ASTOLFO O. DE
OLIVEIRA FILHO - aoofilho@yahoo.com.br
De Londrina
Não
reencarnamos apenas na Terra, mas em diferentes mundos
A alma humana, depois de residir temporariamente
no Espaço, renasce na condição humana, trazendo consigo a herança, boa ou má,
do seu passado.
Reaparece então na cena terrestre para
resgatar as dívidas que contraiu perante a Lei de Deus, conquistar novas
capacidades que facilitarão a sua ascensão e acelerar sua marcha no rumo da
evolução.
Não se concebe que um Espírito, um ser
destinado à perfeição, consiga realizar todo o seu progresso numa única existência
corpórea. Os próprios fatos do dia-a-dia rejeitam tal idéia. Devemos, pois, ver
na pluralidade das existências a condição necessária de sua educação e
progresso. É à custa do seu próprio esforço, de suas lutas, de seus
sofrimentos, que ele se redimirá do seu estado de ignorância e inferioridade e
se elevará, de degrau em degrau, a caminho das inúmeras habitações do Universo.
Podemos, assim, afirmar que somos hoje
o resultado das experiências vividas no passado, como seremos amanhã o produto
de nossas ações e de nossos esforços de agora.
Nem todos os Espíritos têm a mesma idade,
nem todos subiram com o mesmo passo ao nível evolutivo em que se encontram. Uns
percorreram uma carreira imensa e aproximaram-se do apogeu dos progressos
terrestres; outros mal iniciaram seu ciclo evolutivo no seio da humanidade.
Estes são os Espíritos jovens, emanados há menos
tempo do Foco Eterno. Chegados à
humanidade, tomarão lugar entre os povos selvagens ou entre as raças bárbaras que
povoam os continentes atrasados ou as regiões deserdadas do globo.
E quando, afinal, penetram em nossa civilização,
deixam-se facilmente conhecer pela falta de desembaraço e de jeito, pela sua
incapacidade para lidar com as coisas e, principalmente, pelas paixões
violentas a que se apegam.
No encadeamento das nossas estações terrestres,
continua a completar-se a obra grandiosa de nossa educação, a edificação de
nossa individualidade.
É por isso que a alma humana tem de
reencarnar sucessivamente nos meios mais diversos, em todas as condições
sociais, e é passando alternadamente pelas provas da pobreza e da riqueza,
pelas experiências de renúncia e de trabalho, que ela irá compreendendo a
transitoriedade dos bens materiais e desenvolvendo os reais valores do
espírito.
São-lhe necessárias as existências de
estudo, as missões de dedicação, de caridade, por via das quais se ilustra a
inteligência e o coração se enriquece com a aquisição de novas qualidades.
Virão depois as existências de sacrifício
pela família, pela pátria, pela humanidade, e ocorrerão, por certo, existências
em que o orgulho e o egoísmo serão abafados através de provas dolorosas de
resgate do passado.
A ideia da reencarnação fazia parte dos
dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só os saduceus, partidários de
uma seita judia formada por Sadoc, não acreditavam em tais ideias. Os demais admitiam
que uma pessoa que vivera antes na Terra poderia reviver, sem compreenderem
precisamente de que maneira esse fato podia dar-se. É assim que até Herodes
pensava que Jesus fosse Jeremias, Isaías, Elias ou algum dos profetas que havia
retornado.
O Espiritismo trata o assunto de forma
clara ao mostrar que reencarnação é a volta do Espírito à vida corpórea, em um
outro corpo formado especialmente para ele e que nada tem de comum com o
antigo. Quando Jesus declarou que Elias voltara à Terra como João Batista,
entendamos que seus corpos eram diferentes; afinal João era primo do Messias.
Mas a alma de um e outro era a mesma.
Não encarnamos e reencarnamos apenas
no planeta Terra, mas em diferentes mundos. As que aqui passamos não são as
primeiras nem as últimas.
São, porém, das mais materiais e das mais
distantes da perfeição, porque a encarnação nos diferentes mundos guarda
relação com o grau evolutivo desses mundos.
A constituição do perispírito – ou corpo
espiritual da alma – está em função da natureza de cada mundo, o que obriga
tenha ele de passar por transformações sucessivas e tornar-se cada vez mais
etéreo, até a depuração completa, que é a condição do envoltório fluídico dos
Espíritos puros.
A encarnação, tal como ocorre na Terra,
observa-se também nos mundos inferiores.
Nos mundos superiores, no entanto,
onde impera o sentimento de fraternidade, estando seus habitantes livres das paixões
grosseiras que ocorrem em mundos atrasados, os Espíritos gozam de uma
encarnação bem mais feliz e nenhum temor têm da morte.
A duração de uma existência corpórea
guarda, nos diferentes mundos, proporção com o grau de superioridade física e
moral de cada um.
Quanto menos material o corpo, menos sujeito
às vicissitudes que o desorganizam.
Quanto mais puro o Espírito, menos
paixões a dominá-lo. É essa uma graça da Providência, que desse modo abrevia os
sofrimentos das criaturas à medida que elas próprias progridem, sem que haja,
para isso, nenhuma forma de privilégio, incompatível com a grandeza e a
sabedoria do Criador.
O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO
ESPÍRITA
Diretor
Responsável: Hugo Gonçalves - Ano 57 - Nº 674 - Abril de 2010 - PÁGINA
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