A Alma é Imortal (Parte 1)
ANGÉLICA REIS
De
Londrina
Iniciamos neste número a publicação do texto
condensado da obra A Alma é Imortal, de Gabriel Delanne, traduzida por
Guillon Ribeiro e publicada pela Editora da FEB. As páginas citadas referem-se
à 6a edição.
*
1. A ciência espírita prova que a alma não é
uma entidade ideal, uma substância imaterial sem extensão, mas sim que é
provida de um corpo sutil, onde se registram os fenômenos da vida mental e a que
foi dado o nome de perispírito.
O “eu” pensante é inteiramente distinto do
seu envoltório, mas Espírito e perispírito são inseparáveis um do outro. (Pág.
12)
2. Foi pela observação que os espíritas
descobriram a existência do perispírito. Aliás, os magnetizadores já haviam
chegado à mesma conclusão, valendo-se de outros métodos. Assim é que, segundo Billot,
Deleuze e Cahagnet, a alma conserva, após a morte, uma forma corporal que a
identifica, observação confirmada pelos médiuns videntes. (Pág. 14)
3. As narrativas dos sonâmbulos e dos
videntes têm grande valor, mas não nos dão uma prova material. Eis por que os
espíritas fizeram todos os esforços por obter a prova inatacável e o
conseguiram: as fotografias de Espíritos desencarnados, as impressões por estes
deixadas em substâncias moles ou friáveis, e as moldagens de formas
perispirituais. (Pág. 14)
4. Esse caminho foi aberto pelos fenômenos de
desdobramento do ser humano, denominados por vezes de bicorporeidade Há no momento
mais de dois mil fatos, bem verificados de aparições de vivos, mas os
pesquisadores não se limitaram a observá-los e chegaram a reproduzi-los
experimentalmente. (Pág. 15)
5. Descobriu-se, por fim, que o organismo
fluídico contém todas as leis organogênicas pelas quais o corpo se forma, o que
explica como a forma típica de um indivíduo pode manter-se durante a vida toda,
sem embargo da renovação incessante de todas as partes do corpo material. (Pág.
16)
6. A natureza íntima da alma ainda nos é
desconhecida. Quando dizemos que ela é imaterial, devemos entender essa
expressão em sentido relativo e não absoluto, porquanto a imaterialidade
completa seria o nada. Ora, a alma ou o espírito é alguma coisa que pensa, sente
e quer. Assim, quando a qualificamos de imaterial, queremos dizer que
sua essência difere tanto do que conhecemos fisicamente, que nenhuma analogia guarda
ela com a matéria. (Pág. 17)
7. O corpo espiritual reproduz, quase sempre,
o tipo que o Espírito apresentava na sua última encarnação e é provavelmente a
essa semelhança que se devem as primeiras noções acerca da imortalidade. (Pág.
18)
8. Em todas as partes do globo, mesmo entre
os indígenas, a sobrevivência do ser pensante é unanimemente afirmada.
Remontando aos mais antigos testemunhos que possuímos - isto é, aos hinos do Rigveda
- vemos que os homens que viviam nas faldas do Himalaia, no Sapta Sindhu,
tinham intuições claras sobre o além da morte. (Pág. 19)
9. As modernas experiências sobre os
Espíritos que se deixam fotografar ou se materializam mostram que o perispírito
é uma realidade física, tão inegável como o corpo material. Ora, era essa a crença
dos antigos habitantes da margem do Nilo e constitui fato digno de nota que, no
alvorecer de todas as civilizações, topemos com crenças fundamentalmente
semelhantes. (N.R. Esta obra surgiu logo após A Evolução Anímica,
que é de 1895.) (Pág. 21)
10. No Egito, antes mesmo das primeiras
dinastias históricas, surgiu a idéia de que somente “uma parte do homem” ia
viver segunda vida. Não era uma alma, era um corpo, diferente do primeiro, mas proveniente
deste, embora mais leve, menos material. Esse corpo, quase invisível, saído do
primeiro corpo mumificado, estava sujeito também a todos os reclamos da existência:
era preciso alojá-lo, nutri-lo, vesti-lo. Sua forma, no outro mundo, reproduzia
- pela semelhança - o primeiro corpo. É o ka, o duplo, ao qual, no
antigo Império - 5004 a 3064 a.C. -, se prestava o culto aos mortos. (Pág.
22)
11. Pelos fins da 18a dinastia - 3064 a 1703
a.C. - os sacerdotes conceberam um sistema em que coubessem essa e outras
hipóteses formuladas sobre esse tema. A pessoa humana foi tida, então, como composta
de quatro partes: o corpo material, o duplo (ka), a substância inteligente
(khou) e a essência luminosa (ba ou baí). Essas quatro
partes reduziam-se, no entanto, a duas, visto que o duplo (ka) era parte
integrante do corpo material durante a vida, e a essência luminosa (ba) se
achava contida na substância inteligente (khou). A imortalidade da alma
substituía, assim, a imortalidade do corpo, que fora a primeira concepção
egípcia. (Págs. 22 e 23)
12. Na China, o culto dos Espíritos se impôs
desde a mais remota Antigüidade. Confúcio respeitou essas crenças e, certo dia,
entre os que o cercavam, admirou umas máximas - escritas 1.500 anos antes -
sobre uma estátua de ouro, no Templo da Luz, sendo uma delas a seguinte: “Falando
ou agindo, não penses, embora te aches só, que não és visto, nem ouvido: os
Espíritos são testemunhas de tudo”. (Pág. 23)
13. Na China de então se acreditava que os
céus eram povoados, como a Terra, não apenas pelos gênios, mas também pelas
almas dos homens que neste mundo viveram.
A par do culto dos Espíritos, estava o dos
antepassados, que tinha por objeto, além de conservar a lembrança dos avós e de
os honrar, atrair a atenção deles para os seus descendentes, que lhes pediam conselhos
em todas as circunstâncias importantes da vida. (Pág. 23)
14. A natureza da alma era bem conhecida dos
chineses. Confúcio atribuía aos Espíritos um envoltório semimaterial, um corpo
aeriforme.
Quando o budismo penetrou na China,
assimilou-lhe as antigas crenças e continuou as relações estabelecidas com os
mortos. (Pág. 24)
15. O Sr. Estanislau Julien narra assim a
aparição do Buda, devida a uma prece feita por Hiuen-Thsang, que viveu por
volta do ano 650 d.C.: “Tomado de alegria e de dor, recomeçou ele as suas saudações
reverentes e viu brilhar e apagar-se qual relâmpago uma luz do tamanho de uma
salva. Então, num transporte de júbilo e amor, jurou que não deixaria aquele sítio
sem ter visto a sombra augusta do Buda. Continuou a prestar-lhe suas homenagens
e, ao cabo de duzentas saudações, teve de súbito inundada de luz toda a gruta e
o Buda, em deslumbrante brancura, apareceu, desenhando-se-lhe majestosamente a
figura sobre a muralha”. “Ofuscante fulgor iluminava os contornos da sua face
divina.” (Pág. 24)
(Continua no próximo número.)
- O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº
624 Fevereiro de 2006
RUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63
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