– Para fazê-la avançar mais depressa. Não vos dissemos que a destruição
é necessária para a regeneração moral dos Espíritos, que adquirem, a cada nova
existência, um novo grau de perfeição? É preciso ver o fim para lhe apreciar os
resultados. Não os julgais senão sob o vosso ponto de vista pessoal e os
chamais de flagelos por causa do prejuízo que vos ocasionam. Mas esses
transtornos são, freqüentemente, necessários para fazer alcançar, mais
prontamente, uma ordem melhor de coisas, e em alguns anos, o que exigiria
séculos.
2- Deus não poderia empregar, para o aprimoramento da Humanidade,
outros meios senão os flagelos destruidores?
– Sim, e o emprega todos os dias, visto que deu a cada um os meios de
progredir pelo conhecimento do bem e do mal. É que o homem não aproveita; é
preciso contrariá-lo em seu orgulho e fazê-lo sentir sua fraqueza.
3- Mas nesses flagelos, o homem de bem sucumbe como os perversos;
isso é justo?
– Durante a vida, o homem relaciona tudo com o seu corpo, mas, depois da
morte, ele pensa de outra forma e, como já dissemos: a vida do corpo é pouca
coisa. Um século do vosso mundo é um relâmpago na Eternidade. Portanto,
os sofrimentos, do que chamais alguns meses ou alguns dias, não são nada,
apenas um ensinamento para vós, e que vos servirá no futuro. Os Espíritos, eis
o mundo real, preexistentes e sobreviventes a tudo, são os filhos de Deus e o
objeto de toda a sua solicitude; os corpos não são senão os trajes com os quais
eles aparecem no mundo. Nas grandes calamidades que dizimam os homens, é como
um exército que, durante a guerra vê os seus trajes usados, rasgados ou
perdidos. O general tem mais cuidado com seus soldados do que com suas vestes.
4- Mas as vítimas desses flagelos não são menos vítimas?
– Se se considerasse a vida por aquilo que ela é, e o pouco que é com
relação ao Infinito, se atribuiria menos importância a isso. Essas vítimas encontrarão,
em uma outra existência, uma larga compensação aos seus sofrimentos, se elas
sabem suportá-los sem murmurar.
Quer chegue a morte por um flagelo ou por uma causa ordinária, não se
pode escapar a ela quando soa a hora da partida:
a única diferença é que com isso, no primeiro caso, parte um maior
número de uma vez. Se pudéssemos nos elevar, pelo pensamento, de maneira a
dominar a Humanidade e abrangê-la inteiramente; esses flagelos tão terríveis
não nos pareceriam mais que tempestades passageiras no destino do mundo.
5- Os flagelos destruidores têm uma utilidade, sob o ponto de vista
físico, malgrado os males que ocasionam?
– Sim, eles mudam, algumas vezes, o estado de uma região; mas o bem que
disso resulta não é, freqüentemente, percebido senão pelas gerações futuras.
6- Os flagelos não seriam igualmente para o homem provas morais que o
submetem às mais duras necessidades?
– Os flagelos são provas que fornecem ao homem a ocasião de exercitar
sua inteligência, de mostrar sua paciência e sua resignação à vontade de Deus,
e o orientam para demonstrar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e
de amor ao próximo, se ele não está mais dominado pelo egoísmo.
7- É dado ao homem conjurar os flagelos que o afligem?
– Sim, de uma parte, mas não como se pensa, geralmente. Muitos flagelos
são o resultado de sua imprevidência; à medida que ele adquire conhecimentos e
experiências, pode conjurá-los, quer dizer, prevení-los se sabe procurar-lhes
as causas. Mas, entre os males que afligem a Humanidade, há os gerais que estão
nos desígnios da Providência, e dos quais cada indivíduo recebe mais, ou menos,
a repercussão. A estes o homem não pode opor senão a resignação à vontade de
Deus e, ainda, esses males são agravados, freqüentemente, pela sua negligência.
Entre os flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, é
preciso incluir na primeira linha a peste, a fome, as inundações, as
intempéries fatais à produção da terra. Mas o homem não encontrou na ciência,
nos trabalhos de arte, no aperfeiçoamento da agricultura, nos afolhamentos e
nas irrigações, no estudo das condições higiênicas, os meios de neutralizar, ou
pelo menos de atenuar, os desastres? Certas regiões, outrora assoladas por
terríveis flagelos, não estão preservadas hoje? Que não fará, portanto, o homem
por seu bem-estar material quando souber aproveitar os recursos de sua
inteligência e quando ao cuidado da sua conservação pessoal souber aliar o
sentimento de uma verdadeira caridade para com os semelhantes?
8- Há uma fatalidade nos acontecimentos da vida, segundo o sentido
ligado a essa palavra, quer dizer, todos os acontecimentos são predeterminados?
Nesse caso, em que se torna o livre arbítrio?
– A fatalidade não existe senão para a escolha que fez o Espírito, em se
encarnando, de suportar tal ou tal prova.
9- Certas pessoas não escapam de um perigo mortal senão para cair num
outro; parece que elas não poderiam escapar à morte. Não há nisso fatalidade?
– Não há nada de fatal, no verdadeiro sentido da palavra, senão o
instante da morte. Quando esse momento chega, seja por um motivo ou por outro,
não podeis dele vos livrar.
10- Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace não morreremos
se a hora não é chegada?
– Não, tu não perecerás, e disso tens milhares de exemplos. Mas, quando
é chegada a tua hora de partir, nada pode subtrair-te dela.
Deus sabe, antecipadamente, de qual gênero de morte partirás daqui e,
freqüentemente, teu Espírito o sabe também, porque isso lhe é revelado quando
faz a escolha de tal ou tal existência.
11- Da infalibilidade da hora da morte, segue-se que as precauções
que se tomam para evitá-la são inúteis?
– Não, porque as precauções que tomais vos são sugeridas para evitar a
morte que vos ameaça; elas são um dos meios para que a morte não ocorra.
12- Qual o fito da Providência ao fazer-nos correr perigos que não devem
ter conseqüência?
– Quando tua vida é posta em perigo, é essa uma advertência que tu mesmo
desejaste a fim de te desviar do mal e te tornares melhor.
13- E os pais? Em que situação surpreenderemos os pais dos que devem
ser imolados ao progresso ou à justiça, na regeneração de si mesmos? A dor
deles não será devidamente considerada pelos poderes que nos controlam a vida?
André Luiz (reproduzindo resposta do Instrutor Druso em “Ação
e Reação ”) – Como não? As entidades que necessitam de tais lutas
expiatórias são encaminhadas aos corações que se acumpliciaram com elas em
delitos lamentáveis, no pretérito distante ou recente ou, ainda, aos pais que
faliram junto dos filhos, em outras épocas, a fim de que aprendam na saudade
cruel e na angústia inominável o respeito e o devotamento, a honorabilidade e o
carinho que todos devemos na Terra ao instituto da família. A dor coletiva é o
remédio que nos corrige as falhas mútuas.
14- Sendo Deus a Bondade Infinita, por que permite a morte aflitiva
de tantas pessoas enclausuradas e indefesas, como nos casos dos grandes
incêndios?
Emmanuel – Realmente reconhecemos em Deus o Perfeito Amor
aliado à Justiça Perfeita. E o Homem, filho de Deus, crescendo em amor, traz
consigo a Justiça imanente, convertendo-se, em razão disso, em qualquer
situação, no mais severo julgador de si próprio.
Quando retornamos da Terra para o Mundo Espiritual, conscientizados nas
responsabilidades próprias, operamos o levantamento dos nossos débitos passados
e rogamos os meios precisos a fim de resgatá-los devidamente. É assim que,
muitas vezes, renascemos no Planeta em grupos compromissados para a redenção
múltipla. Invasores ilaqueados pela própria ambição, que esmagávamos
coletividades na volúpia do saque, tornamos à Terra com encargos diferentes,
mas em regime de encontro marcado para a desencarnação conjunta em acidentes
públicos. Exploradores da comunidade, quando lhe exauríamos as forças em
proveito pessoal, pedimos a volta ao corpo denso para facearmos unidos o ápice
de epidemias arrasadoras. Promotores de guerras manejadas para assalto e
crueldade pela megalomania do ouro e do poder, em nos fortalecendo para a
regeneração, pleiteamos o Plano Físico a fim de sofrermos a morte de partilha,
aparentemente imerecida, em acontecimentos de sangue e lágrimas. Corsários que
ateávamos fogo a embarcações e cidades na conquista de presas fáceis, em nos
observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno à Terra
para a desencarnação coletiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a
reencarnação. Criamos a culpa e nós mesmos engenhamos os processos destinados
a extinguir-lhe as conseqüências. E a Sabedoria Divina se vale dos nossos
esforços e tarefas de resgate e reajuste a fim de induzir-nos a estudos e
progressos sempre mais amplos no que diga respeito à nossa própria segurança. É
por este motivo que, de todas as calamidades terrestres, o Homem se retira com
mais experiência e mais luz no cérebro e no coração, para defender-se e
valorizar a vida. Lamentemos sem desespero, quantos se fizerem vítimas de
desastres que nos confrangem a alma. A dor de todos eles é a nossa dor. Os
problemas com que se defrontaram são igualmente nossos. Não nos esqueçamos,
porém, de que nunca estamos sem a presença de Misericórdia Divina junto às
ocorrências da Divina Justiça, que o sofrimento é invariavelmente reduzido
ao mínimo para cada um de nós, que tudo se renova para o bem de todos e que
Deus nos concede sempre o melhor.
NOTA COMPLEMENTAR
Imaginemos um evento qualquer da nossa dimensão, sobretudo aqueles que
são um primor de organização. Para que tudo funcionasse como um relógio, foi
objeto de um bem coordenado planejamento que previu data, local,
infra-estrutura de recursos humanos, equipamentos, possíveis falhas, restrição
a “penetras”, etc... Sob esse ponto de vista, percebe-se que somos capazes de
nos superarmos em tais cometimentos.
Se observamos isso em nossas iniciativas, será o Plano Espiritual
limitado em suas realizações? Se “a única fatalidade da vida é o instante
da morte” (questão 853, L. E.), se saímos um dia do Plano
Invisível com nossa volta pré-determinada quanto à data aproximada e a forma; se
eventos do porte de uma desencarnação coletiva já estão marcados para acontecer
a ponto de pessoas sonharem com antecedência o fato, por que duvidar que
aconteceu sob a permissão de Deus e suas precisas e justas Leis? Chico Xavier
nos deixou dois documentos psicografados de sobreviventes à grandes acidentes
aéreos. Da queda do Boeing 727, em 07/06/1982 (137 mortos), no livro ANTE O
FUTURO (IDEAL) e do Boeing 727 em 12/04/1980 (58 mortos), na obra E O
AMOR CONTINUA (Alvorada). Neles, Rosana Maria Temporal de Lara e Jane
Furtado Koerich, as autoras, coincidem em vários aspectos:
1.º) Não sentiram dores no momento do impacto e da morte;
2.º) Ouviram vozes no instante do acidente sugerindo confiança em
Deus e calma, denotando a presença de equipes espirituais socorristas operando
o resgate;
3.º) Apesar das imagens derradeiras dos seus corpos no Plano
Material, não se viam ou se sentiam destroçadas na nova forma em que se
reconheciam;
4.º) Despertaram da inconsciência em que mergulharam na
transferência de Plano, em hospitais das regiões invisíveis;
5.º) Confirmaram aos familiares presentes no momento do
recebimento da mensagem, por vários detalhes, serem elas mesmas.
OBRAS CONSULTADAS
Questões 1 a 7 – O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Perguntas 737, 738, 739,
740, 741, IDE
Questões 8 a 12 – O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Perguntas 851, 853, 854,
855, IDE
Questão 13 – AÇÃO E REAÇÃO, Capítulo XVIII, André Luiz (Espírito)
por Francisco Cândido Xavier, FEB
Questão 14 - CHICO XAVIER PEDE LICENÇA, Xavier, Francisco
Cândido, GEEM
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA
MENSAL
Esta série foi originalmente
produzida na década de 70 e pela permanente atualidade a estamos reeditando e
ampliando.
Publicada
pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Correspondência:
Cx.
Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)
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