terça-feira, 22 de novembro de 2016

*O LIVRO DOS MÉDIUNS Estudo 116 – *Questão 229*

*O LIVRO DOS MÉDIUNS Estudo 116 – *Questão 229*

(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
Por
ALLAN KARDEC
Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.


*SEGUNDA PARTE*

*DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS*

*CAPITULO XX*

*INFLUÊNCIA MORAL DOS MÉDIUNS*

*QUESTÕES DIVERSAS*

*DISSERTAÇÃO DE UM ESPÍRITO SOBRE A INFLUÊNCIA MORAL*

*Questão 229*

Através dos estudos anteriores compreendemos que o orgulho começa a tomar conta do médium quando este começa a desenvolver cega confiança na superioridade das comunicações recebidas e na infalibilidade do Espírito que as transmite, do que resulta certo desprezo por tudo o que não procede dele, que julga possuir o privilégio da verdade.

Assim considerando, torna-se difícil encontrar um médium perfeito, porque não há perfeição sobre a Terra. O médium perfeito seria aquele a quem os maus Espíritos jamais ousassem fazer uma tentativa de enganar; assim, o melhor é o que, simpatizando somente com os bons Espíritos, seja enganado menos vezes.

Aqui cabe uma pergunta: Por que os bons Espíritos permitem que o médium seja enganado?

Para que exercite seu julgamento e aprenda a discernir o verdadeiro do falso. Além disso, por melhor seja um médium, jamais é tão perfeito que não tenha um lado fraco, pelo qual possa ser atacado. As comunicações falsas que recebe de quando em quando são advertências para que não se julgue infalível e se torne orgulhoso.

Portanto, quem é o bom médium?

Recorremos a O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 3, O Homem de Bem, para responder a esta questão:

“O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, amor e caridade na sua maior pureza. Se interroga a sua consciência sobre os próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não cometeu o mal, se fez todo o bem que podia, se não deixou escapar nenhuma ocasião de ser útil. Se ninguém tem do que se queixar dele, enfim, se fez aos outros tudo aquilo que queria que os outros fizessem por ele.”

Assim podemos compreender que sendo a mediunidade processo de vida, o médium não pode apresentar duplicidade de comportamento, isto é, o bom médium e o homem de bem são a mesma pessoa. Se a vida exige de cada pessoa disciplina e responsabilidade frente aos inúmeros estímulos que recebe, se espera equilíbrio e brandura no lidar com o próximo além de resistência nas provas, a mediunidade e o médium se enriquecem de modo idêntico com essas conquistas. Não há educação mediúnica sem crescimento moral; se a mediunidade é para toda a vida, por que não o seria para todas as horas? Quem é médium não o é somente nas reuniões de intercâmbio espiritual. O médium não é alguém que possui uma chave “liga/desliga” que lhe permite estar ou não médium. 

A faculdade mediúnica é um sentido profundo acompanhando seu detentor onde ele esteja. Isto não quer dizer que se deva entrar em transe a qualquer hora e lugar, porém perceber o que seja permitido, reservando-se o direito de permanecer lúcido e ativo no cumprimento de suas tarefas e compromissos sociais, permanecendo em sintonia com os Bons Espíritos, criando condições para servir de instrumento ao Bem onde e quando esse seja necessário.

Através destas reflexões, compreende-se que o bom médium é aquele que torna sua existência um processo educativo, pelo aproveitamento de suas experiências, procurando assimilar e construir valores éticos e morais elevados. 

Allan Kardec e os Espíritos Superiores recomendaram que, tão logo se constatem os sintomas da mediunidade, deve o médium buscar o estudo a desdobrar-se em duas frentes distintas: Doutrina Espírita e suas relações com as diversas áreas do conhecimento, a primeira, e psicologia do comportamento, a segunda.

Praticar a mediunidade sem conhecer os mecanismos básicos da faculdade é como manipular substâncias sem o conhecimento de Química, como explica Kardec em O Que é o Espiritismo, Segundo Diálogo. Não há como trabalhar com segurança sem compreender importantes assuntos, tais como: finalidade do intercâmbio, a influência pessoal e moral do médium e do meio, a metodologia para distinguir a qualidade moral dos Espíritos e os obstáculos a superar ao longo do exercício etc.

Por sua vez, a análise do comportamento íntimo propicia, no início, o autodescobrimento, depois o autodomínio e posteriormente a auto-iluminação. Sendo o médium uma pessoa ultrassensível, com emoções que oscilam mais que o habitual, o que lhe exige maior atenção e equilíbrio no lidar com as próprias impressões, deve sobrepor-se às emoções mais grosseiras, bem como disciplinar as sensações do campo físico. 

Este é um aprendizado lento, porém constante, mostrando uma estreita relação entre a educação para a mediunidade e a educação para a vida, e que o Homem de Bem e o Bom Médium são a mesma pessoa.

*Bibliografia:*

KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo, FEESP. 1989 - Cap. XX, q. 229 – 230

O Evangelho segundo o Espiritismo: 6.ed. São Paulo: FEESP, 1990 – cap.XVII -3

NEVES,J.; AZEVEDO, G.; CALAZANS, N.; FERRAZ, J. Vivência Mediúnica - Projeto Manoel P. de Miranda, Salvador: LEAL, 1994, Cap. 8

*Tereza Cristina D'Alessandro* 
Dezembro / 2011



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