Nl04 12 Missão De Amor
Caros amigos,
Segue estudo. Espero que possamos avançar cada vez mais em nossos estudos.
Que Jesus ilumine nossas mentes e corações.
Muita paz a todos. Muita paz ao mundo!
Livro: Libertação
Cap. XII - Missão de amor
Voltando a casa, algumas horas transcorreram tocadas para nós de
singular expectativa; entretanto, à noitinha Saldanha manifestou o propósito de
visitar o filho hospitalizado.
Com espanto, reparei que o nosso Instrutor lhe pedia permissão
para que o acompanhássemos.
O perseguidor de Margarida, algo surpreso, acedeu, indagando,
porém quanto ao móvel de semelhante solicitação:
- Quem sabe se poderemos ser úteis? - respondeu Gúbio, otimista.
Não houve relutância.
Guardadas rigorosas precauções por parte de Saldanha, que se fez
substituir, junto à doente, por Leôncio, um dos dois implacáveis
hipnotizadores, rumamos para o hospício Entre variadas vítimas da demência,
relegadas a reajuste cruel, a posição de Jorge era de lamentar. Encontramo-lo
de bruços, no cimento gelado de cela primitiva. Mostrava as mãos feridas, coladas
ao rosto imóvel.
O genitor, que até ali se nos afigurara impermeável e endurecido,
contemplou o filho com visível angústia nos olhos velados de pranto e elucidou
com infinita amargura na voz:
- Está, certamente, repousando depois de crise forte.
Não era, contudo, o rapaz tresloucado e abatido quem mais
inspirava compaixão. Agarradas a ele, ligadas ao círculo vital que lhe era
próprio, a mãezinha e a esposa desencarnadas absorviam-lhe os recursos
orgânicos. Jaziam igualmente estiradas no chão, letárgicas quase, como se
houvessem atravessado violento acesso de dor.
Irene, a suicida, trazia a destra jungida à garganta, apresentando
o quadro perfeito de quem viviam sob dolorosa aflição de envenenamento, ao
passo que a genitora enlaçava o enfermo, de olhos parados nele, exibindo ambas
sinais iniludíveis de atormentada introversão. Fluidos semelhantes a massa
viscosa cobriam-lhes todo o cérebro, desde a extremidade da medula espinhal até
os lobos frontais, acentuando-se nas zonas motoras e sensitivas.
Concentradas nas forças do infeliz, como se a personalidade de
Jorge representasse a única ponte de que dispunham para a comunicação com a
forma de existência que vinham de abandonar, revelavam-se integralmente
subjugadas pelos interesses primários da vida física.
- Estão loucas - informou Saldanha, na intenção evidente de ser
agradável -, não me compreendem, nem me reconhecem, embora me fixem. Guardam o
comportamento de crianças, quando fustigadas pela dor. Corações de porcelana,
quebrados facilmente.
E franzindo o sobrecenho, transtornado agora por insofreável
rancor, acrescentou:
- Raras mulheres sabem conservar a fortaleza nas guerras de
revide. Em geral, sucumbem rapidamente, vencidas pela ternura inoperante,
Nosso orientador, desejando anular as vibrações de cólera no
companheiro, cortou-lhe o rumo das impressões destrutivas, confirmando,
pesaroso:
- Demoram-se, efetivamente, em profunda hipnose. Nossas irmãs não
conseguiram, por enquanto, ultrapassar o pesadelo do sofrimento, no transe da
morte, qual acontece ao viajante que inicia a travessia de vasta corrente de
águas turvas, sem recursos para alcançar a outra margem. Ligadas ao filho e
esposo, objeto que lhes centralizou, nas horas finais do corpo denso, todas as preocupações
afetivas, combinaram as próprias energias com as forças torturadas dele e aquietam-se,
aflitivamente, no centro dos fluidos que lhes constituem criação individual,
como acontece ao "Bombyx mori" imobilizado e dormente sob os fios,
tecidos por ele mesmo.
O obsessor de Margarida registrou as observações, demonstrando
indisfarçável surpresa no olhar e acentuou, mais calmo:
- Por mais que eu me procure insinuar, gritando-lhes meu nome aos
ouvidos, não conseguem entender-me. Em verdade, movem-se e se lastimam, através
de longas frases desconexas, mas a memória e a atenção parecem mortas. Se
insisto, carregando-as, a custo, ansioso por infundir-lhes vida nova com que me
possam auxiliar na vingança, vejo baldado todo esforço, porquanto regressam imediatamente
para Jorge, logo que as suponho livres, num impulso análogo ao das agulhas que
um ímã recolhe a distância.
- Sim - corroborou o nosso diretor -, mostram-se temporariamente
esmagadas de pavor, desânimo e sofrimento. Pela ausência de trabalho mental
contínuo e bem coordenado, não expeliram as "forças coagulantes" do
desalento, que elas mesmas produziram, inconformadas, ante os imperativos da
luta normal na Terra e entregaram-se, com indiferença, a deplorável torpor,
dentro do qual se alimentam das energias do enfermo. Drenado incessantemente
nas reservas psíquicas, o doente, hipnotizado por ambas, vive entre alucinações
e desesperos, naturalmente incompreensíveis para quantos o rodeiam.
Com sincera disposição de servir, Gúbio sentou-se no piso
cimentado e, num gesto de extrema bondade, acomodou no regaço paternal as
cabeças das três personagens daquela cena comovente de dor, e, endereçando
olhar amigo ao algoz da mulher que pretendia salvar, que o observava espantadiço,
indagou:
- Saldanha, permite-me algo fazer em benefício dos nossos ?
A fisionomia do perseguidor modificou-se.
Aquele gesto espontâneo do nosso orientador desarmava-lhe o
coração, emocionando-o nas fibras mais íntimas, a julgar pelo sorriso que lhe
inundou o semblante até então desagradável e sombrio.
- Como não? - falou quase gentil... - E' o que procuro realizar
inutilmente.
Impressionado com a lição que recebíamos, contemplei a paisagem ao
redor, cotejando-a com a da câmara em que Margarida experimentava aflição e
tortura. Os impedimentos aqui eram muito mais difíceis de vencer. O cubículo
transbordava imundície. Nas celas contíguas, entidades de repugnante aspecto se
arrastavam a esmo. Mostravam algumas características animalescas, de pasmar.
A atmosfera para nós se fizera sufocante, saturada de nuvens de
substâncias escuras, formadas pelos pensamentos em desequilíbrio de encarnados
e desencarnados que perambulavam no local, em deplorável posição.
Confrontando as situações, monologava mentalmente- por que motivo
singular não operara nosso orientador no quarto da simpática senhora, que amava
por filha espiritual, para entregar-se, ali, sem reservas, ao trabalho de
assistência cristã? Vendo-lhe, porém, a solicitude na solução do problema
afetivo que atormentava o adversário, entendi, pouco a pouco, através da ação
do mentor magnânimo, a beleza emocionante e sublime do ensinamento evangélico:
"Ama o teu inimigo, ora por aqueles que te perseguem e caluniam, perdoa
setenta vezes sete".
Gúbio, sob nosso olhar comovido, afagava a fronte das três entidades
sofredoras, parecendo liberar cada uma dos fluidos pesados que as entorpeciam,
em profundo abatimento. Decorrida meia hora na evidente operação magnética de
estímulo, endereçou novo olhar ao verdugo de Margarida, que lhe analisava os
mínimos gestos com dobrada atenção, e interrogou:
- Saldanha, não te agastarias se eu orasse em voz alta?
A pergunta obteve os efeitos de um choque.
- Oh! Oh!. .. - fez o interpelado, surpreendido -, acreditas em
semelhante panacéia?
Mas, sentindo-nos, de pronto, a infinita boa vontade, aduziu,
confundido:
- Sim... Sim... se querem...
Nosso Instrutor valeu-se daquele minuto de simpatia e, alçando o
pensamento ao Alto, deprecou humilde:
- Senhor Jesus !
Nosso divino amigo ...
Há sempre quem peça pelos perseguidos,
Mas raros se lembram de auxiliar os perseguidores!
Em toda parte, ouvimos rogativas em benefício dos que obedecem,
entretanto, é difícil surpreendermos uma súplica em favor dos que administram.
Há muitos que rogam pelos fracos
Para que sejam, a tempo, socorridos;
No entanto, raríssimos corações imploram concurso divino para os
fortes, a fim de que sejam bem conduzidos
(...)
Senhor,
Infunde-nos o dom de nos ampararmos mutuamente.
Beneficiaste os que não creram em Ti, protegeste os que te não
compreenderam, ressurgiste para os discípulos que te fugiram, legaste o tesouro
do conhecimento divino aos que te crucificaram o esqueceram ...
Por que razão, nós outros, míseros vermes do lodo ante uma estrela
celeste, quando comparados contigo, recearíamos estender dadivosas mãos aos que
nos não entendem ainda?!...
Gúbio transformara-se, gradualmente. As vibrações vigorosas
daquela súplica, que arrancara ao próprio coração, expulsaram as partículas obscuras
de que se havia tocado, quando penetrávamos a colônia penal em que conhecêramos
Gregório, e sublimada luz brilhava-lhe agora no semblante que o pranto de amor
e compunção irisava com intraduzível beleza. Parecia ocultar desconhecido alampadário
no peito e na fronte, que despediam raios luminosos de intenso azul, ao mesmo
tempo que formoso fio de claridade incompreensível o ligava com o Alto, perante
nosso aturdido olhar.
Findo o intervalo, fez incidir toda a luminosidade que o envolvia
sobre as três criaturas que asilava no regaço e exorou :
(...)
Nesse ponto, o orientador interrompeu-se. Intensos jorros de luz
projetavam-se em torno dele, atirados por mãos invisíveis aos nossos olhos. Com
perceptível emotividade, Gúbio aplicou passes magnéticos em cada um dos três
infelizes e, em seguida, falou ao rapaz encarnado:
- Jorge, levanta-te! Estás livre para o necessário reajustamento.
O interpelado arregalou os órgãos visuais, parecendo acordar de
pesadelo angustioso. Inquietação e tristeza desapareceram-lhe do rosto,
celeremente. Num impulso maquinal, obedeceu à ordem recebida, erguendo-se com
absoluto controle do raciocínio.
A interferência do benfeitor quebrara os elos que o prendiam às
parentas desencarnadas, liberando-lhe a economia psíquica.
Presenciando o acontecimento, Saldanha gritou, em lágrimas:
- Meu filho! meu filho!...
O doente não registrou as exclamações nascidas do entusiasmo
paterno, mas procurou o leito singelo onde se aquietou com inesperada
serenidade.
Vencido nos melhores sentimentos de que era detentor, o algoz de
Margarida aproximou-se do nosso dirigente, com as maneiras de uma criança
humilhada que reconhece a superioridade do mestre, mas antes que pudesse
tomar-lhe as mãos, para osculá-las talvez, pediu-lhe Gúbio, sem afetação:
- Saldanha, acalma-te. Nossas amigas despertarão agora.
Afagou a cabeça de Iracema e a infortunada mãe de Jorge voltou a
si, gemendo:
- Onde estou?!...
Reparando, no entanto, a presença do marido, ao lado, nomeou-o por
apelido carinhoso de família e bradou, desvairada de emoção:
- Socorre-me! onde está nosso filho? Nosso filho?
Passou, logo após, para a fraseologia particular de quem
reencontra um ser amado, depois de ausência longa.
O obsessor da doente que nos interessava de mais perto, tangido
nas fibras recônditas do ser, derramava agora abundantes lágrimas e buscava o
olhar de Gúbio, Instintivamente, rogando-lhe, sem palavras, medidas
salvacionistas.
- Em que mau sonho me demorei? - indagava a desventurada irmã,
chorando convulsiva- mente – que cela imunda é esta? Será verdade que já
atravessamos o túmulo?
E, em crise de desespero, acrescentava:
- Temo o demônio! temo o demônio! Ó Deus meu! salva-me,
salva-me!...
Nosso Instrutor dirigiu-lhe palavras encorajadoras e indicou-lhe o
filho que descansava, bem ao nosso lado.
Recompondo-se, gradualmente, ela perguntou a Saldanha porque
emudecera, faltando à palavra amorosa e confiante de outro tempo, ao que o
verdugo de Margarida respondeu, significativamente:
- Iracema, eu ainda não aprendi a ser útil... Não sei confortar
ninguém.
A essa altura, a sofredora mãe, então desperta, passou a
interessar-se pela companheira de infortúnio, que fazia a mão direita
movimentar-se sobre a garganta. Crendo a custo tratar-se da nora, que se lhe
fizera irreconhecível, apelou aflita:
- Irene! Irene!
Interveio Gúbio, com o poder de despertamento que lhe era
peculiar, distribuindo vigorosas energias aos centros cerebrais da criatura que
continuava abatida.
Transcorridos alguns instantes, a nora de Saldanha ergueu-se, num
grito terrível.
Sentia dificuldade em articular a voz. Sufocava-se, ruidosamente,
presa de angústia infinita.
Nosso orientador, vigilante, segurou-lhe ambas as mãos com a
destra e com a mão esquerda ministrou-lhe recursos magnético-balsâmicos sobre a
glote e, sobretudo, ao longo das papilas gustativas, acalmando-a, de alguma
sorte.
Embora despertada, a suicida não mostrava a relativa consciência
de si mesma. Não guardava a menor idéia de que seu corpo físico se desfizera no
túmulo. Era o tipo da sonâmbula perfeita, acordando de súbito.
Adiantou-se na direção do esposo, reintegrado nas próprias
faculdades e exclamou, estentórica:
- Jorge, Jorge! ainda bem que o veneno não me matou! Perdoa-me o
gesto impensado... Curar-me-ei para vingar-te! Assassinarei o juiz que te
condenou a tão cruéis padecimentos!
Observando, ao contrário do que esperava, que o esposo não reagia,
implorou:
- Ouve! Atende-me! Onde dormi tanto tempo? Nossa filha! onde está?
O interpelado, todavia, que se lhe desligara da influência direta
nos centros perispirituais, prosseguiu na mesma atitude fleumática e impassível
de quem ajuizava com dificuldade a própria situação.
Foi ainda Gúbio quem se abeirou de Irene, elucidando:
- Aquieta-te, minha fria!
- Sossegar-me? Eu? - protestou a infortunada - não posso! Quero
tornar a casa... Esta grade me asfixia... Cavalheiro, por quem é! Reconduza-me
ao lar. Meu esposo permanece encarcerado injustamente... Estará por certo
dementado... Não me escuta, não me atende. Por minha vez, sinto a garganta
carcomida de veneno mortal... Quero minha filha e um médico!
Nosso orientador, contudo, respondeu-lhe com voz triste, não
obstante acariciar-lhe a fronte assustadiça:
- Filha, as portas de tua ema no mundo cerraram-se para tua alma
com os olhos do corpo que perdeste. Teu esposo jaz liberado dos compromissos do
matrimônio carnal e tua filha, desde muito, foi acolhida em outro lar. E'
indispensável, pois, que te refaças, de modo a prestar-lhes todo o serviço que
desejas.
A desditosa criatura rojou-se de joelhos, soluçando.
- Então, morri? a morte é uma tragédia pior que a vida? - clamou
desesperada.
- A morte é simples mudança de veste - elucidou Gúbio, sereno -,
somos o que somos. Depois do sepulcro, não encontramos senão o paraíso ou o
inferno criados por nós mesmos.
E adoçando a voz para conversar na condição de um pai, prosseguiu
comovido:
- Porque atiraste fora o remédio salvador, esfacelando o vaso
sagrado que o continha? Nunca ouviste o choro dos que padeciam mais que tu
mesma? Jamais te inclinaste para registrar as aflições que vinham de mais
fundo? porque não auscultaste o silencioso martírio daqueles que não possuem
mãos para reagir, pernas para andar, voz para suplicar?
- A revolta consumiu-me... - explicou a desventurada.
- Sim - confirmou o Instrutor, solicito -, um momento de rebeldia
põe um destino em perigo, como diminuto erro de cálculo ameaça a estabilidade
dum edifício inteiro.
- Infeliz de mim! - suspirou Irene aceitando a amargosa realidade
- onde estava Deus que me não socorreu a tempo?
- A pergunta é inoportuna - esclareceu nosso dirigente
bondosamente. - Procuraste saber, antes, onde te encontravas a ponto de te
esqueceres tão profundamente de Deus? A bondade do Senhor nunca se ausenta de
nós. Se transparecia da bendita oportunidade terrena que te conduzia à vitória espiritual,
reside também agora nas lágrimas de contrição que te encaminham à regeneração
salutar.
Admito que possas, em breve, alcançar semelhante bênção; entretanto,
cavaste enorme precipício entre a tua consciência e a harmonia divina, que
precisarás transpor efetuando a própria recomposição. Por algum tempo,
experimentarás a conseqüência do ato impensado. Colher fruto imaturo é praticar
violência. Intoxicaste a matéria delicada sobre a qual se estruturam os tecidos
da alma e poucas circunstâncias te atenuam a gravidade da falta. Não percas,
porém, a esperança e dirige os passos na direção do bem. Se o horizonte, por
vezes, se faz mais longínquo.
Conclusão:
Voltando da frustrada consulta ao médium vidente, Saldanha, o
perseguidor de Margarida, resolveu ir visitar seu filho que estava
hospitalizado e que ensejara o seu desejo de vingança contra a enferma. Gúbio
decidiu acompanhá-lo e, lá chegando, encontrou o visitado em lastimável
estado de perturbação, fortemente ligado fluidicamente à sua
mãe e à sua esposa, ambas desencarnadas e que também passavam por grave
processo de desequilíbrio, sugando-lhe as forças. Vendo nessa situação uma
oportunidade de operar a transformação de Saldanha, realizou o
trabalho de socorro aos três, o que levou o obsessor de Margarida a repensar
seus objetivos.
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
1.- No trecho: "Irene, a suicida, trazia a destra jungida
à garganta, apresentando o quadro perfeito de quem viviam sob dolorosa
aflição de envenenamento", verificamos uma das conseqüências do suicídio.
Além dessa conseqüência quais podem ocorrer?
As conseqüências que podem advir do ato de suicídio são muitas e
não ocorrem necessariamente em todos os casos. A uma, porém, nenhum suicida pode
escapar, segundo disseram os Espíritos: o desapontamento. Com efeito, todo
suicida busca uma fuga dos problemas que o afligem na vida material, esperando
pôr um termo no sofrimento com a morte do corpo físico, que acreditam ser o fim
da vida. Ao constatar que a vida continua após a travessia do túmulo, o
espírito suicida sofre, ao despertar, uma grande decepção ao ver-se vivo.
Além disso, não consegue se livrar das aflições que ensejaram o
tresloucado ato; o desprendimento do corpo físico é mais penoso e demorado,
pois os laços fluídicos que ligam o espírito ao corpo ainda se encontram na plenitude
de suas forças, diferentemente dos casos de morte
natural, em que vão se enfraquecendo gradativamente;
o período de perturbação espiritual também é maior, pois, constatando-se
vivo, o espírito conserva a ilusão de que ainda está na vida
material; como a ligação com o corpo físico não se desfaz desde logo, o
espírito sente a sensação dos efeitos da sua decomposição.
Outra desastrosa conseqüência a que o suicida não consegue fugir,
essa de ordem moral, é a expiação pela falta praticada. Sendo um ato
contrário às Leis Naturais, o suicídio acarreta lesões perispirituais de larga extensão,
que, certamente, exigirão penosas reparações nas reencarnações futuras, em que
serão plasmados corpos defeituosos, física ou mentalmente.
2.- Comente o trecho: "Concentradas nas forças do
infeliz, como se a personalidade de Jorge representasse a única ponte de que
dispunham para a comunicação com a forma de existência que vinham de
abandonar":
A citação se refere ao comportamento da mãe e da esposa de Jorge.
Segundo a narração de André Luiz, ambas mantinham-se imantadas a ele,
fluidicamente ligadas ao enfermo, a lhe absorverem as forças, num autêntico
processo de vampirização. Seus psiquismos ainda se encontravam ligados à vida física
que haviam deixado mas da qual não conseguiam se libertar. O enfermo
funcionava, então, como uma ponte, segundo a imagem do Autor, entre seus
estados reais e aquele ao qual suas mentes ainda se encontravam presas.
3.- Na prece feita por Gúbio, notamos a importância de orarmos
não somente pelas vítimas mas por seus algozes. Não
somente pelos conduzidos, mas pelos condutores. Isto é correto? Se sim, qual a
importância deste ato?
Em sua prece, Gúbio seguiu à risca o ensinamento de Jesus, de que
devemos amar os nossos inimigos.
Isso porque, como ressaltou, somos todos irmãos e, como
endividados que estamos para com a Lei, não temos como amaldiçoarmo-nos
uns aos outros. A lei é de amor. Enquanto não estivermos todos conscientes de
que devemos nos amar reciprocamente, enquanto não estivermos todos moralizados,
o reino dos céus não chegará à Terra. Daí a importância de orarmos não só pelos
que sofrem, mas, também, pelos que causam o sofrimento, para que todos
cresçamos espiritualmente, pois só assim seremos felizes.
4.- De certa forma, as atitudes de Gúbio perante Saldanha
demonstram uma forma de retirar alguém
da ignorância persistente no mal. Como isso se dá?
Somente pelo esclarecimento se consegue corrigir o rumo daquele
que persiste no mal. Mostrando-lhe que a prática do mal apenas irá adiar o
encontro da felicidade, que é a destinação de todas as criaturas. Gúbio exemplificou
com a aplicação de passes magnéticos no filho de Saldanha, impregnados de
amor, fazendo-o despertar do angustioso pesadelo em que se encontrava
envolvido, reequilibrando-se. Vendo seu filho livre daquele estado de
sofrimento em que o encontrara, Saldanha deixou quebrar a insensibilidade com
que vinha se conduzindo.
5.- Ficou evidente neste capítulo o poder da Prece. De que
forma a mesma deve ser feita? Quais as conseqüências de sua utilização?
Estando Deus em toda a parte e ligado diretamente ao nosso
pensamento, a prece nunca se perde e sempre chega ao seu destino. Deve refletir
um sentimento sincero, vindo de dentro. Não é necessário proferir
palavras convencionais. Como ensinou Jesus, "quando orares, entra
no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está oculto; e teu Pai,
que vê em segredo, te recompensará."
Praticando a prece, estaremos sempre em contato com o Criador e receberemos a influência dos benfeitores espirituais que estão a seu serviço.
Praticando a prece, estaremos sempre em contato com o Criador e receberemos a influência dos benfeitores espirituais que estão a seu serviço.
6.- O desencarne para muitos torna-se confuso. Como evitar ou
minimizar tal confusão?
Tendo uma existência conforme as Leis Naturais, principalmente
praticando a lei de amor, justiça e caridade, a mais importante de todas. Cada
um desencarna como viveu.
7.- Explique a importância de amarmos nossos inimigos.
Esse preceito de Jesus, quando
cumprido com sinceridade, libera-nos do jugo do ódio e da vingança. Quando perdoamos
e passamos à prática da lei do amor, rompemos os liames que nos ligam a fluidos
negativos, que duas pessoas que se odeiam trocam entre si. Ao amarmos o
inimigo, deixamos com ele o ódio e nos liberamos, em conseqüência,
de seus efeitos deletérios.
Um fraternal abraço a todos.
Equipe Nosso Lar
CVDEE
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