Em considerando a inelutável ocorrência do fenômeno da morte,
expressiva maioria das criaturas humanas diz-se surpresa quando convidado
alguém amado ao decesso carnal.
A própria inevitabilidade da morte, por si, impõe a necessidade
de uma atitude mental compreensiva, para cujo cometimento todos os seres
orgânicos são constituídos.
A morte é estágio final do processo fisiológico, não cessação da
vida.
A cada instante que passa, morre-se um pouco no corpo, enquanto
se renovam células e moléculas, elaborando novas combinações orgânicas.
A morte, por isso mesmo, não pode constituir surpresa, tendo-se
em vista que faz parte integrante da vida. Ela não consome a vida, mudando,
apenas, a estrutura da forma.
Quando convidado às reflexões profundas, em face da
desencarnação de um ser querido, evita cair no aturdimento e na revolta, a fim
de que não derrapes pela blasfêmia irresponsável ou pela alucinação infeliz.
Medita, quanto possas, em torno do fenômeno da morte, a fim de
que te habitues com ela e não sejas surpreendido quando te visite.
Cuida de manter uma posição emocional equilibrada, porquanto os
que morrem afastam-se, fisicamente de ti, mas não se te desvinculam.
Teus pensamentos de desespero chegam-lhes e os atingem com altas
cargas vibratórias perturbadoras.
As conjecturas rebeldes a que te entregas, emitem dardos
certeiros que os ferem.
A mágoa e o inconformismo a que te deixas arrastar logram
alcançá-los por processos telepáticos deprimentes, que os angustiam e aturdem.
Se sentes saudades, é muito natural, desde que não extrapoles da
recordação dorida para a fixação malsinada, mediante evocações pouco
procedentes.
Os Espíritos sentem-se felizes quando lembrados pelo carinho dos
afetos terrenos, que agem e pensam com ternura neles, auxiliando outrem por
amor a eles.
As palestras edificantes e os comentários dignos em torno deles,
como a oração intercessória, chegam-lhes na forma de bálsamo, se sofrem, de
estímulo e encorajamento em qualquer circunstância.
Não exclames desesperado, como se estivesses desamparado: -
"E agora, que será de mim?!" Se amas o ser que partiu, pensa, também,
como estará, que lhe sucederá, neste momento, e procura auxiliá-lo com renúncia
pessoal, porquanto aquele que desencarnou, não se havendo consumido no nada,
tem necessidade de ajuda.
Não há transformação mágica para ninguém, porque lhe sucedeu a
perda da roupagem carnal.
Cada um se encontra além do corpo com a bagagem que conduz,
armazenada durante a experiência física.
Quando alguém desencarna, vitimado por um acidente de veículo ou
por um distúrbio orgânico imprevisto, não se desprende por acaso ou punido pela
Soberana Vontade... Ora e tem paciência.
Há dores mais graves e problemas mais difíceis de suportados do
que a morte, que não podes imaginar.
Se parte na direção da Vida Abundante uma criança ou um
adolescente, não acredites injustiça a ocorrência.
A idade jovem, rapidamente encerrada, é bênção que faculta
diferente mecanismo de evolução a benefícios do Espírito em crescimento.
Se desencarna na maturidade ou na velhice, não penses que
poderia demorar-se um pouco mais, a fim de não incorreres em descabido egoísmo.
Ignoras o que poderia acontecer-lhe. As conquistas que ele
granjeou, como a misericórdia divina sempre presente, impedem que seus resgates
morais se expressem em forma diversa, mais angustiante...
Sem surpresa, embora com saudade, considera e medita sobre a
desencarnação dos a quem amas.
Afinal, por mais longa se te pareça a vida física, ao
concluí-la, descobrirás quanto foi breve e como passou rápida.
Reencontrarás aqueles amores que te anteciparam na morte, quando
te soe a hora da partida.
Virão receber-te com carinho, se lhes honraste a memória ou
esperar-te-ão em agonia se não se prepararem, a seu turno, nem de ti receberam
a colaboração eficaz do amor.
Procede a considerações equilibradas em torno da morte, e ama
sem posse, sem queixa, sem rebeldia.
Em chegando o momento da tua desencarnação, que virá, recebe a
bênção da morte libertadora ungido de reconhecimento e de paz, com que volverás
à Vida plena e total.
Joanna de Ângelis
(Do
livro Oferenda, Capítulo 59, psicografia do médium Divaldo Pereira Franco)
Joanna
de Ângelis & Divaldo P. Franco
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