sábado, 17 de dezembro de 2011

O Espiritismo responde


Alba Cordelia Noronha de Oliveira, de Itororó (BA), pergunta:

Como a Doutrina Espírita explica o mistério da Santíssima Trindade?

Colhida numa lenda hindu, a ideia da Trindade foi inserida na teologia católica a partir do século IV. As discussões e perturbações que suscitou essa questão agitaram os espíritos durante três séculos e só vieram a cessar com a proscrição dos bispos arianos, ordenada pelo imperador Constantino, e o banimento do papa Líbero, que não quis sancionar a decisão do Concílio.

A divindade de Jesus fora anteriormente rejeitada por três concílios, o mais importante dos quais foi realizado em Antioquia, no ano de 269. Léon Denis trata do assunto no cap. VI de
seu livro Cristianismo e Espiritismo no qual nos diz que a concepção da Trindade apresenta-se em contradição formal com as opiniões dos apóstolos e com as palavras de Jesus, que com frequência se designava Filho do homem, raramente se chamava Filho de Deus e nunca se declarou Deus. Pedro – lembra Denis – entendia que Jesus era “o Cristo”, isto é, enviado de Deus, e assim se referiu ao Mestre: “Jesus Nazareno foi um varão , aprovado por Deus entre vós, com virtudes e prodígios e sinais que Deus obrou por ele no meio de vós”. Lucas considerava-o um profeta e Paulo dizia, enfático: “Só há um Deus e um só mediador entre Deus e os homens, que é Jesus-Cristo, homem”.(Cristianismo e Espiritismo, cap. VI, pp. 73 a 83.)

Outro dado importante lembrado por Denis é que a expressão Espírito Santo não aparece no original grego dos evangelhos. O qualificativo sanctus, em seguida à palavra espírito, que deu origem à expressão Espírito Santo, não existe no texto grego, uma vez que o Espírito Santo, como terceira pessoa da Trindade, foi imaginado apenas no fim do século II. (Obra citada, Nota complementar n. 6, p. 277.)

Resta-nos, por fim, esclarecer que a doutrina da Trindade, além de não ter nenhum fundamento bíblico, fere um dos pilares da doutrina contida no Antigo Testamento, que estabelece como princípio o mais absoluto monoteísmo, ou seja, Deus é único, como aliás sempre foi ensinado pela chamada Filosofia clássica.


O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo Gonçalves - Ano 57 - Nº 674 - Abril de 2010 - PÁGINA 2

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