CONCEITOS FILOSÓFICOS
Muitos
Centros Espíritas fecham as portas ou interrompem atividades por não ter nas
fileiras de seus trabalhadores os médiuns. Tal situação demonstra a falta de
estudo da Doutrina por parte dos espíritas.
Esta
questão é velha. Kardec a enfrentou e deu a resposta quando esclareceu:
“Conquanto só recentemente publicado, “O Livro dos Médiuns” já provocou, em
várias localidades, o desejo de formar reuniões íntimas, como nós aconselhamos.
Escrevem-nos,
entretanto, que param ante a escassez de médiuns. Por isso, julgamo-nos no
dever de dar alguns conselhos sobre a maneira de os suprir.
Um
médium, sobretudo um bom médium, é incontestavelmente um dos elementos
essenciais em toda reunião que se ocupa de Espiritismo; mas seria erro pensar
que, em sua falta, nada mais resta que cruzar os braços ou suspender a sessão.
Absolutamente
não compartilhamos a opinião de uma pessoa que compara uma sessão espírita sem
médiuns a um conserto sem músicos. A nosso ver, existe uma comparação muito
mais justa: a do Instituto e das sociedades científicas que sabem empregar o
seu tempo sem ter permanentemente sob os olhos o material de experimentação.
Vai-se a um concerto ouvir música.
É,
pois, evidente que se os músicos estiverem ausentes, o objetivo falhou. Mas a
uma reunião espírita, vamos ou, pelo menos deveríamos ir, para nos instruirmos.
Certamente, para os que vão a estas reuniões com o único objetivo de ver
efeitos, o médium será tão indispensável quanto o músico no concerto; mas para
os que antes de mais nada, buscam instruir-se, que querem aprofundar as várias
partes da Ciência, em falta de um instrumento de experimentação, terão mais de
um meio de o obter.
Para
começar, diremos que se os médiuns são comuns, os bons médiuns, na verdadeira
acepção da palavra, são raros.
Diariamente
a experiência prova que não basta possuir a faculdade mediúnica para ter boas
comunicações.
Por
outro lado, os melhores médiuns são sujeitos a numerosas causas acidentais, que
momentaneamente pode privar-nos de seu concurso. Vê-se, pois, que se não houver
elementos de reserva, podemos ficar desprovidos quando menos o esperamos, e
seria aborrecido que em tais condições os trabalhos fossem interrompidos.
O
ensino fundamental que se vem buscar nas reuniões espíritas sérias é, sem
dúvida, dado pelos Espíritos. Mas que frutos tiraria um aluno das lições dadas
pelo mais hábil professor se ele também não trabalhasse? Se não meditasse sobre
o que ouviu? Que progresso faria a sua inteligência se tivesse constantemente o
mestre ao seu lado, para lhe mastigar a tarefa e lhe poupar o esforço de pensar?
Nas
reuniões espíritas, os Espíritos desempenham dois papéis: uns são professores
que desenvolvem os princípios da Ciência, elucidam os pontos duvidosos, e, sobretudo,
ensinam as leis da verdadeira moral; outros são materiais de observação e de
estudo, que servem de aplicação. Dada a lição, sua tarefa está acabada e a
nossa principiada: a de trabalhar naquilo que nos foi ensinado, a fim de melhor
compreender e de melhor apreender o seu sentido e o seu alcance. É para nos
deixar a oportunidade de cumprir o nosso dever – permitam-nos a expressão clássica
– que os Espíritos suspendem, por vezes, as suas comunicações. Bem que eles
querem nos instruir, mas com a condição de que lhes secundemos os esforços.
Advertem.
E se não são ouvidos, retiram-se, a fim de termos tempo para refletir.
Na
ausência de médiuns, a reunião que se propõe algo mais que manejar um lápis,
tem mil e um meios de empregar o tempo de maneira proveitosa. Limitamo-nos a indicar
alguns sumariamente:
1o
– Reler e comentar as antigas comunicações, cujo estudo aprofundado fará
ressaltar melhor o seu valor.
2o
– Contar fatos de que se tem conhecimento, discuti-los, comentá-los,
explicá-los pelas leis da Ciência Espírita.
3o
– Ler, comentar e desenvolver cada artigo de “O Livro dos Espíritos” e de “O
Livro dos Médiuns,” bem como todas as outras obras sobre o Espiritismo.
Vê-se,
pois, que fora das instruções dadas pelos Espíritos, existe matéria ampla para
um trabalho útil. Mas se, conforme a necessidade, devemos preencher a ausência momentânea
de médiuns, não seria lógico preconizar a sua abolição indefinida. É necessário
nada negligenciar, com o fito de os encontrar. Para uma reunião, o melhor é
procurá-los no próprio meio.”
(Compilado
por Pedro Abreu)
Revista
Espírita – Fev/1861: Escassez de Médiuns
Correio da Fraternidade
ANO 21 – nº 250- Abril de 2010
Distribuição Gratuita
Grupo Espírita “Irmão Vicente”
O Grupo Espírita “Irmão Vicente”,
abreviadamente GEIV, foi fundado em 1º de janeiro de 1962, como Associação
religiosa e filantrópica, de duração ilimitada e com fins não econômicos, com
sede e foro na cidade de Campinas, estado de São Paulo.
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