EVANGELHO ESSENCIAL 6d
Eulaide Lins
Luiz Scalzitti
5 -
BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
INSTRUÇÕES
DOS ESPÍRITOS
Bem e
mal sofrer
Espírito Lacordaire,
Havre, 1863.
Quando o Cristo
disse: "Bem-aventurados os aflitos, por que o reino dos céus lhes
pertence", não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem
todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer estejam na extrema
miséria.
* * *
Poucos sofrem bem;
poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao
reino de Deus.
* * *
O desânimo é uma
falta. Deus lhes recusa consolações, desde que lhes falte coragem.
* * *
A prece é um apoio
para a alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na
bondade de Deus.
* * *
Jesus já muitas vezes
disse que não se coloca fardos pesados em ombros fracos. O fardo é proporcional
às forças, como a recompensa o será à resignação e à coragem. Mais farta será a
recompensa quanto mais difícil for a aflição. Cumpre merecê-la, e é para isso
que a vida se apresenta cheia de tribulações.
* * *
Bem-aventurados os
aflitos pode traduzir-se
assim: Bem-aventurados os que têm ocasião de provar sua fé, sua firmeza, sua
perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão centuplicada a
alegria que lhes falta na Terra, porque depois do trabalho virá o repouso.
O mal e
o remédio
Espírito Santo
Agostinho-Paris, 1863
A fé é o remédio
seguro do sofrimento; mostra sempre os horizontes do infinito diante dos quais
se apagam os poucos dias sombrios do presente. Não nos perguntem qual o remédio
para curar tal úlcera ou ferida, para tal tentação ou prova. Lembre-se de que
aquele que crê é forte pelo remédio da fé e que aquele que duvida um instante
da sua eficácia é imediatamente punido, porque logo sente as dores da aflição.
* * *
O Senhor pôs o Seu
selo em todos os que nele creem. O Cristo lhes disse que com a fé se
transportam montanhas e eu lhes digo que aquele que sofre e tem a fé por amparo
ficará sob a Sua proteção e não mais sofrerá.
* * *
Os momentos das mais
fortes dores lhe serão as primeiras notas alegres da eternidade. Sua alma se
desprenderá de tal maneira do corpo, que, enquanto este se torcer em
convulsões, ela planará nas regiões celestes, cantando, com os anjos, hinos de
reconhecimento e de glória ao Senhor.
A
felicidade não é deste mundo
Espíritos
François,Nicolas, Madelaine, Cardeal Morlot - Paris, 1863 Nem a riqueza,
nem o poder, nem mesmo a florida juventude são condições essenciais à
felicidade. Digo mais: nem mesmo reunidas essas três condições tão desejadas,
porque incessantemente se ouvem, no seio das classes mais privilegiadas,
pessoas de todas as idades se queixarem amargamente da situação em que se
encontram.
* * *
Neste mundo, por mais
que faça, cada um tem a sua parte de trabalho e de miséria, sua cota de sofrimentos
e de decepções, donde facilmente se chega à conclusão de que a Terra é lugar de
provas e de expiações.
* * *
Assim os que pregam
que a Terra é a única morada do homem e que somente nela e numa só existência é
que lhe cumpre alcançar o mais alto grau das felicidades que a sua natureza
comporta, iludem-se e enganam os que os escutam, visto que demonstrado está que
só excepcionalmente este planeta apresenta as condições necessárias à completa
felicidade do indivíduo.
* * *
A felicidade é uma
utopia cuja conquista as gerações se lançam sucessivamente, sem jamais
conseguirem alcançá-la. Se o homem ajuizado é uma raridade neste mundo, o homem
totalmente feliz jamais foi encontrado.
* * *
Em que consiste a
felicidade na Terra é coisa tão efêmera para aquele que não tem a guiá-lo a
ponderação, que, por um ano, um mês, uma semana de satisfação completa, todo o
resto da existência é uma série de amarguras e decepções.
* * *
Se à morada terrena
são peculiares às provas e a expiação, forçoso é se admita que, além, há
moradas mais favorecidas, onde o Espírito, conquanto aprisionado ainda numa
carne material, possui em toda a plenitude as alegrias inerentes à vida humana.
* * *
Não concluam das
minhas palavras que a Terra esteja destinada para sempre a ser uma penitenciária.
Dos progressos já realizados, pode-se facilmente deduzir os progressos futuros
e, dos melhoramentos sociais conseguidos, novos e mais fecundos melhoramentos.
Essa é a tarefa imensa cuja execução cabe à nova doutrina que os Espíritos lhe
revelaram.
Perda
de pessoas amadas. Mortes prematuras
Espírito Sanson,
ex-membro da Soc. Espírita de Paris, 1863
Nada se faz sem um
fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser. Se
investigasses melhor todas as dores que te atingem, nelas encontrarias sempre a
razão divina, razão regeneradora, e os seus pobres interesses se tornariam de
tão secundária consideração, que os colocariam para o último plano.
* * *
A morte é preferível,
numa encarnação de vinte anos, a esses vergonhosos desregramentos que
entristecem as famílias respeitáveis, dilaceram corações de mães e fazem que
antes do tempo embranqueçam os cabelos dos pais. Frequentemente, a morte
prematura é um grande benefício que Deus concede àquele que se vai e que assim
se preserva das misérias da vida, ou das seduções que talvez lhe acarretassem a
perda. Não é vítima da fatalidade aquele que morre na flor dos anos; é que Deus
julga não convir que ele permaneça por mais tempo na Terra.
* * *
Em vez de queixarem,
alegrem-se quando Deus quiser retirar deste vale de misérias um de seus filhos.
Não será egoístico desejar que ele aí continuasse para sofrer consigo? essa dor
se concebe naquele que carece de fé e que vê na morte uma separação eterna. Os
que são espíritas sabem que a alma vive melhor quando desembaraçada do seu
invólucro corpóreo. Mães, saibam que seus filhos bem-amados estão muito perto
de si; seus corpos fluídicos lhes envolvem, seus pensamentos lhes protegem, a
lembrança que deles guardam os enche de alegria, mas também as suas dores sem
razão justa os afligem, porque demonstram falta de fé e exprimem uma revolta
contra a vontade de Deus. Vocês, que compreendem a vida espiritual, escutem as
pulsações de seu coração a chamar esses entes bem-amados e, se pedirem a Deus
que os abençoe, em si sentirão fortes consolações, dessas que secam as
lágrimas; sentirão as aspirações grandiosas que lhes mostrarão o futuro que o
soberano Senhor prometeu.
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