A humildade é
virtude indispensável a quem pretenda ser cristão.
Por isso, a todo
momento deparamos, na literatura religiosa, especificamente na oriunda de
fonte cristã, a exaltação de tal postulado ético.
Tratando-se
de qualidade indeclinável, importante é que se cuide em conceituá-la e, tanto
quanto possível, concretizá-la a fim de que o modelo patenteie-se diante dos
nossos olhos. Aqueles que se denominam cristãos têm procurado dar-lhe dimensão
e forma. Assim, decorrente de interpretações baseadas em diferentes
pressupostos dos diversos ramos das religiões, a palavra humildade assume multiformes
conotações, bem como é explicada por dispares conceitos. É inclusive, vezes e
vezes, confundida com atitudes exteriores e periféricas do comportamento
humano. Por exemplo: aquele que injustamente é admoestado ou punido, por falta
que não cometeu, e cabisbaixo aceita tal situação, sem esboçar mínimo gesto de
defesa, é indicado como pessoa profundamente humilde. Aquele outro se veste,
embora tendo recursos econômicos razoáveis, de forma displicente, e é apontado
como humilde. Quem realiza determinado trabalho e, sendo este elogiado pelos
observadores, se esquiva através de evasivas, afirmando que é incapaz, que foi
mal feito, etc. (embora intimamente reconheça que está realmente bem feito), é
revelado como humilde. Destarte, logicamente analisando tais atitudes, pela
Filosofia Espírita, embasada pela ética Cristã, constatamos que tais
distorções têm levado a humildade a confundir-se com servilismo, desleixo,
exibicionismo disfarçado, etc. Compreendamos, porém, que humildade é alguma
coisa mais profunda, mais intensa que os superficiais comportamentos acima
descritos. A verdadeira humildade, de acordo com o Espiritismo, é a aceitação
consciente e plena daquilo que somos. Com as virtudes e defeitos, com as
possibilidades e limitações.
Reconheçamos,
portanto, que ela é a clara compreensão da Imagem real do "Eu".
O oposto da
humildade é, por consequência, o orgulho.
E
este é, justamente, a imagem ampliada, distorcida, irreal que a pessoa faz do
próprio Ego. O confronto das duas posições mentais gera conflitos, tensões,
complexos, compulsões, que, muitas vezes, face ao desequilíbrio imposto ao
psiquismo, abrem as portas à obsessão, subjugação e possessão por entidades
desencarnadas.
Portanto, a
humildade será aquele estado mental, espiritual, alcançado pelo autoconhecimento,
que propicia a visualização da própria imagem pela perspectiva da realidade. E
isto permitirá a segurança, a tranquilidade, o otimismo e a fé no processo
evolutivo a que todas as pessoas estamos submetidas.
Eis a importância do
efetivo estudo da Doutrina Espírita, que fornece subsídios ao conhecimento da
vida e de nós mesmos, conhecimento que deveremos possuir para acelerar o
processo de crescimento espiritual.
Conclusivamente: ser
humilde é reconhecer, serenamente, na vivência espiritual, o que somos, onde
estamos e o que nos cumpre fazer e ser para avançar nos rumos da perfeição
possível.
Aylton
Paiva
O ARAUTO
ANO
XIV – Nº 82 – JANEIRO/FEVEREIRO – 2011
PUBLICAÇÃO
BIMESTRAL
ÓRGÃO
OFICIAL DA USE – INTERMUNICIPAL DE PIRACICABA
Sede e correspondência:
Rua
15 de Novembro, 944 14º andar – sala 143
13400‑370 – Piracicaba ‑ SP
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