EVANGELHO ESSENCIAL 6a
Eulaide Lins
Luiz Scalzitti
5 - BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados. - Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois serão saciados. - Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois é deles o reino dos céus. (S. MATEUS, cap. V, vv. 5, 6 e 10.)
Bem-aventurados vocês que são pobres, porque seu é o Reino dos Céus. - Bem-aventurados vocês, que agora tem fome, porque serão saciados. - Felizes são, vocês que agora choram, porque rirão. (S. LUCAS, cap. VI, vv. 20 e 21.)
Mas, infelizes de vocês, ricos que tem no mundo a sua consolação. - Infelizes de vocês que estão saciados, porque terão fome. – Infelizes de vocês que agora riem, porque serão constrangidos a gemer e a chorar. (S. LUCAS, cap. VI, vv. 24 e 25.)
Justiça das aflições
Somente na vida futura pode realizar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. Sem a certeza do futuro, estes ensinamentos morais seriam um contra-senso, uma enganação. Mesmo com essa certeza, dificilmente se compreende a utilidade de sofrer para ser feliz. Diz-se que é para se ter maior mérito. Pergunta-se então: por que sofrem uns mais do que outros?
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Por que nascem uns na miséria e outros na fartura, sem coisa alguma haverem feito que justifique essas posições? Por que uns nada conseguem, ao passo que a outros tudo parece sorrir? O que ainda menos se compreende é que os bens e os males sejam tão desigualmente distribuídos entre o vício e a virtude; e que os homens virtuosos sofram, ao lado dos maus que prosperam.
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A fé no futuro pode consolar e proporcionar paciência, mas não explica essas desigualdades, que parecem desmentir a justiça de Deus.
Entretanto, desde que se admite a existência de Deus, não O podemos conceber sem o infinito das perfeições. Ele tem todo o poder, toda a justiça, toda a bondade, sem o que não seria Deus. Se é soberanamente bom e justo, não pode agir por capricho, nem com parcialidade.
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As contrariedades da vida derivam de uma causa e sendo Deus justo, justa igualmente há de ser essa causa.
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Por meio dos ensinos de Jesus, Deus pôs os homens na direção dessa causa, e hoje, considerando-os suficientemente maduros para compreendê-la, lhes revela completamente a referida causa, por meio do
Espiritismo, através da palavra dos Espíritos.
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Causas atuais das aflições
De duas espécies são as adversidades da vida: Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.
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Indo até a origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e da conduta dos que os suportam.
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Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos! Quantas uniões infelizes, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma! Quantas divergências e desastrosas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos melindres!
Quantas doenças e enfermidades decorrem da imprudência e dos excessos de todo gênero!
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Quantos pais são infelizes com seus filhos porque não lhes combateram desde pequeninos as más tendências! Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de respeito com que são tratados e da ingratidão deles.
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Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração pelas contrariedades e decepções da vida; remontem passo a passo à origem dos males que os torturam e verifiquem se, na maioria das vezes, não poderão dizer: Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição.
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A quem há de o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo? O homem em grande número de casos, é o autor de sua própria desgraça; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a falta de oportunidade, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua falta de cuidados.
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Os males dessa natureza constituem um número considerável na contagem das contrariedades da vida. O homem as evitará quando trabalhar por se melhorar moralmente, tanto quanto intelectualmente.
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A lei humana atinge certas faltas e as pune. Pode o condenado reconhecer que sofre a consequência do que fez. Mas a lei não alcança, nem pode alcançar todas as faltas; incide especialmente sobre as que trazem prejuízo à sociedade e não sobre as que só prejudicam os que as cometem.
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Deus quer que todas as suas criaturas progridam e, não deixa impune qualquer desvio do caminho reto, Não há falta alguma, por mais leve que seja, nenhuma infração da sua lei, que não tenha forçosas e inevitáveis consequências, mais ou menos desagradáveis.
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Daí se segue que, nas pequenas coisas, como nas grandes, o homem é sempre punido por aquilo em que errou. Os sofrimentos que decorrem de seus erros são uma advertência de que procedeu mal. Dão-lhe experiência, fazem-lhe sentir a diferença existente entre o bem e o mal e a necessidade de se melhorar para evitar no futuro o que lhe originou uma fonte de amarguras; sem o que, motivo não haveria para corrigir-se.
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Entretanto, a experiência, algumas vezes, chega um pouco tarde: quando a vida já foi desperdiçada e perturbada; quando as forças já estão gastas e sem remédio o mal, então o homem se surpreende a dizer: "Se no começo dos meus dias eu soubesse o que sei hoje, quantos passos em falso teria evitado! Se houvesse de recomeçar, conduzir-me-ia de outra maneira. No entanto, já não há mais tempo!" Como o trabalhador preguiçoso diz: "Perdi o meu dia", "Perdi a minha vida".
Contudo, assim como para o trabalhador o Sol nasce no dia seguinte, permitindo-lhe reparar o tempo perdido, também para o homem, após a noite do túmulo, brilhará o Sol de uma nova vida, em que será possível aproveitar a experiência do passado e suas boas resoluções para o futuro.
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