quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

MEDIUNIDADE: IMPORTANTES ESCLARECIMENTOS - (Final)

(Final)
Mistificação consciente é fácil de entender, mas como caracterizar, identificar, exemplificar a mistificação inconsciente e como diferenciá-la do animismo?
Alexandre Sech – Parece-nos que já abordamos o assunto na pergunta anterior, restando, para clarificar mais o assunto, darmos um exemplo. Suponhamos uma médium de excelentes recursos psicofônicos, que trabalha no campo da desobsessão alcançando resultados alentadores, mas cuja atuação não lhe dá tanta evidência quanto outra que labora no campo da oratória e que possui um nível de reconhecimento muito maior. Instigada pelos admiradores mais próximos, alentada pelo desejo de ser mais conhecida e respeitada, começa a se aventurar no campo da oratória recebendo o elogio dos circunstantes. Todavia, observadoras mais percucientes, notam que as peças oratórias da médium psicofônica nada mais são do que cópias ou pastiches da oradora original e procuram clarificar a questão aconselhando-a permanecer na sua atividade inicial na qual sempre se houve bem. Ferida em seu orgulho pessoal e espicaçada em sua vaidade narcisista, a médium psicofônica se recusa a permanecer no anonimato, pois deseja alcançar, para atender seus problemas emocionais da origem humilde e dificultosa, uma situação em que seja colocada em evidência e aplaudida pelas multidões.
É feito então um esclarecimento público sobre a questão, valendo como motivo para a médium psicofônica colocar-se na condição de vítima. Lança-se ela então, agora com uma motivação mais forte ainda, no campo da oratória, para apagar a imagem de pastichadora e com um denodo impressionante continua suas atividades no campo da desobsessão e se dedica também às atividades da oratória onde vai ganhando a cada dia um número maior de admiradores, mas nada produzindo de original, nada criando, senão apenas dando outra roupagem para as peças produzidas pela outra, a original.
Em um caso suposto como o que acabamos de apresentar, evidenciamos um mecanismo de natureza anímica preenchendo os “vazios mediúnicos”, e como conseqüência da situação emocionai familiar, como compensação dos complexos de inferioridade, uma necessidade de competir com quem está em plano de sucesso e evidência, principalmente depois de ter sido publicamente acusada de pastichadora das peças oratórias originais Ouve as palestras da outra mais de uma vez, remastiga-as e as reformula dando-lhes outra roupagem, num fenômeno típico de busca de identificação com o seu modelo.
Mecanismos de natureza inconsciente, automáticos, fora do controle da vontade no instante de sua erupção, mas acalentados anteriormente pela necessidade de “provar” sua faculdade mediúnica, caracterizam o animismo, ou a personificação. E quando isto tudo não funciona ainda, há o jeito de introduzir falsificações, inicialmente conscientes, mas que, pela repetição, se tornam automáticas e inconscientes, caracterizando o fenômeno da mistificação.
Como se vê, é preciso conhecer o médium e os mecanismos da mediunidade para se poder diferençar os fenômenos mediúnicos, anímicos, de mistificação e fraude.
Exercícios espirituais orientais, tais como meditação, ajudam o desenvolvimento da mediunidade?
Alexandre Sech – Tudo o que faz o indivíduo desenvolver a tranqüilidade, o equilíbrio, a confiança, ajuda o desenvolvimento da mediunidade.
Atingimos as culminâncias da evolução.
O animismo substituiria o mediunismo?
Alexandre Sech – São dois fenômenos diferentes e um não é menor que outro, portanto não vemos possibilidade de o animismo substituir a mediunidade. Como a evolução é intérmina, sempre teremos alguém que esteja em outro nível e superior ao nosso, servindo a mediunidade como meio de comunicação. Admitindo, porém, que a evolução atinja sua culminância com a identificação, com o Princípio Criador, sem o espírito perder sua individualidade, ao espírito restaria a faculdade de animismo como meio de comunicação.
De um modo geral, mediunidade significa provação ou expiação, logo, dor, sofrimento. Eu perguntaria: animismo, que traduz fenômenos decorrentes de energia própria, seria uma conquista espiritual de quem é capaz de os exercitar?
Alexandre Sech – Não acreditamos que a mediunidade de um modo geral signifique sofrimento e dor. Tanto quanto o animismo, a mediunidade é um mecanismo psíquico que possibilita ao espírito comunicar-se com seres de níveis vibratórios diversos.
Animismo e mediunidade, portanto, são mecanismos que denotam desenvolvimento psíquico.
É aconselhável descartarmo-nos de jóias, relógios e anéis durante os trabalhos mediúnicos? A “qualidade” dos passes decresce quando utilizamos tais objetos?
Alexandre Sech – Há certas práticas que se vão instituindo em nosso meio como frutos da ignorância doutrinária e da necessidade mítica e ritualista que caracterizam os espíritos primários. Os objetos de metal, conquanto tenham em torno de si seus campos vibratórios particulares, não impedem que a mente humana os domine e sobre eles se sobreponha. É mais folclórica do que necessária a atitude teatral de se despojar de tais objetos para a aplicação de passes ou participação em eventos mediúnicos. Se assim não fosse, não poderíamos entender como poderiam participar de atividades práticas companheiros possuidores de obturações dentárias de material nobre e portadores de placas de platina em sua ossatura.
A mente humana tem potenciais ainda desconhecidos e incomensuráveis. Tal história nos faz lembrar a parábola do Evangelho em que a preocupação farisaica é tamanha que se filtra um mosquito e acaba-se engolindo um camelo.
A captação do caráter de uma pessoa sem conhecê-la, é um fenômeno anímico?
Alexandre Sech – Basicamente tal percepção se deve a mecanismos anímicos que todos nós possuímos e nem sempre temos sabido utilizar, ou muitas vezes os confundimos com a mediunidade.
Qual a diferença entre mediunismo e mediunidade? Como podemos distinguir mistificação mediúnica de uma mensagem mediúnica autêntica?
Alexandre Sech – O mediunismo seria a potencialidade e a mediunidade a potência educada. Na segunda parte de “O LIVRO DOS MÉDIUNS” há um capítulo que trata do assunto e, em resumo, dá valor ao estilo, à forma, ao conteúdo, à lógica enfim. A mensagem mediúnica autêntica resume simplicidade, clareza, objetividade, profundidade, beleza e não é apenas a continuação das ideias pretensiosas do médium, nem tampouco revela as suas segundas intenções.
Como devemos entender o perispírito, como um elemento energético, ou seja, o protoplasma nas nossas forças biológicas?
Alexandre Sech – O perispírito é um corpo de natureza energética que serve de modelo estruturador biológico, estando, portanto ligado intimamente às forças vitais que impregnam o protoplasma das células do nosso corpo.
Qual a sua opinião sobre os “mártires”, isto é, os que cultivam o sofrimento e a dor como método único de evolução?
Alexandre Sech – Os que cultivam intencionalmente o sofrimento e a dor como método único de evolução não são mártires e sim masoquistas. Pessoas doentes e portadoras de desvios comportamentais.
É atitude sadia, correspondendo ao instinto de conservação, evitar-se a dor e o sofrimento evitáveis, suportando-os com resignação quando se tornem inevitáveis, mas jamais buscá-los como única forma de evolução.
Gostaria de saber mais a respeito do relacionamento do Espiritismo com o caráter moral. Por favor dê um exemplo.
Alexandre Sech – Para um perfeito esclarecimento da questão recomendamos a leitura do livro de Allan Kardec “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”, que se propõe a restaurar a base religiosa na área do conhecimento humano, como fundamental para a evolução da humanidade. Por se fundamentar no Evangelho de Jesus, o Espiritismo objetiva a elevação do homem ao plano superior através do desenvolvimento e exercício de suas virtudes espirituais. Uma pessoa que promova o mal, atingindo seu semelhante de maneira intencional, desencadeia um processo através da lei de causa e efeito em que se torna devedor, necessitando anular os efeitos do mal pela prática do bem, ao mesmo indivíduo ou outro qualquer, nesta ou em uma próxima encarnação.
Na comunicação mediúnica sempre há a interferência do animismo do médium? Mesmo que ele esteja em estado completo de inconsciência?
Alexandre Sech – Mediunidade e animismo são fenômenos distintos, ambos decorrentes do funcionamento de mecanismos mentais. Em toda comunicação mediúnica caracterizada pela ação da mente de um espírito desencarnado sobre o do médium, tendo como resultante a mensagem, seja escrita ou falada, o elemento intermediário que funciona como filtro, a mente do médium, sempre interfere, mesmo que o fenômeno seja de natureza inconsciente, porque a ação ocorre de perispírito para perispírito.
Que é Telecinesia?
Alexandre Sech – É um fenômeno de ação da mente sobre objetos materiais mudando-lhes temporariamente o seu estado de inércia. É a movimentação de objetos materiais pela ação da mente.
 Pelo que entendi o animismo é subjetivo e o mediunismo depende de uma comunicação que o médium recebe dos espíritos, portanto os dois são limítrofes. Pergunto: como podemos distinguir (nesta fronteira) o limite entre o animismo e a mediunidade?
Alexandre Sech – Embora sendo dois fenômenos distintos, sua manifestação é aparentemente idêntica. Em ambos, no transe, há alterações marcadas de natureza neuro-vegetativa, como tremores generalizados finos de extremidade (não confundir com as agitações próprias dos fenômenos histéricos), sudorese, vaso constrição periférica, hipotermia, taquicardia, hiperpnéia, etc. O que diferencia um fenômeno do outro é a sensação que o próprio médium ou sensitivo aprende a identificar, a maneira e forma da mensagem, a linguagem e o estilo, o conteúdo e o objetivo da comunicação, bem como o conhecimento que se tenha, prévio, do médium ou do sensitivo, das suas ideias, dos seus projetos, dos seus sonhos, dos seus ideais, de seus objetivos... E da entidade comunicante. Realmente o trabalho de distinção é bastante sutil e minucioso em certos casos e simples e fácil nos que saltam à vista, bastando ter olhos para ver.
Qual sua orientação para que o Espiritismo não se multiplique por divisões, se os próprios líderes espíritas são os mais intransigentes e intolerantes?
Alexandre Sech – A nossa orientação é a de que vivamos o Espiritismo com mais intensidade e menos interesses secundários. Que as chamadas lideranças sejam alcançadas natural e espontaneamente, mas nunca impostas e preparadas artificialmente. Que os verdadeiros líderes se conscientizem de seu papel útil e transitório, sabendo os limites de seu território e de sua ação, evitando se autopromoverem de maneira patológica, trocando os valores espirituais pelos galardões da terra...
Como e quando o espírito recém-desencarnado perde o perispírito, chegando a se sentir apenas uma consciência pensante e individual?
Alexandre Sech – O espírito recém-desencarnado não perde o perispírito, sentindo-se uma consciência pensante e individual. O espírito se vai desfazendo de seu perispírito à medida que evolui.
Ela se desagrega inteiramente quando o espírito alcança os limites máximos de pureza e de evolução, espiritual, através de multiplicidade das suas reencarnações.
Foi-nos falado sobre o nível de consciência. Gostaria que o senhor nos esclarecesse a respeito do processo de aceleração de tal nível de consciência.
Alexandre Sech – Os vários níveis de consciência se dinamizam e aceleram com medidas como: estudo, conhecimento, meditação, ação no bem, disciplina, tranquilidade, etc.
De acordo com sua palestra, os profetas eram médiuns. Se eram, que tipo de mediunidade possuíam?
Alexandre Sech – Os profetas, de uma maneira geral, possuíam todos os tipos de mediunidade, desde as de efeito inteligente, entre as quais a psicofonia, psicografia, até as de efeito físico, como a materialização.
Como se desvencilhar do animismo e como ele pode nos prejudicar nas sessões práticas?
Alexandre Sech – Não vemos porque devamos nos desvencilhar do animismo, como se ele fosse um fantasma. Devemos é saber que ele é comum, tem características próprias; aceitá-lo como um mecanismo psíquico normal embora inabitual; estudá-lo convenientemente, a fim de que, por falta de preparo e estudo, não seja confundido com mediunidade. Assim feito, não haverá prejuízo em nossas sessões práticas.
O que é sensitivo? É o mesmo que médium?
Alexandre Sech – Usamos o termo sensitivo para os portadores de animismo e o termo médium para os portadores de mediunidade, conquanto muitos usem ambos os termos indistintamente.
Devemos submeter à aprovação dos mentores espirituais pelos “médiuns principais” a eleição de diretorias?
Alexandre Sech – Era só o que faltava acontecer. Tamanho absurdo é impossível de imaginar nos dias atuais, embora tenhamos sido informados que ainda recentemente tal absurdidade tenha acontecido alhures onde um médium “sugeriu” a seus amigos, que estavam pleiteando participar de uma Casa Espírita, lhe fornecerem uma lista tríplice, onde constasse o nome da pessoa já previamente escolhida, para que o mentor do dito médium o confirmasse, o que realmente aconteceu. Diante do ocorrido, com suposta ação do mundo espiritual escolhendo o que já estava combinado, todos se congratularam... Felizmente tais exemplos são exceções, pois na maior parte das nossas Casas Espíritas, os elementos que as compõem são suficientemente conscientes e responsáveis para assumirem a responsabilidade da escolha, não fugindo das consequências de tal escolha por expedientes e subterfúgios infantis quanto o de submeterem ações de nossa alçada para que o mundo espiritual opine. Embora à primeira vista possa parecer uma atitude de respeito para com o mundo espiritual, submeter a ele escolhas que devem ser assumidas por nós, no fundo tal atitude só demonstra o fanatismo e a fascinação que dominam certas mentes.
O senhor acha que no nosso processo evolutivo, nossa percepção irá se aprimorando, até que todos nós seremos capazes de ter desenvolvida a mediunidade? E o nosso organismo irá se tornando mais sutil?
Alexandre Sech – Como não. A mediunidade é também evolutiva e à medida que o espírito se distancia do ponto inicial de sua evolução, sutiliza, perdendo gradativamente seus envoltórios mais densos.
Sabemos que a linguagem dos espíritos, no plano espiritual, é o pensamento.
Existem espíritos desencarnados de diversos países e de outros mundos habitados. Ao desencarnar, lembram-se de várias línguas em razão de terem reencarnado em vários países e podem se comunicar com os encarnados através delas. E os que estão em outros planetas, inferiores e superiores à Terra?
Alexandre Sech – Parece-nos que deva existir um fenômeno de adaptação e de equivalência de sinais significantes das ideias e pensamentos, podendo haver a intermediação de espíritos desencarnados próprios do nosso ambiente da Terra, que serviriam como intérpretes.

FONTE: ENCONTRO COM A CULTURA ESPIRITUAL, O CLARIN

INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXXIII N° 387
DEZEMBRO 2008
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Correspondência:

Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)

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