O LIVRO DOS
MÉDIUNS
(Guia dos
Médiuns e dos Doutrinadores)
Por
ALLAN KARDEC
ALLAN KARDEC
Contém o
ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de
manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento
da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática
do Espiritismo.
SEGUNDA PARTE
DAS
MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO XV
MÉDIUNS ESCREVENTES OU PSICÓGRAFOS
Estudo 62 - Itens 180 a 184
Na sequência
de estudo desse capítulo, vemos que Allan Kardec estabelece de forma clara a
distinção entre três modalidades da expressão mediúnica geralmente confundidas:
mediunidade intuitiva, mediunidade de inspiração e mediunidade de
pressentimentos.
Médiuns intuitivos:
Analisando o
médium intuitivo na psicografia Allan Kardec descreve o processo da comunicação
da seguinte maneira: A transmissão do pensamento se dá de Espírito a Espírito,
isto é, o desencarnado, não atua sobre a mão, para fazê-la escrever; não a
toma, não a guia. Atua sobre a alma (Espírito encarnado), com a qual se
identifica. A alma, sob esse impulso, dirige a mão e esta dirige o lápis.
Notemos aqui uma coisa importante: é que o Espírito desencarnado não se
substitui à alma, visto que não a pode deslocar. Domina-a, mau grado seu, e lhe
imprime a sua vontade. Em tal circunstância, o papel da alma não é o de inteira
passividade; ela recebe o pensamento do Espírito livre e o transmite. Nessa
situação, o médium tem consciência do que escreve, embora não exprima o seu
próprio pensamento. E o que se chama médium
intuitivo.
Mas, sendo assim, pode-se dizer, nada prova seja um Espírito estranho quem
escreve e não o médium. Efetivamente, a distinção é às vezes difícil de
fazer-se, porém, pode acontecer que isso pouca importância apresente. Todavia,
é possível reconhecer-se o pensamento sugerido, por não ser nunca preconcebido;
nasce à medida que a escrita vai sendo traçada e, amiúde, é contrário à idéia
que antecipadamente se formara. Pode mesmo estar fora dos limites dos conhecimentos
e capacidades do médium.
Comparando, o
papel do médium mecânico (inconsciente) é o de uma máquina; o médium intuitivo
age como o faria um intérprete. Este, de fato, para transmitir o pensamento,
precisa compreendê-lo, apropriar-se dele, de certo modo, para traduzi-lo
fielmente e, no entanto, esse pensamento não é seu, apenas lhe atravessa o
cérebro. Tal é precisamente o papel do médium intuitivo.
Médiuns semimecânicos:
No médium
puramente mecânico, o movimento da mão independe da vontade; no médium
intuitivo, o movimento é voluntário e facultativo. O médium semimecânico
participa de ambos esses gêneros. Sente que à sua mão uma impulsão é dada,
independente de sua vontade, mas, ao mesmo tempo, tem consciência do que
escreve, à medida que as palavras se formam. No primeiro o pensamento vem
depois do ato da escrita; no segundo, precede-o; no terceiro, acompanha-o.
Estes últimos médiuns são os mais numerosos.
Médiuns inspirados:
Todo aquele
que, tanto no estado normal, como no de êxtase, recebe, pelo pensamento,
comunicações estranhas às suas idéias preconcebidas, pode ser incluído na
categoria dos médiuns inspirados. Estes, como se vê, formam uma variedade da
mediunidade intuitiva, com a diferença de que a intervenção de uma força oculta
é aí muito menos sensível, por isso que, ao inspirado, ainda é mais difícil
distinguir o pensamento próprio do que lhe é sugerido. A espontaneidade é o
que, sobretudo, caracteriza o pensamento deste último gênero. A inspiração
procede dos Espíritos que nos influenciam para o bem, ou para o mal, porém,
principalmente, dos que querem o nosso bem e cujos conselhos, muitas vezes,
cometemos o erro de não seguir. Ela se aplica, em todas as circunstâncias da
vida, às resoluções que devamos tomar. Sob esse aspecto, pode dizer-se que
todos são médiuns, porquanto não há quem não tenha seus Espíritos protetores e
familiares a se esforçarem por sugerir aos protegidos salutares idéias. Se
todos estivessem bem compenetrados desta verdade, ninguém deixaria de recorrer
com freqüência à inspiração do seu anjo de guarda, nos momentos em que se não
sabe o que dizer, ou fazer. Que cada um, pois, o invoque com fervor e
confiança, em caso de necessidade, e muito freqüentemente se admirará das
idéias que lhe surgem como por encanto, quer se trate de uma resolução a tomar,
quer de alguma coisa a compor. Se nenhuma idéia surge, é que é preciso esperar.
A prova de que a idéia que sobrevém é estranha à pessoa de quem se trate esta
em que, se tal idéia lhe existira na mente, essa pessoa seria senhora de, a
qualquer momento, utilizá-la e não haveria razão para que ela se não
manifestasse à vontade. Quem não é cego nada mais precisa fazer do que abrir os
olhos, para ver quando quiser. Do mesmo modo, aquele que possui idéias próprias
tem-nas sempre à disposição. Se elas não lhes vêm quando quer, é que está
obrigado a buscá-las fora, que não no seu intimo.
Também se
podem incluir nesta categoria as pessoas que, sem serem dotadas de inteligência
fora do comum e sem saírem do estado normal, têm relâmpagos de uma lucidez
intelectual que lhes dá momentaneamente facilidade de concepção e de elocução
e, em certos casos, o pressentimento de coisas futuras. Nesses momentos, que
com acerto se chamam de inspiração, as idéias abundam, sob um impulso
involuntário e quase febril. Parece que uma inteligência superior nos vem
ajudar e que o nos desembaraçamos de um fardo.
Os homens de
gênio, de todas as espécies, artistas, sábios, literatos, são sem dúvida
Espíritos adiantados, capazes de compreender por si mesmos e de conceber
grandes coisas. Ora, precisamente porque os julgam capazes, é que os Espíritos,
quando querem executar certos trabalhos, lhes sugerem as idéias necessárias e
assim é que eles, as mais das vezes, são médiuns sem o saberem. Têm, no
entanto, vaga intuição de uma assistência estranha, visto que todo aquele que
apela para a inspiração, mais não faz do que uma evocação. Se não esperasse ser
atendido, por que exclamaria, tão freqüentemente: meu anjo da guarda, vem em
meu auxílio?
As respostas
seguintes confirmam esta asserção:
a) Qual a causa primária da
inspiração?
"O
Espírito que se comunica pelo pensamento."
b) A revelação das grandes coisas
não é que constitui o objeto único da inspiração?
"Não, a
inspiração se verifica, muitas vezes, com relação às mais comuns circunstâncias
da vida. Por exemplo, queres ir a alguma parte: uma voz secreta te diz que não
o faças, porque correrás perigo; ou, então, te diz que faças uma coisa em que
não pensavas. É a inspiração. Poucas pessoas há que não tenham sido mais ou
menos inspiradas em certos momentos."
c) Um autor, um pintor, um músico,
por exemplo, poderiam, nos momentos de inspiração, ser considerados médiuns?
"Sim,
porquanto, nesses momentos, a alma se lhes torna mais livre e como que
desprendida da matéria; recobra uma parte das suas faculdades de Espírito e
recebe mais facilmente as comunicações dos outros Espíritos que a
inspiram."
Médiuns de pressentimentos:
O
pressentimento é uma intuição vaga das coisas futuras. Algumas pessoas têm essa
faculdade mais ou menos desenvolvida. Pode ser devida a uma espécie de dupla
vista, que lhes permite entrever as conseqüências das coisas atuais e a
filiação dos acontecimentos. Mas, muitas vezes, também é resultado de comunicações
ocultas e, sobretudo neste caso, é que se pode dar aos que dela são dotados o
nome de médiuns de
pressentimentos, que constituem uma variedade dos médiuns inspirados.
Bibliografia:
KARDEC,
Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap XV - 2ª Parte
Tereza
Cristina D'Alessandro
Outubro /
2006
Centro Espírita Batuíra
cebatuira@cebatuira.org.br
Ribeirão Preto - SP
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