ROGÉRIO COELHO
De Muriaé, MG
“Que homem há que
viva e não veja a morte? Ou que livre a sua
alma do poder do mundo invisível?”- Davi (Salmos, 90:48)
Revue
Spirite!... Essa grande desconhecida da maioria dos espíritas!...
Tão
importante é a Revista Espírita para o enriquecimento doutrinário complementar
que não se pode compreender o descaso a que é relegada. Escrita pelo próprio Kardec,
a “Revue Spirite”, Jornal de Estudos Psicológicos, é um laboratório vivo da
Codificação. Escrita de 1858 a 1869, ela hoje é encontrada em primorosa
encadernação do IDE, já em sua segunda edição, em 12 volumes; um para cada ano
de existência da Revista.
Eis
como o ínclito Codificador do Espiritismo se refere à “Revue”1 :
“Variada
coletânea de fatos, de explicações teóricas e de trechos isolados, que
completam o que se encontra nas duas obras precedentes2 , formando-lhes, de
certo modo, a aplicação. Sua leitura pode fazer-se simultaneamente com a
daquelas obras, porém, mais proveitosa será e, sobretudo, mais inteligível, se
for feita depois de O Livro dos Espíritos”.
Apenas
a título de “trailer”, vamos transcrever, para deleite dos leitores, o conteúdo
das págs. 4 e 5 do volume de 1858, que vem ratificar o versículo de Davi em epígrafe
“(...)
A existência dos Espíritos, e a sua intervenção no mundo corporal, está
atestada e demonstrada, não mais como um fato excepcional, mas como princípio
geral, em Santo Agostinho, São Jerônimo, São Crisóstomo, São Gregório de
Nazianzeno e muitos outros Pais da Igreja.
Essa
crença forma, por outro lado, a base de todos os sistemas religiosos. Os mais
sábios filósofos da antiguidade a admitiram: Platão, Zoroastro, Confúcio,
Apuleio, Pitágoras, Apolônio de Tiana e tantos outros.
Nós
a encontramos nos mistérios e nos oráculos, entre os gregos, os egípcios, os
hindus, os caldeus, os romanos, os persas, os chineses.
Vemo-la
sobreviver a todas as vicissitudes dos povos, a todas as perseguições, desafiar
todas as revoluções físicas e morais da humanidade...
“Mais
tarde, encontramo-la nos adivinhos e feiticeiros da Idade Média, nos Willis e
nas Walkirias dos escandinavos, nos Elfos dos teutões, nos Leschios e nos Domeschios Doughi dos
eslavos, nos Ourisks e nos Brownies da Escócia, nos Poulpicans e nos Tensarpoulicts
dos bretões, nos Cemis dos Caraíbas, em uma palavra, em toda a falange de
ninfas, de gênios bons e maus, de silfos, de gnomos, de fadas, de duendes, com
os quais todas as nações povoaram o espaço. Encontramos a prática das evocações
entre os povos da Sibéria, no Kamtchatka, na Islândia, entre os índios da
América do Norte, entre os aborígines do México e do Peru, na Polinésia e mesmo
entre os estúpidos selvagens da Oceania. De alguns absurdos que essa crença
esteja cercada e disfarçada segundo os tempos e os lugares, não se pode deixar
de convir que ela parte de um mesmo princípio, mais ou menos desfigurado.
“Ora,
uma doutrina não se torna universal, e nem sobrevive a milhares de gerações,
nem se implanta, de um pólo ao outro, entre os povos mais dessemelhantes, e em
todos os graus da escala social, sem estar fundada em alguma coisa de positiva.
O que é essa alguma coisa? É o que nos demonstram as recentes manifestações.
Procurar
as relações que podem e devem ter entre essas manifestações e todas essas
crenças, é procurar a verdade.
“A
história da Doutrina Espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. Iremos
estudar todas essas fontes que nos fornecerão u’a mina inesgotável de
observações, tão intuitivas quão interessantes, sobre os fatos gerais pouco conhecidos.
Essa parte nos dará a oportunidade de explicar a origem de uma multidão de
lendas e de crenças populares, interpretando a parte da Verdade, da alegoria e
da superstição.
“No
que concerne às manifestações atuais, daremos conta de todos os fenômenos
patentes, dos quais fomos testemunhas ou que vierem ao nosso conhecimento, quando
parecerem merecer a atenção dos nossos leitores.
“Faremos
o mesmo com os efeitos espontâneos que se produzem, freqüentemente, entre as
pessoas, mesmo as mais estranhas às práticas das manifestações espíritas, e que
revelem seja a ação oculta, seja a independência da alma; tais são os fatos de
visões, aparições, dupla vista, pressentimentos, advertências íntimas, vozes
secretas etc...
“À
relação dos fatos acrescentaremos a explicação, tal como ela ressalta do
conjunto dos princípios.
Faremos
anotar, a esse respeito, que esses princípios são aqueles que decorrem do
próprio ensinamento dado pelos Espíritos, e que faremos, sempre, abstração das
nossas próprias idéias. Não será, pois, uma teoria pessoal que exporemos, mas a
que nos tiver sido comunicada, e da qual não seremos senão o intérprete.
“Uma
larga parte será, igualmente, reservada às comunicações, escritas ou verbais,
dos Espíritos, todas as vezes que tiverem um fim útil, assim como as evocações de
personagens antigas ou modernas, conhecidas ou obscuras, sem negligenciar as
evocações íntimas que, freqüentemente, não são menos instrutivas; abarcaremos, em
uma palavra, todas as fases das manifestações materiais e inteligentes do mundo
incorpóreo.
“A
Doutrina Espírita nos oferece, enfim, a única solução possível e racional de
uma multidão de fenômenos morais e antropológicos, dos quais, diariamente, somos
testemunhas, e para os quais se procuraria, inutilmente, a explicação em todas
as doutrinas conhecidas. Classificaremos nessa categoria, por exemplo, a
simultaneidade dos pensamentos, a anomalia de certos caracteres, as simpatias e
as antipatias, os conhecimentos intuitivos, as aptidões, as propensões, os
destinos que parecem marcados de fatalidade, e, num quadro mais geral, o
caráter distintivo dos povos, seu progresso ou sua degeneração etc...
“À citação dos fatos acrescentaremos a
busca das causas que puderam produzi-los. Da apreciação desses atos,
ressaltarão, naturalmente, úteis ensinamentos sobre a linha de conduta mais
conforme com a sã moral
Em suas instruções, os Espíritos
superiores têm, sempre, por objetivo, excitar, nos homens, o amor ao bem pela
prática dos preceitos evangélicos; nos traçam, por isso mesmo, o pensamento que
deve presidir à redação dessa coletânea.
“Nosso quadro como se vê, compreende
tudo o que se liga ao conhecimento da parte metafísica do homem; estudá-la-emos
em seu estado presente e em seu estado futuro, porque estudar a natureza dos
Espíritos é estudar o homem, uma vez que deverá fazer parte, um dia, do mundo
dos Espíritos; por isso acrescentaremos, ao nosso título principal, o de jornal
de estudos psicológicos, a fim de fazer compreender toda a sua importância”.
1 Kardec, A. O Livro dos Médiuns, 57
ed. FEB, 1a. parte, cap. III, item 35, parág. 4o.
2 Kardec refere-se aos dois livros
básicos: O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns.
O
IMORTAL
JORNAL
DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº
624 Fevereiro de 2006
RUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL
63
CEP 86.180-970
TELEFONE:
(043) 3254-3261 - CAMBÉ – PR
http://www.oconsolador.com.br/ano5/250/principal.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário