quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Chico Xavier, 100 anos


O povo brasileiro e os espíritas de todo o mundo reverenciam no centenário de seu nascimento
o apóstolo do amor e da caridade e o médium mais importante da história do Espiritismo

MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
De Londrina

Este ano (2010) ficará marcado pelas sucessivas homenagens que o povo brasileiro prestará ao saudoso médium Francisco Cândido Xavier no ano do centenário de seu nascimento.
Nascido no dia 2 de abril de 1910 e batizado com o nome de Francisco de Paula Cândido, Chico Xavier notabilizou-se não só como médium e um dos maiores divulgadores da história do Espiritismo, mas como um verdadeiro apóstolo do amor e da caridade.
Natural de Pedro Leopoldo, região metropolitana de Belo Horizonte, seus pais chamavam-se Maria João de Deus e João Cândido Xavier. Educado na fé católica, Chico teve seu primeiro contato com a Doutrina Espírita em 1927, por ocasião de um processo obsessivo que acometeu uma de suas irmãs.
Passou então a estudar e a desenvolver suas faculdades mediúnicas, que, conforme ele mesmo relatou em nota no livro Parnaso de Além-Túmulo, somente ganharam maior clareza no final de 1931.
Seu nome de batismo lhe fora dado em homenagem ao santo do dia de seu nascimento, mas, logo que rompeu com o Catolicismo e escreveu seus primeiros livros, foi substituído pelo nome de Francisco Cândido Xavier, mudança essa oficializada anos depois, em abril de 1966, quando de uma viagem que fez aos Estados Unidos.
Segundo seus biógrafos, a faculdade mediúnica de Chico teria se manifestado pela primeira vez aos quatro anos de idade, quando ele respondeu ao pai sobre ciências, durante conversa com uma senhora sobre gravidez.
Ele dizia ver e ouvir os Espíritos e conversar com eles. Aos cinco anos conversava com a mãe, então desencarnada.
Na casa da madrinha, foi muito maltratado, chegando a levar garfadas na barriga. Aos sete anos de idade, saiu da casa da madrinha para voltar a morar com o pai, que havia casado segunda vez. Para ajudar no custeio das despesas da casa, o menino trabalhava e estudava em escola pública.
No ano de 1924 concluiu o curso primário e não voltou a estudar, dedicando-se inteiramente ao trabalho.
No mês de maio de 1927, participou de uma sessão espírita onde viu o Espírito de sua mãe, que lhe aconselhou ler as obras de Allan Kardec. Em junho ajudou a fundar o Centro Espírita Luiz Gonzaga e em julho iniciou os trabalhos na área da psicografia.
Em 1928, com 18 anos, começou a publicar suas primeiras mensagens psicografadas nos periódicos O Jornal, do Rio de Janeiro, e Almanaque de Notícias, de Portugal.
Chico Xavier desencarnou
no dia 30 de junho de 2002,
aos 92 anos de idade
Em 22 de maio de 1965 Chico Xavier e Waldo Vieira viajaram para Washington, Estados Unidos, a fim de divulgar o Espiritismo no exterior.
Com a ajuda de Salim Salomão Haddad, presidente do Christian Spirit Center, e sua mulher Phillis, lançaram ali o livro Ideal Espírita, numa versão para o idioma inglês.
Em 28 de julho de 1971 concedeu uma entrevista pela Rede Tupi de Televisão, Pinga Fogo com Chico Xavier, que se tornou célebre e foi, segundo diversos estudiosos do Espiritismo, decisiva para uma maior penetração da Doutrina Espírita nos veículos de comunicação.
Chico Xavier desencarnou no dia 30 de junho de 2002, aos 92 anos de idade, em decorrência de parada cardíaca.
Conforme relatos de amigos e parentes próximos, ele teria pedido a Deus para desencarnar em um dia em que os brasileiros estivessem felizes e o país em festa, para que ninguém ficasse triste com seu passamento. No dia do seu falecimento o Brasil festejava a conquista da Copa do Mundo de futebol de 2002 e a notícia surgiu quando a festa por essa conquista já havia começado.
Chico Xavier, pouco antes do seu falecimento, foi eleito, em concurso promovido pela Rede Globo em Minas Gerais, o Mineiro do Século XX, disputando com personalidades conhecidas como Santos Dumont e Juscelino Kubitschek.
Antes de seu falecimento, ele teria deixado uma espécie de código com pessoas de sua confiança para que pudessem ratificar sua presença quando houvesse um contato. Já nos aproximamos do oitavo ano de sua morte e nenhum contato foi confirmado até o momento. O fato é mencionado numa reportagem publicada pela revista Isto É de 26-2-2010, de que extraímos o trecho abaixo:
“É de esperar que quem dedicou a vida a ser porta-voz dos Espíritos mantenha alguma comunicação com os vivos depois de morto. Desde o falecimento de Chico Xavier, há quase oito anos, inúmeros médiuns apareceram dizendo-se receptores de mensagens enviadas por ele. Para driblar os aproveitadores, Chico combinou um código secreto com as três pessoas mais próximas dele – o filho adotivo, Eurípedes Higino dos Reis, o médico particular, Eurípedes Tahan Vieira, e Kátia Maria, grande amiga e acompanhante dele até a morte. Quando, e se houver comunicação, a mensagem será recebida por algum médium e conterá três informações. Os três continuam esperando. ‘Infelizmente, até hoje, nenhuma era dele’, diz o filho.”
A referida reportagem pode ser vista nesta página da internet: 
Registre-se que as mesmas pessoas confirmaram a informação acima no programa Globo Repórter exibido na noite de 26 de março de 2010 pela Rede Globo de Televisão, que o leitor pode ver e ouvir nesta página da internet:
Suas obras mediúnicas
venderam mais de 50 milhões
de exemplares em português
Chico Xavier psicografou mais de 400 livros, sendo 39 publicados após a morte, mas nunca admitiu ser o autor de nenhuma dessas obras.
Reproduzia apenas o que os Espíritos lhe ditavam e fazia questão de dizer que ele fora apenas o instrumento e que a obra era dos Espíritos.
 Por esse motivo, jamais aceitou o dinheiro arrecadado com a venda de seus livros, cujos direitos autorais cedeu graciosamente para organizações espíritas e instituições de caridade diversas, desde o primeiro livro.
Suas obras mediúnicas venderam mais de 50 milhões de exemplares em português, com traduções em inglês, espanhol, japonês, esperanto, italiano, russo, romeno, mandarim, sueco e braile. Mas ele psicografou, além dos livros, cerca de 10 mil cartas de pessoas recentemente falecidas destinadas aos seus familiares, fato que o tornou ainda mais conhecido e próximo dos brasileiros.
Seu primeiro livro, Parnaso de Além-Túmulo, com 256 poemas de autoria de poetas brasileiros e portugueses desencarnados, como João de Deus, Guerra Junqueiro, Olavo Bilac, Cruz e Sousa e Augusto dos Anjos, foi publicado pela primeira vez em 1932. Chico contava na época 22 anos de idade. O livro, como era de esperar, gerou muita polêmica nos círculos literários da época e constitui até hoje uma de suas obras mais relevantes.
O livro, porém, que atingiu até o momento a maior tiragem é Nosso Lar, publicado no início de 1944, atualmente com mais de 2 milhões de cópias vendidas, de autoria de André Luiz, um médico desencarnado cuja verdadeira identidade jamais foi por Chico revelada.
No próximo dia 2 de abril, data em que o médium completaria 100 anos, estreará nos cinemas do Brasil o filme Chico Xavier, baseado no livro biográfico As Vidas de Chico Xavier, do jornalista Marcel Souto Maior. Dirigido e produzido pelo cineasta Daniel Filho, Chico Xavier é retratado no filme pelos atores Matheus Costa, Ângelo Antonio e Nelson Xavier, respectivamente, em três fases de sua vida: de 1918 a 1922, 1931 a 1959 e 1969 a 1975. Todas as informações sobre o filme, os bastidores das filmagens, o elenco e parte técnica podem ser vistas no site http://www.chicoxavierofilme.com.br/site/.

O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo Gonçalves - Ano 57- Nº 674
Abril de 2010 - PÁGINA 13 - limb@sercomtel.com.br

O pensamento


MARCEL GONÇALVES
marcel@oconsolador.com.br
De Ibiporã, PR

A humanidade possui uma grande ferramenta que permite modelar o mundo, e com isso lidar com ele de uma forma efetiva, de acordo com seus princípios, de acordo com seu livre-arbítrio.
O pensamento é essencial no processo de aprendizagem, pois é uma peça fundamental na construção do conhecimento.
Segundo Emmanuel, devemos “estar atentos à fé para servir e compreender, reconhecendo que todas as provas de hoje são recursos e instrumentos de que se vale a Providência Divina a fim de conduzir-nos à vida melhor de amanhã”.
Portanto, devemos orar e vigiar nossos pensamentos para que não caiamos no lodaçal que nós mesmos cultivamos devido às nossas imperfeições, trazidas de reencarnações passadas e que a cada vida tentamos melhorar com o objetivo de chegar ao Pai, ou seja, à perfeição.
O principal veículo do processo de conscientização é o pensamento, pois a atividade de pensar confere ao homem “asas” para mover-se no mundo e “raízes” para aprofundar-se na realidade. O pensamento, segundo Kardec escreveu em “A Gênese”, atua sobre os fluidos como o som sobre o ar. Criando imagens fluídicas, reflete-se no perispírito como num espelho, encorpa-se e se fotografa.
Assim, os mais secretos movimentos da alma repercutem no perispírito através do pensamento.
São os pensamentos que definem nossa faixa vibratória, possibilitando ao homem permanecer num estágio equilibrado, cheio de amor, de fraternidade, compreensão e paciência.
Essa ferramenta é a porta de comunicação entre a vida terrena e a vida espiritual, é uma transmissão de paz e harmonia.
Assim, estimados espíritas, atentemos nas coisas boas da vida, nos bons pensamentos, nas boas ações, nos bons ambientes, nos bons fluidos; enfim, atentemos em Jesus, um homem que soube ser sábio por suas ações e também por seu pensamento.


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Desobsessão? Não!


CELSO MARTINS
limb@sercomtel.com.br
Do Rio de Janeiro


Em dois Centros Espíritas, de mim conhecidos faz algum tempo, os seus dirigentes materiais, não sei por qual carga d’água, entenderam de não mais realizarem as chamadas sessões de desobsessão. Elas seriam feitas apenas no mundo espiritual.
Cheguei até a comentar com a dona Neli, esta abnegada mulher que me suporta, nesta vida, desde o dia 18 de julho de 1969, que entendia bem a razão desta estranha decisão. É que os ditos obsessores dizem na chincha o que há de nada cristão em nossos atos, em nossas palavras, até em nossos mais secretos pensamentos. No livro Minhas memórias alheias, que o confrade César Soares do Reis lançou em 2008 com o selo do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, dou dois exemplos ilustrativos, sem citar, é claro, os nomes.
Aliás, o assunto vem de longe.
Remonta quando nós mesmos, em outros corpos materiais, reprimimos a mediunidade, praticada livremente antes de havermos posto de lado o cajado suave do Cristo para desembainharmos a espada dos sanguinários soldados de Roma da Idade Medieval, culminado com a transformação da mensagem de Jesus ao catolicismo dos Bórgias.
Não vai aqui nenhum ataque gratuito à Igreja católica, pois que dela todos conhecemos e enaltecemos publicamente um Francisco de Assis, um Vicente de Paulo, uma Teresa de Calcutá, e no Brasil, o perseguido Dom Helder Câmara (agora com livro mediúnico Novas Utopias, por mim lido com sofreguidão e proveito), a brava irmã Dulce e tantos outros anônimos pelas vastidões do mundo em fase de transição de milênios. Já naquela época, os Espíritos, tanto os superiores como os sofredores, apontavam nossos erros, a começar por mim que, como cardeal e médico na Rússia dos czares, arrumei sarna para me coçar e me coço agora com síndrome do intestino irritável associada a uma dezena de divertículos dentro do que ensinou Jesus: “A cada um segundo as suas obras”. Celso, o leitor não é divã de psicanálise...
Por tudo isto, não repitamos o equívoco anterior. Não entendo existir um Centro Espírita que não dê a estes irmãos em sofrimento um dia por semana para aliviar-lhes a dor moral. Seria como que tirar à boca de uma criança faminta do III Mundo um naco de pão. Desviar dos lábios de um velho inválido uma colher de xarope contra sua pneumonia dupla. Muito temos que aprender com essas entidades. Os livros de Ermance Dufaux, pelo menos os que Neli e eu já lemos, bem claramente deixam a situação lamentável de espíritas atuantes como nós outros do Outro Lado.
Conversando com os obsessores, aprendemos como poderá ser a nossa vida no além se desde agora não cuidarmos de andar no caminho do bem. No fim, um convite: leiamos o Céu e o inferno, de Kardec.

Cartas: Caixa Postal 61003,
Vila Militar, Rio de Janeiro,
RJ, CEP 21615-970.


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Progredir sempre, tal é a lei


ÉDO
MARIANI
edo@edomariani.com.br
De Matão, SP


Encontramos no Evangelho de Mateus, capítulo 25, versículo 15, o seguinte ensinamento de Jesus: “E a um deu cinco talentos e a outro dois e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade...”

De tudo o que temos aprendido através dos tempos, encarnando e reencarnando sem cessar, vimos que progredir é a lei da qual ninguém consegue fugir e para tanto é imprescindível melhorar sempre os nossos sentimentos.
O progresso espiritual, a que se refere Kardec nas obras da codificação, não se trata apenas do intelectual, o que é de capital importância que o façamos, pois sem conhecimento não entendemos e, não entendendo, não aprendemos.
É necessário e é muito mais importante do que o primeiro o progresso moral/espiritual.
Para que uma ave possa voar, necessita de duas asas. Se cortarmos uma delas, já não voa mais como antes. Assim também acontece com o homem. Com apenas a asa do saber ele não voa em busca da felicidade. Apenas intelectualmente desenvolvido ele poderá ter como conquistar tesouros materiais. E isso ele faz até com certa facilidade, mas para ser feliz e viver em paz é necessário o desenvolvimento da inteligência emocional, pois esta faz o homem de caráter, o homem bom, sereno e responsável em tudo o que empreender.
Esta é uma questão fácil de ser constatada. É só olhar para os homens que são os dirigentes dos povos. Na sua grande, quase total, maioria, são pessoas portadoras de grau superior, provindos das mais variadas Universidades de ensino superior.
Muitos, além das Faculdades, deram prosseguimento aos seus estudos, cursando pós-graduação e também se doutoraram, por certo. E o que estão produzindo, como agem em favor dos governados?
Todos os dias tomamos conhecimento e ficamos decepcionados com suas atitudes egoísticas.
Agem com desfaçatez. Só falcatrua.
Por que assim pensam e agem? Por lhes faltar o desenvolvimento moral, a inteligência emocional, sem nenhuma dúvida.
É preciso melhorar para progredir, esta a senha da evolução superior.
Ensina-nos Emmanuel, amigo e guia espiritual do saudoso Chico Xavier que “... o rio dos dons divinos passa em todos os continentes da vida, contudo, cada ser lhe recolhe as águas, segundo o recipiente de que se faz portador”.
Continua ele: “Não olvides que os talentos de Deus são iguais para todos, competindo a nós outros a solução do problema alusivo à capacidade de recebê-los”.
Pelo que vimos, Emmanuel está nos alertando justamente para cuidarmos do nosso progresso moral e, para tanto, necessário se faz nos afeiçoarmos, segundo suas palavras, “aos ideais de aprimoramento e progresso e não nos afastarmos do trabalho que renova, do estudo que aperfeiçoa, do perdão que ilumina, do sacrifício que enobrece e da bondade que santifica...”
Escreve ele ainda: “Lembra-te de que o Senhor nos concede tudo aquilo de que necessitamos para comungar-Lhe a glória divina, entretanto, não te esqueças de que as dádivas do Criador se fixam, nos seres da Criação, conforme a capacidade de cada um”.
Como a Lei divina é de evolução a qual abrangerá, mais cedo ou mais tarde, a todas as Criaturas, é bem de ver que no nosso próprio interesse nos convém tudo fazermos, o mais depressa, para sem tardança e sem esmorecimento nos engajarmos ao carro do progresso e dele não nos afastarmos até que conquistemos o desiderato de todos que é a plena felicidade.

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domingo, 25 de dezembro de 2011

Vivências de educação


JANE MARTINS VILELA
limb@sercomtel.com.br
De Cambé

“... Pensai que a cada pai e a
cada mãe Deus perguntará:
Que fizestes do filho confiado à
vossa guarda?...”(O Evangelho
Segundo o Espiritismo,
Cap. XIV, item 9)

Milhares de Espíritos chegam continuadamente à Terra, pela reencarnação, com esperanças de aprimoramento e progresso, com desejo de aprender a amar...
Ah! Pais, mães, avós, como dizia o poeta: “Ah! Que saudades que eu tenho da aurora de minha vida, de minha infância querida...”
Quando vemos as crianças de hoje, lembramos nossa própria infância...
Como era bom! Pais, tios, avós, família, cidades pequenas, liberdade de brincar nas ruas, afeto, respeito, educação, vizinhos com cadeiras nas calçadas reunidos a conversar, enquanto as crianças brincavam, no fim do dia...
Hoje, muitas crianças em creches, escolas, o dia todo, ou pouco espaço em casa, pouco afeto, pouca disciplina, energia sobrando. Os pais, cansados, trabalharam o dia todo, veem suas crianças pularem agitadas, e querem psicólogos e remédios para suas crianças normais.
Esqueceram que já foram crianças.
Onde, em suas almas, a frase do poeta? Não lembram mais.
Não se lembram da infância querida que os anos não trazem mais.
Temos muitas vezes que fazê-los lembrar quando vêm com a intenção de rotularem o filho de hiperativo.
Temos que lembrá-los: “Vocês se esqueceram que também foram assim?” Naquela época não havia tanta violência. Havia espaço, eram brincadeiras inumeráveis que gastavam energia, como pular corda, amarelinha, pega-pega, esconde-esconde, etc... Hoje, as crianças têm essa energia prisioneira, sentadas na frente da TV, do computador...
É preciso amá-las, ter paciência com elas, ensinar-lhes os preceitos do Cristo, para um amanhã melhor. É preciso experiências de amor, vivências de amor.
Vemos tantas histórias!
Lembremos uma delas. Um dia desses, uma senhora nos trouxe o seu neto de seis anos. O menino, comportadinho, na sala, tranquilo, e a avó: “Esse menino é terrível, desobediente, agitado, não para, agressivo, bate nas irmãs o tempo todo, na escolinha bate em todo mundo, não obedece...”
O menino, sentado, bonitinho, não demonstrava aquilo que ela falava.
Nós o chamamos para examiná-lo, na função que exercemos, e ele nos obedeceu em tudo fez tudo o que pedimos, sem dar o mínimo trabalho. Desceu da maca e sentou do lado da avó. Ela insistia que o menino tinha que ir para a psicóloga, que ele era terrível, tudo de novo o que já tinha falado...
Nós quisemos rebater: “Mas ele é tão bonzinho... não deu trabalho.
Comportado...”
“É porque está na sua frente”, disse ela, e começou tudo de novo.
Aí, sentimos necessidade de intervir e calmamente dissemos a ela que precisava mudar o modo de se referir a ele, que ele precisava acreditar que era bom.
Perguntamos como era o ambiente em casa, se havia muita briga para que ele ficasse do jeito que ela referia.
“A mãe dele”, disse ela, “tem problemas psiquiátricos, faz tratamento, tem mente infantil. É pior que as crianças. É agressiva, não tem limites.
Outro dia, para você ter ideia, pegou um gato, colocou na máquina de lavar e ligou a máquina...”
“A senhora precisa então tentar neutralizar essa violência com o amor. Ajude-o a entender que ele pode ser melhor. Não precisa ser assim.”
Voltamo-nos para o menino de 6 anos, e com muita seriedade conversamos com o Espírito por trás da criança – o Espírito imortal e milenar que ali estava.
“Você pediu esta experiência antes de nascer. Você achou que daria conta. É necessário que, nesse meio agressivo, você desenvolva a mansidão. Você precisa entender que o homem corajoso, o homem verdadeiro não agride ninguém, porque consegue vencer a si mesmo. Sua mãe é um Espírito doente e você precisa ter paciência. Você pode ser calmo se o desejar. A escolha é sua.”
O menino estava quieto, sentado, ouvindo. Pedimos à avó que o ajudasse, que parasse de rotulá-lo com adjetivos negativos, que o estimulasse ao bem.
Passados uns três meses, ela veio com duas netinhas. Enquanto conversávamos, ela perguntou: “Lembra do meu neto, que eu trouxe aqui?”
Aí lembramos.
“A senhora precisa ver como ele está. Ele te escutou. Nunca mais bateu em ninguém. Mudou de comportamento e está mais obediente comigo. E eu digo a ele: Você é o querido da vovó. Você é bom.”
Nós ficamos felizes por ouvir isso. Se as pessoas se amassem mais e se respeitassem mais, o mundo hoje já seria um mundo de regeneração. As pessoas seriam mais afetivas, mais carinhosas.
Por enquanto, ainda estamos aprendendo a amar, ainda estamos aprendendo a ser cristãos e a usar corretamente as palavras.
Que não firamos com as nossas palavras e nossas atitudes de ignorância os nossos adultos de amanhã, as crianças de hoje, Espíritos em novos corpos com tarefas e experiências a viver para crescerem no amor. Se, por ignorância nossa, nós assim já o fizemos, por ausência de amor, cresçamos no amor e vamos reparar nossas atitudes, amando muito e ajudando esses nossos jovens a amar, para um amanhã melhor, para instalação do amor na Terra.
Lembremos que os nossos filhos são Espíritos e ajudemo-los a crescer!
Um dia a humanidade se dará as mãos e teremos um mundo melhor, um Brasil melhor.

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sábado, 24 de dezembro de 2011

Divaldo responde criminalidade


– Como o senhor avalia a problemática da criminalidade nos dias atuais, principalmente na questão que envolve jovens atraídos pelas drogas. Esses problemas têm relação com a transformação da categoria do planeta Terra, como os espíritas avaliam, de provas e expiações para um mundo de regeneração?

Divaldo Franco: De certo modo sim. A questão tem raízes históricas, sociológicas, educacionais e de comportamento religioso. Durante muitos séculos a castração religiosa e a hipocrisia social limitaram o comportamento das crianças e jovens, assim como dos cidadãos em geral.

Ameaças religiosas de punições eternas, necessidade de comportamentos falsos, mascarados de civilizados, exigências domésticas descabidas, severidade de julgamentos eram impostos como fundamentais para uma sociedade correta. Na cultura hippie do gozo e do prazer, o matrimônio, a família e a sociedade passaram a ser instituições superadas, surgindo a vulgarização da conduta sexual, o abuso de toda natureza, a libertação da mulher, aliás, muito justa, o uso de estupefacientes e de drogas em geral.

A decantada volta às origens, aspirada pelos jovens, deu lugar à adoção de doutrinas orientais, mais compatíveis com a meditação e a fuga psicológica dos deveres e às viagens em direção a lugar nenhum.

Logo depois, vieram a desilusão, o sofrimento defluente dos excessos, o retorno para casa, como afirmou John Lennon, porque ‘’o sonho acabou’’.

Ficaram as feridas morais, as drogas, o erotismo, a alucinação do prazer e as grandes sequelas da depressão, da ansiedade, da solidão, da violência.

Por outro lado, a família tradicional cedeu lugar à moderna, em que tudo era permitido, facultando aos pais não mais se preocuparem com os filhos que, se sentindo órfãos, fugiram para as tribos, os acasalamentos e a promiscuidade sexual, o rebaixamento moral.

Só quando a criatura humana tiver a certeza da imortalidade da alma, conhecer a responsabilidade dos seus atos, dando-se conta de que é construtora do seu destino, sempre responsável pelo seu comportamento, vivenciando a lei de causa e efeito, modificar-se-á para melhor, assumindo conscientemente as consequências positivas e negativas dos seus atos, assim trabalhando em favor da paz e da justiça social.

(Extraído de entrevista publicada na Folha de Londrina no dia 7 de
março de 2010.)
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Paidéia espírita: um roteiro à formação humana


 EUGÊNIA PICKINA
De Londrina

Sendo a vida uma sucessão de renascimentos em diferentes corpos, o Espírito transfere de uma para outra experiência física as conquistas e os prejuízos que somente uma educação bem trabalhada consegue aprimorar (Joanna de Ângelis).

A Doutrina Espírita reedita a mensagem de Jesus e orienta, com esperança, um ideal de formação humana e, por isso, a pessoa, apoiada na visão espírita, é um sujeito interrogante, flexível, disposto a partilhar o mundo sem preconceitos e julgamentos, porquanto se considera como membro da família humana universal e em contínuo processo evolutivo.
Estamos, aqui, em experiência corpórea, como passantes, para vivenciar o bom uso da razão e as práticas afetivas, pois ambos compõem o roteiro essencial para a conquista integral do ser. Não nascemos, então, apenas para sofrer e findar, como supõem os pessimistas, confinados às cercanias da matéria, porém experimentamos o retorno à carne para amar e florescer, com o abandono gradativo do instinto grosseiro para pôr em prática as manifestações do Bem e do Belo, irradiações das leis divinas.
Como o ser humano não nasce tabula rasa, mas apenas inconsciente, e cada criança traz consigo uma bagagem que lhe é própria, além de planos e potencialidades que devem ser administrados pela conduta dos pais, para a paideia espírita a tarefa educativa da criatura humana tem início no lar, na vivência de uma democracia socioemocional iluminada pelos ensinamentos do Cristo.
Com efeito, é na intimidade do lar, educandário do espírito, que são desenvolvidos os sentimentos, o hábito do dever, a transmissão, pelos exemplos, dos princípios morais e do trato afetivo e espiritual, que movimentarão, durante a existência, a superação das dificuldades e a construção da harmonia íntima. Viemos da erraticidade, carentes de valores que dizem respeito ao nosso roteiro evolutivo. E porque rumamos em direção à angelitude, torna-se necessário, especialmente no prelúdio da vida, ensinar à criança o caminho com o coração, fornecendo-lhe as sementes da iluminação interior para que ela possa, na fase adulta, aplicar as forças em favor do desenvolvimento intelecto-afetivo e espiritual, procurando amar e servir sem cessar.
No entender espírita, a educação dos hábitos e o interesse sincero pela conquista dos valores se configuram recurso indispensável para a aquisição do bem. Em consequência, os pais (ou responsáveis) podem estimular o cuidado com a vida interior, auxiliando, durante o processo educativo, o despertar das qualidades éticas adormecidas, pois a saúde do ser humano também depende do bom cumprimento das tarefas que lhe dizem respeito.
Nunca será demasiado insistir que as virtudes, à semelhança dos vícios, são aprendidas em decorrência da prática reiterada. Logo, é compromisso dos pais, conscientes do longo caminho a percorrer, pontuar ao filho, ou à filha, que a existência terrena é tecida de contínuos desafios e a felicidade, constituída de pequenas ocorrências, deflui do trabalho constante pelo progresso pessoal, no que resulta o bem comunitário, pois cada Espírito é a soma de suas realizações, através das quais adquire conhecimento e amor.

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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O sexo e a homossexualidade à luz da Doutrina Espírita


Desde o reino animal, os contatos sexuais constituem um veículo importante com que o princípio inteligente trabalha os rudimentos dos sentimentos de afeto com vistas a atingir patamares mais elevados de manifestação


LEONARDO MARMO
MOREIRA
leonardomarmo@gmail.com
De São José dos Campos, SP


 O Espírito, como princípio inteligente, a priori, não tem um sexo definido. Isto equivale a dizer que, apesar da potencialidade sexual ser algo inerente a todos os Espíritos, não existe, previamente, uma diferenciação de gênero, masculino ou feminino, no princípio
inteligente. Essa característica não é uma exclusividade para o aspecto sexual do comportamento da criatura, pois o mesmo ocorre em todas as demais áreas de atividade do ser, uma vez que o Espírito não possui qualquer bagagem espiritual ou cultural no início da sua trajetória de desenvolvimento anímico. Entretanto, isso não impede que ele adquira um comportamento altamente polarizado na área genésica como função da sucessão das experiências encarnatórias.

O Criador dotou as manifestações de caráter sexual de altos níveis de sensação para que a reencarnação, e com ela a perpetuação da espécie, pudesse ser sustentada através da produção contínua de novos corpos materiais. De fato, este mecanismo estaria associado às Leis naturais de reprodução e conservação, em concordância com “O Livro dos Espíritos”. Ademais, desde o reino animal, os contatos sexuais constituem um veículo importante para a constituição dos laços familiares, onde o princípio inteligente trabalha os rudimentos dos sentimentos de afeto, visando, ao trabalhar as sensações, atingir sentimentos e patamares mais elevados de manifestação espiritual.

De qualquer maneira, a intensidade do instinto sexual constitui algo extremamente marcante no comportamento da criatura, o que levou Freud a definir o ser humano como “um animal sexual”. Realmente, herança das sensações animais aliada à ausência de ideais superiores torna o ser humano escravo de suas manifestações fisiológicas.

Por isso, Joanna de Ângelis divide os seres humanos em homens fisiológicos e homens
psicológicos. Os primeiros só teriam interesses e atitudes visando satisfazer suas necessidades sensoriais, como comer, dormir e manter relações sexuais. Os últimos não se restringiriam a essas manifestações e, apresentando valores mais elevados, seriam portadores de ideais superiores, ou seja, objetivos existenciais maiores nas áreas do trabalho, da educação, da fraternidade, da religiosidade etc. Ademais, os homens psicológicos desenvolveriam suas atividades fisiológicas com profundo respeito a si mesmos, ao corpo físico de que são portadores e aos irmãos envolvidos nessas manifestações, evitando excessos que podem acarretar processos cármicos de difícil resolução.

Prostitutas e homossexuais são,
dentro do contexto da tradição
judaico-cristã, tratados de
forma pouco fraterna

Esse grande impacto comportamental oriundo de nossas energias, tendências e experiências sexuais responde por vários desequilíbrios da humanidade. O ser humano
sempre oscilou entre o completo desregramento e a abrupta castração das energias sexuais. O desregramento seria uma conseqüência de propostas materialistas que visam à obtenção do prazer sensorial até a exaustão como principal forma de realização humana A castração, na maioria das vezes com origem em tradições culturais alicerçadas em religiões machistas, seria motivada pela consciência de culpa em manifestações afetivo-sexuais que trazemos tanto de forma consciente como de maneira inconsciente, incluindo, aí, bagagens de reencarnações anteriores. Essa consciência de culpa, em função de vários desequilíbrios nessa área, levou os religiosos do passado a considerar, equivocadamente, o sexo como algo extremamente pecaminoso e com funções exclusivamente ligadas à procriação. Desta forma, o indivíduo que almejasse ser considerado “santo” e “dirigente religioso” precisaria “por
decreto” abster-se de quaisquer manifestações sexuais. Obviamente, não se pode alterar um comportamento tão marcante simplesmente pela imposição de uma regra.

Essa mentalidade gerou profundos conflitos afetivo-sexuais em inumeráveis religiosos, os quais continuam ocorrendo até os dias atuais, gerando, nos casos mais drásticos, tristes acontecimentos como pedofilia, abusos sexuais, entre outros.

Realmente, os traumas na área sexual são tão intensos que os diversos tipos de preconceitos focados na questão sexual são dos mais discriminatórios e cruéis de nossa sociedade. Prostitutas e homossexuais são, sobretudo dentro do contexto da tradição judaico-cristã, tratados de forma muito pouco fraterna até os dias de hoje. É
interessante e ao mesmo tempo triste constatar que quando desejamos ofender alguma pessoa, normalmente acusamos os homens de serem homossexuais ou maridos traídos e as mulheres de serem prostitutas.

Obviamente, as ofensas são mais sentidas quando direcionadas a seres queridos como é o caso das mães, o que motivou, infelizmente, a elaboração dos mais divulgados “palavrões” de nossa sociedade.

Isso explica em parte a chocante constatação de que a maioria dos homens de nossa sociedade é mais ofendida quando é acusada de ser homossexual do que de ser assassino ou ladrão. Essa espécie de “ódio sexual” decorre, no mínimo parcialmente, da nossa pouca elevação ao trabalhar as bagagens instintivas que trazemos de nossa estada em etapas primitivas do reino animal, onde a energia sexual era um ponto decisivo na formação dos grupos e na determinação da hierarquia dos mesmos.

As tendências sexuais em
níveis variados constituem uma
característica inerente ao
processo reencarnatório

Neste contexto, vale registrar que a tendência homossexual em si mesma não representa qualquer tipo de queda espiritual, uma vez que o Espírito imortal percorre incontáveis reencarnações podendo alternar o sexo dos corpos utilizados. Assim sendo, as tendências sexuais em níveis variados constituem uma característica inerente ao processo reencarnatório. De qualquer maneira, tal como ocorre com a heterossexualidade, a homossexualidade requer muita vigilância para não ser “motivo de escândalos” ao seu portador, tendo-se em vista o comportamento sexólatra generalizado em nossa sociedade.

Como todo comportamento, o sexo é antes de tudo uma atitude mental. Desta forma, a partir das contínuas experiências reencarnatórias, o Espírito adquire hábitos sexuais que se tornam marcas muito arraigadas em sua personalidade.

Desta forma, após trilhar incontáveis experiências no reino animal, o Espírito chega à condição hominal com condicionamentos profundos na área sexual, independentemente da vestimenta física que carregue em uma reencarnação específica.

Logo, fatores como educação familiar deficiente; ausência de elevado nível de educação religiosa para orientação sexual sólida (que é fruto da orientação moral de uma forma geral) e isenta de preconceitos; influência de amigos sem maiores recursos ético-morais, sobretudo na área sexual (já que na adolescência, fase decisiva para a formação do comportamento sexual do indivíduo, o jovem deseja ser aceito pelo grupo e desenvolve uma gama de atividades, na maioria das vezes, vinculado a uma turma de amigos); excessivo apelo sexual em todos os meios de comunicação; influência de entidades espirituais infelizes, entre outros, favorece um tipo de “sexualização” do comportamento de nossas crianças e jovens de maneira extremamente precoce, em uma fase em que o indivíduo ainda está formando seus valores pessoais na nova reencarnação.

Desta maneira, grande número de jovens recém-saídos da infância já apresenta comportamento sexualmente ativo, muitas vezes com alto grau de promiscuidade, antes mesmo de ter a mínima condição para administrar suas próprias vidas.

Consequentemente, adolescentes e até mesmo pré-adolescentes enfrentam a chamada “gravidez indesejada”, iniciando processos reencarnatórios irresponsáveis que afetam
vários indivíduos. Isso quando permitem que tais reencarnantes nasçam, o que, indiscutivelmente, já apresenta significativo mérito, pois em vários casos, as jovens mães optam pela lamentável alternativa do aborto.

Há Espíritos que trazem marcas
profundas do sexo oposto
em sua organização psicológica

Por outro lado, vale adir que em nossa sociedade, carente de valores morais, nós saímos de uma terrível homofobia para um comportamento misto, onde determinados núcleos aceitam e até estimulam a homossexualidade e outros centros continuam apresentando quase que um verdadeiro ódio ao homossexual.

Ora, nosso corpo físico constitui uma ferramenta fundamental à nossa encarnação e, como espíritas, sabemos que “o acaso não existe”.

Desta forma, nós não podemos acreditar que reencarnamos no sexo errado, assim como seria ilógico acreditar que reencarnamos na família errada ou em uma situação sócio-econômica equivocada e assim por diante. Desta forma, a atitude natural dos pais seria, obviamente, favorecer a formação heterossexual das crianças e jovens, uma vez que o corpo que Deus nos concedeu tem uma função específica atrelada ao sexo em questão. Obviamente, há Espíritos que trazem marcas profundas do sexo oposto em sua organização psicológica e são aqueles que, até certo ponto pertinentemente, afirmam que “não escolheram sua orientação sexual, mas nasceram assim”. Por outro lado, em muitas famílias, crianças e jovens com conflitos sexuais muito sutis, inclusive explicáveis dentro do contexto dos conflitos naturais da idade, que seriam perfeitamente contornáveis com o apoio familiar e a orientação espírita, recebem um inadequado estímulo ao comportamento homossexual. Algumas vezes são, inclusive, estimulados nessa escolha por psicólogos e educadores, em uma atitude de conseqüências lastimáveis do ponto de vista espiritual. São aqueles que muitas vezes sem nenhuma marca mais efetiva do sexo oposto “fazem a opção homossexual”. Ora, a homossexualidade não deveria ser uma opção como a escolha de um curso no vestibular ou de um modelo de carro na concessionária porque, em princípio, a escolha natural deve ser aquela devida pela própria constituição física do indivíduo.

Certamente, adversários espirituais podem astutamente aproveitar desse descuido de pais e de educadores para acentuar perturbações mínimas a ponto de engendrar profundas problemáticas sexuais. Os obsessores, obviamente, aproveitam-se da fragilidade espiritual das futuras vítimas, para forjar desequilíbrios que venham a desajustar o reencarnado, já no início da sua jornada, o que pode comprometer toda
a reencarnação do indivíduo, que, em princípio, poderia nem ser realmente um homossexual.

A obsessão sexual tem nos
desequilíbrios sexuais da própria
criatura a antena psíquica
correspondente

Nesse ponto, o apoio espírita é fundamental para que a criança e o jovem tenham a quem recorrer já que em muitos casos o jovem não tem com quem conversar sobre o assunto, pois em sua família não teria abertura para abordar o problema.

Nessa área, evangelizadores, dirigentes de mocidade espírita e trabalhadores da casa espírita de uma forma geral têm uma grande responsabilidade no que se refere ao auxílio fraterno a esses irmãos.

Sobre a chamada “obsessão sexual”, podemos citar o excelente livro de Manoel Philomeno de Miranda pela mediunidade de Divaldo Pereira Franco, intitulado “Sexo e Obsessão”, bem como “Sexo e Destino” (pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira), “No Mundo Maior” (pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier) e outros da lavra de André Luiz como valiosas fontes de informações concernentes a um quadro de verdadeira “pandemia obsessiva” na área sexual que viceja em nossa sociedade. Logicamente, como acontece com todo processo obsessivo, a obsessão sexual tem nos desequilíbrios sexuais da própria criatura a antena psíquica para captar mensagens afins a essas tendências.

Isto implica que esse quadro real de influenciação de maneira nenhuma nos exime de nossas responsabilidades, pois tais contatos estão alicerçados em nossos próprios desejos e fixações conscientes e subliminares.

Se levarmos em consideração as informações obtidas através dos médiuns mais confiáveis sobre reencarnações de personalidades conhecidas, chegaremos à conclusão que a repetição de um mesmo sexo é o fenômeno mais comum.

Emmanuel, Yvonne Pereira, Francisco de Assis, Allan Kardec, Chopin, Joanna de Ângelis, Napoleão Bonaparte, entre outros, teriam reencarnado em várias ocasiões em um mesmo sexo. O próprio Dr. Hernani Guimarães Andrade, afirmando que “o sexo é uma das áreas do comportamento humano que mais imprime caráter no ser humano”, chega a concluir que a reencarnação é fator decisivo para a ocorrência do comportamento homossexual, quando o indivíduo que psiquicamente construiu uma trajetória em um sexo se reencarna no sexo oposto. Sendo o sexo uma atitude mental, uma sequência reencarnatória significativa em um de fixações psicológicas difíceis de serem modificadas somente através de uma única experiência reencarnatória, quando da definição do sexo do novo corpo durante o planejamento reencarnatório.

O Assistente Silas diz que a
inversão sexual ocorreria em
casos de missão e em casos
de expiação

Ora, a não ser em casos mais graves, em que tal medida fosse, por motivo de força maior, algo realmente imprescindível, as sucessivas e constantes inversões sexuais causariam profunda perturbação espiritual. Se “Deus é amor”, “é a Inteligência Suprema...” e “não dá fardos pesados a ombros frágeis”, não promoveria uma transição tão brusca nessa área se isso não fosse, de fato, extremamente necessário.

De fato, o objetivo da reencarnação é a educação do Espírito e essa é premissa básica de todo tipo de planejamento reencarnatório. Obviamente, a escolha do sexo é um ponto capital nesse planejamento, pois afeta diretamente os tipos de atividade assim como os laços de relacionamento que serão desenvolvidos e/ou retomados.

Assim, a inversão sexual mais brusca deve ocorrer somente quando seja estritamente necessária e/ ou quando não causar maior trauma nos Espíritos em questão.

André Luiz elucida essa questão em “Ação e Reação” ao relatar os esclarecimentos do Assistente Silas (capítulo 15), que assevera que a inversão sexual ocorreria em casos de missão e em casos de expiação, que sejam referentes especificamente a quedas na área sexual.

Dr. Hernani Guimarães Andrade em estudos de reencarnação, poderíamos acrescentar os casos onde o Espírito não apresenta um comportamento sexual tão polarizado em um dos sexos. Neste caso, a inversão poderia causar um impacto muito menor, ou seja, muito menos conflitos e traumas. Esse perfil psicológico seria, sob certo aspecto, semelhante à inversão sexual motivada por grandes missões espirituais aqui na crosta, pois seria, por diferentes motivos, mais facilmente administrável pelo próprio reencarnante. Na missão, essa inversão não prejudicaria, e, pelo contrário, beneficiaria o missionário, pois, fora de uma condição mais condizente com seu psiquismo, a obra seria protegida de perigos desnecessários, sem perturbar o missionário em função de sua evolução espiritual nessa área. Nos casos de ausência de maiores marcas de caráter sexual, apesar de o Espírito não apresentar tamanha evolução, ele se adaptaria com certa facilidade tanto a um polo sexual quanto ao outro.

Jesus oscilava com perfeição e
harmonia entre as qualidades
masculinas e femininas,
conforme cada situação

O fato de o sexo ser, antes de tudo, uma atitude mental, explicaria, em concordância com elucidações do mentor André Luiz em Evolução em Dois Mundos (pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira), o fato de Espíritos de homossexuais poderem mudar suas respectivas formas perispirituais com o passar do  tempo, após a chegada ao mundo espiritual. Entretanto, como existem diferentes vertentes de comportamento homossexual, é plausível supor que tal processo seja mais comum nos chamados transexuais do que em outros tipos de homossexuais, uma vez que os transexuais apresentariam, em princípio, um quadro psicológico que corresponderia de maneira mais contundente à inversão da forma sexual, isto é, a uma nova morfologia corporal.

De fato, o aprendizado referente às qualidades do sexo oposto poderia, pelo menos, até certa extensão, ser apreendido sem a necessidade absoluta de reencarnação no outro sexo. Tal propósito poderia ser assimilado, mesmo que parcialmente, através de uma atitude evangélica e lúcida de aproveitamento das oportunidades evolutivas tanto do ponto de vista intelectual como sob a perspectiva moral. De fato, as necessidades atuais da sociedade têm proporcionado e estimulado o aprendizado de uma gama de atividades que tradicionalmente pertenciam ao chamado “sexo oposto”. Essa realidade tem repercutido positivamente em uma relação de maior fraternidade e menos preconceito entre homens e mulheres.

Joanna de Ângelis analisa em “Jesus à luz da psicologia profunda” (pela mediunidade de Divaldo Pereira Franco) a personalidade no nosso maior mestre, modelo e guia, Jesus de Nazaré. Nesta obra, a mentora espiritual ressalta que Jesus oscilava com perfeição e harmonia entre as qualidades masculinas e femininas, de acordo com cada situação, uma vez que como Espírito puro, o Mestre já possuía em nível de excelência ambos os grupos de qualidades. Ele não precisava ser fisicamente uma mulher para demonstrar a ternura materna em sua mais elevada expressão, assim como exibia o comportamento que tipifica o amor mais característico dos pais em outras situações.

Portanto, que o exemplo de Jesus seja uma constante em nossas vidas como meta a ser seguida, inclusive em relação ao profundo respeito e amor que devemos ao sexo propriamente dito e a todos os irmãos, independentemente de seus hábitos sexuais de quaisquer espécies.

O IMORTAL
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA
Diretor Responsável: Hugo Gonçalves - Ano 57 - Nº 674  - Abril de 2010
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