segunda-feira, 25 de junho de 2012


Evanise M Zwirtes

O que vem a ser a felicidade? Como conquistá-la? São indagações relevantes no processo da realização pessoal.
    A maioria das pessoas procura a felicidade como um fim, e não como um caminho. Talvez por isso, ela pareça tão difícil de ser alcançada. Somente quando compreendermos que o mundo não é para ser disputado, mas compartilhado, passaremos a perceber e a entender que a humildade é privilégio dos grandes e é a rota certa para alcançarmos a felicidade.
    Ser humilde e tratar o outro de igual para igual nos faz melhorar como pessoa. A recompensa? Receber a mesma consideração e experimentar o sabor da alegria dia após dia.
    A felicidade é uma sucessão de momentos no presente. Origina-se da nossa força interior, da força vital, da nossa fé.
É a capacidade de encarar a vida de maneira positiva.
   Não se trata de fazer apenas o que se quer, mas de fazer com alegria o que tem de ser feito.
    Portanto, felicidade é um caminho que se descortina, é a esperança crescente, é a coragem de renovar-se, é amar, amar totalmente os momentos da vida. É a realização com equilíbrio num convite à harmonia, é sentir com serenidade a certeza de que a verdade, perseverante, vencerá a maldade na reconstrução do bem, pela paz.
    As causas da felicidade não se acham em lugares determinados do espaço. Elas estão em nós, nas profundezas da alma. "O reino dos céus está dentro de vós", disse o Cristo.
   Assim, por exemplo, sorrir inúmeras vezes, procurar o lado bom de tudo, esquecer os erros do passado, cair, mas levantar sempre, repudiar a inveja e a ingratidão são atitudes que tornam nossa vida muito melhor. Talvez não sejam fáceis, mas tudo é questão de aprendizado.
   É na vida íntima, no desabrochar de nossas faculdades, de nossas virtudes, que está o manancial da felicidade presente e futura.
    Em síntese, podemos dizer que a felicidade é uma atividade da alma.

Evanise M Zwirtes é Psicoterapeuta e Coordenadora  do  The  Spiritist Psychological Society, Londres-UK.

Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II N° 5 Julho e Agosto 2009
The Spiritist Psychological Society 

domingo, 24 de junho de 2012

Depressão, Cura e EspiritualidadeAdenáuer Novaes Quando da sua estada em Londres, facilitando o seminário Depressão, Cura e Espiritualidade, atendendo convite da Casa, Adenáuer Novaes concedeu a seguinte entrevista: 1. Adenáuer. Na sua visão, como você definiria a depressão? Depressão é fuga da vida e de viver o desafio apresentado pela própria personalidade. É um processo de perda de vitalidade, que deveria ser utilizada para a realização dos objetivos da vida. Do ponto de vista clínico, é um transtorno do humor que atinge a vontade e a dimensão emocional da pessoa. É mais comum entre as mulheres e na fase adulta. 2. Qual a causa da depressão? A depressão tem muitas causas, não existindo uma especial. Em geral, decorre da fragilidade emocional e do despreparo do indivíduo em lidar com suas frustrações. Quando se criam expectativas sem o preparo para lidar com decepções e perdas, surge a predisposição para a depressão. 3. Por que tantas pessoas, atualmente, sofrem de depressão? Na realidade, não há muita gente com depressão. O que existe é muita gente se automedicando e acreditando que está com depressão, sem um diagnóstico claro a respeito de seu problema. Tristeza e retraimento não quer dizer depressão. Redução da vontade de fazer as coisas também não quer dizer que se esteja com depressão. É necessário que os sintomas clássicos da depressão ocorram por mais de sessenta dias corridos, para que se diagnostique a doença. 4. Poderíamos dizer que o autoconhecimento contribui para a pessoa prevenir-se da depressão? Mais do que o autoconhecimento, é necessário que se tenha a consciência dos processos inconsciente para se prevenir da doença. Isso significa que se deve buscar um maior contato com a dimensão inconsciente, estando atento aos complexos psicológicos que atuam e interferem na vida consciente. Além de se conhecer, a pessoa deve se descobrir e buscar constantemente a auto-transformação 5. Qual a importância da espiritualidade na vida de uma pessoa depressiva, ou não? Entendendo espiritualidade como autopercepção da condição de que se é um espírito imortal, dificilmente a pessoa terá uma depressão, pois entenderá que não poderá postergar a solução de qualquer conflito, tendo de enfrentá-lo a todo custo. 6. Quais são as terapêuticas recomendadas para o tratamento da depressão, considerando-se a individualidade de cada pessoa? Diagnosticada com precisão clínica, a depressão deve ser tratada de várias formas. Em todos os casos de depressão, o tratamento deve ser psicoterápico, isto é, psicológico. Muito raramente o depressivo deve tomar qualquer medicação, já que seu problema é de ordem psicológica. A propalada deficiência de serotonina, quando ocorre, e raramente ocorre, é consequência. Administrar uma medicação que venha a contribuir para sua captação posterga a solução do problema e, muitas vezes, mascara a doença. Além do tratamento psicoterápico, deve se buscar manter a vida relacional da pessoa, incluindo atividade laboral. 7. Quais são os recursos terapêuticos que o Espiritismo oferece para quem sofre de depressão? O espiritismo oferece sua doutrina de libertação da alma. Os Centros Espíritas, em geral, oferecem o passe e o aconselhamento. No entanto, nem sempre estão preparados para escutar a alma do outro que se encontra com medo de reconhecer seus processos psíquicos e enfrentar seu desafio. O recurso da conversão evangélica, muitas vezes, posterga a solução do conflito, também mascarando o problema. Há necessidade de se estruturar equipes de atendimento psicológico, tendo por base a Terapia do Espírito, para se atender melhor o portador de qualquer transtorno psíquico, principalmente os que têm o componente da obsessão espiritual. 8. Finalizando, a depressão tem cura? Claro que tem cura. Basta que seu portador readquira a vontade de viver, sem medo de enfrentar o que se passa em seu mundo interior. Adenáuer Novaes é Psicólogo Clínico, residente no Brasil. É um dos diretores da Fundação Lar Harmonia - Salvador-BA. Jornal de Estudos Psicológicos Ano II N° 4 Maio e Junho 2009 The Spiritist Psychological Society


Adenáuer Novaes

Quando da sua estada em Londres, facilitando o seminário  Depressão, Cura e Espiritualidade, atendendo  convite  da  Casa, Adenáuer  Novaes  concedeu  a seguinte entrevista:
1.  Adenáuer. Na sua visão, como você definiria a depressão?
Depressão é fuga da vida e de viver o desafio apresentado pela própria personalidade. É um processo de perda de vitalidade, que deveria ser utilizada para a realização dos objetivos da vida. Do ponto de vista clínico, é um transtorno do humor que atinge a vontade e a dimensão emocional da pessoa. É mais comum entre as mulheres e na fase adulta.
2.  Qual a causa da depressão?
A depressão tem muitas causas, não existindo uma especial. Em geral, decorre da fragilidade emocional e do despreparo do indivíduo em lidar com suas frustrações. Quando se criam expectativas sem o preparo para lidar com decepções e perdas, surge a predisposição para a depressão.
3. Por que tantas pessoas, atualmente, sofrem de depressão?
Na realidade, não há muita gente com depressão. O que existe é muita gente se automedicando e acreditando que está com depressão, sem um diagnóstico claro a respeito de seu problema. Tristeza e retraimento não quer dizer depressão.
Redução da vontade de fazer as coisas também não quer dizer que se esteja com depressão. É necessário que os sintomas clássicos da depressão ocorram por mais de sessenta dias corridos, para que se diagnostique a doença.
4. Poderíamos dizer que o autoconhecimento contribui para a pessoa prevenir-se da depressão?
Mais do que o autoconhecimento, é necessário que se tenha  a consciência dos processos inconsciente para se prevenir da doença.
Isso significa que se deve buscar um maior contato com a dimensão inconsciente, estando atento aos complexos psicológicos que atuam e interferem na vida consciente. Além de se conhecer, a pessoa deve se descobrir e buscar constantemente a auto-transformação
5.  Qual a  importância da espiritualidade na vida de uma pessoa depressiva, ou não?
Entendendo espiritualidade como autopercepção da condição de que se é um espírito imortal, dificilmente a pessoa terá uma depressão, pois entenderá que não poderá postergar a solução de qualquer conflito, tendo de enfrentá-lo a todo custo.
6. Quais são as terapêuticas recomendadas para o tratamento da depressão, considerando-se a individualidade de cada pessoa?
Diagnosticada com precisão clínica, a depressão deve ser tratada de várias formas. Em todos os casos de depressão, o tratamento deve ser psicoterápico, isto é, psicológico.
Muito raramente o depressivo deve tomar qualquer medicação, já que seu problema é de ordem psicológica. A propalada deficiência de serotonina, quando ocorre, e raramente ocorre, é consequência. Administrar uma medicação que venha a contribuir para sua captação posterga  a solução  do problema e, muitas vezes, mascara a doença.
Além do tratamento psicoterápico, deve se buscar manter a vida relacional da pessoa, incluindo atividade laboral.
7. Quais são os recursos terapêuticos que o Espiritismo oferece para quem sofre de depressão?
O espiritismo oferece sua doutrina de libertação da alma. Os Centros Espíritas, em geral, oferecem o passe e o aconselhamento. No entanto, nem sempre estão preparados para escutar a alma do outro que se encontra com medo de reconhecer seus processos psíquicos e enfrentar seu desafio. O recurso da conversão evangélica, muitas vezes, posterga a solução do conflito, também mascarando o problema.
Há necessidade de se estruturar equipes de atendimento psicológico, tendo por base a Terapia do Espírito, para se atender melhor o portador de qualquer transtorno psíquico, principalmente os que têm o componente da obsessão espiritual.
8. Finalizando, a depressão tem cura?
Claro que tem cura. Basta que seu portador readquira a vontade de viver, sem medo de enfrentar o que se passa em seu mundo interior.

Adenáuer Novaes é Psicólogo Clínico, residente no Brasil. É um dos diretores da Fundação Lar Harmonia - Salvador-BA.

Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II   N° 4  Maio e Junho 2009
The Spiritist Psychological Society 

O Que é Ansiedade?


Ana Cecília Rosa

A ansiedade e o transtorno do pânico, contrariamente ao que se acredita, não são um problema moderno. Na mitologia grega, encontra-se seu exemplo mais antigo: o Deus Pã (metade homem e metade carneiro), pertencente ao inconsciente coletivo daquele povo, fonte de sustos aos que se “aventuravam” por florestas e origem do termo pânico. Os sintomas da ansiedade, como palpitações, sudorese, náuseas e dor torácica, foram, durante séculos, relacionados aos distúrbios dos órgãos, sendo negligenciada a sua causa mental pela medicina. Porém, com o advento da Psicanálise, comprovou-se que certas debilidades  mentais (desordens  sexuais) mediavam essas manifestações.

    Segundo a teoria psicanalítica, a ansiedade é oriunda do conflito entre o Id e o Superego, o que leva à repressão de impulsos inaceitáveis pelo Ego, gerando desequilíbrio mental e os sintomas. O Espiritismo, por Joanna de Angelis, explica que o distúrbio “está enraizado no ser que desconsiderou as Soberanas Leis e se reencarna com predisposição fisiológica, imprimindo nos gens a necessidade da reparação dos delitos transatos”. Assim, estão na nossa programação reencarnatória, mais precisamente no nosso corpo somático, as condições necessárias para a eclosão da doença, desencadeadas por fatores sociais e psíquicos (estresse, traumas, perfeccionismo) geradores de conflitos e insegurança, principalmente na infância.
    A disfunção orgânica requer tratamento com ansiolíticos e antidepressivos, além da psicoterapia para o enfrentamento dos medos. Os cuidados emocionais, provenientes da lei da caridade, amor e justiça, e o reconhecimento do indivíduo como doente da alma são fundamentais para o restabelecimento da confiança em busca da cura, proporcionando condições de aprendizado e evolução.

    Ana Cecília Rosa é médica pediátrica, residente no Brasil. É membro do Instituto  de Divulgação Espírita  - Araras/SP.

Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II   N° 4  Maio e Junho 2009
The Spiritist Psychological Society 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Evangelho: Ética, Amor e Fraternidade


Manuel Portásio Filho

Falar de Evangelho é abordar os valores mais expressivos da cultura humana, inseridos num dos livros mais importantes já compostos pelo homem: a Bíblia, dividida em Antigo e Novo Testamento. O Velho Testamento conta a história do povo hebreu e de outros povos que lhes foram contemporâneos. É uma narrativa que começa com fortes conotações míticas e termina no profetismo judaico. Sua figura exponencial é Moisés. E com ele surgiu uma ética peculiar, dirigida ao povo hebreu e ao relacionamento de cada um de seus membros com os demais e com o seu Deus. O Novo Testamento tem como figura nuclear Jesus e pode ser visto por cinco ângulos, como enfatizou Kardec: "1) Os atos comuns da vida do Cristo; 2) Os milagres; 3) As profecias; 4) As palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja; 5) O ensino moral" (ESE, Introdução, I). Como os quatro primeiros geraram polêmicas intermináveis ao longo dos séculos, importa relevar o aspecto ético, moral, da didática do Mestre, que se apresenta como um "código divino", onde estão expostos os nossos deveres para com Deus, Inteligência Suprema do Universo, que criou tudo o que existe; para com o próximo, nosso irmão e companheiro de jornada; e para conosco mesmos, Espíritos eternos em busca da perfeição. O ensino de Jesus não está destinado a um único povo mas a toda a Humanidade: é universal, em última análise.
   O que é a ética? A ética é considerada uma disciplina prática, envolvendo a ação humana, e normativa, estabelecendo os seus deveres perante a sociedade. Pela ética estabelece-se uma diferenciação nítida entre o bem e o mal. Há diversas formas de ética, mas em todos os casos ela visa responder à questão: "como agir da melhor forma possível". No sentido etimológico, a palavra ética, de origem grega, pode ser entendida como "a ciência moral"; trasladada para o latim, foi traduzida como "a moral". Por isso, podemos falar de uma ética, ou de uma moral, do Cristo, para significar o conjunto dos seus ensinamentos, voltado para um ideal de comportamento humano. Como diz Joanna de Angelis, "Jesus é a personagem histórica mais identificada com o homem e com a humanidade" (Jesus e Atualidade, p. 24)
    Começamos, então, por dizer que a ética de Jesus está disseminada pelos quatro evangelhos e pelas vinte e uma epístolas que os seguem. Ela começa já no nascimento do Mestre, em sua simplicidade e discreção, projetando-se por toda a sua vida, no seu modo de agir e exemplificar. Eis a sua prática. Nos seus sermões e nas suas parábolas vamos encontrar a base teórica da sua ética, a qual não foi registrada por ele próprio, mas por seus apóstolos e discípulos. Contudo, é no Sermão do Monte, descrito nos capítulos 5, 6 e 7, do Evangelho de Mateus, que se acha a essência da ética cristã, embasada no amor, que se desdobra em humildade, caridade e fraternidade. Por isso, Jesus resumiu toda a sua doutrina nos dois grandes mandamentos: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mt 22:36-40).
   Isso tudo fica mais claro quando tomamos seus principais ensinos como referência: "tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós"; "amai a vossos inimigos"; "concilia-te depressa com o teu adversário enquanto estás no caminho com ele"; "seja, porém, o vosso falar: sim, sim; não, não"; "quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita"; "pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á"; "nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus"; "sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus" etc.
    Eis, em síntese, o que se encontra no Sermão do Monte, um código de moral incomparável, voltado para o aperfeiçoamento do ser eterno que somos nós. É um código que estabelece  direitos (bem-aventuranças) e deveres (ensinos).
     Construindo a ponte entre o homem e Deus, através do exemplo da oração dominical, contida no próprio Sermão, Jesus deu consistência ao ensinamento e preparou o nosso caminho para os planos superiores da vida universal. Ética, amor,  fraternidade: palavras que ecoarão em nosso íntimo pela eternidade a fora.

Manuel Portásio Filho é Advogado, residente em Londres. É membro do The Solidarity Spiritist Group - Londres - UK.

Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II N° 3  Março e Abril 2009
The Spiritist Psychological Society 

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Consciência


Ana Cecília Rosa
                                                                                             
A consciência tem sido discutida de forma sistemática pela    Medicina e Psicologia a consciência pode ser definida como um estado de alerta, onde podemos perceber nossa realidade interna e externa, ou seja, é a forma que interagimos conosco mesmo e socialmente. Freud acreditava que a maioria dos nossos pensamentos, atitudes e sentimentos teriam origem no inconsciente e, portanto, se expressariam sem que o indivíduo as percebesse, causando uma infinidade de repercussões negativas, como fobias e psicoses.
Para as religiões e ética, a consciência se refere a um “senso interior do certo e do errado quando de uma escolha moral”, que pode ser entendido como o sentido moral. Na Bíblia a consciência se confunde com o coração. Jesus ao nos convidar a “amar-nos uns aos outros” nos deixou a “regra áurea” do bom proceder e a garantia de felicidade possível apenas com a conquista da “paz na consciência”.
O Espiritismo, no livro dos Espíritos, nos traz a consciência como “um pensamento íntimo”. Isto implica que a consciência seria a forma pela qual o indivíduo se relacionaria com os outros. Por um outro lado, ao afirmar que “o homem traz em sua consciência a lei de Deus”, o Espiritismo sugere que essa consciência é preexistente ao homem encarnado, e, portanto, faculdade do espírito. Assim, o móvel de todas as nossas ações é mediado pelo espírito onde as leis divinas se assentam, conferindo responsabilidade a cada infração destas leis, submetendo-nos irrevogavelmente a Lei de causa e efeito.
Mas, por infinita misericórdia divina, a consciência, também, tem o papel de juiz de nossos atos, fazendo-nos, em muitas situações, optarmos pelo bem; porque só a “consciência tranqüila”, possível apenas a um espírito purificado por ações nobilitantes, nos fará alçar à categoria dos espíritos perfeitos, condição de felicidade plena.

Ana Cecília Rosa é Médica Pediátrica, residente no Brasil. É membra do Instituto de Divulgação Espírita - Araras/SP.

Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II  N° 2  Janeiro e Fevereiro 2009
The Spiritist Psychological Society 

Pensamento e Vontade


Mário Martins

O pensamento é como um selvagem corcel, cujas rédeas estão sob o comando da mente ou razão, pela expressão da vontade. Sem rédeas suficientemente seguras, tende a galopar rápido por sendas perigosas. O caminho é áspero e demanda escolhas acertadas para que utilizemos trilhas seguras, quais sejam as da consciência tranqüila e dever cumprido. Poderoso dínamo, gerador de ondas de mais ou menos alta freqüência, energiza ou debilita, quem emite e quem o recebe.
A vontade, por sua vez, vem satisfazer necessidades físicas ou morais, sob a inspiração do pensamento. O pensamento, como motor da vontade, auxilia ou prejudica, cria ou destrói, trabalha ou repousa, evolui ou estaciona. O binômio pensamento-vontade, nada mais é do que a ex-pressão do livre-arbítrio, a nós outorgado pelo Criador.
O pensamento, como onda eletro-magnética, está sujeito ao fenômeno da ressonância, expressando-se através da sintonia entre as mentes, encarnadas ou desencarnadas. Tem velocidade superior à da luz, transmitindo mensagens imediatamente após emitido. Tem a propriedade de impressionar fluidos, que são assimilados pelo perispírito do homem e de outros seres vivos, encarnados ou desencarnados. Impregna ainda o ambiente, que se carrega positiva ou negativamente, de acordo com as mentes envolvidas. Ao impressionar o perispírito (corpo espiritual), manifesta-se através da aura, com imagens muito vívidas, denunciando nosso mundo íntimo.
Disse Jesus: “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.” (João, cap.15, v.12). Nesta passagem, Cristo nos exorta para que disciplinemos os pensamentos, pois que estes são o protótipo fluídico das ações materiais, imediatas ou futuras. Toda realização no mundo material é primeiramente plasmada no éter, seja ela boa ou má.
Como co-criadores da Obra Divina, grande é então nossa responsabilidade. No livro Ação e Reação, através de Francisco Cândido Xavier, aprendemos que “cada alma estabelece para si mesma as circunstâncias felizes ou infelizes em que se encontra, conforme as ações que pratica, através de seus sentimentos, idéias e decisões na peregrinação evolutiva”.
E para que estejamos sempre no caminho certo, no galopar seguro de um bem domado e poderoso corcel, vale a receita: pensar no bem, falar no bem, agir no bem.

Mário Martins é Engenheiro, residente no Brasil. Membro do Centro Espírita Seara de Luz — São José dos Campos - SP.

Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II  N° 2  Janeiro e Fevereiro 2009
The Spiritist Psychological Society 

Espiritismo e Evolução


Rodrigo Machado Tavares

Quando a palavra evolução surge em nossas mentes, a maioria de nós, quase que indubitavelmente, pensa na teoria da evolução das Espécies. Diante deste contexto, onde ainda em pleno século XXI, o antagonismo secular entre Criacionistas e Evolucionistas vem a tona, é oportuno analisar como o Espiritismo lida com essa questão. Em outras palavras: nós, espíritas, somos criacionistas ou evolucionistas?
A princípio, para muitos, tal questionamento pode soar como desnecessário e até mesmo com tendências sofistas. Entretanto, mister se faz que nós, espíritas, estejamos cientes e esclarecidos de dúvidas como estas. Não para que possamos travar verdadeiros duelos pseudo-intelectuais; e nem tampouco para fazermos proselitismo. Mas para que possamos progredir, avançar, isto é, evoluir no sentido mais hermenêutico da palavra. E além disso, como já nos recomenda o Espírito de Verdade em o Evangelho segundo o Espiritismo: “Amai-vos, eis o primeiro mandamento. Instruí-vos, eis o segundo.”
Sendo assim: somos criacionistas ou evolucionistas? Pois bem, somos tanto criacionistas, assim como evolucionistas, por mais paradoxal que pareça.
Somos criacionistas, porque sabemos que Deus existe. A primeira pergunta do Livro dos Espíritos nos esclarece ao dizer que: “Deus é a inteligência suprema, a causa primária de todas as coisas”. Somos todos filhos de um mesmo Pai.
E somos também evolucionistas, pois sabemos que o Universo do Pai evoluiu e continua em evolução. A leitura de alguns livros, tais como o Livro dos Espíritos, a Gênese e A Caminho da Luz de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, para não citar outros, elucida o porquê de sermos evolucionistas.
Com base nisto, podemos nos perguntar: “por que existe tanta polêmica ainda hoje entre essas duas correntes que buscam explicar a formação do Universo?”
Ora, parafraseando Herculano Pires em seu livro Revisão do Cristianismo: “Há um abismo entre o Cristo e o Cristianismo.” Tomando este mesmo pensamento, é possível dizer que existe sim um verdadeiro abismo entre o que poderíamos denominar de “Criacionismo dos Religiosos” (Dogmáticos) e o “Criacionismo dos Cientistas”.
O Criacionismo pregado por muitas religiões não é verossímil. Por exemplo, somente para citar uma das distorções da verdade, dizer que o Mundo foi criado em 7 dias é ir na direção oposta à razão. Sabemos, através do Espiritismo, que os 7 dias mencionados na Bíblia são na verdade 7 eras.
Com relação ao “Criacionismo dos Cientistas”, que nada mais é do que o Evolucionismo propriamente dito, podemos também afirmar que existem alguns pequenos mal entendimentos. Isto não se refere à formação da Terra, a qual a Ciência tem avançado bastante através da Arqueologia. E isto nem tampouco se refere à formação do Universo, a qual a Astronomia, através de seu ramo específico da Cosmologia vem descobrindo as maravilhas infinitas da Morada do Pai, como já nos dizia o Mestre Jesus: “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (João 14:2); máxima que está muito bem explicada no Capítulo III de o Evangelho segundo o Espiritismo. Em verdade, o Evolucionismo ainda “se perde” pela busca do “Elo Perdido”, a qual nosso querido irmão Divaldo Pereira Franco já nos explicou de forma clara em algumas de suas palestras.
O Espiritismo vem, mais uma vez, através de seu bom senso crítico e racional explicar essas questões tão fundamentais, as quais ainda continuam confusas para tantos outros irmãos aqui no orbe terrestre.
Mas deixando um pouco de lado essa digressão filosófica, a qual é importante, entretanto não é fundamental para a nossa evolução (por mais irônico que pareça), precisamos sempre ter em mente que evolução está muito além das palavras.
A leitura dos livros espíritas e dos livros científicos sérios, a prece, a meditação, os pensamentos sempre bem direcionados, a reflexão, enfim, tudo isso auxilia potencialmente para que possamos evoluir. Contudo, precisamos sempre nos relembrar que para evoluir efetivamente, necessitamos vivenciar; isto é, por em prática tudo aquilo o que estamos a aprender dentro desta Doutrina Espírita tão divina, e por assim ser, tão esclarecedora.
Todos nós, independente da posição social a qual pertencemos, da profissão que exercemos, do conhecimento intelectual o qual temos etc., precisamos nos esforçar na Seara do Bem para evoluir. Em outras palavras, precisamos amar, pois é somente com o amor, exemplificado pelo nosso Mestre Jesus, e agora tão bem explicado pelo Espiri-tismo, que conseguiremos evoluir.

Rodrigo Machado Tavares é Engenheiro e pesquisador, residente em Londres. Colabora com Revista Reformador

Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II  N° 2  Janeiro e Fevereiro 2009
The Spiritist Psychological Society