Sérgio Lourenço
“A verdade é como
jóia que, no peito, nos cabelos e nas mãos, enfeita, mas, atirada ao rosto,
fere.”
“Não uses a verdade
apenas para exibir a tua superioridade ou pelo simples prazer de ferir.”
Emmanuel
Dar-de-dedo é uma expressão
popular. Costuma-se empregá-la quando alguém, mais exaltado ao expor suas
idéias, no calor da discussão, pretende, sem vigilância, advertir ou admoestar
o seu interlocutor. É o mesmo que se chamar asperamente, a atenção de alguém
por algum fato, procedimento ou mesmo quando divergente de alguma tese que se
discute. Isso acontece comumente com aquele que, não muito preparado
espiritualmente, jacta-se de ter o pavio curto...
Para as pessoas cujo
pavio está muito perto da bomba, ou, que costumam dar-de-dedo em seu
semelhante, convém lembrar, sempre, que a Verdade é um conceito íntimo e que
ninguém é dono dela. Jesus, quando inquirido sobre o que era a Verdade,
calou-se, numa demonstração de que defini-la, seria impróprio e sem proveito.
No entanto, embora
todas essas advertências que recebemos, tanto das experiências da vida, quanto
dos Iluminados Espíritos do Senhor, ainda ficam muitas pessoas proprietárias da
verdade por inteiro e prontos, se necessário, a dar-de-dedo para impô-la a quem
ousa discordar de seus ponto-de-vista.
Isso é lamentável no geral.
Muito pior é no particular. E, no particular, para nós, é o arraial
espiritista. E isso tem sido observado em nosso meio até com certa freqüência,
principalmente por aqueles que, um pouco mais dotados de cultura, lideram
grupos de aprendizes. Também, por aqueles que, veteraníssimos no Espiritismo,
fazem, desse tempo, o direito absoluto da verdade.
É bom, sempre, uma
auto-análise de comportamento e de convivência. É bom, periodicamente, parar,
pensar, repensar e verificar se o comportamento não está fugindo da tolerância,
do amor, da compreensão e, principalmente, da mansidão do Evangelho.
Observa-se, ainda, aqueles
que, para fugir da responsabilidade, mas nunca admitindo seu possível engano,
usam, como saída, a clássica expressão: “Os espíritos me disseram..E então,
ficam livres para impor e agredir como quiserem.
Nem sempre o que é bom e
correto para um, o é para outro. Que bom seria se todos tivessem o
comportamento e o entendimento que queremos No entanto, a mais pura expressão
Cristã está exatamente em aceitar os outros como eles são e não como
gostaríamos que fossem.
E isto se aplica para
todos, como medida de mais fácil convivência e compreensão. Até para os médiuns
e seus mentores. Nenhum Espírito Superior obriga ou exerce coação. Exatamente
por isso ele é Superior.
Embora sejam discordantes
as opiniões, precisam ser respeitadas. O ato de se defender um conceito não
implica, ao espírita, a necessidade de exaltar-se. A mais perfeita e correta
técnica de convencer alguém de alguma coisa, é estar preparado e consciente de
ser convencido, também.
SIMONETTI,
Richard; LOURENÇO, Sérgio e OLIVEIRA, Terezinha. Dar-de-dedo. In.: Em busca do
homem novo. 4. ed. Capivari:EME, 1992.
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