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quinta-feira, 31 de julho de 2014

3 – Mundo Espiritual

Módulo IX
Há muitas moradas na Casa do Pai


3 – Mundo Espiritual

Dentre as muitas revelações trazidas pelo Espiritismo, a existência de um mundo dos Espíritos, merece de nossa parte um maior destaque.

O mundo das inteligências incorpóreas, apesar de interpenetrar-se com o nosso (físico), é um mundo à parte. É vida em outra dimensão, caracterizada por organização e constituição diferente de tudo o que conhecemos por aqui.

Constitui-se na morada ou pousada dos Espíritos, formando colônias ou comunidades de transição, onde se reúnem de forma homogênea baseados em laços de afinidade.

Afinidade caracterizada pela elevação moral dos elementos ali vinculados.

Através das informações obtidas via mediúnica, notamos a existência de várias esferas de vida no Mundo Maior, cada uma com sua vibração característica, formando assim mundos diferenciados em muitas faixas de elevação.

Alguns autores classificam várias delas denominando-as como:

Abismo: Região de grandes sofrimentos, devido à recalcitrância no violar as Leis Divinas.

No livro “Memórias de um Suicida”, recebido mediunicamente por Ivone do Amaral Pereira, o Espírito comunicante dá uma idéia do que seja esta região, e dos padecimentos pelos quais passou, devido à escolha que fez, usando o livre-arbítrio no sentido do suicídio.

Trevas: Esta é uma região do plano espiritual que, como o próprio nome diz, é desprovida de qualquer luminosidade.

Os Espíritos vinculados a ela acham-se envolvidos por vibrações malignas, e normalmente fazem o mal por prazer. O ponto que o diferencia do abismo, muitas vezes não percebemos, mas como acreditamos que o grau de culpa está diretamente ligado ao grau de conhecimento e de insistência no erro, acreditamos que no abismo encontram-se Espíritos mais capazes, e por isso mais culpados.

Como citação bibliográfica, o livro “Libertação”, de André Luiz, mostra vários lances desta esfera.

Crosta Terrestre: A Terra é um mundo ainda inferior habitado por Espíritos inferiores.

Muitos desses Espíritos, quando desencarnados, ficam ligados ao planeta em busca da satisfação de seus vícios e apetites mais grosseiros, formando assim em volta do nosso orbe uma esfera espiritual caracterizada por vibrações altamente deletérias.
O livro “Nas fronteiras da Loucura”, ditado pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, narra episódios passados durante o período de carnaval, nos dando uma clara idéia dos acontecimentos espirituais que envolvem nossa Terra, nesta ocasião.

Umbral: “É uma região espiritual que começa na crosta terrestre, na qual se concentra tudo o que não tenha finalidade para a vida superior. É região de esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de zona purgatorial, onde se queima a prestações o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrena.” 69

69 “O Reformador”, Agosto de 1996, artigo de Gil Restani de Andrade.

No livro “Nosso Lar”, ditado mediunicamente por André Luiz, Lísias faz a seguinte afirmativa sobre o umbral:

Há legiões compactas de almas irresolutas e ignorantes, que não são suficientemente perversas para serem enviadas a colônias de reparação mais dolorosa, nem bastante nobres para serem conduzidas a planos de elevação.70

É, portanto, uma região semi-trevosa habitada por Espíritos revoltados de toda espécie e envoltos por tendências e desejos inferiores.

Zonas de Transição: São colônias Espirituais muitas vezes situadas no próprio Umbral. Funcionam como verdadeiros oásis nos desertos. Espíritos ainda vinculados a problemas conscienciais, mas já dignos de merecimentos são atendidos nestas colônias buscando refazimento com vistas ao reajuste que se faz necessário.

Nosso Lar, é uma destas colônias, e é muito bem descrita na obra de André Luiz, não só no livro de mesmo título, mas em toda série que o segue.

Devido à importância desta colônia para o melhor entendimento do que seja a vida no plano espiritual, citaremos parte do estudo feito pelos Espíritos André Luiz e Lúcius, no livro “Cidade no Além”.

A cidade espiritual Nosso Lar, segundo informação de André Luiz, foi fundada por portugueses desencarnados no Brasil, no século XVI. Está localizada sobre o estado do Rio de Janeiro, entre as cidades do Rio de Janeiro, Campos e Itaperuna.

Na época em que nosso Amigo Espiritual nos brindou com esta magnífica obra, a cidade contava com cerca de um milhão de habitantes.

Sua administração é feita pela Governadoria, órgão central, e está assessorada por seis ministérios, a saber: Ministério da Regeneração, do Auxílio, da Comunicação, do Esclarecimento, da Elevação e da União Divina, que atuam nas áreas definidas pelo próprio nome, sendo cada Ministério dirigido por doze ministros.

Os trabalhadores de Nosso Lar moram sempre perto de seu trabalho, de tal forma que quando um trabalhador é transferido de ministério, é também transferido de residência.

Como se trata de uma colônia espiritual, a justiça se manifesta em maior intensidade.

Veja a questão da moeda. O bônus-hora é como se fosse a moeda de Nosso Lar.

Para cada hora trabalhada, o trabalhador recebe um bônus, e é com o acúmulo de bônus que os bens são adquiridos.

Poderíamos aqui enumerar muitas outras características desta colônia, mas o mais importante é sabermos que, do outro lado da vida, não existe a ociosidade para aqueles que querem evoluir, que há uma hierarquia espiritual que pela afinidade somos atraídos, e que, acima de tudo, a vida continua.

Esferas Superiores: São regiões espirituais caracterizadas pela felicidade e pelo trabalho em favor do próximo. Como conseqüência, estas regiões são habitadas por Espíritos de grande elevação moral, ou seja, os bons Espíritos e os Espíritos Superiores.

70 “Nosso Lar”, cap. 12.

André Luiz em suas obras, muitas vezes fala de Espíritos destas regiões, que foram visitar Nosso Lar, mas para que tal fato ocorresse, tiveram que adensar o perispírito.

Esferas Resplandecentes: Regiões espirituais onde imperam a bondade, a confiança e a felicidade verdadeira. No livro “Renúncia”, ditado pelo Espírito Emmanuel ao médium Francisco Cândido Xavier (FEB), assim é descrita a paragem espiritual a que estava vinculado o Espírito Alcione:

Pouco depois, ei-la que aporta em portentosa esfera, inconfundível em magnificência e grandeza. O espetáculo maravilhoso de suas perspectivas excedia a tudo que pudesse caracterizar a beleza, no sentido humano. A sagrada visão do conjunto permanecia muito além da famosa cidade dos santos, idealizada pelos pensadores do Cristianismo. Três Sóis rutilantes despejavam no solo arminhoso oceanos de luz mirífica, em cambiâncias inéditas, como lampadários celestes acesos para edênico festim de gênios imortais. Primorosas construções, engalanadas de flores indescritíveis, tomavam a forma de castelos talhados em filigrana dourada, com irradiações de efeitos policromos. Seres alados iam e vinham, obedecendo a objetivos santificados, num trabalho de natureza superior, inacessível à compreensão dos terrícolas.71

71 “Renúncia”, págs. 25 e 26.

Conclusão

O ensino dos Espíritos sobre a vida de além-túmulo faz-nos saber que no espaço não há lugar algum destinado à contemplação estéril, à beatitude ociosa.

Todas as regiões do espaço estão povoadas por Espíritos laboriosos. Por toda parte, bandos, enxames de almas sobem, descem, agitam-se no meio da luz ou na região das trevas.

Em certos pontos, vê-se grande número de ouvintes recebendo instruções de Espíritos adiantados; em outros, formam-se grupos para festejarem os recém-vindos. Aqui Espíritos combinam os fluidos, infundem-lhes mil formas, mil coloridos maravilhosos, preparam-nos para os delicados fins a que foram destinados pelos Espíritos superiores; ali ajuntamentos sombrios, perturbados, reúnem-se ao redor dos globos e os acompanham em suas revoluções, influindo, assim, inconscientemente, sobre os elementos atmosféricos.

Espíritos luminosos mais velozes que o relâmpago, rompem essas massas para levarem socorro e consolação aos desgraçados que os imploram. Cada um tem o seu papel e concorre para a grande obra, na medida de seu mérito e de seu adiantamento. O Universo inteiro evolui. Como os mundos, os Espíritos prosseguem seu curso eterno, arrastados para um estado superior, entregues a ocupações diversas. Progressos a realizar, ciência a adquirir, dor a sufocar, remorsos a aclamar, amor, expiação, devotamento, sacrifício, todas essas coisas os estimulam, os aguilhoam, os precipitam na obra; e, nessa imensidade sem limites, reinam incessantemente o movimento e a vida. A imobilidade e a inação é o retrocesso. É a morte. Sob o impulso da Grande Lei, seres e mundos, almas e sóis, tudo gravita e move-se na órbita gigantesca traçada pela vontade divina.72

72 “Depois da Morte”, Léon Denis, cap. XXXIV.

Apostila do Curso de Espiritismo e Evangelho
Centro Espírita Amor e Caridade
Goiânia – GO


Trabalho realizado em 1997 pelo Grupo de Estudos desta Casa Espírita com a coordenação de Cláudio Fajardo

sábado, 8 de setembro de 2012

ESCASSEZ DE MÉDIUNS


CONCEITOS FILOSÓFICOS

Muitos Centros Espíritas fecham as portas ou interrompem atividades por não ter nas fileiras de seus trabalhadores os médiuns. Tal situação demonstra a falta de estudo da Doutrina por parte dos espíritas.
Esta questão é velha. Kardec a enfrentou e deu a resposta quando esclareceu: “Conquanto só recentemente publicado, “O Livro dos Médiuns” já provocou, em várias localidades, o desejo de formar reuniões íntimas, como nós aconselhamos.
Escrevem-nos, entretanto, que param ante a escassez de médiuns. Por isso, julgamo-nos no dever de dar alguns conselhos sobre a maneira de os suprir.
Um médium, sobretudo um bom médium, é incontestavelmente um dos elementos essenciais em toda reunião que se ocupa de Espiritismo; mas seria erro pensar que, em sua falta, nada mais resta que cruzar os braços ou suspender a sessão.
Absolutamente não compartilhamos a opinião de uma pessoa que compara uma sessão espírita sem médiuns a um conserto sem músicos. A nosso ver, existe uma comparação muito mais justa: a do Instituto e das sociedades científicas que sabem empregar o seu tempo sem ter permanentemente sob os olhos o material de experimentação. Vai-se a um concerto ouvir música.
É, pois, evidente que se os músicos estiverem ausentes, o objetivo falhou. Mas a uma reunião espírita, vamos ou, pelo menos deveríamos ir, para nos instruirmos. Certamente, para os que vão a estas reuniões com o único objetivo de ver efeitos, o médium será tão indispensável quanto o músico no concerto; mas para os que antes de mais nada, buscam instruir-se, que querem aprofundar as várias partes da Ciência, em falta de um instrumento de experimentação, terão mais de um meio de o obter. 
Para começar, diremos que se os médiuns são comuns, os bons médiuns, na verdadeira acepção da palavra, são raros.
Diariamente a experiência prova que não basta possuir a faculdade mediúnica para ter boas comunicações. 
Por outro lado, os melhores médiuns são sujeitos a numerosas causas acidentais, que momentaneamente pode privar-nos de seu concurso. Vê-se, pois, que se não houver elementos de reserva, podemos ficar desprovidos quando menos o esperamos, e seria aborrecido que em tais condições os trabalhos fossem interrompidos.
O ensino fundamental que se vem buscar nas reuniões espíritas sérias é, sem dúvida, dado pelos Espíritos. Mas que frutos tiraria um aluno das lições dadas pelo mais hábil professor se ele também não trabalhasse? Se não meditasse sobre o que ouviu? Que progresso faria a sua inteligência se tivesse constantemente o mestre ao seu lado, para lhe mastigar a tarefa e lhe poupar o esforço de pensar?
Nas reuniões espíritas, os Espíritos desempenham dois papéis: uns são professores que desenvolvem os princípios da Ciência, elucidam os pontos duvidosos, e, sobretudo, ensinam as leis da verdadeira moral; outros são materiais de observação e de estudo, que servem de aplicação. Dada a lição, sua tarefa está acabada e a nossa principiada: a de trabalhar naquilo que nos foi ensinado, a fim de melhor compreender e de melhor apreender o seu sentido e o seu alcance. É para nos deixar a oportunidade de cumprir o nosso dever – permitam-nos a expressão clássica – que os Espíritos suspendem, por vezes, as suas comunicações. Bem que eles querem nos instruir, mas com a condição de que lhes secundemos os esforços.
Advertem. E se não são ouvidos, retiram-se, a fim de termos tempo para refletir.
Na ausência de médiuns, a reunião que se propõe algo mais que manejar um lápis, tem mil e um meios de empregar o tempo de maneira proveitosa. Limitamo-nos a indicar alguns sumariamente:
1o – Reler e comentar as antigas comunicações, cujo estudo aprofundado fará ressaltar melhor o seu valor.
2o – Contar fatos de que se tem conhecimento, discuti-los, comentá-los, explicá-los pelas leis da Ciência Espírita.
3o – Ler, comentar e desenvolver cada artigo de “O Livro dos Espíritos” e de “O Livro dos Médiuns,” bem como todas as outras obras sobre o Espiritismo.
4o – Discutir os vários sistemas sobre interpretação dos fenômenos espíritas.
Vê-se, pois, que fora das instruções dadas pelos Espíritos, existe matéria ampla para um trabalho útil. Mas se, conforme a necessidade, devemos preencher a ausência momentânea de médiuns, não seria lógico preconizar a sua abolição indefinida. É necessário nada negligenciar, com o fito de os encontrar. Para uma reunião, o melhor é procurá-los no próprio meio.”

(Compilado por Pedro Abreu)

Revista Espírita – Fev/1861: Escassez de Médiuns

Correio da Fraternidade
ANO 21 – nº 250- Abril de 2010 Distribuição Gratuita
Grupo Espírita “Irmão Vicente”
O Grupo Espírita “Irmão Vicente”, abreviadamente GEIV, foi fundado em 1º de janeiro de 1962, como Associação religiosa e filantrópica, de duração ilimitada e com fins não econômicos, com sede e foro na cidade de Campinas, estado de São Paulo.
http://www.annesullivan.com.br/mantenedora.html


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

ÊXITOS E INSUCESSOS



“Sei viver em penúria e sei também viver em abundância.” – PAULO. (Filipenses, 4:12.)

Em cada comunidade social, existem pessoas numerosas, demasiadamente preocupadas quanto aos sucessos particularistas, afirmando-se ansiosas pelo ensejo de evidência. São justamente as que menos se fixam nas posições de destaque, quando convidadas aos postos mais altos do mundo, estragando, desastradamente, as oportunidades de elevação que a vida lhes confere.
Quase sempre, os que aprenderam a suportar a pobreza é que sabem administrar, com mais propriedade, os recursos materiais.
Por esta razão, um tesouro amontoado para quem não trabalhou em sua posse é, muitas vezes, causa de crime, separatividade e perturbação.
Pais trabalhadores e honestos formarão nos filhos a mentalidade do esforço próprio e da cooperação afetiva, ao passo que os progenitores egoístas e descuidados favorecerão nos descendentes a inutilidade e a preguiça.
Paulo de Tarso, na lição à igreja de Filipos, refere-se ao precioso imperativo do caminho no que se reporta ao equilíbrio, demonstrando a necessidade do discípulo, quanto à valorização da pobreza e da fortuna, da escassez e da abundância.
O êxito e o insucesso são duas taças guardando elementos diversos que, contudo, se adaptam às mesmas finalidades sublimes.
A ignorância humana, entretanto, encontra no primeiro o licor da embriaguez e no segundo identifica o fel para a desesperação. Nisto reside o erro profundo, porque o sábio extrairá da alegria e da dor, da fartura ou da escassez, o conteúdo divino.

Pão Nosso – Emmanuel, psic. Francisco C. Xavier – lição 56

(Compilado por Delcio)

Correio da Fraternidade
ANO 20 – nº 238- Abril de 2009 Distribuição Gratuita
Grupo Espírita “Irmão Vicente”
O Grupo Espírita “Irmão Vicente”, abreviadamente GEIV, foi fundado em 1º de janeiro de 1962, como Associação religiosa e filantrópica, de duração ilimitada e com fins não econômicos, com sede e foro na cidade de Campinas, estado de São Paulo.
http://www.annesullivan.com.br/mantenedora.html

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Conselho Oportuno para formação dos pais na educação dos filhos – Parte III


ELUCIDAÇÕES DOUTRINÁRIAS
  • Deveres não são negociáveis!

A infância é o período em que os espíritos recém-encarnados, preparam-se para assumir os compromissos que assumiram perante as Leis da Vida, com o auxílio dos pais.

Quando a criança atingir sua maturidade, se não tiver sido educada na escola da disciplina e for capaz de ser responsável com suas obrigações, não terá com quem negociar as consequências de seus comportamentos.

Tanto as Leis da Vida como a nossa consciência não são passíveis de negociações. Nós sofremos as consequências de tudo o que fazemos e deixamos de fazer.

Portanto, quando o pequeno virar o prato de sopa para não tomá-lo, faça-o limpar a sujeira e deixe-o assumir as consequências de ter jogado a comida fora. Deixe-o sem comer e o acompanhe de perto. Não vai demorar para que a fome mostre a ele que sua escolha não foi inteligente. Ele perceberá que sempre lhe foram servidos alimentos cuidadosamente preparados, que nunca a mamãe lhe deu algo estragado para comer.

Depois de ele ter se desculpado por seu comportamento e pedir a gentileza de ser servido novamente, dê-lhe a sopa, e não alimentos que lhe sejam mais agradáveis ao paladar, como prêmio por ter se desculpado.

Isso seria descartar todo o esforço feito para que ele aprenda a comer de tudo e a valorizar e respeitar o que é colocado à mesa. Ele continuaria se comportando como um pequeno tirano.

É necessário que se explique à criança o porquê de cada coisa, de cada providência que for tomada em resposta à sua forma de agir. E é obrigação dos pais exigirem que os filhos cumpram seus deveres, que se resumem em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmos1.

Todas as crianças, independente da sua fase de desenvolvimento, usam da sua inteligência e apreciam muito quando essa é respeitada. É preciso ter atitudes coerentes com o que se diz à criança, do contrário, perdemos a sua confiança.

Quando ela desdenhar a roupa que lhe for oferecida, pegue-a pelas mãos, leve-a até o tanque de lavar roupas, ensinando-a que aquela camiseta sem furos, limpa, passada e dobrada na gaveta cobra da mamãe e do papai muito tempo e trabalho. Ela não só aprenderá a lavar a roupa, mas que a vestimenta, cuja função é resguardar a dignidade do corpo e protegê-lo contra o frio, sempre lhe foi garantida através do esforço dos pais.

Há pais que afirmam que seus filhos não gostam da merenda que a escola oferece gratuitamente e, por isso, enviam bolinhos recheados e salgadinhos ao gosto dos pequenos.

Não é necessário discutir o que é mais saudável e nutritivo entre o pão com manteiga acompanhado do copo leite e o salgadinho. Mas, nessa história de atender às vontades da criança, o pai alimenta sem saber a vaidade dela e abre brecha para que os coleguinhas nutram por ela a inveja. O recreio perde o significado do momento em que devemos repor as energias do nosso organismo para continuarmos estudando. A hora do lanche passa a ser o momento em que ela se sobressai aos companheiros e “desfruta” a inveja dos colegas que não têm como comprar os tais bolinhos recheados.

Só espíritos adiantados resistiriam a oportunidades como essa de expressão do egoísmo e da vaidade. Possibilitar esse tipo de situação a espíritos como nós, é dar a arma ao bandido e querer que nada de ruim aconteça.

Se diante dos “nãos” que receber, a criança fizer birras, não nos agastemos. Ela só é um espírito que precisa de ajuda para amadurecer, tanto quanto nós mesmos.

Precisamos ter paciência para com ela, tanto quanto esperamos paciência daqueles que convivem com as nossas imperfeições.

Gritos são desnecessários. A segurança e a serenidade com que os assuntos mais graves devem ser tratados não dependem de ruído.2

Com firmeza e ternura, mostremos a ela o que está fazendo de errado. Se ainda assim não se sensibilizar, sendo necessária a reprimenda de um tapa, esse não deve ser dado porque recebemos a altivez da criança como uma provocação à nossa vaidade. O tapa, o puxão de orelha, ficar sem sobremesa, são práticas que não devem ser tomadas como atos de vingança.

Recobremos o equilíbrio antes de qualquer atitude, ou corremos grande risco de provocarmos a revolta e a desconfiança ao invés de despertar-lhe a consciência.

Não exponhamos as crianças ao veneno das novelas, programas televisivos e músicas que lhes excitem a violência, a sensualidade e a vileza. Nós encarnamos justamente para modificar esses sentimentos. Se temos dificuldade de estimular as suas virtudes, pelo menos não lhes estimulemos os vícios.

Não julguemos que domingos, feriados e momentos de cansaço sejam justificativas para não nos preocuparmos com a educação dos filhos. Paternidade é trabalho vinte e quatro horas para toda a encarnação.

Grandes oportunidades de renovação e estreitamento entre pais e filhos podem ser perdidas.

Com certeza, é uma exigência constante de renúncia.

Quantas vezes momentos agradáveis em família são interrompidos para que um mau comportamento possa ser educado? Que mãe e pai tem prazer em deixar o filho sem aquela sobremesa preparada especialmente para ele ou de acompanhá-lo até a escola e dizer à professora que ele copiou o trabalho do colega de classe?

Além do que, quando o filho fica sem sobremesa, os pais também ficam. Quando a criança está de recuperação escolar, os pais também estão, pois precisam ajudá-lo a restabelecer as suas notas.

Às vezes, sentimos vontade de relevar algumas atitudes das crianças para mantermos a “descontração” e a “tranqüilidade” do lar, para não criar confusão. Pura ilusão!

Não percamos a oportunidade de educá-los, é o que esperam de nós. Ser conivente com maus comportamentos assemelha-se ao ato de oferecer uma taça de sorvete a um doente da garganta, provocando maior irritação, ao invés de ministrar-lhe o remédio amargo que lhe sanaria as dores. Se não corrigirmos os maus pendores quando tivermos oportunidade, estaremos estimulando-os ainda mais.
Ser amigo dos filhos, amá-los, não é sempre lhes sorrir e agradar. São amigos, aqueles pais que levam com seriedade o compromisso de educação que assumiram, que se esforçam por educar-se, buscando o que oferecer ao filho. Ser amigo é dar aos espíritos que estão sob a nossa responsabilidade as condições necessárias para libertarem-se do egoísmo que tanto sofrimento impõe a todos nós.

Existe a possibilidade de que eles não reconheçam em nossas admoestações o respeito e o carinho que lhes devotamos e que façam escolhas bem diferentes daquelas que lhes aconselhamos fazer. Recordemos a misericórdia do Pai, que não obstante a nossa insistência no cultivo de velhos vícios, sem negociar suas Leis, sempre nos renova as oportunidades de aprimoramento.

Sejamos dignos da confiança daqueles por quem somos responsáveis não permitindo que sucumbam às mesmas faltas em que incorreram no passado.



1 Apostila do Seminário de Evangelização (1991/1992)
2 Jesus no Lar - Néio Lúcio psic. de Francisco C. Xavier - lição 30


Débora

Correio da Fraternidade
ANO 20 – nº 238- Abril de 2009 Distribuição Gratuita
Grupo Espírita “Irmão Vicente”

O Grupo Espírita “Irmão Vicente”, abreviadamente GEIV, foi fundado em 1º de janeiro de 1962, como Associação religiosa e filantrópica, de duração ilimitada e com fins não econômicos, com sede e foro na cidade de Campinas, estado de São Paulo.