sábado, 24 de dezembro de 2011

Paidéia espírita: um roteiro à formação humana


 EUGÊNIA PICKINA
De Londrina

Sendo a vida uma sucessão de renascimentos em diferentes corpos, o Espírito transfere de uma para outra experiência física as conquistas e os prejuízos que somente uma educação bem trabalhada consegue aprimorar (Joanna de Ângelis).

A Doutrina Espírita reedita a mensagem de Jesus e orienta, com esperança, um ideal de formação humana e, por isso, a pessoa, apoiada na visão espírita, é um sujeito interrogante, flexível, disposto a partilhar o mundo sem preconceitos e julgamentos, porquanto se considera como membro da família humana universal e em contínuo processo evolutivo.
Estamos, aqui, em experiência corpórea, como passantes, para vivenciar o bom uso da razão e as práticas afetivas, pois ambos compõem o roteiro essencial para a conquista integral do ser. Não nascemos, então, apenas para sofrer e findar, como supõem os pessimistas, confinados às cercanias da matéria, porém experimentamos o retorno à carne para amar e florescer, com o abandono gradativo do instinto grosseiro para pôr em prática as manifestações do Bem e do Belo, irradiações das leis divinas.
Como o ser humano não nasce tabula rasa, mas apenas inconsciente, e cada criança traz consigo uma bagagem que lhe é própria, além de planos e potencialidades que devem ser administrados pela conduta dos pais, para a paideia espírita a tarefa educativa da criatura humana tem início no lar, na vivência de uma democracia socioemocional iluminada pelos ensinamentos do Cristo.
Com efeito, é na intimidade do lar, educandário do espírito, que são desenvolvidos os sentimentos, o hábito do dever, a transmissão, pelos exemplos, dos princípios morais e do trato afetivo e espiritual, que movimentarão, durante a existência, a superação das dificuldades e a construção da harmonia íntima. Viemos da erraticidade, carentes de valores que dizem respeito ao nosso roteiro evolutivo. E porque rumamos em direção à angelitude, torna-se necessário, especialmente no prelúdio da vida, ensinar à criança o caminho com o coração, fornecendo-lhe as sementes da iluminação interior para que ela possa, na fase adulta, aplicar as forças em favor do desenvolvimento intelecto-afetivo e espiritual, procurando amar e servir sem cessar.
No entender espírita, a educação dos hábitos e o interesse sincero pela conquista dos valores se configuram recurso indispensável para a aquisição do bem. Em consequência, os pais (ou responsáveis) podem estimular o cuidado com a vida interior, auxiliando, durante o processo educativo, o despertar das qualidades éticas adormecidas, pois a saúde do ser humano também depende do bom cumprimento das tarefas que lhe dizem respeito.
Nunca será demasiado insistir que as virtudes, à semelhança dos vícios, são aprendidas em decorrência da prática reiterada. Logo, é compromisso dos pais, conscientes do longo caminho a percorrer, pontuar ao filho, ou à filha, que a existência terrena é tecida de contínuos desafios e a felicidade, constituída de pequenas ocorrências, deflui do trabalho constante pelo progresso pessoal, no que resulta o bem comunitário, pois cada Espírito é a soma de suas realizações, através das quais adquire conhecimento e amor.

O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo Gonçalves
 Ano 57 - Nº 674 - Abril de 2010 -  PÁGINA 10

Nenhum comentário:

Postar um comentário