Iniciação ao Espiritismo
1ª AULA
Moisés. Cristianismo. Espiritismo
A Humanidade recebeu no decorrer da história Três Revelações Divinas: os ensinamentos de Moisés, do Cristo e do
Espiritismo, no texto que se segue apresentamos um resumo destas três revelações.
Ponto de Vista Geral
Revelação: Re + velar (velar = Latim “Velum”) Tirar o véu, por a nu, figuradamente descobrir, fazer conhecer uma coisa secreta ou escondida.
E de forma mais geral ainda: qualquer idéia nova que nos põe a par daquilo que não sabemos. O caráter de qualquer revelação deve ser a verdade.
Ponto de Vista Religioso: A revelação diz respeito mais particularmente às coisas espirituais que o Homem não pode descobrir por meio de seus próprios sentido,
sendo que o conhecimento lhe á dado por Deus ou por seus mensageiros (Profetas, Messias ou Missionários).
Ponto de Vista Científico: Investigações da Ciência que nos fazem conhecer fenômenos e leis da Natureza, que antes desconhecíamos.
As Três Revelações
1ª Revelação: Moisés
– Há duas partes Distintas na lei mosaica: a de Deus, promulgada sobre o Monte Sinal, e a lei civil ou disciplinar, estabelecida por Moisés. Uma é invariável,
a outra é apropriada aos costumes e ao caráter do povo, e se modifica com o tempo.
A lei de Deus está formulada nos dez mandamentos seguintes:
I – Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás
deuses estrangeiros diante de mim. Não farás para ti imagens de escultura, nem figura alguma de tudo o que há em cima no céu, e do que há embaixo na terra, nem de coisa que haja nas águas
debaixo da terra. Não adorarás nem lhes darás culto.
II – Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.
III – Lembra-te de santificar o dia de sábado.
IV – Honrarás a teu pai e a tua mãe, para teres uma dilatada vida sobre a terra que o Senhor teu Deus te há de dar.
V – Não matarás.
VI – Não cometerás adultério.
VII – Não furtarás.
VIII – Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
IX – Não desejarás a mulher do próximo.
X – Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem outra coisa alguma
que lhe pertença.
Esta lei é de todos os tempos e de todos os países, e tem, por isso mesmo, um caráter divino. Todas as demais são leis estabelecidas por Moisés, obrigado
a manter pelo temor um povo naturalmente turbulento e indisciplinado, no qual tinha de combater abusos arraigados e preconceitos adquiridos durante a servidão do Egito. Para dar autoridade às leis, ele teve de
lhes atribuir uma origem divina, como o fizeram todos os legisladores dos povos primitivos. A Autoridade do homem devia apoiar-se sobre a autoridade de Deus. Mas só a idéia de um Deus terrível podia impressionar
homens ignorantes, em que o senso moral e o sentimento de uma estranha justiça estavam ainda pouco desenvolvidos. É evidente que aquele que havia estabelecido em seus mandamentos: “não matarás”
e “não farás mal ao teu próximo”, não poderia contradizer-se, ao fazer do extermínio um dever. As leis mosaicas, propriamente ditas, tinham, portanto, um caráter essencialmente
transitório.
Algumas das leis civis ou disciplinares de Moisés: “Olho por olho, dente por dente” – “Amareis o vosso próximo e odiareis o vosso inimigo”.
2ª Revelação – O Cristianismo
Depois de Moisés e antes do aparecimento de Jesus, na Galiléia, surgiu a palavra dos profetas por todos os cantos da Palestina. As profecias anunciavam a chaga do Messias Salvador
do Mundo.
Em Mateus, V: 17-18, encontramos a proposta do Cristo:
“Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; cumprimento. Porque em verdade vos digo que o céu e a terra não passarão, até que não se
cumpra tudo quanto está na lei, até o último Jota e o último Ponto”.
Jesus chama Deus de Pai. Totalmente diferente do Deus de Moisés, vingativo e impiedoso, o Deus de Jesus é clemente, soberanamente justo e bom. Jesus acrescenta à revelação
de Moisés, a vida futura, o amor ao inimigo e a necessidade do perdão; e dá como condição única de salvação: “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao vosso próximo
como a vós mesmos”.
Mas o papel de Jesus não foi simplesmente o de um legislador moralista, sem outra autoridade que a sua palavra. Ele veio cumprir as profecias que haviam anunciado o seu advento. Sua
autoridade decorria da natureza excepcional do seu Espírito e da natureza divina da sua missão. Ele veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está na Terra, mas no Reino dos Céus,
ensinar-lhes o caminho que os conduz até lá, os meios de se reconciliarem com Deus, e os advertir sobre a marcha das coisas futuras, para o cumprimento dos destinos humanos. Não obstante, ele não
disse tudo, e sobre muitos pontos limitou-se a lançar o germe de verdades que ele mesmo declarou não poderem ser então compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos claros, de maneira que,
para entender o sentido oculto de certas palavras, era preciso que novas idéias e novos conhecimentos viessem dar-nos a chave. Essas idéias não podiam surgir antes de um certo grau de amadurecimento do
espírito humano. A ciência devia contribuir poderosamente para o aparecimento e o desenvolvimento dessas idéias. Era preciso, pois, dar tempo à ciência para progredir.
3ª Revelação – O Espiritismo
As manifestações dos Espíritos com os encarnados são de todos os tempos e de todos os países.
É, portanto, impossível fixar uma data para
as primeiras aparições de uma força inteligente exterior, de maior ou menor elevação, influindo nas relações humanas. Esses fenômenos espíritas, porém, foram
sempre esporádicos, mal interpretados, e a partir de um determinado momento, causadores de perseguições religiosas.
Foi somente em meados do século 19, que as manifestações espíritas se tornaram ostensivas, sistemáticas, públicas e repetidas, abalando os incrédulos,
acordando consciências e tomando o aspecto de uma invasão organizada. O fato, porém, é que o Espiritismo, como doutrina, surgiu no mundo a 18 de abril de 1857, data em que apareceram nas livrarias
de Paris os primeiros volumes de “O Livro dos Espíritos”.
O Espiritismo é a Terceira das Grandes Revelações, ao mesmo tempo em que o Consolador prometido por Jesus. Eis alguns pontos que confirmam essa afirmativa:
1 – O fato de o Homem poder comunicar-se com os Espíritos traz consequências da mais alta gravidade: é um mundo novo que nos é revelado e é o mais importante
de todos os mundos, porque todos os Homens, sem exceção, terão de voltar a ele.
2 – O conhecimento de tal fato causa profunda modificação nos hábitos e no caráter das pessoas, influindo sobre as relações sociais.
3 – Essa revolução não se limita a um só povo, atingindo todas as classes, nacionalidades, cultos, etc. Confirma, explica e desenvolve o que Cristo disse e
fez. Não mais uma idéia vaga ou imprecisa da vida futura, mas uma revelação consistente do mundo invisível que nos rodeia e povoa o espaço.
4 – Sabe que a alma progride incessantemente através de uma série de existências sucessivas, até atingir o grau de perfeição que se aproxima de
Deus; explica racionalmente a palavra de Jesus, deturpada por vários sistemas religiosos, que lhes deram características essencialmente mundanas.
O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações
com o mundo material. Ele nos mostra esse mundo, não mais como sobrenatural, mas, pelo contrário, como uma das forças vivas e incessantemente atuantes da natureza, como a fonte de uma infinidade de fenômenos
até então incompreendidos, e por essa razão rejeitados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo se refere em muitas circunstâncias,
e é por isso que muitas coisas que ele disse ficaram ininteligíveis ou foram falsamente interpretadas. O Espiritismo é a chave que nos ajuda a tudo explicar com facilidade.
A lei do Antigo Testamento está personificada em Moisés, a do Novo Testamento, no Cristo. O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus. Mas não
está personificado em ninguém, porque ele é o produto do ensinamento dado, não por um homem, mas pelos Espíritos, que são as vozes do céu, em todas as partes da Terra e por inumerável multidão de intermediários. Trata-se, de qualquer maneira, de uns seres coletivos, compreendendo o conjunto
dos seres do mundo espiritual, cada qual trazendo aos homens o tributo de suas luzes, para fazê-los conhecer esse mundo e a sorte que nele os espera.
Da mesma maneira que disse o Cristo: “Eu não venho destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento”. Também diz o Espiritismo: “Eu não venho destruir a
lei cristã, mas dar-lhe cumprimento”. Ele nada ensina contrário ao ensinamento do Cristo, mas o desenvolve, completa e explica, em termos claros para todos, o que foi dito sob forma alegórica. Ele
vem cumprir, na época predita, o que o Cristo anunciou, e preparar o cumprimento das coisas futuras. Ele é, portanto, obra do Cristo, que o preside, assim como preside ao que igualmente anunciou: a regeneração
que se opera e que prepara o Reino de Deus sobre a Terra.
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