Cezar Carneiro de Souza
Certo domingo, 1.º de abril de 1973, nos encontrávamos junto a Chico
Xavier, numa fazenda próxima à cidade de Araguari.
A sede da fazenda, uma casa das mais antigas, construção rústica, sem
forro, ficando à mostra um telhado muito velho, o assoalho de madeira e,
embaixo, o porão. Tudo muito antigo. Naquela casa penetrava ar em abundância trazendo
o perfume das flores do campo. Pelas janelas e portas, entravam os raios de
sol, dando ao local luz agradável, simples e muito aconchegante.
O motivo daquele encontro é que ali seria oferecido pelos queridos confrades
um almoço fraterno em comemoração à solenidade, que acontecera na noite
anterior, de entrega do título de Cidadão Honorário de Araguari a Chico Xavier,
outorgado pela Câmara dos Vereadores daquela promissora cidade triangulina.
No entanto o que queremos registrar é o fato que ouvíramos, perplexos,
de Chico Xavier em conversa com José Martins Peralva, conhecido escritor
espírita, há pouco desencarnado.
— Chico, li o livro do autor oriental que você me recomendou.
Um fato me intrigou bastante, pois um personagem da história morre e outro
espírito é ligado ao seu corpo e passa a viver aqui na Terra, enquanto que o
espírito do que morreu se desliga e vai para a Espiritualidade.
Isso é uma troca de espíritos que contradiz a Doutrina Espírita. Em “O
Livro dos Espíritos” não encontramos tal afirmação. E aí, Chico, como ficamos?
O lúcido médium, calmo e com a segurança de quem sabe o que fala, disse:
— Não, Peralva. O fato não contradiz os ensinamentos da nossa Doutrina.
Não há contradição naquele relato contido no livro do autor do Oriente.
— Acho impossível que uma pessoa venha a desencarnar e um outro
espírito seja ligado ao corpo morto, a este reanime e passe a viver entre nós.
Como pode ser isso? – argumentou o autor do livro “Estudando a Mediunidade”
(FEB).
Chico, após ouvi-lo com atenção, enfatizou:
— Olhe, gente, vou dizer a vocês:
existem revelações da Espiritualidade Superior que surgiram no Oriente
e que, por enquanto, não podem ser transmitidas
para o Ocidente, nem mesmo por Kardec. Não se assustem, mas é isso mesmo. As coisas,
às vezes, parecem ser impossíveis. Por exemplo: eu chego aqui, a esta fazenda,
que é bem rústica e antiga, para ver se se pode instalar energia elétrica. Com
meus poucos conhecimentos, eu observo e digo que é impossível pôr eletricidade.
Porém vem um engenheiro, faz um estudo e diz: — É possível, sim. Nesta
casa pode, pôr eletricidade. E põe!!!
Todos nós ficamos impressionados com o que ouvimos de Chico.
Após aquele diálogo, alguém comentou:
— Chico, se isso é possível, para que haja troca de espíritos e não
haja rejeição, é necessário que sejam almas irmãs e se afinem em sintonia quase
perfeita, não é?
Chico, num aceno com a cabeça, pareceu concordar e encerrou o assunto.
De retorno a Uberaba, encontrei-me com um amigo e culto escritor espírita.
Narrei-lhe o fato e ouvi dele que há muito, Chico lhe falara dessa história,
dizendo-lhe, ainda, conhecer uma pessoa numa cidade do interior de Minas
Gerais, que era alguém protagonista de tal acontecimento tão insólito.
Encerrando mais um caso com nosso sábio e querido Chico Xavier, lembramo-nos
da fala de Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, questão n.º 19, que diz:
“Quanto mais é dado ao homem penetrar nesses mistérios, mais cresce sua
admiração pelo poder e sabedoria do Criador...”
*Caso inédito do autor do livro “Chico Xavier, Lembranças de grandes
lições”. (IDE – Instituto de Difusão Espírita – Araras, SP), Cezar Carneiro de
Souza
(Extraído de “A Flama Espírita”, Novembro-Dezembro/2008)
JORNAL DA
MEDIUNIDADE
LIVRARIA
ESPÍRITA EDIÇÕES “PEDRO E PAULO”
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– INFORMATIVO MAIO/JUNHO – ANO 2009 – N.º 17
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Responsável: Juvan de Souza Neto
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