EUGÊNIA PICKINA
De Londrina
Sendo
a vida uma sucessão de renascimentos em diferentes corpos, o Espírito transfere
de uma para outra experiência física as conquistas e os prejuízos que somente
uma educação bem trabalhada consegue aprimorar (Joanna
de Ângelis).
A Doutrina
Espírita reedita a mensagem de Jesus e orienta, com esperança, um ideal de
formação humana e, por isso, a pessoa, apoiada na visão espírita, é um sujeito
interrogante, flexível, disposto a partilhar o mundo sem preconceitos e
julgamentos, porquanto se considera como membro da família humana universal e
em contínuo processo evolutivo.
Estamos, aqui,
em experiência corpórea, como passantes, para vivenciar o bom uso da razão e as
práticas afetivas, pois ambos compõem o roteiro essencial para a conquista
integral do ser. Não nascemos, então, apenas para sofrer e findar, como supõem
os pessimistas, confinados às cercanias da matéria, porém experimentamos o retorno
à carne para amar e florescer, com o abandono gradativo do instinto grosseiro
para pôr em prática as manifestações do Bem e do Belo, irradiações das leis
divinas.
Como o ser
humano não nasce tabula rasa, mas apenas inconsciente, e cada criança
traz consigo uma bagagem que lhe é própria, além de planos e potencialidades
que devem ser administrados pela conduta dos pais, para a paideia espírita a
tarefa educativa da criatura humana tem início no lar, na vivência de uma democracia
socioemocional iluminada pelos ensinamentos do Cristo.
Com efeito, é na
intimidade do lar, educandário do espírito, que são desenvolvidos os
sentimentos, o hábito do dever, a transmissão, pelos exemplos, dos princípios
morais e do trato afetivo e espiritual, que movimentarão, durante a existência,
a superação das dificuldades e a construção da harmonia íntima. Viemos da erraticidade,
carentes de valores que dizem respeito ao nosso roteiro evolutivo. E porque
rumamos em direção à angelitude, torna-se necessário, especialmente no prelúdio
da vida, ensinar à criança o caminho com o coração, fornecendo-lhe as
sementes da iluminação interior para que ela possa, na fase adulta, aplicar as
forças em favor do desenvolvimento intelecto-afetivo e espiritual, procurando amar
e servir sem cessar.
No entender
espírita, a educação dos hábitos e o interesse sincero pela conquista dos
valores se configuram recurso indispensável para a aquisição do bem. Em
consequência, os pais (ou responsáveis) podem estimular o cuidado com a vida
interior, auxiliando, durante o processo educativo, o despertar das qualidades
éticas adormecidas, pois a saúde do ser humano também depende do bom
cumprimento das tarefas que lhe dizem respeito.
Nunca será
demasiado insistir que as virtudes, à semelhança dos vícios, são aprendidas em
decorrência da prática reiterada. Logo, é compromisso dos pais, conscientes do longo
caminho a percorrer, pontuar ao filho, ou à filha, que a existência terrena é
tecida de contínuos desafios e a felicidade, constituída de pequenas ocorrências,
deflui do trabalho constante pelo progresso pessoal, no que resulta o bem
comunitário, pois cada Espírito é a soma de suas realizações, através das quais
adquire conhecimento e amor.
O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO
ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo
Gonçalves
Ano 57 - Nº 674 - Abril de 2010 - PÁGINA 10
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