EVANGELHO ESSENCIAL 6f
Eulaide Lins
Luiz Scalzitti
5 -
BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
INSTRUÇÕES
DOS ESPÍRITOS
Provas
voluntárias. O verdadeiro cilício
Espíritos Um Anjo da
Guarda, Bernardim (Espírito Protetor), São Luís Alguns perguntam se é permitido
ao homem suavizar suas próprias provas? Essa questão corresponde a esta outra:
É permitido àquele que se afoga cuidar de salvar-se? Aquele em quem um espinho
entrou, retirá-lo? Ao que está doente, chamar o médico?
* * *
As provas têm por fim
exercitar a inteligência, a paciência e a resignação. Pode acontecer que um
homem nasça em posição humilde e difícil, precisamente para se ver obrigado a
procurar os meios de vencer as dificuldades.
* * *
O mérito consiste em
sofrer sem murmurar as consequências dos males que não lhe seja possível
evitar, em perseverar na luta, em não se desesperar, se não é bem-sucedido;
nunca por negligência, que seria mais preguiça do que virtude.
* * *
Há grande mérito nos
sofrimentos voluntários quando tais sofrimentos e as privações pessoais
objetivam o bem do próximo, porque é a caridade pelo sacrifício; e não, quando
os sofrimentos e as privações somente objetivam favorecer a si mesmo, porque aí
só há egoísmo vaidoso e por fanatismo.
* * *
Há uma grande
distinção a fazer: contentem-se com as provas que Deus lhes manda e não
aumentem o seu volume, já de si por vezes tão pesado; aceitá-las sem queixumes
e com fé, eis tudo o que Ele exige .
* * *
Não enfraqueçam os
seus corpos com privações inúteis e mortificações sem objetivo, pois que necessitam
de todas as suas forças para cumprirem a missão de trabalhar na Terra.
* * *
Torturar e martirizar
voluntariamente o próprio corpo é infringir a lei de Deus, que lhes dá meios de
o sustentar e fortalecer. Enfraquecê-lo sem necessidade é um verdadeiro
suicídio.
* * *
Muito diferente é o
que ocorre, quando o homem impõe a si próprio sofrimentos para o alívio do seu
próximo. Se suportas o frio e a fome para aquecer e alimentar alguém que
precise ser aquecido e alimentado e se o seu corpo disso se ressente, faz-se um
sacrifício que Deus abençoa.
* * *
Por fim, vocês que
despendem a sua saúde na prática das boas obras, tenham em tudo isso o seu
cilício, verdadeiro e abençoado sacrifício, visto que as alegrias do mundo não
lhe secaram o coração, que não adormeceram no seio dos prazeres ilusórios da
riqueza, antes se constituíram anjos consoladores dos pobres deserdados.
* * *
Aqueles que se
retiram do mundo para evitar as seduções e viver no isolamento, que utilidade
tem na Terra? Onde está a coragem nas provações, uma vez que foge-se à luta e
deserta-se do combate? Se queres um cilício, aplica-o às suas almas e não aos
seus corpos; mortifique o seu Espírito e não a sua carne; castigue o seu
orgulho, recebe sem murmurar as humilhações; machuca o amor-próprio;
insensibilize-se contra a dor da injúria e da calúnia, mais torturante do que a
dor física.
Dever-se-á pôr fim às
provas do próximo, quando se pode, ou devemos, por respeito aos desígnios de
Deus, deixá-las seguir o seu curso?
Estas nessa Terra de
expiação para concluir as tuas provas e tudo que te acontece é consequência das
tuas existências anteriores, são os juros da dívida que tens de pagar.
* * *
Pensam alguns que,
estando-se na Terra para expiar, é necessário que as provas sigam seu curso.
Outros há que vão até ao ponto de julgar que, não só nada devem fazer para as
atenuar, mas que, ao contrário, devem contribuir para que elas sejam mais
proveitosas, agravando-as.
Grande erro.
* * *
Não digas quando
veres atingido um dos seus irmãos: "É a justiça de Deus, importa que siga
o seu curso. Digas antes: "Vejamos que meios o Pai Misericordioso me
concedeu para suavizar o sofrimento do meu irmão. Vejamos se as minhas
consolações morais, o meu amparo material ou meus conselhos poderão ajudá-lo a
vencer essa prova com mais energia, paciência e resignação. Vejamos mesmo se
Deus não me pôs nas mãos os meios de fazer que cesse esse sofrimento; se não
deu a mim, também como prova, como expiação talvez, deter o mal e substituí-lo
pela paz."
* * *
Ajudem-se, mutuamente,
nas suas respectivas provações e nunca se considerem instrumentos de tortura.
Contra essa ideia deve revoltar-se todo homem de coração, principalmente todo
espírita, porque este, melhor do que qualquer outro, deve compreender a
extensão infinita da bondade de Deus.
* * *
Deve o espírita estar
compenetrado de que a sua vida toda tem de ser um ato de amor e de devotamento;
que por mais que se faça para contrariar às decisões do Senhor, estas se
cumprirão. Ele pode sem temor, empregar todos os esforços para aliviar o
amargor de uma expiação, sabedor entretanto que somente a Deus cabe detê-la ou
prolongá-la, conforme julgar conveniente.
* * *
Considera-te sempre
como um instrumento escolhido para fazer cessar uma expiação.
* * *
Resumindo: todos
estão na Terra para expiar; mas, todos, sem exceção, devem esforçar-se por
suavizar a expiação dos seus semelhantes de acordo com a lei de amor e
caridade. - Bernardino, Espírito protetor.
Será permitido
abreviar a vida de um doente que sofra sem esperança de cura?
Quem lhes dá o
direito de prejulgar os planos de Deus? Não pode ele conduzir o homem até à
beira da sepultura, para daí o retirar, a fim de fazê-lo voltar a si e
alimentar ideias diversas das que tinha? Ainda que haja chegado ao último
extremo um moribundo, ninguém pode afirmar com segurança que lhe tenha soado a
hora final. A Ciência não terá se enganado nunca em suas previsões?
* * *
O materialista, que
apenas vê o corpo e nenhuma consideração tem com a alma, não pode compreender
essas coisas; o espírita que já sabe o que se passa no além-túmulo, conhece o
valor de um último pensamento. Alivie os últimos sofrimentos, quanto o puder;
mas, guarde-se de abreviar a vida, ainda que de um minuto, porque esse minuto
pode evitar muitas lágrimas no futuro. - S. Luís.
Em estando desgostoso
da vida, e não querendo se suicidar, será culpado se procurar a morte num campo
de guerra, com finalidade de tornar útil sua morte?
Que o homem se mate
ou faça que outros o matem, seu objetivo é sempre cortar o fio da existência:
há, por conseguinte, suicídio intencional, se não de fato. Se ele desejasse
seriamente servir ao seu país, cuidaria de viver para defendê-lo; não
procuraria morrer, por que, morto, de nada mais lhe serviria.
* * *
O verdadeiro
devotamento consiste em não temer a morte, quando se trata de ser útil, em
enfrentar o perigo e oferecer o sacrifício da vida, antecipadamente e sem
pesar, se isto for necessário. Entretanto, procurar a morte com premeditada
intenção, expondo-se a um perigo, ainda que para prestar serviço, anula o
mérito da ação. - S. Luís. (Paris, 1860)
Os que aceitam
resignados os sofrimentos, por submissão á vontade de Deus e com vistas à
felicidade futura, não trabalham apenas para eles mesmos? Podem tornar seus
sofrimentos proveitosos para outros?
Podem esses
sofrimentos ser de proveito para outros, material e moralmente: materialmente
se, pelo trabalho, pelas privações e pelos sacrifícios que tais criaturas se
imponham, contribuem para o bem-estar material de seus semelhantes; moralmente,
pelo exemplo que elas oferecem de sua submissão à vontade de Deus. Esse exemplo
do poder da fé espírita pode induzir os infelizes à resignação e salvá-los do
desespero e de suas consequências funestas para o futuro. - S. Luís. (Paris,)
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