Geese
Muitos companheiros no mundo categorizam a obediência à conta de servilismo, no entanto, quando nos referimos à obediência, reportamo-nos à disciplina, sem a qual a ordem não existiria.
Espera servindo, Emmanuel, (22 Obedecer)
No artigo anterior, tomamos conhecimento das três linhas de trabalho, que compõem diversas escolas iniciáticas.
É útil estudar, agora, como alguns fatores se manifestam em cada uma das linhas.
Iniciativa
Trabalhando na primeira linha, buscando o autoconhecimento, o adepto deve demonstrar certa iniciativa em relação a si mesmo. O trabalho deve ser decorrente da insatisfação consigo mesmo, levando-o espontaneamente ao trabalho desta linha.
Na segunda linha, participa-se de um trabalho organizado, onde cada um só deve fazer o que lhe é solicitado.
Nenhuma iniciativa é exigida, nem mesmo admitida. O essencial é a disciplina; trata-se de conformar-se exatamente com as regras, sem deixar intervir a menor ideia pessoal, mesmo que esta pareça melhor.
Na segunda linha, a dificuldade fundamental, no começo, é trabalhar não por nossa própria iniciativa, porque essa linha não depende de nós, mas das disposições do trabalho. Muitas coisas fazem parte dela: dizem-nos que façamos isso ou aquilo, e queremos ser livres, não gostamos disso, não queremos fazer aquilo, ou não gostamos das pessoas com quem temos que trabalhar.
Mesmo sem saber o que teremos que fazer, podemos nos imaginar em condições de trabalho organizado, no qual entramos sem saber nada dele ou sabendo muito pouco. São essas as dificuldades da segunda linha e o nosso esforço em relação a ela começa com a aceitação das regras, porque podemos não gostar delas; podemos pensar que é possível fazer melhor, da nossa maneira; podemos não gostar das condições e assim por diante. Se pensarmos primeiro nas nossas dificuldades pessoais na relação com a segunda linha, poderemos compreendê-la melhor. De qualquer modo, ela é ajustada de acordo com um plano que não conhecemos e com metas de que não temos conhecimento.
Na terceira linha, pode-se novamente manifestar certa iniciativa, mas deve-se sempre exercer um controle sobre si e não se permitir tomar decisões contrárias às regras e princípios.
Egoísmo & altruísmo
A primeira linha de trabalho (o trabalho sobre si) é egoísta, pois nela esperamos obter algo para nós. A segunda linha (o trabalho em equipe) é mesclada, temos que levar em consideração outras pessoas, por isso ela é menos egoísta; e a terceira linha (o trabalho para a escola) é altruísta não egoísta , pois é algo que fazemos para a escola, não com a idéia de obter algo da escola. A idéia de obter algo (autoconhecimento, transformação interior e aquisição de saber) pertence à primeira linha. Portanto, o sistema de algumas escolas iniciáticas abrange em si tanto o que é egoísta como o que não é.
Regras
Há pouca necessidade de regras na primeira e terceira linhas. Nelas, espera-se que haja iniciativa, o trabalho deve ser livre. Na segunda linha, deve haver disciplina, obediência.
Outras observações sobre o trabalho com os outros
Na segunda linha, a oportunidade de trabalho é dada a todos, só que um homem não pode organizar para si mesmo esse trabalho. A sua estrutura já foi organizada para o crescimento do adepto.
Nesse sentido, constatou-se por experiência que o trabalho físico na segunda linha é muito útil na escola.
Em algumas delas, há exercícios físicos especiais. O trabalho deve ser organizado.
A ideia é esta: quando um certo número de pessoas trabalha junto na casa, no jardim, com os animais, em uma obra assistencial etc., isso não é fácil. Isoladamente, elas podem trabalhar, mas juntas, é difícil; criticam-se mutuamente, interferem entre si, tiram coisas umas da outras. É um auxílio muito bom para a auto-observação. O trabalho significa ação. Teoricamente, o trabalho com outras pessoas é a segunda linha, mas não devemos crer que basta estar na mesma sala com outras pessoas, ou fazendo a mesma tarefa, isso seja segunda linha.
No próximo artigo detalharemos a primeira linha de trabalho.
O TREVO - ABRIL 2010
ESCOLA DE APRENDIZES
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