“A Certeza definitiva
de que a vida continua”
(25.ª
Parte)
A história da carta de hoje nos remete a 24 de julho de 1975, em Santo
André, São Paulo. Naquele dia o jovem João Gilberto dos Santos, então com 28
anos, concluía sua passagem por nossa dimensão, após sete dias de internação no
Hospital Bartira daquela cidade, em conseqüência de um aneurisma cerebral
sofrido em 17 de julho.
As repercussões do fato impuseram aos pais uma dor moral sem precedentes
até então. Com o desdobrar dos meses a ânsia de encontrar alívio para tanto
sofrimento os aproximou de outros pais que passaram pela dura prova de perder
os filhos e, embora católicos por convicção, seis meses após estavam no Grupo
Espírita da Prece, em Uberaba, confundindo-se com as dezenas de pessoas que lá
estavam, na esperança de obterem notícias através de Chico Xavier. E, elas
vieram, pois, entre as cartas psicografadas na noite de 26 de março de 1976,
encontrava-se a do amado filho, que infundiu certo alívio pela certeza de que o
rapaz não morrera, apenas deixara para trás o corpo avariado pelo acidente
vascular cerebral.
SUPERAÇÃO.
“Estou aqui pedindo para que me abençoem! Tudo é muito estranho ainda para
o meu raciocínio, sei que outra vida me acolhe, e se vim, talvez magnetizado pelas
preces e pedidos de mamãe, noto, meu pai, que a bondade de minha avó Laudelina
que me tutelou por filho-neto é a força que me guarda. Escrevo sob auxílio, mas
penso com rapidez e isso é para mim alguma coisa de inesperado e maravilhoso”.
Já no início de sua carta, João Gilberto nos propõe dois aspectos
importantes. O primeiro, que os seis meses transcorridos não tinham sido suficientes
para que ele se reabilitasse. E o segundo, que sua comunicação através de Chico
Xavier foi possível graças ao auxílio de sua avó, que lhe ajudou a superar os
limites da escrita mediúnica.
RECUPARAÇÃO LENTA.
“Desde o dia 17 de julho, a data que me ficou na memória, vou
recuperando mecanismos de pensar. Entendo que estive em Bartira, como peça em conserto
que não chegou a seu fim, mas isso não foi assinalado por mim com precisão.
Amigos daqui, como sejam meu avô Araújo e meu avô João me explicam e me ajudam;
não é, porém, muito fácil, readquirir nós mesmos, tais quais éramos, assim de
uma vez só.
Creio que outros companheiros terão experimentado processos diferentes”.
Como já enfatizamos em outros programas a recuperação no Plano
Espiritual, psicológica e perispiritual, é diferente para cada criatura.
As necessidades espirituais e as dívidas do passado são alguns dos
fatores que interferem nesse processo.
LENTAMENTE.
“A verdade é que o meu desequilíbrio orgânico se concentrou na vida intracraniana
e somente muito devagar fui reaprendendo a ouvir, falar, agir e pensar
corretamente. No princípio, aqui, onde me vejo agora, reconhecia-me quase
criança. Minha avó Laudelina, de quem possuía a imagem mas não o conhecimento
pessoal me ensinou a reconhecê-la e me retirou do Hospital como quem se
responsabiliza por um menino doente”.
Como se percebe no relato do jovem as repercussões do aneurisma
experimentado por seu corpo físico, teve profundos reflexos no corpo
perispiritual em que ele se via depois da morte em nova dimensão.
Aprender a controlar a nova forma e manifestar-se através dela, ainda
por ocasião da mensagem, era uma conquista que João Gilberto alcançava gradual
e progressivamente.
DESESPERO.
“Parece, mãezinha, que o sofrimento é mesmo uma força. Uma força propulsora
que nos garante os impulsos de normalidade onde marcha para a frente. Enquanto
o meu estado era de torpor, tudo era calmo em torno de mim, no entanto, ao
melhorar-me, comecei a ouvir suas lágrimas faladas e suas queixas silenciosas
nas orações. A luta para soerguer-me e consolar a senhora, a ânsia de dar meu
pai a conhecer o que se passava foi muito grande, porque em tudo o que me
alcançava, vindo de nossa casa, era o desejo de mamãe querendo encontrar-me ou
morrer”.
Neste trecho da mensagem do jovem, observamos o quão difícil é nos reconhecermos
impossibilitados de nos comunicar com os que ficam na retaguarda do Plano
Físico, carregando a dor da separação. Salienta-se também a realidade das
ligações mento-emocionais entre o que parte e os que permanecem em nosso Plano
sustentando pensamentos de aflição, angústia e inconformação.
SIMPLES MUDANÇA.
“Bendita as nossas lágrimas, porque seu filho, mamãe, também chorou e
chorou muito. Comecei a imitar as suas preces e rogativas, éramos ambos dois
corações separados por um agente de energias vivas, assim qual cordão
elastecente. De um lado, o seu desespero e do outro o meu terrível conflito, em
que a senhora, meu pai, nossa Vanice e os irmãos estavam juntos. E aqui estou
para rogar-lhe que viva, para pedir-lhe serenidade e conformação. A Morte não
encerra os movimentos da vida”.
A natureza efetivamente não dá saltos. João Gilberto fala das
repercussões da atitude mental descontrolada pelo desespero do pai e da mãe.
Previne-nos quanto à necessidade daqueles que experimentam a perda de entes
queridos, aos quais estejam muito ligados, se resguardarem na fé e confiança em
Deus.
A íntegra desta e outras mensagens poderá ser lida na obra “A VIDA
TRIUNFA”, publicado pela FE Editora.
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA
MENSAL
ANO XXXIII N° 387
DEZEMBRO 2008
Publicada
pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
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Cx. Postal:
45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)
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