quinta-feira, 14 de junho de 2012

Espiritismo e Evolução


Rodrigo Machado Tavares

Quando a palavra evolução surge em nossas mentes, a maioria de nós, quase que indubitavelmente, pensa na teoria da evolução das Espécies. Diante deste contexto, onde ainda em pleno século XXI, o antagonismo secular entre Criacionistas e Evolucionistas vem a tona, é oportuno analisar como o Espiritismo lida com essa questão. Em outras palavras: nós, espíritas, somos criacionistas ou evolucionistas?
A princípio, para muitos, tal questionamento pode soar como desnecessário e até mesmo com tendências sofistas. Entretanto, mister se faz que nós, espíritas, estejamos cientes e esclarecidos de dúvidas como estas. Não para que possamos travar verdadeiros duelos pseudo-intelectuais; e nem tampouco para fazermos proselitismo. Mas para que possamos progredir, avançar, isto é, evoluir no sentido mais hermenêutico da palavra. E além disso, como já nos recomenda o Espírito de Verdade em o Evangelho segundo o Espiritismo: “Amai-vos, eis o primeiro mandamento. Instruí-vos, eis o segundo.”
Sendo assim: somos criacionistas ou evolucionistas? Pois bem, somos tanto criacionistas, assim como evolucionistas, por mais paradoxal que pareça.
Somos criacionistas, porque sabemos que Deus existe. A primeira pergunta do Livro dos Espíritos nos esclarece ao dizer que: “Deus é a inteligência suprema, a causa primária de todas as coisas”. Somos todos filhos de um mesmo Pai.
E somos também evolucionistas, pois sabemos que o Universo do Pai evoluiu e continua em evolução. A leitura de alguns livros, tais como o Livro dos Espíritos, a Gênese e A Caminho da Luz de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, para não citar outros, elucida o porquê de sermos evolucionistas.
Com base nisto, podemos nos perguntar: “por que existe tanta polêmica ainda hoje entre essas duas correntes que buscam explicar a formação do Universo?”
Ora, parafraseando Herculano Pires em seu livro Revisão do Cristianismo: “Há um abismo entre o Cristo e o Cristianismo.” Tomando este mesmo pensamento, é possível dizer que existe sim um verdadeiro abismo entre o que poderíamos denominar de “Criacionismo dos Religiosos” (Dogmáticos) e o “Criacionismo dos Cientistas”.
O Criacionismo pregado por muitas religiões não é verossímil. Por exemplo, somente para citar uma das distorções da verdade, dizer que o Mundo foi criado em 7 dias é ir na direção oposta à razão. Sabemos, através do Espiritismo, que os 7 dias mencionados na Bíblia são na verdade 7 eras.
Com relação ao “Criacionismo dos Cientistas”, que nada mais é do que o Evolucionismo propriamente dito, podemos também afirmar que existem alguns pequenos mal entendimentos. Isto não se refere à formação da Terra, a qual a Ciência tem avançado bastante através da Arqueologia. E isto nem tampouco se refere à formação do Universo, a qual a Astronomia, através de seu ramo específico da Cosmologia vem descobrindo as maravilhas infinitas da Morada do Pai, como já nos dizia o Mestre Jesus: “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (João 14:2); máxima que está muito bem explicada no Capítulo III de o Evangelho segundo o Espiritismo. Em verdade, o Evolucionismo ainda “se perde” pela busca do “Elo Perdido”, a qual nosso querido irmão Divaldo Pereira Franco já nos explicou de forma clara em algumas de suas palestras.
O Espiritismo vem, mais uma vez, através de seu bom senso crítico e racional explicar essas questões tão fundamentais, as quais ainda continuam confusas para tantos outros irmãos aqui no orbe terrestre.
Mas deixando um pouco de lado essa digressão filosófica, a qual é importante, entretanto não é fundamental para a nossa evolução (por mais irônico que pareça), precisamos sempre ter em mente que evolução está muito além das palavras.
A leitura dos livros espíritas e dos livros científicos sérios, a prece, a meditação, os pensamentos sempre bem direcionados, a reflexão, enfim, tudo isso auxilia potencialmente para que possamos evoluir. Contudo, precisamos sempre nos relembrar que para evoluir efetivamente, necessitamos vivenciar; isto é, por em prática tudo aquilo o que estamos a aprender dentro desta Doutrina Espírita tão divina, e por assim ser, tão esclarecedora.
Todos nós, independente da posição social a qual pertencemos, da profissão que exercemos, do conhecimento intelectual o qual temos etc., precisamos nos esforçar na Seara do Bem para evoluir. Em outras palavras, precisamos amar, pois é somente com o amor, exemplificado pelo nosso Mestre Jesus, e agora tão bem explicado pelo Espiri-tismo, que conseguiremos evoluir.

Rodrigo Machado Tavares é Engenheiro e pesquisador, residente em Londres. Colabora com Revista Reformador

Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II  N° 2  Janeiro e Fevereiro 2009
The Spiritist Psychological Society 

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