O LIVRO DOS
MÉDIUNS
(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
Por
ALLAN KARDEC
Contém o ensino
especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os
meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade,
as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
SEGUNDA
PARTE
DAS
MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPÍTULO XVI
MÉDIUNS
ESPECIAIS
Estudo 63 — Itens 185 e 186
Aptidões especiais dos médiuns
Além das categorias de médiuns que já
estudamos, a mediunidade apresenta uma variedade infinita de matizes, afirma
Allan Kardec, que constituem os chamados médiuns especiais, dotados de aptidões
particulares, ainda não definidas, abstração feita das qualidades e
conhecimentos do Espírito que se manifesta.
A natureza das comunicações está sempre
relacionada com a natureza do Espírito e traz o cunho da sua elevação, ou da
sua inferioridade, de seu saber, ou de sua ignorância. Mas, apesar da
semelhança de grau, do ponto de vista hierárquico, há sempre entre eles uma
tendência maior para este ou aquele campo. Os Espíritos batedores, por exemplo,
raramente se afastam das manifestações físicas e, entre os que dão comunicações
inteligentes, há Espíritos poetas, músicos, desenhistas, moralistas, sábios,
médicos etc.
Falamos dos Espíritos de mediana
categoria, porque, chegando eles a um certo grau, as aptidões se confundem na
unidade da perfeição. Porém, junto com a aptidão do Espírito, há a do médium,
que é, instrumento mais ou menos cômodo, mais ou menos flexível e no qual
descobre ele qualidades particulares que não podemos apreciar.
Façamos uma comparação: um músico muito
hábil tem ao seu alcance diversos violinos, que todos, para o vulgo, são bons
instrumentos, mas que são muito diferentes uns dos outros para o artista
consumado, o qual descobre neles matizes de extrema delicadeza, que o levam a
escolher uns e a rejeitar outros, matizes que ele percebe por intuição, visto
que não os pode definir. O mesmo se dá com relação aos médiuns. Em igualdade de
condições quanto à potências mediúnicas, o Espírito preferirá um ou outro,
conforme o gênero da comunicação que queira transmitir. Assim, por exemplo,
indivíduos há que, como médiuns, escrevem admiráveis poesias, sendo certo que,
em condições ordinárias, jamais puderam ou souberam fazer dois versos; outros,
ao contrário, que são poetas e que, como médiuns, nunca puderam escrever senão
prosa, independente do desejo que nutrem de escrever poesias. Outro tanto
sucede com o desenho, com a música, etc. Alguns há que, sem possuírem de si
mesmos conhecimentos científicos, demonstram especial aptidão para receber
comunicações eruditas; outros, para os estudos históricos; outros servem mais
facilmente de intérpretes aos Espíritos moralistas. Numa palavra, qualquer que
seja a flexibilidade do médium, as comunicações que mais facilmente recebe,
trazem geralmente um cunho especial; alguns existem mesmo que não saem de uma
certa ordem de ideias e, quando destas se afastam, só obtêm comunicações
incompletas, lacônicas e, não raro, falsas.
Além das causas de aptidão, os
Espíritos também se comunicam mais ou menos dando preferência por tal ou qual
médium, de acordo com as suas simpatias. Assim, em perfeita igualdade de
condições, o mesmo Espírito será muito mais explícito com certos médiuns,
apenas porque estes lhe convêm mais.
Seria errôneo querer obter-se,
simplesmente por ter ao seu alcance um bom médium, ainda mesmo com a maior
facilidade para escrever, boas comunicações de todos os gêneros. A primeira condição
é de certificar-se da fonte dessas comunicações, isto é, das qualidades do
Espírito que as transmite; porém, não é menos necessário ter em vista as
qualidades do médium. Necessário, portanto, se estude a natureza do médium,
como se estuda a do Espírito, porquanto são esses os dois elementos essenciais
para a obtenção de um resultado satisfatório. Um terceiro existe, que
desempenha papel igualmente importante: é a intenção, o pensamento íntimo, o
sentimento mais ou menos louvável de quem interroga. Isto facilmente se
concebe.
Para que uma
comunicação seja boa é necessário que proceda de um Espírito bom; para que esse
Espírito bom POSSA transmiti-la, é indispensável dispor de um bom instrumento.
Para que QUEIRA transmiti-la, é necessário que o objetivo lhe convenha.
O Espírito que lê o pensamento julga se
a questão que lhe propõem merece resposta séria e se a pessoa que a formula é
digna dessa resposta. Casão contrário, não perde seu tempo em lançar boas
sementes em cima de pedras e, é quando os Espíritos levianos e zombeteiros
entram em ação, porque, pouco lhes importando a verdade, não a encaram de muito
perto e se mostram geralmente pouco escrupulosos, quer quanto aos fins, quer
quanto aos meios.
Todos esses critérios são, sem dúvida
alguma, aplicáveis aos outros gêneros de comunicação, como, por exemplo, a
psicofonia. O bom senso indicado por Allan Kardec deve prevalecer sempre e, por
isso, relembramos suas palavras quando afirma que os Espíritos zombeteiros e
levianos não se importam com a verdade e, baseando-se em processos de
afinidade, de interesses comuns, atendem aos “chamados” dos encarnados, não se
importando com meios que justifiquem os fins.
Bibliografia:
KARDEC, Allan - O Livro dos
Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap XVI - 2ª Parte
Tereza
Cristina D'Alessandro
Novembro
/ 2006
Centro Espírita Batuíra
cebatuira@cebatuira.org.br
Ribeirão Preto - SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário