1 --- O LIVRO DOS MÉDIUNS
(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores) Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
Artigo de Maio de 2001
O fenômeno mediúnico antes de O Livro dos Médiuns
A observação dos fatos que passamos a citar e/ou descrever inicia-se à partir de uma citação bíblica do livro de Atos dos Apóstolos II:17-18 e do próprio O Evangelho Segundo o Espíritismo: " E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que Eu derramarei do meu Espírito sobre toda a carne, e profetizarão os vossos filhos e vossas filhas, e os vossos mancebos verão visões, e os vossos anciãos sonharão sonhos. E certamente naqueles dias derramarei do meu Espírito sobre os meus servos e sobre minhas servas e profetizarão". O texto nos permite admitir um tempo que podemos interpretar como até mil anos, onde fatos se sucederiam e que a comunicação com o mundo inteligente invisível, i.e, que a mediunidade, estava programada para acontecer entre todos os homens (toda a terra), sem distinção de credo ou classe social, trazendo à tona ocultas e sutís situações para o esclarecimento, o consolo e a libertação ."Quis o Senhor que a luz se fizesse para todos os homens, e que a voz dos Espíritos penetrasse por toda a parte, a fim de que cada um pudesse obter a prova da imortalidade da alma". A nossa falta de preparo, exigiu que o tempo passasse até atingir o século XIX, quando passou a existir, então, um campo fértil para uma melhor aceitação de tais fatos. É impossível marcar uma data para as primeiras aparições de uma força inteligente exterior, de maior ou menor elevação, influindo nas relações humanas, contudo apoiamo-nos nos sérios registros realizados por Sir Arthur Conan Doyle, em seu livro História do Espiritismo. Os espíritas consideram oficialmente a data de 31/3/1848 como o início das "situações psíquicas", todavia não há época na história do mundo em que não se encontrem traços de interferências pretéritas e naturais e o seu tardio reconhecimento pela humanidade. Um dos pioneiros deste movimento, na pré-história do Espiritismo, o vidente sueco Emmanuel Swedenborg era sob certos aspectos, uma viva contradição para as nossas generalizações psíquicas, tal era o amontoado de conhecimentos que detinha. Era uma grande autoridade em Física e em Astronomia, autor de importantes trabalhos sobre as marés e sobre a determinação das latitudes. Era zoologista, anatomista, financista, político e, finalmente, era um profundo estudioso da Bíblia. Ainda menino Swedenborg teve as suas visões, mas esse delicado aspecto de sua natureza foi abafado pela prática e enérgica idade viril. Seu nome entrou em destaque no conhecido caso de Gothenburg, onde o vidente observou e descreveu um incêndio em Estocolmo, a trezentas milhas de distância, com perfeita exatidão, estava ele num jantar com dezesseis convidados, o que é um valioso testemunho. O caso foi investigado nada menos que pelo filósofo Kant, que era seu contemporâneo. Não obstante, esses episódios ocasionais fossem meros indícios de forças latentes, que desabrocharam subitamente em Londres em Abril de 1744, é de notar-se que, conquanto o vidente fosse de boa família sueca, foi nada menos que em Londres que os seus melhores livros foram publicados, e, finalmente, onde morreu e foi sepultado. Desde o dia de sua primeira visão até a sua morte, vinte e sete anos depois, esteve ele em continuo contato com o outro mundo. "Na mesma noite – diz ele – o mundo dos Espíritos, do céu e do inferno, abriu-se convincentemente para mim, e aí encontrei muitas pessoas de meu conhecimento e de todas as condições. Desde então diariamente o Senhor abria os olhos de meu espírito para ver, perfeitamente desperto, o que se passava no outro mundo e para conversar, em plena consciência, com anjos e espíritos". Em sua primeira visão, Swedenborg fala de "uma espécie de vapor que se exalava dos poros de meu corpo". Era um vapor aquoso muito visível que caia no chão, sobre o tapete. É uma perfeita descrição daqueles ectoplasmas que consideramos a base dos fenômenos físicos. A substância foi chamada, também, ideoplasma, porque instantaneâmente toma a forma que lhe dá o espírito. No caso de Swedenborg, ele se transformava em vermes, o que representava um sinal de que seus guias lhe desaprovavam o regime alimentar e era acompanhada por um aviso pela clarividência, de que devia ser mais cuidadoso a esse respeito. É interessante notar que ele considerava os seus poderes intimamente relacionados com o sistema respiratório. Como o ar e o éter nos envolvem, é possível que alguns respirem mais éter do que ar e, assim, alcancem um estado mais etéreo. Sem a menor dúvida é esta uma maneira elementar e grosseira de considerar as coisas. Swedenborg dizia que quando se comunicava com os espíritos, durante uma hora respirava profundamente, "tomando apenas a quantidade de ar necessária para alimentar seus pensamentos ". Deixou-nos a impressão de que teve o privilégio de examinar várias esferas do outro lado do mundo. Na sequência dos episódios que representaram um marco para a observação dos fatos espíritas, o que se apresenta em maior destaque é o episódio de Hydesville. Hydesville era ( na época), um vilarejo típico do Estado de New York, com uma população primitiva, certamente semi-educada, mas provavelmente, como os demais centros de vida americanos, mais livres de preconceitos e mais receptivos das novas idéias de qualquer outro povo da época. A povoação situava-se cerca de vinte milhas da nascente da cidade de Rochester e consistia de um grupo e casas em madeira do tipo muito humilde. Foi numa dessas casas que iniciou o desenvolvimento que na opinião de muitos, é a coisa mais importante que deu a América para o bem-estar do mundo. Ela era habitada por uma honesta família de fazendeiros de nome Fox. Além do pai e da mãe de religião metodista, havia duas filhas morando na casa ao tempo em que as manifestações atingiram tal intensidade que atraíram a atenção geral. Eram as filhas Margaret, de catorze anos e Kate, de onze. Havia vários outros filhos que não residiam aí. A casinha já gozava de má reputação. A família Fox alugou a casa a 11/12/1847, mas só no ano seguinte foi que os ruídos notados pelos antigos inquilinos voltam a ser ouvidos. Consistiam de ruídos de arranhadura. Tais ruídos pareciam sons poucos naturais para serem produzidos por visitantes de fora, que quisessem advertir-nos de sua presença à porta da vida humana e desejassem que essa porta lhes fosse aberta. Exatamente esses arranhões, todos desconhecidos desses fazendeiros iletrados, tinham ocorrido na Inglatterra em 1661, em casa de Mrs. Mompesson; em Melancthon, como tendo sido verificado em Oppenheim, na Alemanha, em 1520 e também foram ouvidos em Epworth Viacrage, em 1716. Os ruídos incomodaram a família Fox até meados de março de 1848. A partir dessa data em diante os ruídos cresceram continuadamente em de intensidade. As vezes se apresentavam como simples batidas; outras vezes soavam como o arrastar de móveis. As meninas ficavam tão alarmadas que se recusavam a dormir separadas e iam para o quarto dos pais; tão vibrantes eram os sons que as camas tremiam e se moviam. Foram feitas as investigações possíveis e logo se espalhou que a luz do dia era inimiga dos fenômenos, o que reforçou a idéia de fraude, mas toda a solução possível foi experimentada e falhou. Finalmente, na noite de 31/03/1848 houve uma irrupção de inexplicáveis sons muito altos e continuados. Nessa noite um dos grandes pontos da evolução psíquica foi alcançado, uma vez que foi nessa noite que a jovem Kate Fox desafiou a força invisível a repetir as batidas que dava com os dedos. Aquele quarto rústico, com aquela gente ansiosa , expectante, em mangas de camisa, com os rostos alterados, num círculo iluminado de velas e suas grandes sombras se projetando por todos os cantos, bem podia ser assunto para um grande quadro histórico. Conquanto o desafio da mocinha tivesse sido feito em palavras brandas, foi imediatamente respondido. Cada pedido era respondido com um golpe. Dessa forma, percebemos o fenômeno mediúnico acontecendo desde que o mundo é mundo, mas somente à partir de "O Livro dos Médiuns" vamos entender a mediunidade estruturando-se sob leis e com objetivos, metodologia, ética e proposta.
O Livro dos Médiuns – Histórico
Assim como O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns teve uma edição inicial intitulada Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas publicado em 1.858. Esse pequeno volume foi substituído em Janeiro de 1861, pela primeira edição de O Livro dos Médiuns. A tradução da segunda edição foi lançada por Didier & Cie., em 1862, sob a revisão pessoal de A.Kardec, "com o concurso dos espíritos e acrescida de grande número de novas instruções", como se lê no original francês. A partir da preparação deste livro Allan Kardec considerou o Instruções Práticas superado. Seu desejo era que os espíritas estudassem mais a fundo o problema mediúnico, não ficando apenas nas informações iniciais; entretanto, 65 anos mais tarde, em 1923 Jean Meyer, que então presidia a Casa dos Espíritas, em Paris, achou conveniente lançar nova edição do Instruções Práticas. Essa edição despertou no Brasil, o interesse de Cairbar Schutel, que depois dos necessários entendimentos com Jean Meyer lançou, pela sua modesta editora de Matão, estado de São Paulo, a primeira tradução brasileira da obra. Uma nova edição foi lançada em 1968 pela Casa Editora O Clarim, a mesma de Cairbar Schutel, como parte das comemorações do primeiro centenário do nascimento do fundador. Instruções Práticas se impôs novamente ao meio espírita como um livro necessário, em virtude do seu caráter de síntese.
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