domingo, 20 de dezembro de 2015

CRUELDADE

CRUELDADE 

De todas as violências que padecemos, as que fazemos contra nós  mesmos são as que mais nos fazem sofrer. 
Nessa crueldade, não se derrama sangue, somente se constroem cercas e cercas, que passam a nos sufocar e a nos afligir por dentro.
Montaigne, célebre filósofo francês do século XVI, escreveu: 
"A covardia é mãe da crueldade". Realmente, é assim que se inicia  nossa auto-agressão. Em razão de nossa fragilidade interior e de  nossos sentimentos de inferioridade, aparece o temor, que nos impede de expressar nossas mais íntimas convicções, dificultando-nos falar,  pensar e agir com espontaneidade ou descontração.
A auto crueldade é, sem dúvida, a mais dissimulada de todas as opressões. 
Além de vir adornada de fictícias virtudes, recebe também os aplausos  e as considerações de muitas pessoas, mas, mesmo assim, continua  delimitando e esmagando brutalmente. Essa atmosfera virtuosa que envolve os que buscam ser sempre admirados e aceitos deve-se ao papel que representam incessantemente de satisfazer e de contentar a todos, em quaisquer circunstâncias. Buscam contínuos elogios, colecionando reverências e sorrisos forçados, mas pagam por isso um preço muito alto: vivem distantes de si mesmos.

(Hammed/Francisco do Espírito Santo Neto - "Dores da Alma")

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