a que foi dado o nome de perispírito.
O “eu” pensante é inteiramente distinto do seu envoltório, mas Espírito e perispírito são inseparáveis um do outro. (Pág. 12)
2. Foi pela observação que os espíritas descobriram a existência do perispírito. Aliás, os magnetizadores já haviam chegado à mesma conclusão, valendo-se de outros métodos. Assim é que, segundo Billot, Deleuze e Cahagnet, a alma conserva, após a morte, uma forma corporal que a identifica, observação confirmada pelos médiuns videntes. (Pág. 14)
3. As narrativas dos sonâmbulos e dos videntes têm grande valor, mas não nos dão uma prova material. Eis por que os espíritas fizeram todos os esforços por obter a prova inatacável e o conseguiram: as fotografias de Espíritos desencarnados, as impressões por estes deixadas em substâncias moles ou friáveis, e as moldagens de formas perispirituais. (Pág. 14)
4. Esse caminho foi aberto pelos fenômenos de desdobramento do ser humano, denominados por vezes de bicorporeidade Há no momento mais de dois mil fatos, bem verificados de aparições de vivos, mas os pesquisadores não se limitaram a observá-los e chegaram a reproduzi-los experimentalmente. (Pág. 15)
5. Descobriu-se, por fim, que o organismo fluídico contém todas as leis organogênicas pelas quais o corpo se forma, o que explica como a forma típica de um indivíduo pode manter-se durante a vida toda, sem embargo da renovação incessante de todas as partes do corpo material. (Pág. 16)
6. A natureza íntima da alma ainda nos é desconhecida. Quando dizemos que ela é imaterial, devemos entender essa expressão em sentido relativo e não absoluto, porquanto a imaterialidade completa seria o nada. Ora, a alma ou o espírito é alguma coisa que pensa, sente e quer. Assim, quando a qualificamos de imaterial, queremos dizer que sua essência difere tanto do que conhecemos fisicamente, que nenhuma analogia guarda ela com a matéria. (Pág. 17)
7. O corpo espiritual reproduz, quase sempre, o tipo que o Espírito apresentava na sua última encarnação e é provavelmente a essa semelhança que se devem as primeiras noções acerca da imortalidade. (Pág. 18)
8. Em todas as partes do globo, mesmo entre os indígenas, a sobrevivência do ser pensante é unanimemente afirmada. Remontando aos mais antigos testemunhos que possuímos - isto é, aos hinos do Rigveda - vemos que os homens que viviam nas faldas do Himalaia, no Sapta Sindhu, tinham intuições claras sobre o além da morte. (Pág. 19)
9. As modernas experiências sobre os Espíritos que se deixam fotografar ou se materializam mostram que o perispírito é uma realidade física, tão inegável como o corpo material. Ora, era essa a crença dos antigos habitantes da margem do Nilo e constitui fato digno de nota que, no alvorecer de todas as civilizações, topemos com crenças fundamentalmente semelhantes. (N.R. Esta obra surgiu logo após A Evolução Anímica, que é de 1895.) (Pág. 21)
10. No Egito, antes mesmo das primeiras dinastias históricas, surgiu a idéia de que somente “uma parte do homem” ia viver segunda vida. Não era uma alma, era um corpo, diferente do primeiro, mas proveniente deste, embora mais leve, menos material. Esse corpo, quase invisível, saído do primeiro corpo mumificado, estava sujeito também a todos os reclamos da existência: era preciso alojá-lo, nutri-lo, vesti-lo. Sua forma, no outro mundo, reproduzia - pela semelhança - o primeiro corpo. É o ka, o duplo, ao qual, no antigo Império - 5004 a 3064 a.C. -, se prestava o culto aos mortos. (Pág. 22)
11. Pelos fins da 18a dinastia - 3064 a 1703 a.C. - os sacerdotes conceberam um sistema em que coubessem essa e outras hipóteses formuladas sobre esse tema. A pessoa humana foi tida, então, como composta de quatro partes: o corpo material, o duplo (ka), a substância inteligente (khou) e a essência luminosa (ba ou baí). Essas quatro partes reduziam-se, no entanto, a duas, visto que o duplo (ka) era parte integrante do corpo material durante a vida, e a essência luminosa (ba) se achava contida na substância inteligente (khou). A imortalidade da alma substituía, assim, a imortalidade do corpo, que fora a primeira concepção egípcia. (Págs. 22 e 23)
12. Na China, o culto dos Espíritos se impôs desde a mais remota Antigüidade. Confúcio respeitou essas crenças e, certo dia, entre os que o cercavam, admirou umas máximas - escritas 1.500 anos antes - sobre uma estátua de ouro, no Templo da Luz, sendo uma delas a seguinte: “Falando ou agindo, não penses, embora te aches só, que não és visto, nem ouvido: os Espíritos são testemunhas de tudo”. (Pág. 23)
13. Na China de então se acreditava que os céus eram povoados, como a Terra, não apenas pelos gênios, mas também pelas almas dos homens que neste mundo viveram.
A par do culto dos Espíritos, estava o dos antepassados, que tinha por objeto, além de conservar a lembrança dos avós e de os honrar, atrair a atenção deles para os seus descendentes, que lhes pediam conselhos em todas as circunstâncias importantes da vida. (Pág. 23)
14. A natureza da alma era bem conhecida dos chineses. Confúcio atribuía aos Espíritos um envoltório semimaterial, um corpo aeriforme.
Quando o budismo penetrou na China, assimilou-lhe as antigas crenças e continuou as relações estabelecidas com os mortos. (Pág. 24)
15. O Sr. Estanislau Julien narra assim a aparição do Buda, devida a uma prece feita por Hiuen-Thsang, que viveu por volta do ano 650 d.C.: “Tomado de alegria e de dor, recomeçou ele as suas saudações reverentes e viu brilhar e apagar-se qual relâmpago uma luz do tamanho de uma salva. Então, num transporte de júbilo e amor, jurou que não deixaria aquele sítio sem ter visto a sombra augusta do Buda. Continuou a prestar-lhe suas homenagens e, ao cabo de duzentas saudações, teve de súbito inundada de luz toda a gruta e o Buda, em deslumbrante brancura, apareceu, desenhando-se-lhe majestosamente a figura sobre a muralha”. “Ofuscante fulgor iluminava os contornos da sua face divina.” (Pág. 24)

(Continua no próximo número.)

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