Permitiu
Deus que te libertasses antes de mim e eu disso me não poderia queixar sem
egoísmo, porquanto fora querer-te sujeito ainda às penas e sofrimentos da vida.
Espero, pois, resignado, o momento de nos reunirmos de novo no mundo mais
venturoso no qual me precedeste.
O
Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVIII, item 63.
Sim,
naturalmente, a morte dos seres queridos tem o poder de transtornar os
sentimentos humanos.
Evidentemente,
o fenômeno da morte, ou desencarnação, ainda prova no mundo incomensuráveis
padecimentos, que costumam hebetar a pessoa, mormente quando ela, não dispondo
dos conhecimentos da Vida Imperecível, imagina seja a morte o fim absoluto da
querida convivência dos que se prezam, dos que se amam.
Muito
embora a lágrima sentida ocupe o seu lugar, quando desses transes difíceis,
faz-se necessário atentar para os excessos, que são, sem dúvida, expressões da
mente bloqueada ou da alma emparedada em ignorância desarticuladora,
impedindo-se de pensar mais alto.
Há familiares
que se desesperam de tal modo, ante a morte, que mais parecem descarregar as
quotas de remorsos para com o desencarnado, do que propriamente saudade ou
ternura.
Há casos
de tamanha revolta, diante da lei que não tem exceção, que passam a acusar, sem
que se apercebam, os afetos trespassados, como responsáveis por seus
sofrimentos.
Há
situações em que familiares e amigos, num processo inconsciente de autopiedade,
valem-se do passamento dos entes caros, a fim de exteriorizar a carência
afetiva que os caracteriza. Não pensam claramente no morto, mas, em si mesmos,
elastecendo o sofrimento, atraindo para si as atenções e cuidados gerais.
* * *
Pára e
pensa, pois, nessas questões.
Não
obstante a morte imponha amargura e dor, frustração e lágrimas naqueles que
ficam, nas lides da atividade carnal, vale a pena estejas vigilante, para que o
egoísmo milenário, mimético e torpe, não se imiscua nos teus sentimentos
verdadeiros.
Cultiva,
então, o bom senso.
Sofre e
chora sem que o teu sofrimento perturbe os outros, e sem que tuas lágrimas
traiam teus desejos íntimos de afago, na descompensação em que te achas.
Aprende a
sofrer retirando bom aproveitamento do padecer, amadurecendo, superando-te,
para que as tuas provações ou expiações humanas, de fato, façam-te avançar para
Deus, e não te aguilhoem aos postes morais do indivíduo espiritualmente pigmeu.
Choras
por teus mortos? Então, faze desse pranto um aceno de ternura e um bilhete de
paz, onde tu digas aos amores desencarnados:
Até
breve; que Deus te abençoe, ser querido!
Camilo
Mensagem psicografada pelo médium J. Raul Teixeira
03. TEIXEIRA, J.
Raul. Choras os teus mortos? In.: Revelações da luz. Pelo espírito Camilo.
Niterói:FRÁTER, 1994. cap. 29.
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