*O LIVRO DOS
MÉDIUNS Estudo 107 – Questão 224 – Considerações sobre comunicações
em línguas estranhas ao médium e suas implicações.*
(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
Por
ALLAN KARDEC
Contém o ensino especial dos Espíritos
sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação
com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os
escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
*SEGUNDA PARTE*
*DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS*
*CAPITULO XIX*
*O PAPEL DOS MÉDIUNS NAS
COMUNICAÇÕES*
Questão 224 –
Considerações sobre comunicações em línguas estranhas ao médium e suas
implicações.
Afirma Kardec que o Espírito compreende
todas as línguas, pois estas são formas de expressão do pensamento. O Espírito
compreende pelo pensamento, e para que ocorra a transmissão de pensamento é
necessário um instrumento: o médium.
Através de processo mental, o médium recebe a comunicação do Espírito e a transmite através dos órgãos corporais. Ora, esses órgãos não podem ter, para a transmissão de uma língua desconhecida, a flexibilidade que possuem para a língua familiar.
Essas considerações nos levam a entender que um
médium que somente fale o francês poderá, acidentalmente, dar uma resposta em
inglês, se o Espírito o quiser, mas, como os Espíritos acham a linguagem humana
já por si bastante lenta em relação à rapidez do pensamento, impacientam-se com
a resistência mecânica da transmissão. É o que se percebe nas comunicações
através de médiuns novatos, seja na psicofonia ou psicografia, quando então as
mensagens transmitidas podem ser truncadas ou reduzidas devido à inexperiência
do médium, a qual se transforma em dificuldade mecânica.
Ainda diz o Codificador que não se escolhe para ler um texto um aluno que apenas soletra, e acrescenta outra consideração importante em relação às línguas estrangeiras. Os ensaios nesse sentido são sempre feitos por curiosidade com o objetivo de experimentação, o que é antipático aos Espíritos, pois eles não gostam de ser submetidos “à prova” e não se prestam a isso. Gostam dos assuntos sérios e úteis, quanto lhes repugna ocuparem-se de futilidades e simples curiosidade. Os incrédulos dirão que, sendo para convencê-los, trata-se de coisa séria, pois poderá resultar na conquista de adeptos para a causa dos Espíritos. A isso respondem os Espíritos. “Nossa causa não precisa dos que são bastante orgulhosos para se julgarem indispensáveis. Chamamos para nós aqueles que queremos, e que são sempre os mais humildes e pequenos. Jesus fez acaso os milagres que os escribas lhe pediam?”. E de que homens se serviram para revolucionar o mundo? Se quiserdes convencer-vos, tendes outros meios que não as exigências. “Começai por sujeitar-vos aos fatos: não é normal que o aluno imponha sua vontade ao mestre.”
Conclui-se então que, salvo algumas poucas
exceções, o médium transmite o pensamento dos Espíritos pelos meios mecânicos
de que dispõe, e a expressão desse pensamento ressente-se da imperfeição desses
meios. Isto explica as incorreções de linguagem e de ortografia que se podem
atribuir aos Espíritos, e que tanto podem ser deles quanto dos médiuns. Afirma
ainda Kardec que se pode corrigir ou não essas imperfeições, a menos que sejam
características do Espírito, caso em que seria útil conservá-las como prova de
identidade; cita o exemplo de um Espírito que escrevia constantemente Jule (sem
o s) referindo-se ao neto, porque, quando vivo, escrevia assim, embora o neto,
que servia de médium, soubesse perfeitamente escrever o seu nome.
Segundo o Prof. Herculano Pires, tradutor de O Livro dos Médiuns que estudamos, (...) o problema de correção da escrita mediúnica provocou explicações de Kardec na Revista Espírita, onde se pode encontrar o assunto mais desenvolvido. A correção permitida se refere apenas à forma: ortografia, questões de concordância ou sintaxe, pontuação e assim por diante. “No tocante ao pensamento nada pode ser alterado, sob nenhum pretexto, a menos que o próprio Espírito comunicante ou um Espírito provadamente superior o autorize, o que só acontece excepcionalmente.”
*Bibliografia:*
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns, 2.ed. São
Paulo, FEESP. 1989, Cap. XIX, q. 224
*Tereza Cristina
D'Alessandro*
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