quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
João Berbel - O Homem, A Missão
Há décadas, na Fazenda Monte alegre, instalou-se em moradia o casal José Júlio e Delmira Quirino. Ele espanhol da família Berbel, vinha da província argentina de Córdoba, onde vivera provisoriamente, até que foi atraído para o Brasil e escolheu a vida difícil do campo, ao lado da brasileira Delmira. Foi uma época de muitas dificuldades, para quem vivia no trabalho agrícola de sol a sol e tinha uma família numerosa de seis filhos.
Em 30 de agosto de 1955 nasceu o pequenino João. Desde pequeno, partilhando as agruras e penúrias financeiras ao lado dos familiares, trabalhava para ajudar nos pequenos serviços. Desse tempo de infância João tem poucas lembranças, mas não pode esquecer de seu avô que, embora inculto e católico, diagnosticava os males das pessoas. Ele advinhava como ninguém, o local e o tipo de enfermidade que se ocultava nas pessoas. Tais dons não passavam desapercebidos pelos pais de João. Eles católicos convictos, sempre com um terço nas mãos, não eram simpáticos a essas advinhações, com certo sabor infernal, conforme consideravam nos meios rurais, qualquer manifestação paranormal.
Em algumas regiões desse Brasil sempre existiu a figura do benzedor e da benzedeira. Eram figuras respeitáveis, pontes luminosas entre o céu e a terra, seres respeitáveis; figuras de solidez de espírito, que com santa singeleza, sabem entender a linguagem dos céus. Os pais de João, muito católicos, vez por outra recorriam a esses benzedores, herdeiros da sabedoria prática de seus ancestrais. O pequeno João era totalmente avesso a quaisquer dessas práticas alheias à religião de seus pais. No seu fervor católico, ele recriminava a todos que, mesmo de longe, dessem qualquer valor e atenção a essas ações beneméritas e considerava tudo como feitiçaria. Não podia ouvir falar de Espiritismo. Mas como o destino nos prega peças todos os dias, às vezes promovendo completa e repentina reviravolta em nossas vidas, à nossa revelia, mais tarde João se tornaria, além de fervoroso espírita, também um atuante médium. E o destino foi até mais irônico e fez com que os esteios técnicos de seu labor de cura em benefício dos sofredores sejam as milagreiras ervas do sertão, que ele tanto abominava nos benzedores. Nosso frágil João cresceu e alcançou o diploma escolar, fez mais um ano e parou por aí. É que em breve, iria provar as primeiras gotas amargas daquela água encantada, que ele não queria beber. Alguns anos mais tarde, mais precisamente aos 17 anos, João reconheceu-se um epiléptico. Que triste quadro ver-se a si mesmo sendo alvo do desprezo irreprimível da multidão. Devagar, com trabalho bendito e o auxílio de medicamentos, conseguiu ele finalmente controlar a epilepsia. Corria o ano de 1976 quando conheceu Arlete, sua companheira dedicada até hoje e com quem se casou em 12 de maio de 1979. Nesse período, fenômenos medianímicos insistiram em se manifestar. Depois que passou a freqüentar os trabalhos da Liga Espírita D’Oeste, no Bairro da Estação em Franca/SP, viu surgir a mediunidade de incorporação e então não teve como fugir. O problema epiléptico foi superado com a admissão consciente da mediunidade. A partir daí sua vida mudou. Iniciou então um trabalho, fazendo fluir para si e seus semelhantes a água da vida espiritual. Certa feita sua esposa Arlete estava com cólica renal, causando sérias preocupações. Inesperadamente João incorporou o espírito de Dr. Alonso, foi até à cozinha, tomou de uma faca e ali mesmo operou Arlete, sem nenhum corte, dor ou ferimento. A cura completou-se com a ingestão de remédios e ervas, prescritas também pelo Dr. Alonso, espírito.
Dr. Alonso - Pescador de Almas
Há mais de um século, em 1896, chegaram às terras brasileiras o casal Rosa e Maximino Alonso, vindos da Espanha. Aportaram nas terras mineiras de Uberaba, Minas Gerais. Bem próximo dali está a localidade de Peirópolis, onde em 30 de dezembro de 1908 nasceu, desse casal de ibéricos aquele que chamou Ismael Alonso Y Alonso. Ali a vida era difícil e para trilhar os primeiros passos dos estudos das letras, Ismael teve de enfrentar muitos obstáculos. As ocupações simples e duras da vida rural, o trabalho árduo com a terra bruta e o gado leiteiro, forjou o pequeno Ismael que cresceu, sob os efeitos da dureza da existência, do trabalho honesto, fazendo assim o caráter marcante desse espírito. Viveu tempo de dificuldades, sacrifícios, fome, privações de toda ordem.
Mudando para Ribeirão Preto/SP diplomou-se no curso ginasial em 1925. Em 1928 serviu o Exército. Em 1929 enfrentou um curso superior. Estudou Farmácia em Pindamonhangaba. Em 1934 tornou-se médico pela Faculdade Fluminense de Medicina, cuja formatura foi em dezembro do mesmo ano. Sua constância em torno do aperfeiçoamento na ciência de curar permitiu-lhe especializações nas áreas clínicas médicas de dermatologia, urologia, sífilis, etc. Tornando-se médico residente e assistente em várias clínicas do Rio de Janeiro.
Em 1939 casou-se com sua prima Esmeralda Domingues Alonso. Tiveram dois filhos: Mísia e Sérgio. A vinda de Dr. Alonso para Franca selou com seu povo um vínculo perene, inextinguível. Nessa época ele clinicava em Uberaba e o Dr. Ricardo Pinho convidou-o a instalar-se como médico na terra das três colinas. Esta recebeu assim em 02 de julho de 1939, aquele que seria um dos homens públicos mais afamados e queridos. A atuação médica de Dr. Alonso extinguiu muitas dores, aliviou um contingente enorme de desfavorecidos pela sorte, levantou muitos caídos pelos ínvios caminhos da existência, ao peso dos infortúnios e desesperanças.
Fazia o que podia por todos e hoje comenta lamentando, de como podia fazer muito pouco, nos casos de obsessão que se lhe apresentavam e cujos conceitos eram quase desconhecidos, impedindo assim a ação saneadora tão desejável. Sua permanência em Franca por 25 anos, ou seja, até o seu desencarne em 23 de março de 1964, assinalou uma existência de muito trabalho: assumiu a direção da Santa Casa e a presidência do Centro Médico; chefiou o Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência (SAMDU); atendeu no IAPI E IAPC, etc.
Homem público extremamente ativo e participante assumiu a prefeitura de Franca nos anos de 1952 a 1954 e integrou no corpo de vereadores de 1955 a 1958. Na qualidade de Prefeito, sua atuação foi excepcional. Abriu e asfaltou vias públicas; criou Antigo Horto Florestal (atual Jardim Zoobotânico de Franca), conforme lei Municipal nr 269 de 10/12/52, Situa-se na Fazenda Pouso Alto propriedade da Prefeitura Municipal, compreendendo uma vasta área de terras e de mata nativa, com objetivo de cultivar mudas de árvores frutiferas, floricultura ornamental e distribuir mudas para população; expandiu a planta física de obras do município e consagrou-se de corpo e alma ao setor de saúde, área de muita conscientização profissional; criou a representação do PTB em Franca. Homem do povo, médico dos empobrecidos e esquecidos, sua aura carismática insuflava admiração em todos. Muito bem educado e fino, tratava a todos com muita polidez e delicadeza.
Dr. Alonso, quando encarnado, não deixou de sentir, no desenrolar de sua existência humanitária, a mão do Alto guiando a sua ao clinicar e diagnosticar, inspirando-o ainda à assistência fraterna e gratuita dos enfermos que lhe batiam súplices à porta. Agora, em que ele do Além está ainda em contato estreitíssimo com a população de Franca, através do médium João Berbel, suas exortações sinceras dizem-nos que a reforma íntima do homem deve ser recebida como extensão de seu trabalho terrestre. De médicos de homens a médico de almas, o trabalho é o mesmo. De um plano a outro, de uma esfera a outra, o trabalho flui e se sublima. De cirurgias físicas a cirurgias fluídicas, a evolução natural do labor caritativo. É propósito maior de Dr. Alonso, ainda hoje: curar almas, elevando a força do Evangelho de Jesus acima de todas as técnicas. Hoje, nosso caro irmão Dr. Alonso, que quando entre nós gostava de pescar, transformou seu lazer preferido numa preocupação evolutiva que extrapolou o seu ego: tornou-se pescador de almas.
Fonte: http://www.espiritismodralonso.org.br/site/
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