Aquele de vós que estiver sem pecado lhe atire a primeira pedra
João, 8:7
Geese
Dando sequência ao artigo anterior, trataremos das EMOÇÕES NEGATIVAS que podem ser consideradas o mais comum e perigoso obstáculo ao esforço de auto-observação. Constituem a principal atitude defensiva que impede alguém de ver e aceitar sua situação objetivamente. O seu estudo tem um lugar extremamente importante.
Exemplos são a melancolia, a tristeza, a auto-piedade, o tédio, o medo, a raiva, o ódio, a inveja, o ciúme, a cobiça, a indignação, a desconfiança, a impaciência etc.
Esse tipo de emoção pode se manifestar subitamente e não permanecer por muito tempo, como, por exemplo, a raiva, ou pode se constituir num estado permanente do indivíduo, como, por exemplo, a inveja, o medo, a auto-piedade...
No primeiro caso, o desperdício de energia é intenso e explosivo; no segundo, é menos intenso, mas constante, como num vazamento contínuo.
Em qualquer circunstância, trata-se de uma expressão extremamente mecânica.
A frequência e a intensidade das emoções negativas ocorrem de acordo com o nível de ser do indivíduo. Para muitos, elas podem manifestar-se tão intensamente que não deixam espaço a nenhuma emoção positiva, como o amor, a confiança, a fé ou a esperança, exaurindo completamente o estado emocional e impedindo qualquer possibilidade de trabalho sobre si.
O esforço de auto-observação exige um acúmulo de energia interior que só se obtém por meio de um estado emocional especial que normalmente o indivíduo não consegue manter. A energia apropriada para o esforço de auto-observação é acumulada principalmente por meio dos atritos pessoais internos produzidos pelo contato natural com o mundo.
Tropeçar em uma pedra é oportunidade para o esforço de auto-observação.
Se, no entanto, ficamos indignados, imaginando quem teria deixado a pedra no caminho, ou com auto-piedade ante nossa má sorte, a energia interior gerada é simplesmente desperdiçada e terminamos o processo com menos possibilidades do que tínhamos antes.
As emoções negativas são como um hábito ou um vício resultante da extrema fraqueza humana, que é não resistir ao menor acúmulo interno de energias refinadas, sem ocorrer uma compulsão para desperdiçá-las.
Essas energias, que servem para o desenvolvimento da consciência do ser, incomodam o estado de desatenção mecânica em que o ser humano normalmente vive e pretende continuar vivendo.
Julga-se que manifestar emoções negativas é, em muitos casos, necessário para a saúde, ou uma virtude moral. Pensa-se, por exemplo, que se o indivíduo não puser para fora o que sente desenvolverá úlceras ou se mostrará fraco e sem dignidade moral ante os outros. Manifestar emoções negativas é, muitas vezes, considerado próprio de alguém autêntico, que diz o que pensa, principalmente se houver preocupação com justiça ou ordem social. Um exemplo é a tão frequente indignação contra ações do governo; ou o ódio, instigado como forma de solidariedade ou patriotismo; ou o ciúme, que pode ser visto como uma forma de amor.
Não existe, no entanto, nada mais danoso ao equilíbrio do homem e ao desenvolvimento de suas potencialidades do que as emoções negativas.
O trabalho sobre si, ou de autoconhecimento, ou da Reforma Íntima exige a cessação imediata da sua expressão. Esta é uma das poucas coisas que o homem pode fazer.
Não expressamos negatividade ante um superior, mas somente ante aqueles que consideramos inferiores ou dependentes, como filhos, esposos ou empregados.
No próximo artigo daremos continuidade ao relato de As Emoções Negativas.
O TREVO AGOSTO 2010
ESCOLA DE APRENDIZES
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