terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A HUMILDADE

A humildade é virtude indis­pensável a quem pretenda ser cristão.
Por isso, a todo momento depa­ramos, na literatura religiosa, especi­ficamente na oriunda de fonte cristã, a exaltação de tal postulado ético.
Tratando-se de qualidade inde­clinável, importante é que se cuide em conceituá-la e, tanto quanto possível, concretizá-la a fim de que o modelo patenteie-se diante dos nossos olhos. Aqueles que se denominam cristãos têm procurado dar-lhe dimensão e forma. Assim, decorrente de interpretações ba­seadas em diferentes pressupostos dos diversos ramos das religiões, a palavra humildade assume mul­tiformes conotações, bem como é explicada por dispares conceitos. É inclusive, vezes e vezes, confundida com atitudes exteriores e periféricas do comportamento humano. Por exemplo: aquele que injustamente é admoestado ou punido, por falta que não cometeu, e cabisbaixo aceita tal situação, sem esboçar mínimo gesto de defesa, é indicado como pessoa profundamente humilde. Aquele outro se veste, embora tendo recur­sos econômicos razoáveis, de forma displicente, e é apontado como humilde. Quem realiza determinado trabalho e, sendo este elogiado pelos observadores, se esquiva através de evasivas, afirmando que é incapaz, que foi mal feito, etc. (embora intima­mente reconheça que está realmente bem feito), é revelado como humilde. Destarte, logicamente analisando tais atitudes, pela Filosofia Espírita, embasada pela ética Cristã, consta­tamos que tais distorções têm levado a humildade a confundir-se com servilismo, desleixo, exibicionismo disfarçado, etc. Compreendamos, po­rém, que humildade é alguma coisa mais profunda, mais intensa que os superficiais comportamentos acima descritos. A verdadeira humildade, de acordo com o Espiritismo, é a acei­tação consciente e plena daquilo que somos. Com as virtudes e defeitos, com as possibilidades e limitações.
Reconheçamos, portanto, que ela é a clara compreensão da Imagem real do "Eu".
O oposto da humildade é, por consequência, o orgulho.
E este é, justamente, a imagem ampliada, distorcida, irreal que a pessoa faz do próprio Ego. O con­fronto das duas posições mentais gera conflitos, tensões, complexos, compulsões, que, muitas vezes, face ao desequilíbrio imposto ao psiquis­mo, abrem as portas à obsessão, sub­jugação e possessão por entidades desencarnadas.
Portanto, a humildade será aquele estado mental, espiritual, alcançado pelo autoconhecimen­to, que propicia a visualização da própria imagem pela perspectiva da realidade. E isto permitirá a seguran­ça, a tranquilidade, o otimismo e a fé no processo evolutivo a que todas as pessoas estamos submetidas.
Eis a importância do efetivo estudo da Doutrina Espírita, que for­nece subsídios ao conhecimento da vida e de nós mesmos, conhecimento que deveremos possuir para acelerar o processo de crescimento espiritual.
Conclusivamente: ser humil­de é reconhecer, serenamente, na vivência espiritual, o que somos, onde estamos e o que nos cumpre fazer e ser para avançar nos rumos da perfeição possível.

Aylton Paiva


O ARAUTO
ANO XIV – Nº 82 – JANEIRO/FEVEREIRO – 2011
PUBLICAÇÃO BIMESTRAL
ÓRGÃO OFICIAL DA USE – INTERMUNICIPAL DE PIRACICABA
Sede e correspondência:
Rua 15 de Novembro, 944 14º andar – sala 143

13400‑370 – Piracicaba ‑ SP 

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