*Céu
inferno_075_2a parte cap. VII - Espíritos Endurecidos – Lapommeray*
*ESTUDO*
(Bordeaux,
1862)
Este
Espírito se apresenta espontaneamente ao médium, e reclama preces.
O
que vos levou a pedir preces? – R. Estou cansado de perambular sem objetivo. –
Há muito tempo estais nessa posição? – R. Cento e oitenta anos mais ou menos. –
Que fizeste sobre a Terra? – R. Nada de bom.
Qual
é a vossa posição entre os Espíritos? – R. Estou entre os entediados. – Isso
não forma uma categoria. – R. Tudo forma categoria entre nós. Cada sensação
encontra os seus semelhantes, ou seus simpáticos se reúnem.
Por
que, se não estáveis condenado ao sofrimento, ficastes tão longo tempo sem
avançar? – R. Estava condenado ao tédio, que é um sofrimento entre nós; tudo
que não é alegria, é dor. – Fostes forçado, pois, a permanecer errante, apesar
de vós? – R. Essas são causas muito sutis para a vossa inteligência material. –
Tentai fazer-me compreendê-las; e isso será um começo de utilidade para vós. –
R. Eu não poderia, não tendo termo de comparação. Uma vida extinta sobre a
Terra deixa o Espírito que não a aproveitou, o que o fogo deixa ao papel que
consumiu: faíscas, que lembram as cinzas ainda unidas entre elas, quais foram a
causa de seu nascimento, ou se queres, da destruição do papel. Essas faíscas
são a lembrança dos laços terrestres que sulcam o Espírito, até que haja dispersado
as cinzas de seu corpo. Só então se reencontra, essência etérea, e deseja o
progresso.
Que
pôde vos ocasionar o tédio que lamentais? – R. Consequência da existência. O
tédio é o filho da falta de obras; eu não soube empregar os longos anos que
passei sobre a Terra, e a sua consequência se fez sentir no nosso mundo.
Os
Espíritos que como vós erram em prova ao tédio, não podem fazer cessar esse
estado quando querem? – R. Não, nem sempre o podem, porque o tédio paralisa a
sua vontade, sofrem as consequências de sua existência; foram inúteis, não
tiveram nenhuma iniciativa, não encontram nenhum concurso entre eles. São
abandonados a si mesmos, até que a lassidão desse estado os fará desejar
mudá-lo; então, à menor vontade que desperte neles, encontram o apoio e os bons
conselhos para ajudar os seus esforços e perseverar.
Podeis
dizer-me alguma coisa sobre a sua vida terrestre? – R. Ai de mim! Bem pouca
coisa, deves compreendê-lo. O tédio, a inutilidade, a falta de obras provém da
preguiça; a preguiça é mãe da ignorância.
As
vossas existências anteriores não vos fizeram avançar? R. – Sim, todas, mas
muito fracamente, porque todas foram o reflexo umas das outras. Há sempre
progresso, mas tão pouco sensível, que nos é inapreciável.
Esperando
que recomeceis uma outra existência, quereis vir mais frequentemente junto a
mim? – R. Chamai-me para a isso constranger-me; prestar-me-eis serviço.
Podeis
dizer-me por quê vossa escrita muda com frequência? – R. Porque perguntas
muito; isto me fatiga, tenho necessidade de ajuda.
O
guia do médium. É o trabalho da inteligência que o fatiga e que nos obriga a
prestar-lhe o nosso concurso, para que possa responder às tuas perguntas. É um
desocupado do mundo dos Espíritos, como o foi no mundo terrestre. Nós o
conduzimos a ti para tentar tirá-lo da apatia e desse tédio que é um verdadeiro
sofrimento, mais penoso, às vezes, que os sofrimentos agudos, porque pode se
prolongar indefinidamente. Imagina a tortura da perspectiva de um tédio sem
fim? São a maioria dos Espíritos dessa categoria que não procuram uma
existência terrestre senão como distração, e para romper a insuportável
monotonia de sua existência espiritual; também ao chegam com frequência, sem
resoluções combinadas para o bem; é por isso que têm de recomeçar, até que,
enfim, o progresso real se faça sentir neles.
*QUESTÒES PROPOSTAS PARA ESTUDO*
1.
O que levou este Espírito a pedir as preces?
2.
Aqueles Espíritos que também erram em prova ao tédio, podem fazê-lo cessar
quando querem?
3.
Por que a escrita dele muda com tanta frequência?
4.
Qual o objetivo dos Espíritos superiores em levar este Espírito para entrar em
contato com o médium?
5.
Segundo o guia do médium, de quem é composta essa categoria de “Espíritos
entediados”?
Conclusão:
1.
O que, dentre essas razões para justificar a proibição de evocar os mortos,
mais lhe chama a atenção? Por quê?
“As
[almas] do céu, inteiramente entregues à sua beatitude, estão muito superiores
aos mortais para deles se ocuparem, e são bastantemente felizes para não
voltarem a esta terra de misérias, no interesse de parentes e amigos que aqui
deixassem. Então essas almas podem ser comparadas aos nababos que dos pobres
desviam a vista com receio de perturbar a digestão? Mas se assim fora essas
almas se mostrariam pouco dignas da suprema bem-aventurança, transformando-se
em padrão de egoísmo! “
É,
como se pode ver, a negação da própria justificativa (ou das razões que faz de
um espírito um ser superior) dessas almas estarem onde estão: entre os bons
Espíritos, no céu...
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