O LIVRO DOS
MÉDIUNS
(Guia dos
Médiuns e dos Doutrinadores)
Por
ALLAN KARDEC
ALLAN KARDEC
Contém o
ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de
manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento
da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática
do Espiritismo.
SEGUNDA PARTE
DAS
MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO XIV
OS MÉDIUNS
Médiuns
Sonâmbulos
Estudo 58- Itens 172 a 174
Antes de estudarmos a mediunidade sonambúlica recorremos ao O Livro dos Espíritos no Capítulo VIII que trata dos fenômenos de emancipação da alma. Ver também o seguinte endereço eletrônico de onde retiramos os esclarecimentos abaixo:
Sonambulismo [do latim
somnus= sono e ambulare= marchar, passear] - Estado de emancipação da alma mais
completo do que no sonho. O sonho é um sonambulismo imperfeito. No sonambulismo,
a lucidez da alma, isto é, a faculdade de ver, que é um dos atributos de sua
natureza, é mais desenvolvida. Ela vê as coisas com mais precisão e nitidez, o
corpo pode agir sob o impulso da vontade da alma. O esquecimento absoluto no
momento do despertar é um dos sinais característicos do verdadeiro
sonambulismo, visto que a independência da alma e do corpo é mais completa do
que nos sonhos.
Sonambulismo artificial - Sonambulismo
provocado por emanação magnética ou passe.
Sonambulismo magnético - Aquele que é provocado pela ação de uma pessoa sobre
outra por meio do fluido magnético que esta derrama sobre aquela.
Sonambulismo natural - Aquele que é
espontâneo e se produz sem provocação e sem influência de nenhum agente
exterior.
Sonâmbulo [do francês somnambule] - Pessoa em estado de
sonambulismo, podendo levantar-se, andar e falar durante o sono.
No item V, cap. VIII de O Livro dos Espíritos,
respondendo a Allan Kardec, os Espíritos explicam que o sonâmbulo possui mais
conhecimentos do que os que lhe supõe. Esta é a razão das idéias inatas do
sonâmbulo, quando fala com exatidão de coisas que ignora quando desperto, de
coisas que estão mesmo acima de sua capacidade intelectual. Tais conhecimentos
dormitam, porque, por demasiado imperfeito, seu invólucro corporal não lhe
consente rememorá-lo.
O sonâmbulo é um Espírito que se encontra encarnado
para cumprir a sua tarefa, despertando dessa letargia quando cai em estado
sonambúlico. Considerando que já vivemos inúmeras existências, esta mudança é
que, ao sonâmbulo, como a qualquer Espírito, ocasiona a perda material do que
haja aprendido em precedente existência. Entrando no estado chamado crise,
lembra-se do que sabe, mas sempre de modo incompleto. Sabe, mas não poderia dizer
donde lhe vem o que sabe, nem como possui os conhecimentos que revela. Passada
a crise, toda recordação se apaga e ele volve à obscuridade.
Afirma Allan Kardec que a experiência mostra que os
sonâmbulos também recebem comunicações de outros Espíritos, que lhes transmitem
o que devam dizer e suprem à incapacidade que denotam. Isto se verifica
principalmente nas prescrições médicas. O Espírito do sonâmbulo vê o mal, outro
lhe indica o remédio. Essa dupla ação é às vezes patente e se revela, além
disso, por estas expressões muito freqüentes: dizem-me que diga, ou proíbem-me
que diga tal coisa. Neste último caso, há sempre perigo em insistir-se por uma
revelação negada, porque se dá azo a que intervenham Espíritos levianos, que
falam de tudo sem escrúpulo e sem se importarem com a verdade.
Até certo ponto, as faculdades de que goza o
sonâmbulo são as que têm o Espírito depois da morte (desencarnado), pois cumpre
se atenda à influência da matéria a que ainda se acha ligado.
Nos fenômenos sonambúlicos, em que a alma se
transporta, o sonâmbulo experimenta no corpo as sensações do frio e do calor
existentes no lugar onde se acha sua alma, muitas vezes bem distante do seu
corpo. A alma, em tais casos, não deixou inteiramente o corpo; conserva-se-lhe
presa pelo laço (cordão fluídico) que os liga e que então desempenha o papel de
condutor das sensações. Quando duas pessoas se comunicam de uma cidade para
outra, por meio da eletricidade (telefone), esta constitui o laço que lhes liga
os pensamentos. Daí vem que confabulam como se estivessem ao lado uma da outra.
O uso que um sonâmbulo faz da sua faculdade influi
muito no seu estado depois da morte. Como o bom ou mau uso que o homem faz de
todas as faculdades com que Deus o dotou.
No estado de desprendimento em que fica colocado, o
Espírito do sonâmbulo entra em comunicação mais fácil com os outros Espíritos
encarnados ou não encarnados, comunicação que se estabelece pelo contato dos
fluidos, que compõem os períspiritos e servem de transmissão ao pensamento,
como o fio elétrico.
O sonâmbulo vê ao mesmo tempo o seu próprio
Espírito e o seu corpo, os quais constituem, por assim dizer, dois seres que
lhe representam a dupla existência corpórea e espiritual, existências que,
entretanto, se confundem, mediante os laços que as unem. Nem sempre o sonâmbulo
se apercebe de tal situação e essa dualidade faz que muitas vezes fale de si,
como se falasse de outra pessoa. É que ora é o ser corpóreo que fala ao ser
espiritual, ora é este que fala àquele.
Mediunidade Sonambúlica
Configura-se nos médiuns que em estado de
sonambulismo são assistidos por Espíritos. Pode considerar-se o sonambulismo
uma variedade da faculdade mediúnica, ou, melhor, são duas ordens de fenômenos
que freqüentemente se acham reunidos:
O sonâmbulo age sob a influência do seu próprio
Espírito; é sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora
dos limites dos sentidos. O que ele externa tira-o de si mesmo; suas idéias
são, em geral, mais justas do que no estado normal, seus conhecimentos mais
dilatados, porque tem livre a alma. O médium, ao contrário, é instrumento de
uma inteligência estranha; é passivo e o que diz não vem de si.
Em resumo, o sonâmbulo exprime o seu próprio
pensamento, enquanto que o médium exprime o de outrem. Mas, o Espírito que se
comunica com um médium comum também o pode fazer com um sonâmbulo; dá-se mesmo
que, muitas vezes, o estado de emancipação da alma facilita essa
comunicação.
Muitos sonâmbulos veem perfeitamente os Espíritos e
os descrevem com tanta precisão, como os médiuns videntes. Podem confabular com
eles e transmitir-nos seus pensamentos. O que dizem, fora do âmbito de seus conhecimentos
pessoais, lhes é com freqüência sugerido por outros Espíritos.
Allan Kardec relata o exemplo de um rapaz
sonâmbulo, de 14 a 15 anos, de inteligência muito vulgar e instrução
extremamente escassa. Entretanto, no estado de sonambulismo, dava provas de
lucidez extraordinária e de grande perspicácia. Isso, sobretudo, no tratamento
das enfermidades e operou grande número de curas consideradas impossíveis.
Certo dia, dando consulta a um doente, descreveu a enfermidade com absoluta exatidão?
"Não basta? lhe disseram? agora é preciso que indiques o remédio"?
"Não posso? respondeu ele? meu anjo doutor não está aqui". “? A quem
chama você de anjo doutor?" "? O que dita os remédios? Então, não é
você que mesmo que vê os remédios? Oh, não, pois não estou dizendo que é meu
anjo doutor quem os indica?"
Assim, nesse sonâmbulo, quem via a doença era seu
próprio Espírito, que para isso não precisava de assistência. Mas a indicação
dos remédios era feita por outro Espírito. Não estando presente esse outro, ele
nada podia dizer. Quando só, era apenas sonâmbulo; assistido por aquele a quem
chamava seu anjo doutor, era médium - sonâmbulo.
A lucidez sonambúlica é uma faculdade que se radica
no organismo e que independe, em absoluto, da elevação, do adiantamento e mesmo
do estado moral do indivíduo. Pode, pois, um sonâmbulo ser muito lúcido e ao
mesmo tempo incapaz de resolver certas questões, desde que seu Espírito seja
pouco adiantado. O que fala por si próprio pode, portanto, dizer coisas boas ou
más, exatas ou falsas, demonstrar mais ou menos delicadeza e escrúpulo nos
processos de que use, conforme o grau de elevação, ou de inferioridade do seu
próprio Espírito. A assistência então de outro Espírito pode suprir-lhe as
deficiências. Mas, um sonâmbulo, tanto como os médiuns, pode ser assistido por
um Espírito mentiroso, leviano, ou mesmo mau. Aí, sobretudo, é que as
qualidades morais exercem grande influência, para atraírem os bons
Espíritos.
E concluímos esse estudo com texto de André Luiz no
livro Nos Domínios da Mediunidade: " O sonambulismo puro, quando em mãos
desavisadas, pode produzir belos fenômenos, mas é menos útil na construção
espiritual do bem. A psicofonia inconsciente, naqueles que não possuem méritos
morais suficientes à própria defesa, pode levar à possessão, sempre nociva, e
que por isso, apenas se evidencia integral nos obsessos que se renderam às
forças vampirizantes.
Bibliografia:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São
Paulo: FEESP, 1989 - Cap XIV - 2ª Parte
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos: edição
especial. Capivari: EME, 1997 - Cap VIII - Item V e VIII
BIGHETTI, Leda Marques - Educação Mediúnica -
Teoria e Prática-1º volume: 1.ed. Ribeirão Preto: BELE, 2005 - pág 204 - 205
Tereza Cristina D'Alessandro
Junho/2006
Centro
Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
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