ELUCIDAÇÕES DOUTRINÁRIAS
Deveres não são negociáveis!
A infância é o período em que os espíritos recém-encarnados, preparam-se para assumir os compromissos que assumiram perante as Leis da Vida, com o auxílio dos pais.
Quando a criança atingir sua maturidade, se não tiver sido educada na escola da disciplina e for capaz de ser responsável com suas obrigações, não terá com quem negociar as consequências de seus comportamentos.
Tanto as Leis da Vida como a nossa consciência não são passíveis de negociações. Nós sofremos as consequências de tudo o que fazemos e deixamos de fazer.
Portanto, quando o pequeno virar o prato de sopa para não tomá-lo, faça-o limpar a sujeira e deixe-o assumir as consequências de ter jogado a comida fora. Deixe-o sem comer e o acompanhe de perto. Não vai demorar para que a fome mostre a ele que sua escolha não foi inteligente. Ele perceberá que sempre lhe foram servidos alimentos cuidadosamente preparados, que nunca a mamãe lhe deu algo estragado para comer.
Depois de ele ter se desculpado por seu comportamento e pedir a gentileza de ser servido novamente, dê-lhe a sopa, e não alimentos que lhe sejam mais agradáveis ao paladar, como prêmio por ter se desculpado.
Isso seria descartar todo o esforço feito para que ele aprenda a comer de tudo e a valorizar e respeitar o que é colocado à mesa. Ele continuaria se comportando como um pequeno tirano.
É necessário que se explique à criança o porquê de cada coisa, de cada providência que for tomada em resposta à sua forma de agir. E é obrigação dos pais exigirem que os filhos cumpram seus deveres, que se resumem em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmos1.
Todas as crianças, independente da sua fase de desenvolvimento, usam da sua inteligência e apreciam muito quando essa é respeitada. É preciso ter atitudes coerentes com o que se diz à criança, do contrário, perdemos a sua confiança.
Quando ela desdenhar a roupa que lhe for oferecida, pegue-a pelas mãos, leve-a até o tanque de lavar roupas, ensinando-a que aquela camiseta sem furos, limpa, passada e dobrada na gaveta cobra da mamãe e do papai muito tempo e trabalho. Ela não só aprenderá a lavar a roupa, mas que a vestimenta, cuja função é resguardar a dignidade do corpo e protegê-lo contra o frio, sempre lhe foi garantida através do esforço dos pais.
Há pais que afirmam que seus filhos não gostam da merenda que a escola oferece gratuitamente e, por isso, enviam bolinhos recheados e salgadinhos ao gosto dos pequenos.
Não é necessário discutir o que é mais saudável e nutritivo entre o pão com manteiga acompanhado do copo leite e o salgadinho. Mas, nessa história de atender às vontades da criança, o pai alimenta sem saber a vaidade dela e abre brecha para que os coleguinhas nutram por ela a inveja. O recreio perde o significado do momento em que devemos repor as energias do nosso organismo para continuarmos estudando. A hora do lanche passa a ser o momento em que ela se sobressai aos companheiros e “desfruta” a inveja dos colegas que não têm como comprar os tais bolinhos recheados.
Só espíritos adiantados resistiriam a oportunidades como essa de expressão do egoísmo e da vaidade. Possibilitar esse tipo de situação a espíritos como nós, é dar a arma ao bandido e querer que nada de ruim aconteça.
Se diante dos “nãos” que receber, a criança fizer birras, não nos agastemos. Ela só é um espírito que precisa de ajuda para amadurecer, tanto quanto nós mesmos.
Precisamos ter paciência para com ela, tanto quanto esperamos paciência daqueles que convivem com as nossas imperfeições.
Gritos são desnecessários. A segurança e a serenidade com que os assuntos mais graves devem ser tratados não dependem de ruído.2
Com firmeza e ternura, mostremos a ela o que está fazendo de errado. Se ainda assim não se sensibilizar, sendo necessária a reprimenda de um tapa, esse não deve ser dado porque recebemos a altivez da criança como uma provocação à nossa vaidade. O tapa, o puxão de orelha, ficar sem sobremesa, são práticas que não devem ser tomadas como atos de vingança.
Recobremos o equilíbrio antes de qualquer atitude, ou corremos grande risco de provocarmos a revolta e a desconfiança ao invés de despertar-lhe a consciência.
Não exponhamos as crianças ao veneno das novelas, programas televisivos e músicas que lhes excitem a violência, a sensualidade e a vileza. Nós encarnamos justamente para modificar esses sentimentos. Se temos dificuldade de estimular as suas virtudes, pelo menos não lhes estimulemos os vícios.
Não julguemos que domingos, feriados e momentos de cansaço sejam justificativas para não nos preocuparmos com a educação dos filhos. Paternidade é trabalho vinte e quatro horas para toda a encarnação.
Grandes oportunidades de renovação e estreitamento entre pais e filhos podem ser perdidas.
Com certeza, é uma exigência constante de renúncia.
Quantas vezes momentos agradáveis em família são interrompidos para que um mau comportamento possa ser educado? Que mãe e pai tem prazer em deixar o filho sem aquela sobremesa preparada especialmente para ele ou de acompanhá-lo até a escola e dizer à professora que ele copiou o trabalho do colega de classe?
Além do que, quando o filho fica sem sobremesa, os pais também ficam. Quando a criança está de recuperação escolar, os pais também estão, pois precisam ajudá-lo a restabelecer as suas notas.
Às vezes, sentimos vontade de relevar algumas atitudes das crianças para mantermos a “descontração” e a “tranqüilidade” do lar, para não criar confusão. Pura ilusão!
Não percamos a oportunidade de educá-los, é o que esperam de nós. Ser conivente com maus comportamentos assemelha-se ao ato de oferecer uma taça de sorvete a um doente da garganta, provocando maior irritação, ao invés de ministrar-lhe o remédio amargo que lhe sanaria as dores. Se não corrigirmos os maus pendores quando tivermos oportunidade, estaremos estimulando-os ainda mais.
Ser amigo dos filhos, amá-los, não é sempre lhes sorrir e agradar. São amigos, aqueles pais que levam com seriedade o compromisso de educação que assumiram, que se esforçam por educar-se, buscando o que oferecer ao filho. Ser amigo é dar aos espíritos que estão sob a nossa responsabilidade as condições necessárias para libertarem-se do egoísmo que tanto sofrimento impõe a todos nós.
Existe a possibilidade de que eles não reconheçam em nossas admoestações o respeito e o carinho que lhes devotamos e que façam escolhas bem diferentes daquelas que lhes aconselhamos fazer. Recordemos a misericórdia do Pai, que não obstante a nossa insistência no cultivo de velhos vícios, sem negociar suas Leis, sempre nos renova as oportunidades de aprimoramento.
Sejamos dignos da confiança daqueles por quem somos responsáveis não permitindo que sucumbam às mesmas faltas em que incorreram no passado.
1 Apostila do Seminário de Evangelização (1991/1992)
2 Jesus no Lar - Néio Lúcio psic. de Francisco C. Xavier - lição 30
Débora
Correio da Fraternidade
ANO 20 – nº 238- Abril de 2009 Distribuição Gratuita
Grupo Espírita “Irmão Vicente”
O Grupo Espírita “Irmão Vicente”, abreviadamente GEIV, foi fundado em 1º de janeiro de 1962, como Associação religiosa e filantrópica, de duração ilimitada e com fins não econômicos, com sede e foro na cidade de Campinas, estado de São Paulo.
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